Quando
pulei o último degrau, meu celular apitou só não mais alto porque a bagunça era
muita. Tirei da cintura e como eu imaginava, a bateria havia acabado, apenas
alguns minutos até que o celular desligasse de uma vez, então, peguei meu
casaco e saí procurando a minha mãe, até a encontrar vindo da cozinha.
-
Mãe, vou lá em casa guardar isso – mostrei-lhe a caixa rezando para que não
fizesse perguntas – e colocar meu celular para carregar.
-
Tudo bem e faz um favor para mim? Pega o presente da Pattie que esqueci de
trazer.
-
Okay – saí de perto dela e coloquei o casaco antes de sair da casa.
Só uma coisa: eu estava tão eufórica e
apavorada para que ela não perguntasse de onde tirei aquela caixa de bombom que
esqueci de perguntar onde estava o presente, agora teria que procurar.
Andei quase correndo para atravessar a rua
enquanto me encolhia para proteger do frio – era nessas horas que eu agradecia
pela minha casa ser tão perto –, mas ele não era a minha maior preocupação,
minhas mãos poderiam congelar que eu nem notaria, simplesmente porque o que Justin
disse não saia da minha cabeça, por que ele não desiste? Não dá mais para nós
dois, só eu que consigo ver isso? Justin é legal, tem seus defeitos, mas, tudo
está contra nós dois desde quando cheguei, ou melhor, desde quando parti. Sei
que não tem como eu simplesmente me afastar dele – e nem quero – afinal somos
vizinhos, da mesma sala e temos amigos em comum, é praticamente impossível! Mas
ele tem que entender uma coisa, não é só porque eu voltei que as coisas tem que
ser como antes, afinal elas não são e não estão como antes, ele é mundialmente
famoso, dificilmente será o meu Jus, agora é Justin Bieber, cantor gatinho e
pirralho, enquanto eu? Continuo no mesmo “status” de sempre: resumindo a apenas
eu.
Mas a questão é: e os meus sentimentos? Os
meus desejos e interesses? Onde ficam nisso tudo? Alguma hora eu vou ter que
importar comigo e não apenas com os outros, também tenho a minha vida.
Fiquei tão pateta entretida em pensamentos que
cheguei a bater, de leve, a testa na porta de casa – sem contar que tropecei em
quase todos os três degraus –, mas nem liguei, destranquei a porta e entrei
apenas a encostando por causa do frio, pretendia ser rápida então nem tirei o
casaco. Eu pensava e pensava, assim deixava tudo passar sem ser notado, tanto
que fui para a cozinha, abri a geladeira olhei várias e várias vezes, sem
contar que olhava para fora da geladeira diversas vezes, e uma dessas vezes vi
o presente da Pattie encima da mesa. Depois de minutos olhando, enfim, achei um
lugar para por a caixa.
-
Lua!? – olhei por cima da porta da geladeira vendo a parede, lógico, mas pela
voz eu nem precisava olhar, mesmo assim fechei a porta e passei pela mesa indo
para divisa da cozinha, olhando de testa franzida para Justin parado no meio da
minha sala. – Vi você sair, não desistiu de ficar lá por minha causa né?
- Não
– dei um sorrisinho mínimo –, vim guardar o meu presente e por meu celular para
carregar – tirei da cintura e o mostrei rapidamente, depois subi os dois primeiros
degraus. – Vem! Vai ficar aí parado fazendo o que? – subi mais degraus e logo
ouvi seus passos atrás dos meus.
Seguimos até o meu quarto em silêncio, entrei
e fiquei do lado da escrivaninha enquanto ele foi para o meio ao lado da cama.
- Seu
quarto ficou bem legal – ele se sentou.
- Eu
também achei – peguei o carregador e pluguei no celular e na tomada onde eu
normalmente carregava o notebook.
-
Gostei do celular! Evoluiu.
- As
crianças crescem e os seus brinquedos também – sorri e deixei o celular em cima
da escrivaninha e comecei a andar em sua direção tirando o casaco, meu quarto é
bem quente com a janela fechada.
