sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

11º capitulo: We're made for one another. Parte 1.

Pov's Houston

 Desde pequena eu tinha alguns “hábitos de vestimentas” completamente impróprios para fora de casa – agradeço ao meu pai, sem ironia – como, por exemplo, andar apenas com uma camiseta pela casa – isso mais ser uma criança completamente sem modos rendeu muitas fotos comigo pagando calcinha – o que agora se transformou no contrário, vivo andando pela casa apenas de short, principalmente se meu cabelo estiver molhado, como agora.
 Depois de ter tomado banho, coloquei um short jeans preto e um top – daqueles de alça unida que fecham na frente, acho que o nome certo é “nadador” – e desci as escadas na minha casa, pulando feito uma idiota, até a cozinha onde pretendia achar algo para comer.
 Minha casa estava completamente vazia, meu pai estava na empresa e minha mãe sendo voluntária no hospital como fazia antes de eu nascer, e assim tem sido desde o começo desse mês. Ou seja: ou eu deixava a preguiça de lado e me virara, ou morria de fome. 
 Estava cedo para a janta, mas eu não comia nada desde o almoço, estava morrendo de fome! Era questão de sobrevivência, eu tinha que matar o que estava me matando naquele momento.
 Concordo com meus pais trabalharem, mas acho que andam esquecendo de por comida em casa, sempre que venho procurar algo para comer entre as principais refeições quase viro a cozinha de cabeça para baixo e se der sorte acho alguma coisa, caso contrário, tenho que gastar o restinho do meu dinheiro do lanche com alguma besteira da rua.
 Ou seja, nada nos armários e mal, mal na geladeira, me obrigando a ficar parada feito uma sonsa esperando que por algum milagre aparecesse algo comestível ou que alguma ideia genial do que comer se iluminasse na minha cabeça. Mas no final da conta fiquei involuntariamente e distraidamente dançando “Elle Me Dit” do Mika na frente da geladeira até o telefone da casa tocar e eu parar de ser tão demente, fechar a porta e ir atender.
- Lô? – atendi despreocupada, roendo um pedaço da minha mísera unha que estava me incomodando.
- Lua?
- Eu? – e então minha despreocupação foi embora assim que ouvi Pattie Mallette falar do outro lado, com um tom de alarme que jamais ouvi sair de sua boca.
- Graças a Deus você atendeu!
- Sra. Pattie, aconteceu alguma coisa?
- Justin está mal!
- Mas o que ele tem? A dor de cabeça não passou?
- Ah querida, quem me dera se fosse isso!
- Então o que houve?
- Ele está com um sério problema nas cordas vocais. Aquele menino! – notei que ela se esforçou para não falar coisa pior. Ela respirou fundo. – Parece que isso já está vindo de um tempo, as dores de cabeça frequentes podem ter alguma ligação, mas ele disfarçava para não precisar cancelar nenhum show e agora mal consegue falar.
- Mas o que eu posso fazer Sra. Pattie? Quer que eu ligue para minha mãe? Ela pode falar com um médico, ou sei lá.
- Nós já fomos ao médico, assim como a Mama Jam disse, ele precisa descansar bem a voz, mas sabe como ele é teimoso não sabe? E nem tomar o remédio quer! Diz que dói a garganta.
- Sra. Pattie... eu não... não sei o que posso fazer.
- Vem para cá Lua, talvez ele te escute e te obedeça.
- A mim? Mas a senhora sabe que Justin e eu não andamos muito bem um com o outro.
- Eu sei, eu sei, mas, por favor, você é minha última esperança. Ele pode não cantar mais.
 Deixar de cantar? Não! Justin odiaria isso! Os palcos são o melhor lugar do mundo para ele, abandonar suas fãs assim é a morte para ele. Não! Não pode. Sem contar que eu sacrifiquei e sofri muito para dar um pontapé inicial para toda essa Bieber Fever, fui embora para agora ele ser teimoso? De jeito nenhum! Não passei por tudo o que passei, não movi uma palha para ficar, para que Justin abandonasse a carreira em tão pouco tempo.
– Ok, estou indo.
 Respondi e quase senti o alívio intenso da Pattie antes que eu desligasse.
 O desespero era tanto que eu peguei apenas uma jaqueta de frio cinza e fina que, não lembro mais por qual motivo, estava jogada na sala e vesti, peguei as chaves e saí de casa sem saber mais se eu estava indo à casa da frente por ele ou por mim. De qualquer modo, saí de casa as pressas, sem apagar as luzes, nem mesmo pegar o celular, muito menos comer, mas naquele momento nem fome eu tinha mais.
  Bati na porta tentando conter o desespero e Pattie abriu, ela estava realmente desesperada.
- Obrigada por ter vindo, eu sei da briga de vocês, mas...
- Tudo bem, onde ele está?
