No
intervalo para a última aula, não parecia uma guerrinha de papel, era a terceira
guerra mundial isso sim! Bolinhas de papel voavam pela sala constantemente, não
demorou muito para o chão virar um mar de celulose. Era sempre assim, mas achei
que só para o primeiro ano, mas descobri que tanto o segundo e o terceiro
também têm esse bombardeio. A situação era a seguinte: todo primeiro dia de
aula os veteranos estreavam seus cadernos, arrancando metade dele e lançando
principalmente nos novatos, a minha sorte, era que eu não era tão novata assim,
mas de qualquer jeito recebia boladas na cabeça, Justin também não era novato,
mas era famoso, um garoto gato e famoso, por causa disso muitas pessoas –
principalmente garotas – não jogavam nele, mas por causa disso também, que
alguns garotos faziam dele um alvo principal.
Quando a professora apareceu no corredor –
acho que seria de geografia – o vigia da porta avisou, daí, todo mundo parou de
tacar um no outro e pegaram as maiores de bolinhas de papel se reunindo na
frente da porta. O vigia saiu da frente e todos formaram um “arco” amontoado
enfrente a porta, quando a professora chegou, mal deu tempo de dizer um: “Ai
meu Deus”, bolinhas e mais bolinhas a acertaram fazendo com que saísse da sala.
Professora fora, sala trancada e uma batalha ainda maior, quando eu notei, já
estava debaixo da mesa do professor com a bolsa para caso alguém resolvesse
aparecer e me acertar sem dar chances de fugir. De repente, outro fujão foi me
fazer companhia.
-
Você foge e me deixa no meio do fogo? Ta
maior guerra lá fora sabia?
- É
eu sei, agora fica quieto se não eles vão saber que estamos aqui.
-
Eles são loucos!? – Justin estava pirado com aquilo.
- É
prenda de inicio de ano, sempre tem e nem adiantar rezar para alguém chegar por
que está acontecendo em todas as salas.
- O
que!? – ele gritou.
-
Cala a boca! Não entendeu a primeira vez que falei? Grita de novo que deixo
você ser bombardeado – ele ficou quieto e estava uma pilha de nervos, eu já
tinha passado por aquilo, era só uma guerrinha de papel.
Bom, vamos ver, tirando os 15 primeiros minutos
de bombardeamento, Justin e eu ficamos debaixo daquela mesa por uns 35 minutos para
não levarmos mais bolinhas na cabeça. Eu vigiava a sala pela greta da mesa
enquanto ria do Justin, às vezes por ele está com medo – que homem! Com medo de
bolinhas de papel, ironicamente dizendo é claro, não a parte do medo e sim a do
“que homem” – e ás vezes pelos comentários que fazia.
Quando o sinal tocou engana-se quem pensa que
saímos de lá, a sala toda esvaziou e uns dois minutos depois foi quando saímos,
antes de sair ainda por cima, olhamos bem para ver se não tinha ninguém, já
quando entramos no corredor, por incrível que pareça, estávamos seguros.
- Só
vou me sentir seguro depois que chegarmos em casa.
- Seu
franguinho! Morre de medo de bolinhas de papel.
-
Cara, aquilo dói.
- Não
dói não Justin, são apenas bolinhas!
- É,
mas logo você foi se esconder.
- Não
é porque são só bolinhas que eu sou obrigada a senti-las – rimos.
- Ah,
se vocês estão tão felizes é porque não teve guerra de bolinhas de papel na sua
sala – Chris parou na nossa frente quando terminávamos de descer as escadas.
-
Não, teve si – Justin e eu nos olhávamos, até que quando ele começou a falar,
resolvemos olhar para o Chris e antes que pudesse terminar o “sim” tivemos que
nos preocupar em não rir.
- O
que aconteceu com você? – perguntei rindo.
-
Qual a parte do: “Guerra de bolinhas de papel” você não entendeu? – ele estava
bravo, até eu estaria se meu cabelo estivesse todo bagunçado e minha roupa como
se eu estivesse saído do meio de um furacão.
- Ah!
Relaxa! São apenas bolinhas!
- Cala a boca que eu ouvi a Lua dizer que você
ficou com medo delas – ele cruzou os braços e inchou as bochechas bravo, e Justin
parou de ri ficando com os olhos arregaladas na esperança que ninguém mais
tivesse ouvido aquilo, já eu, ria que nem uma louca.
-
Chris – ele me olhou –, tem uma bolinha na sua cabeça – pus a mão na boca para
não rir mais e com a outra apontava, ele me olhava e foi com a mão para tirar,
depois sacudiu a cabeça para garantir que nenhuma fique.