- E
como cresceu! – ele me analisou de cima em baixo.
-
Olha quem fala – sorri, devo dizer que com um pouquinho de malícia.
Me aproximei ainda mais dele.
-
Gostei do seu cabelo.
-
Você já disse isso.
- E
disse de novo – comecei a bagunçar.
- Ei!
Não! Para! – ele tentou tirar a minha mão segurando meu pulso. Eu ria como
criança e ele me encarava um pouco confuso.
-
Deixa? – disse com uma voz infantil.
-
Não.
-
Deixa? – continuei com o mesmo “tipo” de voz, mas me aproximei mais de seu
rosto.
- Não.
-
Deixa? – dessa vez minha voz saiu mais como um sussurro de tão próximo que
nossos lábios estavam.
-
Nã... – o interrompi.
Como se não bastasse o beijo, o empurrei para
que deitasse na cama ainda não descolando meus lábios dos dele. Meu Deus! Que
sensação louca é essa? Estranhamente nova, loucamente conhecida e
desesperadamente desejada – pelo que percebo não só por mim.
Essa cena poderia ser um tanto “estranha” para
quem visse, mas quem iria ver? Todos estavam na “Bieber’s House” comemorando
felizes da vida o nascimento de Jesus, enquanto eu estava encima do Justin, o
beijando e só para lembrar: sobre a minha cama. É, eu realmente teria que rezar
para que alguém não resolvesse me procurar, só tinha um problema, eu não estava
sequer pensando. O beijo dele envolvia até o último fio do meu corpo e a minha
única preocupação era não desabar encima dele.
Eu estava louca só pode, isso não estava
certo, mas desde quando me importo? Foi o que ele pediu de presente, apenas
retribuir a caixa de bombom dando o que ele queria. Olha o lado bom, eu estava
feliz com isso e não me custaria um tostão.
Logo precisaríamos de ar e aquela cena
“inusitada” ou acabaria, ou iria além, mas não queria desgrudar meus lábios dos
dele, eu estava me sentindo tão bem como não me sentia há muito tempo, mas isso
precisava de um fim.
Terminei um beijo com mais dois rápidos e me
afastei encarando seus olhos castanhos que me olhavam confusos. O silêncio
dominava e por mais que a situação estava extremamente boa, me afastei e saí de
cima dele pulando da cama, peguei meu casaco e o vesti virando a cabeça para
trás só para vê-lo apoiado nos cotovelos, ainda na minha cama, completamente
confuso.
Desci as escadas correndo, mas me esforçando
para não fazer barulho. Peguei o presente da Pattie na cozinha e saí de casa o
mais rápido que pude para Justin não me alcançar. Pode até passar pela cabeça:
“Essa garota é louca! Ela ignora, provoca, não leva a sério e agora, o beija
assim!”, mas em legítima defesa eu digo: Desde que cheguei tenho me preocupado
demais com os outros, com o querer deles e agora, eu só defendi os meus
interesses, me importei com os meus desejos. Se matar a vontade é crime, me
prenda então! Mas que fique bem claro que não foi apenas o meu desejo saciado.
Deixei a chave pendurada na porta, com a
intenção de que Justin trancasse quando fosse sair – só espero que ele entenda
isso – e saí de casa as pressas com medo de olhar para trás, mas a questão é:
Qual é o meu problema? Desde quando eu faço algo assim para me arrepender
depois? Se bem que eu não estou arrependida, mas estou com tanto medo de olhar
para trás e ver o Justin me encarando da porta, que é inexplicável. Talvez isso
fosse porque eu não encontro uma mentira convincente o suficiente para o caso
do Justin perguntar: “Por que?”. Claro que não vai ser só isso, vai ter o
complemento que não vai ajudar em nada a minha cabeça fabricar uma mentira,
apenas me embolar e me desencorajar a mentir.