- No quarto, deitado.
- Vou subir – comecei a subir a escada, mas apenas os dois primeiros degraus antes que a Sra. Pattie me parasse.
- Lua, espera. Aqui o remédio que o médio receitou – ela me entregou uma cartela e um copo de água.
 Continuei a subir as escadas, mas com cuidado para não derrubar o copo ou só a água. Cheguei ao quarto do Justin e entrei sem nem mesmo bater na porta.
- Lua? – ele tirou os olhos do Ipad que mexia enquanto estava deitado e me olhou surpreso. Sua voz rouca e desgastada também tinha surpresa.
- Sua mãe me ligou, disse que você não estava bem.
- Mas eu – ele pigarreou – eu estou bem – comecei a sentir muito calor, então arregacei as mangas da blusa de frio.
- Justin, sua voz está horrível! Quer enganar mais a quem?
- Isso? Ah! Não é nada! Logo vou melhorar.
- Sem tomar o remédio que o médico receitou não vai mesmo.
- Pelo jeito minha mãe fez um relatório completo né? Eu vou ficar bem, já disse.
- Você sabe que pode ter que parar de cantar?
- Mas isso não vai acontecer.
- Vai se você continuar sendo teimoso – me aproximei e sentei na beira da cama, depois, sem falar nada, estendi o copo e o remédio.
- Eu não quero, minha garganta dói mais.
- Imagino, sempre que fico com a garganta inflamada detesto tomar o remédio, mas tenho que tomar e logo passa. Isso deve ser pior do que uma simples garganta inflamada e deve demorar mais para passar também, mas a males que vem para bem. Ou você toma, ou cancela essa sua amada vida de cantor e suas adoradas fãs.
 Sem nem pensar direito ele pegou a cartela da minha mão e tirou uma das mini pílulas brancas, depois me entregou a cartela e pegou o copo virando tudo de vez com o remédio já dentro da boca.
 Fez emburrado, mas fez.
 Coloquei o copo vazio e a cartela na escrivaninha do lado e me levantei da cama.
- Agora melhor você dormir.
- Mas não quero!
- Problema é seu, tenta. Do jeito que é tagarela aposto que não calou a boca o dia inteiro, então dorme, assim fica quieto.
- Que amável você é.
- Eu sei. Agora deita – ele escorregou na cama se deitando e eu o ajudei a se enrolar, me sentando na cadeira da escrivaninha que estava ao lado da cama – e descansa.
- Mas eu não quero, já disse.
- E eu já disse para tentar.
- Mas eu estou sem sono.
- Se você não dormir não vai ficar quieto.
- Vou sim!
- O que me garante se não está agora? – ele ficou quieto enquanto pensava.
- Mas eu... – cansei de argumentos e teimosia.
 Inclinei meu corpo e o beijei, foi a única opção que pensei ser eficaz naquele momento, então aproveitei o impulso e beijei.
- Agora cala a boca e dorme – disse no tom de voz mais suave que consegui fazer quando se manda alguém calar a boca.
 Justin parou de me encarar um tanto perplexo e fechou os olhos, antes fixos nos meus, suavizando todas suas feições aparentemente mais velhas, devido ao cansaço e trabalho duro de um artista teen.
 Me levantei para sair do quarto e deixá-lo dormir, e teria feito isso se ele não tivesse segurado meu pulso.
- Fica, por favor – ao ouvir sua voz absurdamente rouca, virei a cabeça para trás e encontrei seus olhos ainda fechados.
 Ele pediu e eu obedeci.
Sentei na cadeira de novo, mas ele não soltou o meu pulso, ou melhor, afrouxou apenas o suficiente para deslizar e segurar a minha mão. Eu sabia que ele ainda não havia dormido, mas estava tentando, apesar disso, não resistir em levar a minha mão livre até seu rosto e acariciar o mais delicadamente que consigo, desenhando com os dedos cada contorno de sua face virada para cima, e deixando todas as lembranças virem como bombas e se espalhando feito fogo em minha mente. Não só lembranças dos sorrisos que eu dizia serem tanto meus, dos olhares que me tiravam do chão e dessa perfeita junção que me tirava o ar, mas das sensações de cada toque, dos beijos... das alegrias compartilhadas, de cada momento feliz onde eu não sabia o quanto o mundo podia ser tão perfeito.
 Mas minha mente não poderia parar por ali, claro que não, era pedir demais a ela. As lembranças começaram a vagar pelo lado obscuro. Comecei a bloquear todos os pensamentos e sensações de dor e de choro que começaram a aparecer e consegui me controlar antes que me debruçasse em lágrimas e o acordasse com os meus soluços ou com a tentativa de controla-los.
 Quando tive certeza que Justin dormia e que já estava ficando complicado demais ter que lembrar daqueles momentos, soltei a mão dele lentamente da minha e saí do quarto fazendo um esforço tamanho para não fazer barulho e não fechei a porta, apenas a encostei um pouco e caminhei lentamente até as escadas além de para não fazer barulho, como para me recompor.
