- Relaxa
JB.
-
Estou tentando, mas está um pouco difícil. Vai demorar pra chegar?
- Na
verdade – de repente o carro parou –, já chegamos.
-
Finalmente! – peguei meu celular no bolso e digitei o número mais do que
decorado para mim.
- Hum?
- Desde quando você atende telefone
com “hum”?
- Ta reclamando? Tem certeza disso? Estou
querendo me matar de tanto tédio já!
- Calma, calma, não morra. Pode
descer, nós já chegamos.
- Amém! A gente se vê aí embaixo
então.
- Ok, até.
- Até
- Ela
já está vindo?
- E
com um mau humor daqueles!
- Por
quê?
- Ela
não é muito tolerante ao tédio e, bem, uma tarde se arrumando não é algo que
ela acha “divertido” – ele riu.
Ficamos em silêncio por não tenho noção de
quanto tempo, eu estava tentando me acalmar.
- Sua
mão parou de suar?
- Sim.
- Sua
respiração está normal?
- Um
pouco. Por quê?
-
Então se prepare para todos os sintomas voltarem.
Ele então saiu do carro e eu olhei pela janela,
como se não bastasse a mão ter voltado a suar meu queixo tinha que ir lá no
chão. Qual é Justin! Para que tanto desespero? Não é a primeira vez que vocês
vão sair juntos, não é a primeira vez que ela está usando um vestido e super
maquiada. Ah! Mas se fosse naquela época não estaríamos em Paris, não teria
tanto fotografo fora do restaurante antes de chegarmos, eu não teria um
segurança, fãs que se descobrirem que a Lua é a minha “Favorite Girl” armariam
um plano de assassinato – talvez eu tenha exagerado agora – e eu sequer pensava
o quanto ela é gostosa. Não me julguem! Sou um cara de 18 anos e ela estava
gostosa.
Agora, se Lua descobrir que eu pensei nisso
ela me mata – dessa vez sem exagero. Ela sempre detestou quando as pessoas
tratam uma as outras como pedaços de carne, e achar alguém “gostoso” se inclui
nisso, porque, como sabe se nunca comeu? Afinal ninguém é canibal ou é?
É bom saber que to passando tempo demais com
ela a ponto de pegar mania das coisas que ela fala.
Abri a porta do carro para sair, Kenny já
tinha dado a volta e parado justamente naquela porta para abrir quando Lua se
aproximasse mais, mas se eu ficasse lá dentro olhando não daria muito certo.
- Se
eu dissesse para você ficar aí dentro ia adiantar alguma coisa? – Kenny
perguntou.
- Não.
- É,
sabia – saí do carro e ela chegou mais perto de nós, estava apenas acompanhada
pela minha mãe.
Lua usava um vestido curto branco com detalhes
preto e uma sandália de salto alto fazendo com que ficássemos do mesmo tamanho
– estranheza número um: eu estar mais alto do que ela, mas isso eu já tinha me
acostumado; estranheza número dois: ela de salto e isso é mais bizarro. De
acessório usava a mesma corrente de prata com um J e no pulso esquerdo duas
pulseiras, uma era daquelas redondas que eu não sei explicar exatamente como
era e a outra era de corrente com alguns pingentes, mas sinceramente, eu não
via um bom motivo para reparar em pingentes naquele momento.
-
Achei que íamos em um encontro e não em um velório – ela sorriu me olhando
depois de notar o que eu estava usando.
- Há,
há, há, você é hilária sabia? Ryan vai ficar muito ofendido com isso sabia?
- Está
certo, me esqueci não tem a capacidade de montar um visual sozinho.
- Qual
é? Até parece que foi você quem escolheu esse look todo!
- Foi
– olhei para a minha mãe atrás dela.
- Ela
que escolheu exatamente tudo! – minha mãe deu de ombros.
- Ok
então... pronta para ir? – ela riu.
- Você
está legal Bieber – disse entrando no carro.
-
Obrigado, você também não está nada mal Houston – entrei fechando a porta.
- Hey,
hum... – minha mãe se debruçou na janela. – Juízo vocês dois ok? Por favor,
juízo.
- Ok
mãe.
- Pode
deixar Pattie.
- Vão
com Deus e boa sorte – ela se afastou.
-
Tchau mãe.
-
Tchau Pattie.
Kenny
entrou no carro.
-
Prontos?
-
Nunca – respondi.
