quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part Final

(...)
 Joe foi embora no domingo à tarde. Segunda, na escola, Justin sequer olhou para minha cara, mas isso não me doeu, depois do que conversei com Joe naquela madrugada, algumas coisas mudaram dentro de mim, era como se eu finalmente tivesse encontrado o equilíbrio do que fui e do que sou. Contei ao Justin tudo de ruim que eu fiz em Nova York, mas não contei a razão certa, afinal, ainda não a tinha encontrado até Joe aparecer.
 Sim, eu sofri, queria tirar Justin da minha cabeça a todo custo, mas tudo foi necessário. Agora eu precisava mostra-lo, talvez ele me entendesse melhor.
 Por isso, pouco antes que ele viajasse de novo, fui até a casa dele e bati na porta. Justin foi quem atendeu e ele fechou a cara ainda mais ao me ver, mas minha expressão tranquila se manteve intacta.
- Vem, vamos dar uma volta – joguei minhas chaves para ele que só pegou por puro reflexo.
- Quem disse que eu quero ir a algum lugar com você?
- Sei que ta com raiva de mim, mas mesmo assim, juro que não vai se arrepender. Sei que quer Justin, então vem – me virei e segui até meu carro, sabia que ele me seguiria, e foi isso que fez. – Vai, você dirige.
- Eu? Mas por quê? Aonde vamos?
- Não estraga a surpresa, anda! Entra – ele jogou a chave para mim de volta.
- Não.
- Ok então.
 Entrei no lado do motorista e Justin não fugiu, entrando no carro também. Ele estava curioso.
 Dirigimos pela cidade, não conversamos muito, na verdade, não conversamos nada, então liguei o rádio, não gostava muito de silêncio, e ironicamente estava tocando uma música dele. Ri da coincidência, ele também, olhamos um para o outro, mas ele desviou a atenção para a janela de novo. Depois começou a tocar uma música do Maroon 5 e eu cantava, como se não tivesse acontecendo nada demais, e para mim, sinceramente, realmente não estava.
 Virei à esquerda, saindo da cidade, Justin me olhou confuso, mas não perguntou nada. Parei o carro no meio da estrada vazia e silenciosa, ninguém passava por ali.
- Afinal Lua, o que a gente ta fazendo aqui? – ele saiu do carro.
- Você dirige agora.
- Já disse que não quero dirigir seu carro.
- Mas agora vai dirigir, não viemos aqui atoa – estendi a chave do carro e ele pegou relutante, então trocamos de lugar, ele do lado do motorista e eu no carona.
- Me diz para que isso.
- Logo você vai saber, agora liga o carro – assim fez. – Sei que a visita do Joe trouxe transtornos para a gente...
- Olha, Lua, eu não...
- Cala a boca e me escuta. Sei que a visita do Joe trouxe transtornos para a gente, mas ver ele depois de todo esse tempo me fez pensar em algumas coisas. Acelera – fez sem reclamar, o que momentaneamente me surpreendeu. – Contei sobre Nova York com todo o peso negativo que pude por nos fatos, justificando tudo como estar mal por nós estarmos separados, mas não é só isso.  Acelera.
- Lua, o que... – lógico que uma hora ele iria querer perguntar.
- Só me escuta e faz o que eu disser.
 Justin tinha feições confusas, mas eu sabia que não ia dar muito trabalho, apesar de ele odiar não saber das coisas, sei que confia em mim, mesmo quando está com raiva.
- A verdade é que as pessoas mudam quando sentem dor, porque elas fazem de tudo para que passe. Algumas coisas que eu fiz podem não ser muito eticamente corretas ou até mesmo dentro da lei, algumas vezes, mas fez com que eu ficasse bem melhor, então, por que seria assim tão ruim? Acelera.
 As mãos do Justin começaram a tremer no volante, ele sempre faz isso quando atinge certa velocidade, eu o entendo, de verdade, mas pelo menos, ele consegue chegar bem mais longe sem tremer do que eu chegava antes de aprender.
- Se em algum momento cheguei perto de quase destruir a mim mesma foi por me entregar demais ao sofrimento e não saber os limites. Mas tudo o que fiz foi para saber lidar com a minha dor, foi para aprender a transformá-la em algo que eu conseguisse tirar de dentro de mim – as mãos dele foram parando de tremer um pouco. – Pega o que você sente, tudo, todas as frustrações, todo o sentimento ruim e foque na estrada a frente. Solta o ar. Respira.
 As mãos deles pararam de tremer de vez e ele ficou mais confiante, acelerou mais um pouco e sorriu, podia ver que estava aliviado de alguma forma, Justin passa por muita coisa com essa carreira. Estávamos chegando a uma curva, ele desacelerou o suficiente apenas para passar por ela, depois freou virando na pista, pude ouvir os pneus cantarem. Depois olhou para mim ofegante e com um olhar louco e satisfeito.

 Tal como o meu um ano atrás.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part 4