 Pattie chegou e ficou me esperando no pé da escada, encostada no fim do corrimão e me olhando como se eu fosse uma dádiva de Deus, o próprio milagre, com esperança transbordando pelos olhos.
- E aí? – ela não resistiu e perguntou, acho que eu estava descendo as escadas, lenta demais para a curiosidade dela.
- Ele tomou o remédio e agora está dormindo.
- Oh! Graças a Deus! – ela se aliviou completamente, só deixando um fio de preocupação, afinal ele não estava totalmente bem.
- Cadê o Scooter? Ele sabe?
- Não, obrigada por lembrar, tenho que ligar para ele. Foi tudo rápido demais. Com essa coisa do CD e de clipes e a quantidade de shows aumentando cada vez mais o Scooter anda bem ocupado. No mesmo dia que ele foi resolver o show no Madison Square Garden aconteceu isso. Vou ligar para ele.
- Não, deixa que eu ligo. Por onde posso?
- Pode ser pelo meu celular, só que ele está no meu quarto.
- Eu pego se não se importar.
- Tudo bem – eu havia parado no quarto degrau e subi tudo de novo com certa urgência, mas procurando fazer o menos barulho possível. – Está na escrivaninha perto da porta! – ela falou um pouco alto e eu assenti já entrando no corredor.
 Fui até o quarto da Pattie no final do corredor respirando fundo e me preparando para falar com Scooter – imagino o quanto ele me atenderá bem. Abri a porta devagar, observando o quarto. Não me lembro de já ter entrado no quarto da Pattie, mas fiquei temporariamente deslumbrada. Era um pouco maior do que o do Justin, todo perfeitamente decorado em tons de marrom, bege e verde escuro, com cada móvel aparentemente escolhido a dedo.
 Por mais que eu estivesse ficado admirada com o quarto, logo minha mente rápida, impulsiva e embolada me lembrou do real motivo de eu estar ali. Me virei procurando a escrivaninha e quando achei, fucei em meio os papeis até achar o celular que estava na minha cara, ao lado de um porta lápis colorido, escrito “Para mamãe” e embaixo, tinha o nome do Justin e a série que estava meio ilegível, talvez primeiro ano.
 Peguei o celular e saí do quarto já procurando o nome de quem eu deveria ligar.
- Scooter... Scooter... Scootter... – falava comigo mesma – meu Deus! Quantos contatos! Achei! Amém. 
Apertei o botão de chamada e pus no ouvido antes mesmo de começar a descer a escada. Um... dois.... três.... seis toques depois ele atende.
- Pattie!
- Peeeeeeeeeeeeeen, resposta errada!
- Houston? Por que diabos você está me ligando? Do celular da mãe do Justin ainda?
- Eu sei que Pattie é mãe do Justin retardado!
- Você me ligou para me ofender? Achei que fosse menos baixa do que isso garotinha.
- Apesar de eu ter um prazer enorme em fazer isso, não, não foi por isso que te liguei.
- Então diz logo, sabe o quando é desprezível falar com você.
- Imagino o quanto, para mim não está sendo tão melhor.
- Então diz logo, quanto menos falar com você, melhor para os meus ouvidos.
- Que tal você deixar de ser tão repugnante e vir ver o Justin?
- Justin? O que aconteceu com ele?
- Ficou preocupado né?
- Deixa de ser irritante garota! Diz logo!
- Para que está perdendo tempo comigo? O que tem que saber é que é para vir para Stratford agora! O mais rápido que puder.
- Quem você acha que é para me dar ordens?
- É o seguinte, eu você viria se ainda quer seu menino prodígio bem.
Desliguei no momento que a raiva começava a tomar conta de mim, meu sangue fervia só de ver aquele cara, imbecil e arrogante, o pior de tudo é que Justin o adorava! Talvez seja só comigo que ele era tão insuportavelmente desprezível.
- Tudo bem Lua? – assenti para Pattie enquanto respirava fundo e freneticamente tentando me acalmar. – Pelo seu jeito, falou com Scott certo? – assenti de novo sorrindo, junto com ela, devido ao comentário. – E ele?
- Tenho a impressão que ele vai pegar o primeiro avião para cá – a entreguei o celular.
- Obrigada Lua, não sei como agradecer. Você sabe o quanto essa carreira é importante para o Justin, se algo o impedisse de cantar eu não sei o que aconteceria com meu filho. Sei que vocês não estão bem, mas você era a minha última opção.
- Tudo bem Sra. Pattie, nunca que eu deixaria Justin ficar mal se eu puder ajudar – ela sorriu fraternamente e eu sorri de volta o mais delicada que o sorriso dela permitiu que eu sorrisse.
 Quando vi que a conversa não iria mais além, me virei e comecei a subir as escadas de novo.
- Onde vai? – virei meu tronco e a encarei.