- Ta
vendo! Que raiva! Esse povo é o que? Maluco?
-
Sim, somos – dei ênfase na última palavra, agora ele fazia parte da escola,
dessa loucura toda.
- Dá
tempo de mudar ainda? – ele perguntou ao Justin.
- Sem
chances – e Justin respondeu. Eu só conseguia rir.
- Srta.
Houston? – parei de ri e olhei para trás do Chris que se virou. – Poderia me
acompanhar, por favor? – minha risada se desfez e disfarcei uma pela
interrogação. Que diabos o diretor iria querer comigo no primeiro dia?
- Ah,
claro. Er... Justin, me espera no carro se quiser e o mesmo serve para você
Chris.
- Vou
procurar a minha irmã, quero falar com ela, a gente se vê lá depois – ele se
virou e saiu de perto.
-
Certo então, até daqui a pouco – disse ao Justin e me aproximei do diretor.
- Até
– ele respondeu e ficou lá parado enquanto eu andava pelo corredor rumo à
diretoria.
-
Sente-se senhorita – o diretor disse assim que entramos na diretoria, aquela
sala me dava medo, toda em tons marrons, eu nunca precisei entrar nela,
mentira, precisei sim, mas sempre me deu medo.
Só uma coisa: o que eu fiz de errado? Me
esconder debaixo da mesa no meio de uma batalha de bolinhas de papel é um
crime?
- O
que eu fiz? – soltei de uma vez.
-
Srta. Lua Houston, isso? – assenti. Como assim ele primeiro me busca e só agora
vem verificar meu nome? – A senhorita não está na sala certa.
- Ué?
Por quê?
- Foi
enviado um pedido a escola dizendo que não pode ficar na mesma sala que o Sr.
Bieber – que história é essa? Como assim eu não posso ficar perto do Justin?
Isso não está me cheirando bem, mas apenas franzi o cenho, confusa. – Mas não
podemos mudar a senhorita de sala, então, a trouxe aqui para pedir que não se
aproxime dele e os professores estão cientes para não deixá-los sentarem juntos.
– Ah! Qual é! Ele é famoso, mas não é Deus, nem eu nem ele temos alguma doença
contagiosa que tenha que nos afastar, a não ser que... ah não, não acredito
nisso!
- Já
entendi tudo! Scooter! – ri sarcástica. – Olha só diretor – me levantei –, não
sei o que ele fez para você ou como te subordinou, mas é o seguinte, não! Eu
não vou me afastar do Justin e não é para sentarmos juntos? É o que veremos
então! Eu realmente estava disposta a me afastar dele, a procurar sermos apenas
amigos, porque fingir que ele não existe é impossível e o mesmo posso dizer por
ele, mas você e o Scooter fizeram essa brincadeira ficar mais interessante. Não
vou me afastar dele – sorri sarcástica e saí da sala na pose, mas bufei alto e
forte ao sair fechar a porta com força.
- Que
foi?
- Eu
não pedi para você esperar no carro?
- Sim
arrogância, mas vim procurar o Chris.
- Foi
mal, não quis ser arrogante – eu bufava de raiva ainda.
- O
que aconteceu Lua?
-
Simples – comecei a andar para longe da diretoria –, seu amiguinho Scooter
subornou de sei lá que maneira o diretor.
- Que
história é essa?
- O
diretor me mandou ficar longe de você.
- Mas
como pode ter certeza que foi o Scooter que pediu?
- Seu
amiguinho me ama né? – ironia.
-
Tudo bem que ele não goste de você, mas fazer isso já é um pouco demais não
acha?
-
Achar eu acho, mas ele me odeia – ênfase em “odeia” – e eu nem sei porque!
Claro que faria isso.
- O
diretor não citou nomes.
- Mas
deixou claro que queria que ficássemos longe um do outro.
-
Como se eu fosse fazer isso.
- Eu
também não quero ficar longe de você.
- Não
é que eu não quero, é que eu não posso ficar longe de você, não tenho essa
capacidade.
- Bom
saber, porque eu não vou te deixar de novo.
-
Obrigado Senhor! – ele brincou e eu ri. – Mas para de culpar o Scott – respirei
fundo.
- É
melhor paramos por aqui – ele concordou.
Achamos o Chris perto do carro e ele reclamou
a demora, o mandei entrar antes que batesse naquela cara fofa por ter sumido na
escola vazia. Entramos no carro, viemos embora, conversamos, rimos e não
voltamos ao assunto da diretoria. Foi bem simples e bem divertido, não
aconteceu nada grandioso na volta para casa, mas eu estava com meus amigos e
não queria ter mais nada ali, eu estava feliz de um jeito diferente depois de
tanto tempo.