(...)
 Meus pais ficaram comigo até que eu parasse de chorar, o que não demorou muito. Nunca fui do tipo de pessoa que chorava por muito tempo, podia até fazer isso várias vezes até a dor passar de pouquinho a pouquinho, mas não por horas.
 Depois fui para o meu quarto, tomei um banho para relaxar, meu corpo estava muito tenso. Coloquei um pijama, bati na cama e dormi quase imediatamente. Chorar me dá sono, e apesar do banho – que geralmente faz acordar –, aliviar o que eu estava sentido só com umas boas horas de sono.
 Senti lábios, não sabia se era sonho ou se realmente estava acontecendo, mas esses se encontraram com os meus, eram macios... correspondi e tive certeza que era real. Por que Justin viria no meu quarto agora? Provavelmente já era muito de madrugada, e ele saiu daqui com muita raiva de mim, talvez veio se desculpar, mas Justin não era assim. Ele não viria, mesmo se achasse que estivesse errado não viria assim, também não teria como invadir a minha casa, a portava estava fechada.
 Percebi que os lábios eram finos demais para serem do Bieber, e ele nunca ia passar a mão na minha coxa desprotegida pelo lençol, pelo menos não quando eu estivesse tão vulnerável.
 Abri os olhos e mesmo na penumbra pude perceber Joe em cima de mim. O empurrei e ele quase caiu do pedaço da cama que estava sentado.
Ele se levantou e eu me sentei.
- Que diabos está fazendo aqui? Depois de tudo lá em baixo você ainda ousa entrar no meu quarto no meio da madrugada?
- Pensei bem, e, resolvi te lembrar como eram os velhos tempos. Talvez você caísse na real.
- Cair na real? Não preciso cair na real, Joseph.
- Claro que precisa! Já entendi, você não percebe a mesma coisa que percebi quando cheguei.
- E o que seria isso?
- Você e aquele cara não combinam! Como poderia? Aquele franguinho como uma garota como você – bufou.
 Levantei a mão coçando a testa.
- O que ouviu lá em baixo não foi suficiente para você entender, Joe?
- Ah, aquilo... Pensei bem sobre aquilo e percebi que – ele fez uma pausa dramática – a Lua que eu conheci não ia preferir aquele cara nem que fosse o último caso. Por isso, vim te lembrar como eram os velhos tempos assim você caia na real. Sacou?
- Saquei... saquei que você é um idiota – o olhei, meus olhos já haviam se acostumado com a escuridão da noite, então eu conseguia o ver bem, além do mais, vinha uma luz fraca da rua, contribuindo para uma visão melhor.
- Ora Lua...
- Joseph, presta atenção, a Lua que você conheceu nunca existiu fora dali. Ela nasceu em Nova York e morreu lá – ele riu em desdém.
- Mais uma? Para Lua, para de mentir, para de tentar me enganar.
- Pelo amor! – Resmunguei revirando os olhos. – Presta atenção em uma coisa, vou tentar te explicar bem devagar: eu, Lua Margareth Houston, gosto de Justin Drew Bieber, desde antes mesmo dele se tornar o famoso JB.
- Eu, Joseph Ray Thompson, não acredito nisso.
- Por favor, Joe! O que você quer por trás disso tudo, afinal? Qual a maldita causa disso tudo? Invadir meu quarto? Sair na porrada no meio da minha sala de estar, por que? Você nunca ligou para ninguém! E mesmo eu te dando o fora várias e várias vezes ainda está atrás de mim! Você nunca foi de se rastejar por ninguém, e por que, por que Joseph, você está fazendo isso logo agora?
- Por que eu te amo! – soltou de uma vez.
 Me calei na hora, meus olhos se arregalaram enquanto o via agitar os braços nervosamente e bagunçar ainda mais os cabelos loiros com os dedos.
- Eu te amo Lua. É. Infelizmente eu te amo e é por isso que vim até esse maldito fim de mundo atrás de você, por isso fiz isso tudo! Não suportei ver você com outro cara! Logo com aquele cara! Fui substituído por um... por um... frangote meloso.
 O destino merece palmas por todas as vezes que nos surpreende e também por sempre esfregar na cara de todos nós, meros mortais, que não temos controle de nada na vida. Até o homem mais racional de todos há sentimentos. Até o mais improvável ser, alguma hora é pego pelo coração, seja por motivos de dor ou alegria, ou simplesmente por razões de amor.
 Joe nunca havia dito que ama alguém, talvez só quando criança e ainda para a própria mãe. Nunca havia sofrido por um coração partido e eu fui a escolhida para lhe causar tal dor e isso me doía também. Agora percebo que eu gosto do Joe, não o amo, não posso deixar o que eu sinto pelo Justin de lado nem se eu quisesse porque Deus sabe a angustia que me enterrei quando nos separamos, e essa angustia que nos levou a esse momento, mas sim, gosto dele, do Joe. Apesar de tudo, ele foi especial para mim por todo aquele ano, Harper me salvou do jeito que podia, mas sem ele... repito, apesar de tudo, sem ele, eu não teria sobrevivido.
 Ele foi me ver todo o tempo que fiquei no hospital, e ficou comigo todos os dias, cuidava de mim quando nem eu podia, me ensinou a transformar minha dor em algo que eu pudesse tirar do meu peito, a segurar firme e continuar em frente.
- Eu te amo – soltou arfando, como se aquilo tivesse ficado preso na garganta e o impedindo de respirar, e agora saiu fazendo com que se sentisse mais aliviado.
 Ele me olhou, e eu ainda não sabia o que fazer.
- Não é uma boa hora para ficar em silêncio.
- Er... Joe...
- Ok, não tem como mais. Você realmente nunca sentiu nada por mim, Lua? Em nenhuma das vezes... nada? – se eu não o conhecesse bem podia jurar que ia chorar.
- Eu gosto de você.
- Mas nunca do jeito que gosta daquele... daquele... – contorceu todos os músculos do rosto, mas nenhuma palavra pareceu ofender o nome do Justin o suficiente naquele momento, ou achou que não ia adiantar nada aquela hora, que nada o que dissesse iria mudar alguma coisa.
 Levantei e me aproximei dele.
- Gosto de você – ele me olhou de soslaio – e só tenho o que te agradecer por tudo o que passamos juntos.
- Não quero gratidão, quero que sinta o mesmo que sinto por você.
- Aquela Lua te amou.
- Aquela era você, e você nunca esqueceu o Justin.
- Não, aquela era diferente do que fui e do que sou. Eu mudei, e o sentimento continuou com a mudança, mas, todas as vezes que a gente estava na garagem da sua casa ou andando por aí – fiz um careta ao falar “andando” e ele riu. Sabia que “andando” não queria dizer exatamente passear pela cidade, mas sim, sair como uns loucos a todos os quilômetros por hora. – Eu estava te amando, e amando o que estava fazendo por mim. De qualquer jeito, mesmo que não tivesse Justin no caminho, eu não sou mais totalmente aquilo que você conheceu. Você se decepcionaria comigo agora.
- Mas você pode voltar a ser, não pode? Pode voltar a me amar Lua! – ele segurou meus braços com força, doeu um pouco, mas resisti em não fazer careta.
 Olhei no fundo das suas íris extremamente azuis para que percebesse a minha sinceridade de uma vez.
- Desculpa Joe – ele me soltou frustrado e não olhou mais para mim.
- Se é assim – levantou a cabeça – que seja infeliz com tua mulherzinha – ri.
- Claro! Você estava legal já por tempo demais, estava até estranhando – olhou para mim sorrindo cinicamente.
- Uau! Ainda sabe ser hostil, como ainda consegue depois dessa baboseira melosa toda que me disse? – fingiu estar surpreso.
- Andei aprimorando – sorri cínica, também sei fazer isso. – Agora vai embora! – fechei a cara. – Sai daqui Joe e não quero que entre no meu quarto de novo – ele levantou a mão como se estivesse se rendendo.
- Relaxa Lua, não vou perder mais meu tempo com você.
- Já era hora.
 Saiu.