- Justin pediu para eu ficar, não quero que ele acorde e não me veja. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

10º capitulo: Nice to meet you. Parte final.

Justin Bieber
Já era tarde da noite, o sol havia se posto há muito tempo e não tinha uma hora que eu acabara de chegar de mais uma viagem, cansado, com sono e uma dor de cabeça rara.
 Eu tinha jogado a minha bagagem em algum canto no quarto que eu já nem lembrava mais qual era, e depois de um banho – que só me deu mais sono – eu estava sentado na escrivaninha do meu quarto, brincando com alguns papeis e caneta, escrevendo coisas completamente avulsas que em algum momento, talvez, faria sentido, mas ali e agora, pareciam apenas idiotices, enquanto eu esperava a minha mãe vir com algum remédio.
- Justin?
- Entra mãe – terminei de desenhar o último “R” de “Bieber Fever”, larguei a caneta e me virei para porta esperando ver a minha mãe com algum copo de água e o tal remédio, mas não foi bem isso.
 Bom, eu vi a minha mãe e sim, ela tinha um copo de água e um remédio se dissolvendo lá dentro, mas um passo à frente dela, Lua estava parada e não me parecia muito tensa, posso dizer que ela até me parecia preocupada – isso ela não escondeu bem, ou não fez questão de esconder –, mas sua face, o tempo todo, desde que voltou, era tão tranquila que ela parecia ter certeza do que estivesse fazendo o tempo todo, ou como se não se fosse se importar com as consequências, já que, Lua jamais foi tão segura de si assim, a ponto de ser tão confiante em todas as coisas que faz.
- Aqui está – minha mãe se aproximou e eu só tirei os olhos da Lua quando fui pegar o copo. – Qualquer coisa estou lá em baixo – Lua e eu acompanhamos com os olhos a minha mãe sair.
 Segundos silenciosos e minha cabeça começou a latejar mais forte, então virei o copo todo de vez e deixei sobre a escrivaninha.
- Você está bem?
- Estou, é só uma dor de cabeça... quase não me dá, mas é que nessa viagem minha cabeça viveu a mil, tem a questão toda do novo CD...
- Já sabe o que vai fazer sobre?
- Não... ainda estou meio indeciso sobre a data de lançamento. Acho que falta mais alguma coisa.
- Hum... – você nota que há algo de estranho quando ela responde “hum”, porque simplesmente ela nunca responde assim.
- O que quer Lua? – a olhei.
- Falar com você.
- Então diz.
- Você precisa correr atrás.
- O que? – meu tom saiu um pouco indignado, ou talvez muito.
- É Justin, você precisa correr atrás, se não a gente não acontece e você sabe disso! Se realmente quer que fiquemos bem, tem que ir atrás.
- Você percebeu o quanto é idiota o que acabou de dizer?
- Eu sei, pode parecer bem imbecil, até para mim parece, mas é verdade Justin. Eu sou covarde e você se esquece desse detalhe, não venho atrás não é por orgulho, é por vergonha, sempre foi, vergonha de admitir que estava errada, medo de que você não queira, medo de sofrer de novo, quando se trata de mim é sempre medo. Você sabe, sabe bem. Já pensou o que deveria ter acontecido se você não tivesse me convencido do erro que cometi em deixar as coisas entre a gente acabar daquele jeito? Me fazendo voltar antes de viajar.
- Talvez sofreríamos menos se eu não tivesse convencido.
- Ou talvez não, sofreríamos do mesmo jeito, ou quem sabe mais ou menos, estaríamos sendo infelizes, e seria o dobro de complicado caso eu voltasse. Talvez seria pior. Justin... você sempre foi o mais forte de nós dois e talvez eu possa me considerar forte agora por confessar isso se não fosse algo tão evidente. Pode parecer injusto, eu sei. Eu realmente queria poder vir, pedir desculpas e te lembrar o quanto somos felizes juntos, mas não consigo, esse é o seu papel na história. Mas é questão de pedir desculpas? Ok, desculpa. Eu realmente não deveria ter te chamado de infantil, apesar de que você é, mas eu não deveria ter falado com você daquele jeito. Sabe que eu não penso antes de falar, muitas vezes, e esse está sendo um caso, mas enfim, aquele momento foi impulsivo como esse está sendo, mas talvez isso não seja um motivo para você, ok, ok – ela fechou os olhos e respirou fundo. – Parece injusto, pode até ser injusto, mas você precisa ir atrás, eu preciso que você vá, nós precisamos.