-
Definitivamente não – Lua respondeu.
-
Então vamos – ele deu a partida.
O silêncio
permaneceu por um longo tempo, eu estava nervoso e Lua também não estava assim
tão melhor do que eu.
-
Nervosa?
- Quer
mesmo que eu responda?
- Não,
obrigado.
- Como
vai ser?
- Como
vai ser o que?
-
Quando chegarmos lá né anta!
- A
gente entra pela frente, mas a nossa reserva e mais para dentro do restaurante,
longe das portas e janelas, com disfarce de todo o resto. Sem nenhum risco –
apesar de que eu mesmo não acreditava nisso, tentei parecer confiante. – Lua?
Tudo bem? – a maquiagem não deixava eu dizer bem, mas podia jurar que estava
pálida, mas não precisava saber a cor da pele, os olhos arregalados, a perna
que não parava quieta, a língua passando nos lábios o tempo todo e o olhar
disperso já me diziam claramente o quanto ela estava apavorada.
-
Tudo.
- Tem
certeza.
- Mas
é claro – sentei na ponta do banco para a encarar melhor, ela ainda estava
sentada de qualquer jeito completamente inquieta e não me olhava, continuei a
encarando até ganhar sua atenção – que não – completou me olhando, depois
encarou o lado de fora pela janela.
- Vai
dar certo, ninguém vai ver que é você – segurei sua mão.
- Qual
é! Você mesmo está tentando se convencer disso! – puxou sua mão da minha e
depois de um tempo respirou fundo. – Desculpa – voltou a me olhar –, estou
muito nervosa e com medo – ela não segurou a minha mão, simplesmente voou no
meu pescoço em um abraço apertado e é obvio que eu devolvi.
- Eu
não sei onde estava com a cabeça, ter te pedido para vir não foi uma boa ideia.
- Eu
já assumi o perigo Justin, você ter pedido não foi nada demais, eu ter aceitado
que foi – ela se afastou.
- Eu
não deveria ter sugerido.
- É
seu aniversário! Não faz mal um pequeno sacrifício – ela tentava sorrir
confiante.
- Você
não entende! Você está certa! Nem eu sei mais se tudo vai dar certo.
- Não,
eu não estou certa, estou sendo pessimista como sempre.
- Não
é pessimismo é realismo.
- Sou
eu quem falo isso sempre, e se dessa vez estou dizendo que fui pessimista é
porque fui.
-
Chegamos – Kenny disse assim que parou o carro.
- Por
favor, a última coisa que precisamos agora é de pensamentos negativos – nos
olhávamos nos olhos. – Vamos? – entrelaçou nossos dedos.
Fechei os olhos e respirei fundo, depois
assenti. Ela respirou fundo e eu abri a porta do carro esperando uma chuva de
fleches.
Não teve uma “chuva”, mas sim “fleches”, um
ali, outro cá... nada muito espantoso, mesmo assim, a Lua mexia nervosamente nos
óculos escuros de armação branca que usava para esconder o rosto e na franja
que também ajudava a esconder mesmo quando já estávamos dentro do restaurante.
Disse a recepcionista o nome da reserva – que não era o meu, obvio – e ela
chamou um garçom que nos levou até uma mesa longe de todas as janelas e portas,
dos olhares da maioria das pessoas ali também.
O garçom anotou os nossos pedidos, a Lua não
abriu a boca um segundo mais depois do carro – então eu tive que pedir tanto
para mim quanto para ela –, mas foi a primeira a quebrar o silêncio depois que
o garçom se foi.
-
Usar óculos escuros de noite, esta aí uma coisa que eu nunca imaginaria fazer –
os tirou e pôs na mesa. – Sempre achei coisa de louco.
-
Cá entre nós, você não é muito normal – ela riu e eu também.
-
Você tem razão. – ela sequer me olhava, apenas brincava com a ponta de uma das
pernas do óculos, com um sorriso “monalitico” no rosto.
-
Lua...
-
Eu estou um pouco assustada ainda – ela parou de brincar, pôs os braços
cruzados na mesa e me encarou – sei lá, depois daquela vez, eu esperava bem mais daqui. Só preciso me acalmar –
ela sorriu sem mostrar os dentes, apenas em um
sorrisinho
simpático e confiante.
- Sabe
que por os cotovelos na mesa é falta de educação né?
- Ah!