 Sei que a conversa mudou da água para o vinho, mas se bem o conheço, a parte “boa” do que falamos de madrugada jamais existiu. Por mim também não. Ele ia parar de sofrer, engolir o gosto amargo que sentiu e continuar sendo o babaca que sempre foi. E eu faria o mesmo.

sábado, 17 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part 3

- Vocês já namoraram antes – Joe soltou assim que apareci – o colar com o J, eu tinha visto antes sim! Era dele...
- Joe...
- J de Justin. Não tinha comprado por mim, como imaginava. Era sempre ele! – gritou a última parte. – Confessa! O tempo todo era ele! Sempre foi ele, não é? Ficou comigo para que? Para o esquecer, não é? E quanto transava comigo Lua? Era nele que estava pensando também? Fala! – ele gritou algumas partes.
- Era! – gritei de volta e o encarei. – Sempre foi ele, Joe. Você me tirou da tristeza que eu sentia por ter me afastado dele, mas...
- Você o ama, sempre amou. Eu era um passatempo para você, algo para esquecer – assenti relutante. – Alguma vez, alguma pequena vez, você se importou comigo como se importou com ele? – Neguei, mais uma vez relutante.
 Antes que algum de nós conseguisse falar mais alguma coisa, meu pai abre a porta, seguido pela minha mãe, olha para nós dois, pro Joe arfando com o rosto vermelho por todo sentimento que passava nele agora, e uma área mais arroxeada onde Justin socou.
- O que aconteceu aqui?
- Pai! Graças a Deus! – abracei seu corpo, enterrando meu rosto no seu peito. Confesso que tive vontade de chorar.
- Oi Sr. Houston.
- Oi garoto – meu pai respondeu ríspido.
- Srta. Houston – provavelmente ele mexeu a cabeça, assentido na direção dela.
- Olá Joe – minha mãe geralmente soa simpática, às vezes até demais, mas dessa vez não foi bem isso que soou de sua voz.
- Ham... Lua disse que eu poderia ficar no quarto de hospedes, espero que vocês não se importem.
- Não, tudo bem, mas acho melhor você subir agora – ele deve ter assentido, pois ouvi passos na escada.
 Meu pai acariciava as minhas costas, quando os barulhos de passos cessaram, ele segurou meu ombro fazendo com que eu me afastasse.
- O que aconteceu Lua? – ele me encarou nos olhos, o que nunca me intimidou, meu pai sempre me olhava de um jeito confortante.
 Sentei no sofá, achei que minhas pernas iam fraquejar.
- Joe chegou e me viu conversando com o Justin na escada. Justin não aguentou o ciúme e perdeu um pouquinho do controle, eles discutiram, até que mandei Justin para casa e Joe entrar. Joe e eu conversámos, até que ele ficou querendo saber o que existia entre Justin e eu... quando eu menos percebi, os dois estavam se socando aqui na sala. Me menti no meio dos dois...
- Minha filha, você...
- Não, não mãe, ninguém me bateu. Sei lidar com Joe e com Justin também, mas...
- Mas... – meu pai sentou ao meu lado me incentivou a continuar.
- Tirei Justin daqui, Joe o machucaria de verdade se eu não fizesse isso... praticamente o expulsei, e agora ele ta magoado comigo – me joguei no colo dele e só percebi que estava chorando quando ouvi meu soluço alto mesmo estando abafado pelo pano da calça. – O que eu fiz para merecer isso? Já não sofri o bastante? – Resmunguei entre o choro. Levantei o rosto. – Estava tudo bem entre a gente, as coisas com a gente ia se resolver de verdade, e então ele aparece – apontei para cima – e estraga tudo! Agora Justin está com raiva de mim, e isso dói tanto!