 Ela disse... “nós”.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

10º capitulo: Nice to meet you. Parte 4.

(...)
 Quente! Eu sentia um calor dos infernos, o que não era normal nessa época do ano e ficar parada dentro do quarto, ou desfilar de um lado para outro não estava ajudando para que eu me sentisse menos sufocada e agoniada, então peguei meu celular e desci disparada a escada da minha casa vazia, fui até o lado de fora e me sentei no último degrau da entrada, já sentindo um alivio absurdo e sobrenatural.
 Abri a pasta de mensagens do celular e escrevi:
“Srta. Harper Collins, esqueceu que tem amigos fora de Nova York? Sei que a vida aí é agitada demais para se lembrar de mim... mas isso magoa ok?”
 Ri da minha incrível capacidade de fazer drama, o pior de tudo é que ela demoraria para responder, um, que já é lerda por si só, dois, que uma mensagem de um país para outro não poderia chegar tão rápido assim.
 Olhei para frente ainda sorrindo e imaginando a histeria que Harper iria me responder, e nem a cara de Scooter Braun como minha primeira visão me fez deixar de sorrir. Eu sentia falta da Harper, posso arriscar dizer que sinto falta de Nova York, é sinto, de coisas, pessoas, lugares, não de todas as coisas, de todas as pessoas, de todos lugares, apenas alguns detalhes que me manteve viva.
 Se eu não deixei de sorrir pelo Sr. Braun, deixei por notar que Sr. Bieber vinha na minha direção. Esqueci tudo, Nova York, Harper, outras certas coisas... absolutamente tudo! Tentei me focar na discussão de hoje cedo e eu não sentia mais nada, raiva, nem nada. Foi apenas uma discussão idiota, como disse para Kyle, mas quando ele chegou perto, decidi que apenas um iria falar.
Ou seja, fiquei calada.
- Olha Lua, eu não vou mais correr atrás – mas o que? – Sabe, da história toda, o tempo todo quem foi atrás para que resolvêssemos os nossos problemas fui eu, uma hora isso cansa sabe? – ele não me parecia irritado ou confuso, nadinha parecido com um pouco mais cedo, parecia arrependido, mas envergonhado, não sei, minha cabeça andava a mil ao mesmo tempo que não conseguia produzir um pensamento descente, eu queria entender o que estava passando com ele, o porque ele veio falar isso comigo, aqui e agora, enquanto Scooter andava nervoso do outro lado. – Você sabe o quanto eu quero que a gente fique bem né? Mas sei lá, sempre sou eu que estou lá para corrigir os nossos erros, juntos e individuais, não vejo você tentar, ou quase isso. Eu não sei se aguento mais tudo isso sozinho, antes era só você e agora... – ele desviou o olhar e mudou o peso da perna, depois voltou para a mesma perna de antes e me olhou.
 Agora notei que eu fazia uma bela cara de paisagem, do tipo sem reação nenhuma, era como se eu olhasse para o rosto dele, mas não tivesse prestando atenção em uma letra que ele disse. Temo que Justin tenha achado isso.
- Então, é isso que eu queria te dizer – ele deu dois tapinhas no corrimão de madeira em que estava apoiado e se virou, completamente sem graça indo em direção ao empresário que já gesticulava nervoso.
 E essa minha cara mansa? De quem não prestou atenção no que ele disse? Que diabos foi isso? Eu nunca fiquei assim com Justin! E como não consegui formar um pensamento descente? Uma opinião? Eu mal consegui pensar direito no que Justin dizia!