Que se dane! – rimos. – Vai pegar mais mal para você, já pensou nas notas das
revistas e jornais? “No dia de seu aniversário, Justin Bieber saiu para jantar
com uma garota sem educação que pôs os cotovelos na mesa” – rimos mais um
pouquinho.
-
Sabe, nem me importo – pus meus braços sobre a mesma do mesmo jeito que ela –,
garotas perfeitas são um saco!
- Para
querer ficar comigo, só gostando de algo errado mesmo.
- Por
que diz isso?
-
Nunca fui muito “nos padrões” né JB!?
- Ah,
por favor! JB não! Até topo você me chamando de Bieber, agora JB não.
- Mas
não é essa a sua “marca”? – ela tirou os braços da mesa e se encostou na costas
da cadeira.
- Por
isso mesmo! Quero esquecer a parte “astro teen” pelo menos enquanto estivermos
dentro do restaurante.
- Tudo
bem então, Jus – ela sorriu provocante, não de um jeito sexy ou coisa do tipo,
mas do jeito travessa, como se tivesse aprontado uma. Esse simplesmente é meu
sorriso preferido.
- Eu
gosto quando você sorri assim – tirei os braços da mesa.
-
Assim como?
-
Assim, sabe, como se fosse aprontar alguma. Te dar um ar “misteriosa” do mesmo
jeito que você parece uma criancinha arteira.
-
Obrigado por me chamar de criança! – ela riu.
- Não
foi bem isso que eu quis dizer! – ri também.
Ficamos conversando enquanto o nosso pedido
não chegava, rimos muito. Ela voltou a por os braços na mesa enquanto reclamava
que estava demorando e comia mais um pãozinho de uma cesta na mesa. Quando o
garçom chegou, ela tirou os braços, ele repetiu os nomes dos pratos e eu
agradeci em francês.
-
Sempre odiei ter nascido em um pais bilíngue, francês não é um das minhas
matérias preferidas na escola.
-
Também não gosto muito não, é muito biquinho para falar – ela riu depois disse
algumas frases fáceis que aprendíamos na escola fazendo biquinho. Ri também.
-
Melhor falar em inglês mesmo e está ótimo.
-
Concordo – ela pegou o garfo e faca para começar a comer, mas parou no meio do
caminho olhando para o prato.
- Se
aqui fosse a Itália eu diria que você estaria devendo uma pizza, mas tanto faz,
qualquer lugar tem um McDonald’s. – ri.
- Ok,
eu compro um hambúrguer para a gente a manhã, ou nós vamos a um McDonalds, nem
que seja em um driver thruh, você que escolhe.
- Isso
mesmo, aceito o hambúrguer – eu ria. – Que foi? Não tem tanta graça assim – eu
não conseguia parar de rir, só me controlava para não chamar atenção o que era
difícil por eu ser quem eu sou e aquele lugar estar tão quieto que até uma
mosca faz mais barulho. – É sério, uma vez o Taylor me levou em um restaurante
francês lá pelas redondezas da cidade mesmo, isso foi antes dele e eu
começarmos a namorar. Vamos dizer que não deu muito certo.
- Por
quê? A comida de lá era tão ruim assim?
- Sinceramente
não sei, fiz a gente correr de lá e ir para uma lanchonete – ela deu de ombros
e foi difícil me controlar para não rir, ela falava tão tranquila e “tanto
faz”. – Ah não! O restaurante era Italiano, o Maître que se passava por francês
– ela fez uma cara engraçada. Senhor me ajuda e não soltar uma gargalhada alta.
- Como
você confunde?
- É
que de sinal que aquilo era Italiano só o cardápio, e a lembrança do carinha de
bigodinho na porta e da gente conversando sobre cueca de ursinhos dentro do
carro são mais fortes.
-
Cueca de ursinho?
-
Justin, calma, respira, você está vermelho! – tentei respirar, mas estava
complicado, então eu tive uma lembrança e isso me ajudou a me controlar.
- Acho
que lembro desse dia.
-
Cara, isso é bom!
- É o
meu prato favorito.
- Não
comi nenhum outro, mas que esse é bom é!
-
Outro dia eu te mostro outro prato também muito bom!
- Topo
tudo! Comer é comigo mesma – ri.
Ficamos
algum tempo em silêncio, comendo, até que eu senti a necessidade de comentar
uma coisa.