 Papai não falou mais nada, só me abraçou, senti o outro lado do sofá se afundar e os braços da minha mãe me envolver, e eu fiquei ali nos braços dos dois, e o único som que se dava para ouvir era meus soluços.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part 2

- Amém! Sua casa é toda... bonitinha, sabe? Bonitinha, diferente de Nova York.
- Estamos em Stratford Joe, aqui tem 35 mil habitantes e não 8 milhões.
- Prefiro Nova York, esse lugar me parece tão... – ele pôs as mãos na cintura e respirou fundo pensando na palavra certa – parado – me encarou.
 Sentei no sofá e respirei fundo mais uma vez, passando os dedos no rosto e me sentindo já sem paciência e cansada. O dia tinha sido bom, a semana inteira, eu enfim tinha me visto livre de Nova York, para agora Nova York vir até mim novamente.
- Você ainda não me disse o que veio fazer aqui, Joe – preciso nem comentar que eu estava mais do que séria.
- Vim ver você – ele sentou do meu lado.
- Para que? A gente não tem mais nada e faz tempo! – o olhei.
- Mesmo assim, queria matar as saudades – ele disse com a voz suave, no caso, uma suavidade do jeito Joe Thompson. Pôs a mão no meu queixo, mas desviei o rosto, incomodada com a proximidade.
Ele tirou a mão do meu queixo devagar, sem falar nada, eu não me movi até que ele se afastasse.
- O que aquele merdinha estava fazendo aqui? – perguntou num tom mais rude.
 Fechei os olhos com firmeza, percebi que não ia conseguir esconder a história toda dele por muito tempo.
- Vamos dizer que somos amigos.
- Não foi isso que ele me disse. – Silêncio. – Lua, o que aquele cara estava fazendo na sua casa quando eu cheguei!?
- O que te interessa a minha vida, Joe? – Levantei com rapidez, o encarando com severidade. Ele sabia ser mau, e eu também. – Nós terminamos há muito tempo! Não devo satisfações da minha vida para você, entendeu bem? – Respirei fundo. – Vai ficar quanto tempo?
- Pelo menos o final de semana – foi seco.
- Caso já não tenha um lugar pra ficar, nós temos um quarto de hospedes. Se for ficar, pode levar suas coisas lá pra cima. É a primeira porta à direita.
- Vou aceitar.
- Então sobe, vou ligar pra minha mãe.
- Aproveita e liga pro seu amiguinho, vai, vai dar satisfações e pedir desculpas. Não é uma coisa que a Lua que eu conheci faria, mas não sei quem estou vendo na minha frente mesmo.
 Subiu, sem nem mesmo me dar chances de resposta, de qualquer jeito, não responderia.
 Fui até a cozinha e liguei pra minha mãe.
- Filha! Que horas vai voltar? Justin vai vir com você?
- Oi mãe. Ele disse que ia sim, mas aconteceu um... imprevisto.
- O que houve? Ele teve algum compromisso? Mas você vem?
- Mãe, temos visita.
- Visitas? Quem?
- Visita, no singular, mãe.
- Mas quem é Lua?
- Lembra do Joe?
- Não vai me dizer que...
- Ta se instalando no quarto de hospedes nesse exato momento.
- Lua, Lua...
- Mãe! Eu te juro, não vou fazer nada.
- Mesmo? Me promete de verdade?
- Sim, sim. Ele só vai ficar aqui pelo final de semana, Justin também.
- Preciso me preocupar?
- Só se ver a policia passando – riu. – Avisa ao papai, por favor?
- Claro! Vou ligar pra ele agora mesmo. Até mais tarde filha, vou tentar voltar pra casa mais cedo.
- Eu agradeceria.
 Desligou.
 Aproveitei que Joe ainda estava lá em cima e liguei para Justin, provavelmente não ia o ver o resto do dia, precisava falar alguma coisa, dar alguma satisfação.
- Novas?
- Algumas.
- Boas ou ruins?
- Tem como ser boa? – ele ficou em silêncio. – Ele vai ficar para o final de semana.
- Todo esse tempo?
- Justin, é só até segunda, no máximo. Depois disso tudo acaba e nunca mais!
- Assim espero.
- Justin...
- Não precisa falar nada Lua, deixa pra lá. Vamos ao hospital ainda?
- Acho que nem dá agora, se não você sabe quem teria que ir também.
- Ótimo, até isso esse cara estragou – fechei os olhos e respirei fundo pela milésima vez na última hora, quando os abri, Joe estava na minha frente.
- Preciso desligar.
- Ele está aí perto, né?
- Exatamente.
- Isso vai dar algum problema?
- Não se você confiar e mim. Você confia em mim? – Silêncio. – Você confia em mim? – repeti tentando não falar o nome dele.
- Confio.
- Então vai dar tudo certo. Agora tenho que desligar.
- Não esquece que te amo.
- Nunca.
 Desliguei.
- Até quando vai me manter aqui achando que sou idiota para não sacar que há alguma coisa entre você e aquela menininha?
- Que eu saiba, não sou lésbica.
- Se não quer me contar, é porque tem muito mais coisa do que eu imaginava – não Joe, não é hora de bancar o detetive. – Vocês estão namorando mesmo, não é?
- Não – E realmente não estamos.
- Mas evidentemente ele gosta de você – fiquei quieta. – Hum. To vendo que também gosta dele.
- Joe, cala a boca.
- Agora eu tenho certeza que gosta dele.
- A onde você quer chegar?
- Quero que me conte sua relação com aquele cara.
- Chamou ele de “cara”, que avanço!
- Você não vai conseguir esconder de mim.
- Já disse que não devo satisfação da minha vida para você.
- Você gosta dele, você está com ele.
- Se deu pra adivinhar tudo, para que quer eu responda alguma coisa?
- Obrigado Lua, agora sei que estou certo – sorriu sínico, sua especialidade.
- Quer saber? Vai para o inferno e não volte nunca mais – ele riu.
- Agora sim estou começando a ver a garota que conheci!
- Vai se... – me interrompi, não por educação, mas porque resolvi não perder a linha.
- Onde nós paramos? Ele gosta de você, você gosta dele. Ele disse que vocês são namorados, já você disse que são amigos. E aí?
- Não estou namorando o Justin.
- Será que se eu ligar para ele, é isso que vai dizer?
- Fica a vontade – ofereci meu celular, o máximo que Justin faria era desligar na cara dele. Ou contaria tudo, mas resolvi arriscar.