 Esses prováveis dois dias fora do Justin não vão me ajudar a ter dias felizes, pelo contrário, já sinto nós começando a se atarem.
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Mais um pedacinho porque fui anta e deixei o outro post em rascunho u__u vou tentar postar outro logo ok? Vou deixar programado. Té mais.

10º capitulo: Nice to meet you. Parte 3.

- Ai! – me virei. – Menino! Não consegue sair um dia cedo da escola? – ele riu.
- A professora de geografia me prendeu aqui, me obrigou a refazer a redação sobre os Tigres Asiáticos – ele revirou aquelas orbes azuis. – Mas e você? O que faz aqui ainda?
- Eu pretendia ir à biblioteca, mas ela ta fechada e fiquei conversando com o professor de música.
- Quer uma carona então?
- Mas meu caminho nem é o seu!
- Não faz mal, eu te levo sem problema!
- Então vou aceitar Kyle, valeu, minha preguiça dominou agora com a sua oferta – ele riu.
 Fomos conversando até a porta, comentando sobre tudo como se nos conhecêssemos há anos! Desde o dia que ele descobriu meu “lance” com Justin, era tudo ou nada, não tinha mais como esconder muita coisa dele, o pior ele já sabia mesmo.
- Me espera na porta, vou buscar a moto.
- Ok! – ao descermos as escadas ele virou rumo ao estacionamento do colégio e eu segui reto no pátio.
 A entrada principal da escola era marcada por um portão enorme com grades pretas, que ficava aberto quase o tempo todo. Pelo tempo que eu fiquei lá dentro, era para não tem ninguém, nem mesmo as equipes de esportes – apesar de que voltariam mais tarde –, mas perto do portão tinha alguém, que mesmo de costas, só pela postura eu sabia exatamente quem era.
 Mas que diabos Justin estava fazendo ali?
- Justin? – ele se virou. – O que ainda está fazendo aqui? Achei que tinha ido para casa com o Chris – parei na frente dele, ainda com o cenho franzido.
- Por que me chamou de infantil?
- O que? – ah, pronto.
- Por que me chamou de infantil? Ou vai dizer agora que não se lembra? – eu... o... ah!
- Não, eu lembro, mas não entendi ainda o porquê dessa sua cara de poucos amigos e muito menos porque ficou aqui esse tempo todo.
- Agora que se lembra, pode me explicar por que disse isso para os outros ainda?
- Porque você é oras.
- E você tem a cara de pau de dizer na minha cara assim?
- Ué, achei que tivesse reclamando do fato deu ter dito pelas suas costas!
- Também! – ele praticamente gritou irritado.
- Como ficou sabendo disso Bieber?
- Por quê? Era para ser segredo?
- Não foi uma pergunta retórica, como ficou sabendo disso Bieber? – ele ficou calado, quase atingindo um tom vermelho de raiva, dali não saía mais nada até que se acalmasse, então continuei. – Por que seja lá o que ouviu, ou o que te contaram, chegou pela metade.
 Ele deixou de vagar os olhos e me olhou, visivelmente confuso.
- Eu te chamei de infantil sim, quando Halle veio reclamar do Luka e eu usei o nosso exemplo para ajudar! Eu te chamei de infantil quando fui dizer a ela que apesar de ser um defeito seu que me irrita demais, todas as suas qualidades superam e no final das contas eu ainda gosto de você – eu olhava tão intensamente para aquelas íris avelã que nenhum sentimento dele eu deixava passar, pelo que eu havia entendido a raiva amenizou, mas agora quem não queria conversa era eu. – E parabéns, você acaba de provar que estou certa.
- Você me chama de infantil e eu que saio como errado no final da história?
- Você veio querendo tirar satisfações de algo que nem sabia direito! Talvez isso não seja bem “infantilidade”, mas certo não foi.
Eu estava tão irritada com essa discussão idiota que nem notei Kyle se aproximando.
- Justin? Lua? Está tudo bem? – acertei minha postura e desviei minha atenção do Justin olhando para trás dele.
- Parecemos bem? – andei até a moto e peguei o capacete que Kyle segurava.