- Você
é louca sabia? – ela me olhou como se fosse uma ideia obvia. – E eu não digo
isso pelas corridas ou por andar tanto a la Coldplay, bem “Viva La Vida” – ela
riu depois limpou a boca no guardanapo enquanto engolia.
-
Então é por quê?
-
Achei que você não iria aceitar vir, correr esse risco.
-
Então o louco aqui deveria ser você por ter me convidado para vir.
- Tudo
bem, pedir para você vir à França comigo, no dia do meu aniversário, para
jantar e depois ficarmos em um hotel longe de toda a minha equipe de segurança,
foi um pedido louco.
- Você
não pediu, você suplicou! – ri. – Vou te confessar uma coisa Jus, eu fiquei
meio viciadinha em adrenalina depois da minha estadia em Nova York e correr o
risco de ser descoberta dá uma adrenalina e é diferente das corridas de carro,
então foi bem tentador.
-
Imagina se você for descoberta? Coisa que não vai ser prometo – ela soltou uma risada
nasalada. – Será que vai aguentar as pressões das minhas Beliebers?
-
Sinceramente acho que não estou pronta para aguentar as suas fãs, elas são meio
piradas! – ri. – É sério! Harper é sua fã né, ela é retardada, mas nem tanto e
não tem ciúmes das suas namoradas, ou de quem você fica, mas por eu ser amiga
dela e ela ser sua fã eu sempre me metia no meio de grupinhos de Beliebers.
Quando você ficou com a Jasmine Villegas...
- Eu
não fiquei com a Jasmine!
- Ok
Justin, eu te conheço e sei que não é de ferro, vai mentir para mim?
- Mas
é verdade, eu não fiquei com a Jasmine.
- Ah
claro – ela me olhava tendo certeza que estava certa. – Não precisa mentir para
mim Justin, fiquei um ano fora e a gente sequer teve contato, não acho ruim
você ter ficado com outra pessoa, sequer tenho o direito de achar. As coisas
mudaram, a gente precisava viver.
- Ok,
eu fiquei com ela.
-
Então, continuando. As meninas ficaram em um ciúmes louco! E ficavam formando
planos mirabolantes e bem estranhos para caso a encontrassem. Planos dignos de
boas gargalhadas.
-
Lembra de algum?
- Eram
coisas tipo, tacar ovo podre, atirar com paintball... – ri e ela também.
- Será
que está pronta para isso?
- Não
estou a fim de ser atingida com tiros de paintball, dói – ela riu. – Ficar em
segredo parece ótimo!
- Eu
até prefiro assim.
- Em
segredo?
- É.
-
Sério?
-
Sério.
- Por
quê? Achei que gostaria das coisas claras.
- No
começo pensei nisso, vou confessar de poder te levar a todos os lugares comigo
e não precisar me esconder de nada ou correr de paparazzi se eu tiver com você,
parece realmente ótimo, mas tem seus contras. Desse jeito que estamos eu me
sinto um cara normal e gosto disso.
-
Ambos estamos felizes com a situação. Ótimo.
Depois do prato principal, teve mais a
sobremesa, conversa e risadas, o irônico nisso tudo é que a Lua nunca foi uma
comediante nata, pelo contrário, sequer sabia contar uma piada direito, mas era
tão irônica e zoava tanto de tudo que dava graça a qualquer coisa que falava.
Ela me explicou a história da cueca de
ursinhos, Taylor e Lua eram amigos realmente faz tempo, desde pequenos e por
incrível que pareça – até mesmo quando se trata de mim – não senti ciúmes,
depois que ela se mudou para Nova York, o Fox e eu nos entendemos, é, o que parecia
impossível aconteceu. Não sei explicar exatamente como, mas ele estava
amarradão na Megan e nós esbarramos na rua enquanto eu fugia de algumas garotas
que estavam me perseguindo já havia algumas quadras, mas enfim, conversamos e
de repente tudo bem, ele me ajudou a fugir das garotas e tudo.
E sobre a cueca de ursinhos... bom, ele não
iria se livrar dessa quando voltarmos.
-
Precisamos ir – disse.
- Tudo
bem.
Chamei
o garçom e pedi a conta que logo ele trouxe depois que liguei para o
Kenny. Agradeci.
- Acho
melhor por seus óculos, duvido que teremos a mesma sorte de quando chegamos.
- Não
precisa falar duas vezes – ela pôs os óculos e acertou o cabelo, depois sorriu
para mim e segurou a minha mão firme.