 Achava que Joe não iria pegar o celular, mas o desgraçado pegou.
- Ok. – pegou meu celular, mexeu e colocou em cima da mesa tocando no viva voz.
- Lua?
- Peeeeeeeeeeen! Resposta errada! Mas ela está escutando – Joe disse.
- O que você quer?
- Quero saber o que há entre vocês, porque não me contam nada. Deve ser muito sério... Lua só sabe ser hostil, não que eu não goste, sabe, adoro ver ela zangada, fica tão gata – Justin xingou. – Ou! Só ela fica gata, então vamos nos acalmar.
- Você chama a minha namorada de gata, e ainda quer que eu me acalme? Ah, claro.
- Namorada? Então você realmente me confirma que são namorados?
- Claro que sim! Já disse.
- Sim, mas, Lua me disse que eram só amigos.
- Amigos?
- Sabe que não estamos namorando, Justin.
- Ah, você está ouvindo.
- E você sabe que não estamos namorando.
- Não ainda.
- Wow! Então ele confirma que não estão namorando. Muito bem, já damos o primeiro passo. Agora o segundo: se não estão namorando, o que rola entre vocês?
- A gente se ama – Justin respondeu.
- Own, que lindo, mas se fosse só isso eu já teria visto essa carinha linda da Lua em todas as capas de revista junto com essa cara de menina que você tem – esse jeito esnobe... como aguentei isso tanto tempo? Me dá ódio! E só pensar que isso me atraia há pouco tempo atrás...
- Joe!
- Que foi Lua? Sabe que eu estou dizendo a verdade, ninguém já viu esse seu lindo rosto – ele se inclinou pra frente para trocar meu rosto, mas recuei com meu maxilar firme.
- Não encosta em mim – rosnei.
 Nesse momento ouvi o telefone desligar, mas não dei muita confiança, Joe me olhava penetrante, eu encarava aqueles olhos azuis com raiva por ele estar fazendo todo esse circo, já ele continuava com o sorriso de canto de boca.
 E quando eu pensava que não tinha como piorar mais, Justin invade a minha casa, xinga Joe do que lhe vem a cabeça e comete a burrice de lhe meter o soco na cara. Joe, obviamente, revida e Justin quase cai, mas volta a tempo de o segurar pela gola da jaqueta de couro preta antes que ele o bata de novo. Joe segura a camisa dele também.
- Nunca mais encosta nela! – Bieber cuspia as palavras, com ódio saindo pelos seus olhos.
- Você acha que pode comigo seu imbecil? – Joe disse entre dentes.
- Encosta nela mais uma vez, só mais uma, que você vai descobrir se eu posso ou não com você.
- Eu tenho certeza que não pode comigo.
 Joe o empurrou e eu sabia onde isso ia parar caso não os interrompesse mesmo correndo o risco de levar um soco. Teríamos sorte se Justin não fosse parar num hospital.
- Para! – gritei, minha voz saiu grossa o que indica que não foi alto o suficiente, era a raiva saindo do fundo da minha garganta.
 Corri e parei entre os dois, não cheguei a tempo de evitar que Justin levasse o segundo soco, mas gritei mais algumas vezes e parei a mão do Joe quando ele ia dar o terceiro – o que levaria Bieber ao chão, com certeza. Soquei o maxilar do Joe, eu não tinha tanta força e jamais ganharia uma briga com ele, nem seria louca de tentar, mas sabia que seria o suficiente para que parasse. Funcionou uma vez.
 Ele olhou para mim.
- Te ensinei bem.
- Mais do que imagina.
 Joe e eu sempre nos olhávamos nos olhos, sempre tivemos uma relação muito intensa, não como a que existe entre Justin e eu, mas era forte, destruidora e magnética. Joe me transformou numa garota que eu não sou quando estou com Justin, mas essa garota sempre volta quando estou com ele.
- Lua – olhei para Bieber, que acabara de se levantar atrás de mim, pareceu querer cuspir, mas lembrou que estava na minha casa. Talvez sentiu o gosto de sangue na boca. – Sai da frente, eu vou acabar com esse cara!
- Não, você vai para casa! – ele olhou para mim incrédulo. – Me escutou, Bieber, vá para casa! Você não vai acabar com ninguém, muito menos na minha casa! Vai embora! – Mais uma vez ele olhou para Joe, que sorriu sarcasticamente, o que o fez avançar, mas eu me pus na frente.
- Seu imbecil! Você não ganhou isso! Nunca vai ganhar! Ela é minha! – Justin gritava enquanto eu tentava segurá-lo – Ele sempre vai ser minha! Como sempre foi.
 Joe parou de sorrir.
- Sempre – repetiu com os olhos movendo de um lado para outro. Estava pensando alguma coisa, importante demais para ligar para um cara que queria entrar na luta com ele.
- Justin! Vai embora – o empurrei até a porta, segurei sua camisa, abri a porta com uma mão e tentei jogá-lo para o lado de fora.
 Fechei a porta.
- Você é maluco? – tentei usar um tom mais baixo. – Joe ia acabar com você!
- Eu ia acabar com ele!
- Não! Não ia! Eu conheço o Joe, ele ia fazer você ir parar em um hospital!
- Ele ia também!
- Não ia! Ele já fez isso várias vezes, você não é o primeiro que ele bate.
- Nem doeu.
- Os dois primeiros podem não ter doído, mas com o terceiro você ia parar no chão, então ele ia chutar sua barriga até sua visão ficar turva e você cuspir sangue. – Justin respirava ofegante ainda, muito mais do que eu, a adrenalina nele era maior do que em mim. Mas pareceu se acalmar conforme eu falava. – Já o vi fazer isso outras vezes Bieber, jogo físico com ele não resolve nada!
- Bom saber que era com esse tipo de cara que você se envolvia longe de mim.
- Não vamos começar com isso...
- Não vamos, para mim já acabou. Você me expulsou da sua casa.
- Pro seu próprio bem!
- Você me expulsou Lua! A mim! E não a ele! Você deveria tirar esse cara da sua casa! E ao invés disso é a mim que manda embora! Talvez você mereça esse tipo, Houston.
- Justin – ele levantou a mão como um “basta”, virou as costas e foi se afastando de mim. – Justin! – era como se eu não tivesse falado nada.