- Você vai de moto com esse cara?
- É o que parece né? E não me vem com essa indignação toda! Sequer era para você estar aqui – pus o capacete e subi na moto. – Passar bem Bieber.
- Lua... – Kyle começou, mas o cortei.
- Vamos Kyle, já chega de escola por hoje.
 Ele deu a partida e não comentou mais nada, apenas pilotou até a minha casa que não era longe da escola – afinal eu ia a pé –, então parou e firmou para que eu descesse. Ele tirou o capacete ainda em cima da moto e eu tirei o meu quando já estava no chão, acertado o cabelo como um costume já adquirido há tempo.
- O que aconteceu entre você e Justin? Eu... eu atrapalhei alguma coisa?
- Não! Não. Nem era para ela estar lá, ele teria compromissos agora. Foi apenas uma discussão boba, muito boba para falar a verdade.
- Então isso quer dizer que vai ficar tudo bem?
- Não sei.
- Mas como não? Você acabou de dizer que foi só uma discussão boba.
- Mas Justin e eu já passamos por muita coisa, e está cada vez mais difícil continuar.
- Casais tem briga o tempo todo ué, brigas bobas que depois se resolvem, é só conversar.
- Eu sei, pode acreditar, eu sei. Mas as coisas entre nós dois são meio... intensas, e faz tempo que é assim, e sabe, essa história dele ser famoso só complica.
- Deve estar sendo difícil para vocês.
- Você não faz ideia como! Acha que nós brigávamos por coisinhas idiotas assim? Quando namorei o Justin a gente brigou acho que três vezes, uma quando éramos amigos, depois uma pequena discussão por ciúmes que resolveu naquela noite mesmo, e a última, bom...
- Resultou na sua ida para Nova York, acertei? – assenti.
- Até hoje não sei se essa foi a melhor coisa que fiz, ou a maior besteira.
 Kyle não falou nada, ele era parecido comigo em relação a: “melhor não falar nada se não tiver o que dizer, melhor consolar estando perto, do que falar e soltar o que não deve”, então, apenas me encarou com aquelas orbes azuis mais do que perfeitas e deu um sorrisinho aconchegante. Ele de fato era um garoto incrível e lindo.
- Lua! – parei de prestar atenção no Kyle e olhei além dele, do outro lado da rua.
- Oi Sra. Pattie!?
- Cadê o Justin? – virei babá de astrozinho agora?
Lua, se controla.
- Ele mora enfrente a sua casa? – Kyle sussurrou para mim.
Assenti.
- Ele estava na escola, acho que foi resolver alguma coisa com algum professor sobre atividades atrasadas ou trabalho – gritei de volta.
- Aquele menino! Ele tem compromissos agora! Vai se atrasar!
- Sinto muito Sra. Pattie. Ele deve estar vindo.
- Tudo bem querida, não é culpa sua – não, claro que não, seu filho que resolveu provar o quanto é infantil e tirar satisfações comigo de coisas que mal sabia.
 Sorri e Pattie entrou em casa.
- Que mentirosa! – Kyle sorria.
- Melhor deixar isso quieto, pelo menos por agora. De qualquer modo, deixa o Justin contar, não seria nada bom se eu gritasse que havíamos brigado né? – ele pareceu pensar.
- É, realmente não – e ainda sorrindo, acabei deixando um escapar de meus lábios, talvez não tão branco e encantador, mas poxa, no momento era meu melhor sorriso. – Er... mudando de assunto, sem querer piorar a situação, mas, temos que ver o trabalho de história!
- Cara! É mesmo! Valeu por lembrar! Eu já tinha me esquecido – ele bagunçou, ainda mais, o cabelo.
- De nada, mas... e o Justin? – foi a minha vez de mexer no cabelo.
- Relaxa, eu dou meu jeito, sempre dei. Não vou deixar ninguém na mão, inclusive porque eu me ferro também né? – sorri.
- Então ok. Preciso ir agora! A gente se vê!? – ele colocou o capacete.
- Claro, até amanhã.

- Até – ligou a moto, deu a partida e eu entrei.
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Aí eu entro HOJE para postar outra coisa e descobro que não o meu último post estava em RASCUNHO. Me perdoem e.e