 Respirei fundo, tentando não deixar isso me abalar, ainda tinha um outro cara para enfrentar. Encostei a mão na maçaneta e contei até três, e então abri a porta.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part 1

Duas semanas depois da primeira conversa, estávamos bem, surpreendente Justin se divertia com algumas histórias, claro que nenhuma delas envolvia o Joe. A gente ficou bem, nos falávamos horas e mais horas, trocando experiências do passado, mesmo quando ele estava viajando, como sempre me ligava de noite, ou antes de ir para o show – e mandava mensagem depois que chegava, já que sabia que eu já estaria dormindo – conversávamos mais do que nunca.
 Eu estava aliviada até, ele estava lidando muito bem com as coisas que eu dizia como eu também lidava bem com o que ele dizia.
 No sábado, Bieber chegou de madrugada em casa, já eu acordei cedo. Minha mãe foi para o hospital participar de uma campanha de doação de sangue, e saí com ela para participar enquanto não enchia. Matei o tempo lá, meu pai estava na empresa acertando as contas de final do mês. Na hora do almoço fui para casa, prometi voltar mais tarde, cansei de ficar sozinha todos os dias da semana, já que meus pais só estavam em casa de verdade aos domingos.
 Liguei a tv na MTV enquanto preparava algo para comer, dançava e cantava quase deixando o prato cair no chão, eu me sentia feliz, com uma paz interior que não sentia havia muito tempo, de verdade. Sentei na cozinha pra comer, e quase já terminando recebi uma mensagem.
 “Bom dia! Ou boa tarde? Não sei, to perdido! Acordei agora lol. Que tal daqui a pouco a gente se ver? Tenho saudades de te ver! JB”
 Respondi:
 “Que preguiçoso! Haha. Acabei de almoçar, te espero lá fora pode ser? Se não for demorar, minha casa está vazia, pra variar, vou pegar um pouco mais de sol. Ah! Mamãe foi para o hospital para uma doação de sangue, será que o astro teen ajudaria? LH”
 E ele respondeu:
 “Claro que sim! Tiro até umas fotos se quiser e posto no Instagram, para incentivar e tal. E, não vou demorar, te encontro lá fora. JB”
 Lavei tudo o que sujei, peguei o celular e saí. Sentei no primeiro degrau da entrada da minha casa, tomei vento, mexi no celular e cantarolei enquanto deixava o sol bater na ponta dos meus pés. Fazia tempo que eu não cantava e era a segunda vez que eu fazia isso hoje, como há duvidas que eu realmente estava bem e feliz?
 Só não sabia que isso podia acabar em um piscar de olhos.
- Lua! – Justin atravessou a rua correndo e sentou do meu lado na escada. – Como vai, shawty?
- Bem! Principalmente depois que comi, doei sangue hoje.
- Você me disse, sua mãe né? Que horas podemos ir lá?
- Você vai mesmo? – Sorri.
- É claro! Eu disse que iria.
- Que bom! Pode ser no final da campanha, melhor né? Deve ter menos gente. Tem tanta gente ajudando, Justin! Isso é incrível! – ele riu, talvez da minha empolgação.
- Isso é muito bom!
 Conversamos por algum tempo, faltava muito tempo até o fim da tarde pra podermos ir ao hospital. Ele me contou as novidades da última viagem, e como andava a carreira. Parecia que melhor impossível! E as pessoas sempre continuavam perguntando por mim, Mama Jam sentia saudades minhas, Ryan também, já Scooter continua não querendo olhar na minha cara. Continuamos a falar, e continuaríamos assim se não tivesse parado um taxi na nossa frente.
 Olhamos em silêncio, primeiro por curiosidade, depois por espanto.
 Joe saiu do taxi, sorrindo, primeiro olhando em volta depois se direcionando a mim. Levantei de supetão, mas aqueles olhos azuis me levaram a fala.
- Então é nesse fim de mundo que você mora? – Ele riu. – Lua? Nem um “feliz em te ver”?
- O que... o.. que – engoli seco – o que você está fazendo aqui?
- É assim que se dá bom dia por aqui? Achei que, em uma cidade pequena como essa, as pessoas seriam mais educadas do que em cidade grande como Nova York. Lua... Lua... você já foi mais legal!
- Joe, você ainda não me respondeu.
- Joe – ouvi Justin sussurrar.
 Droga, o Justin!
- Eu sabia que estava te reconhecendo de algum lugar! – Bieber se levantou com rapidez, sem tirar os olhos do cara a nossa frente.
- Eu também te conheço de algum lugar – Joe olhou pra ele, sorrindo esnobe. – Você é aquele viadinho famoso, o cantor lá. Aquele que a Harper é fã – ele gesticulou para mim, como se tivesse com problemas para lembrar o nome do Justin.
- Justin, meu nome é Justin.
- E o meu é Joe. Não sabia que o conhecia, Lua. Harper sabe disso? Aposto que aquela louca ia ficar mais... louca! Isso se possível – riu.
 Eu abri a boca pra falar, mas Justin não deixou.
- Eu sei quem você é! O que está fazendo aqui?
- Vocês são amigos? – Joe perguntou para mim.
- Sou namorado dela! – Justin falava com um tom raivoso.
- Namorado? Não sabia que gostava de meninas, Lua!
- Eu que não sabia que ela gostava de canalhas!
- Wow! Quem você pensa que é para me chamar de canalha, seu fracote?
- Fracote é você!
- Eu te quebro cara! Faço você sair chorando pedindo a sua mãe, muito fácil!
- Eu quero só ver!
 Eles continuaram a discutir, eu estava desesperada, não conseguia falar mais nada, eles não deixavam, então gritei, alto e agudo, dei aqueles gritos de doer os tímpanos. Eles olharam pra mim assustados.
- Agradeço a vocês por finalmente terem calado a boca! – Falei alto. Justin tentou protestar, mas não deixei. – Vai pra casa Justin.
- Não sei porque ainda não foi – Joe disse.
- Cala. A. Boca. Não mandei você falar – ficou quieto, mas satisfeito, ao contrário do Justin.
- Vai pra casa, Bieber – disse firme. – Depois a gente conversa. E você – apontei para Joe –, entra! Tem muito o que explicar.
- Acho que não sou...
- Entra Joseph! Ainda não mandei você falar.
- “Mandei”? – Ele franziu a testa. – Olha, Lua...
- Joseph Ray Thompson, entra agora!
 Não falou mais nada, e subiu as escadas, passou entre a gente, jogou o corpo pra cima do Justin como se chamasse pra briga, depois passou reto entrando na minha casa.
- O que esse cara ta fazendo aqui? – Justin perguntou para mim.
- Isso que eu quero descobrir! Vai pra casa Justin, depois a gente se fala melhor, eu tenho que descobrir o que esse cara quer.
- Eu também quero! – ele ia subir as escadas, mas o interrompi.
- Acho melhor não, vocês quase se mataram aqui.
- Mas, Lua!
- Justin, sério – falei mais calma, respirando fundo – vai pra casa, a gente se vê mais tarde.
- Tudo bem, eu vou – desceu, lento, sem vontade de ir. – Ah, afinal Lua, que belo namorado você arranjou, hein!?
 Não tinha nem o que responder. Fiquei o observando entrar em casa, enquanto tomava coragem para entrar.
 Respirei fundo e abri a porta.

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Um pequeno segredo sobre esse capitulo:
É o meu favorito!

domingo, 4 de janeiro de 2015

19º Capitulo: The Time of the Truth - Parte Final

Silêncio, talvez ele precisasse assimilar tudo o que eu disse. Mas, sem querer, eu que  acabei assimilando coisas.
- Espera, espera, espera! O que você disse? – ele franziu o cenho.
- Qual parte?
- Você foi ao hospital e?...
- Vi seu ex-namoradinho.
- Depois disso! Você disse que entregou algo a ele? Um presente? – Assentiu. – Por acaso foi uma pulseira de prata com pingentes de estrela?
- Foi, por quê?
- Isso explica! Joe nunca foi de me dar coisas.
- Como assim? Ele não te deu o meu presente?
- Deu! Ela está guardada lá nas minhas coisas.
- Então qual o problema?
- O problema é que aquele cachorro não me disse que você esteve lá! Aquele vagabundo disse que era dele, que ele estava me dando aquela pulseira. Mentiroso!
- E você ainda namorava esse cara – revirou os olhos e bufou.
- Bieber – me olhou –, eu adorei a pulseira.
- Adorou porque achou que era do teu ex-namoradinho.
- Gostei porque ela é linda, esquece o Joe, pelo amor. Ele é um idiota.
- Um idiota que você namorou.
- Ok! Ok! Ninguém é perfeito, né? – sorri, mas ele não estava muito animado, então me aproximei sem pensar duas vezes, sentei de frente pra ele. – Olha aqui, já foi, ta bom? Eu não fui uma pessoa legal quando estava em Nova York, mas não sou mais aquela pessoa.
- Como também não é a pessoa que eu conheci.
- Mas é claro, como você também não é. Mas não mudei de novo para pior, aprendi a minha lição. Justin, olha para mim – assim fez relutante –, gostaria que me perdoasse, mesmo não me entendendo, mas não quero que duvidas fique entre a gente, não espero que me perdoe, mas espero que entenda as coisas que eu fiz e as minhas razões para isso. Eu sofri, como você também, uma dor que não consegui controlar e fiz besteiras, você teve sua carreira para se dedicar, e o que eu tinha? Uma vida nova. Fiz de tudo para esquecer, infelizmente não foram boas coisas. Me desculpa, de verdade – eu estava quase chorando –, sei que ficaria chateado quando eu te contasse, por isso da demora também, se não me perdoar tudo bem, pelo menos te disse tudo, eu só queria...
 Ele me interrompeu com um beijo, senti o gosto das minhas lágrimas, não sabia que estava chorando tanto assim. Quando nossos lábios descolaram, ele olhou fundo nos meus olhos, intensamente.
- Te perdoo se me contar em detalhes o que aconteceu com você lá, ok?
- Tem certeza que quer saber? – saiu um fio de voz da minha boca, não imaginava que tinha ficado tão desesperada.

- Sei que vai dizer coisas que eu não gostaria de ouvir, mas é a sua vida, e eu te amo. Amar é isso, perdoar, mas para perdoar preciso saber o que fez. Melhor verdades do que viver com segredos. – Assenti. Confesso que me surpreendi com o que ele disse. – Então vem, deita aqui, acho que tem muito que me contar.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

19º Capitulo: The Time of the Truth - Parte 2

Silêncio. Ele ficou tão surpreso que não soube o que fazer.
- Vamos voltar pra minha casa, ou, entrar na sua se pudermos ficar sozinhos? Na rua não é um lugar para isso e, seria bom se tivesse sentado. Não vai ser fácil para mim, ter que falar, duvido que será fácil para você ter que ouvir.
- Não... não... – ele coçou a garganta e balançou a cabeça – não tem ninguém em casa, mas a gente vai para o quarto, assim, caso alguém chegue, não nos atrapalharão.
 Entramos em casa e subimos as escadas em silêncio, não tinha muito o que dizer naquele momento. Quando entramos no quarto, ele logo se sentou na cama, enquanto eu fiquei pela porta, não queria sentar, ia ficar meio hiperativa também devido ao nervosismo, era melhor ficar em pé.
- Quando quiser começar.
- A questão é por onde começar.
- Pelo começo.
- Seria bom se eu soubesse onde é o começo – respirei fundo. – Quando cheguei a Nova York estava completamente perdida e com medo, cheguei na escola como se tivesse chegado aqui, e fui olhada torta tantas vezes que até perdi as contas. Pelo primeiro mês as coisas foram péssimas, de verdade, e eu sentia uma falta absurda de você. Por sorte, a Harper se aproximou de mim, me ensinou a me vestir e logo as coisas começaram a mudar. Aquela cidade é o inferno Justin, não faz ideia, é uma selva, os mais fortes devoram os mais fracos, se a Harper não tivesse me ajudado... – balancei a cabeça tentando afastar pensamentos negativos.
- Você sempre foi muito forte Lua, não acredito que deixaria as pessoas te fazerem algum mal.
- Eu sempre fui forte a partir do momento que você entrou na minha vida. Você não estava lá, e eu me senti como antes de te conhecer.
- Continua.
- Bom, as coisas começaram a mudar demais sem que eu percebesse, comecei a me vestir diferente e a agir diferente, mais fria, ficar em um nível que conseguia bater de frente... sabe, forte. Tinha uma garota, a Chanel, ela é como uma Louise 2.0.
- E você tinha uma briga com ela tal como tinha com a Louise, só que 2.0, certo?
- Não, eu era como ela. Só não tão nojenta, claro, isso seria demais para mim. Eu ia às mesmas festas, aos mesmos lugares... mas isso era fora de casa, dentro eu surtava, ao ponto de parar no hospital, aquela vez que me viu. Não sei se minha mãe te contou, mas eu tive um surto nervoso. Depois disso comecei a frequentar algumas consultas psiquiátricas, mas, não deu muito certo. Parecia que eu ficava ainda pior.
- Mas e o tal Joe, onde entra nisso tudo?
- Entra depois do hospital, ou melhor, minto, entra antes do hospital. Joe Thompson, o badboy.
- Badboy?
- Sim! Dos de jaquetas de couro e tudo.
- Não sabia que curtia badboys.
- Nem eu, mas continuando. Vi Joe algumas vezes no corredor, ele é loiro, dos olhos bem azuis, chama a atenção, mas não precisei perguntar ou olhar muito antes que Harper me desse um relatório completo. Não ficava com ninguém da escola, riquíssimo, pai foi piloto de Formula 1, o irmão é o mais jovem tricampeão de autocar, tinha fama ruim, mas ninguém sabia quais fatos dessa fama eram verdadeiros, não era de ficar espalhando muito a vida, nem de ir com frequência à escola. Mas sempre ia às festas, até mesmo algumas que eu ia.
- Deixa eu adivinhar, ele te viu numa festa, se interessou, vocês ficaram e pronto!
- Na verdade é mais surpreendente do que isso, ele veio falar comigo na escola. Lógico que isso me deu um destaque, ele não dava moral para garotas da escola e veio falar comigo. Disse que me viu em algumas festas e tal, e que gostou de me ver na aula de debate com a Chanel, ninguém tinha a respondido daquele jeito, mas enfim, isso é outra história. Joe começou a conversar comigo, mas nunca dei muito espaço para ir muito além, mas ele sempre foi muito legal comigo, sendo que geralmente não era com outras pessoas. Só que nada demais, até eu ir para o hospital.
- Espera! Loiro? Olhos azuis? Postura de mal... eu lembro desse cara! Quando fui ao hospital, entreguei o presente que te levei a um cara assim, eu te vi pela porta, não cheguei a entrar no quarto, mas quando fui, ele disse que não podia entrar. Como não quis chamar atenção, não insisti e fui embora.
- Era o Joe, ele estava lá no hospital. Ficou comigo os dias que eu estive lá, ele começou a me ajudar e a me tirar do fundo do poço. Pena que nem todos os modos de me deixar para cima, foram bons e saudáveis, claro que às vezes que fomos à lanchonete, ou olhávamos os carros da garagem do pai, até mesmo quando a gente brincava de correr, claro, longe das vias principais, ou na pista de moto! Ele é ótimo em motocross, é a especialidade dele.
- Por isso você gosta tanto de moto...
- Sim, é. Mas a questão é que – respirei fundo. – Eu não era uma boa garota Justin, tanto que fui internada por um surto nervoso, além disso, eu chegava em casa bêbadas quase todos os dias, escola... rá! O que era escola? Foi aí que descobri que eu realmente era uma pessoa inteligente, não reprovei por pouco! Meus pais ficaram desesperados comigo, quase não ficava em casa, nem dormia em casa, chegava com o dia amanhecendo. Mas drogas eu nunca cheguei perto! Antes que pense alguma coisa! Sempre tive medo de experimentar e acabar me dando mal. Nem LSD experimentei, e não foi por falta de oportunidade. Ah! Eu era uma vagabunda! Minha primeira vez eu estava tão bêbada que mal lembro como foi.
- Então você...
- Justin, era de se esperar.
- Eu sei, eu sei. Já imaginava que não era mais virgem, só que... enfim, continua.
- Não tenho muito que continuar. Acho que o mais importante já disse – ele tinha feições confusas, se bobear nem ouviu o que eu acabara de dizer.
- Se você já transou com outras pessoas, qual o problema em fazer isso comigo?
- Outras não, outra. E, o tempo todo fiquei muito presa ao passado, me sentia culpada demais, não conseguia seguir em frente, não é nada contigo, só que...
- Você precisa esquecer o Joe.
- Preciso deixar para lá as coisas que fiz.

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Happy New Year, everyone!