Entrei na casa da Pattie e logo tirei o casaco
já a procurando, mas por sorte, logo a encontrei.
-
Sra. Pattie! – dei uma corrida curta até ela.
- Oi
querida!?
-
Minha mãe pediu para te entregar isso – estendi a caixa em sua direção, ela
olhou e depois pegou. – Nós encontramos na mudança de volta e resolvemos te
dar, você e Justin foram importante para nós e... não digo isso só pelo o que
rolou entre nós dois – ela foi abrindo enquanto eu falava e depois ficou
encarando o porta retrato preto, com a foto de todos nós, Justin, minha mãe, ela
e eu. – É algo simples, mas significativo – Seus olhos me encararam – e espero
que seja para a senhora também – sorri sem graça.
- Own
querida – ela me abraçou sem jeito. – Foi um prazer ser vizinhos de vocês e
tudo mais – depois se afastou me encarando –, eu que devo agradecer pelo apoio
que vocês deram a nós. É muito bom morarmos perto de novo – ela sorriu
encorajando outro sorrisinho oculto meu. – Vou deixar a foto aqui – ela pós na
mesinha ao nosso lado –, bem visível – sorri mais com aquela foto, Justin e eu,
juntos. – Até que enfim meu filho resolveu aparecer – ela olhou por trás de mim
e eu cometi o erro de olhar também.
Meus
olhos e os dele se cruzaram de imediato, ele ainda estava visivelmente confuso
e eu correndo de qualquer explicação.
-
Justin! Venha ver – ele realmente viria.
-
Sra. Pattie, se não se importa vou procurar o Chris, disse que voltava logo e
acabei demorando, ele deve estar louco querendo saber de mim. Depois nos vemos
– não esperei a resposta, dei passos apressados para longe, procurando pelo Chris
desesperadamente, por sorte logo o encontrei, ainda fugindo.
- Oi,
de novo.
- Por
que você está branca desse jeito? Viu um fantasma?
-
Não, não. Nada de importante.
-
Demorou em... Você... e Justin...
- Seu
idiota! Eu fui a minha casa depois que desci, por isso demorei.
- Eu
sei que você foi a sua casa, como sei também que o Justin foi atrás de você –
arregalei meus olhos, mas tentava disfarçar que estava completamente surpresa
pelo o que ele disse. – Acha que eu nasci ontem?
-
Pirralho – tenho um problema, quando eu fico em estado de choque as palavras
não saem muito bem, mas agora eu havia sido eletrocutada, não foi apenas um
choque, então aí mesmo que eu não faço à mínima ideia do que falar.
- Não sou pirralho! Tenho 15 anos.
- E
eu tenho 18 e daí?
- Mentira,
você tem 17.
-
Ainda sou mais velha do que você. Dois anos...
-
Isso! Humilha!
-
Você quem começou.
- Ok,
ok, peço paz – ele ergueu as mãos se rendendo. – Er... Lua – ele coçou o
pescoço e abaixou a cabeça sem graça. Droga, lá vem. – O que você e Justin
fizeram? – ele me encarou semicerrado os olhos.
- O
que te interessa pirralho? – disse vitoriosa com toda ênfase que podia dar em “pirralho”
e saí andando para sei lá onde.
-
Para Lua! Vai me deixar curioso assim? Não vale! É injusto! – só ri enquanto
continuava andando.
Eu não tinha nada o que fazer e sem Chris
perto de mim comecei a ficar extremamente entediada, então me sentei no sofá
grande da sala e fingi que prestava atenção na televisão sendo que eu nem podia
ouvir graças à algazarra pela casa.
-
Estava fugindo de mim ou era só impressão minha? – Justin pulou por cima das
costas do sofá sentando na outra ponta.
-
Wow, descobriu o mundo – ironizei.
-
Outcha, me beija – ele foi contando nos dedos –, sai correndo e depois foge de
mim dentro da minha própria casa...
-
Quer falar mais alto não? Acho que a sua mãe não ouviu.
-
Qual é em Lua? – ele chegou o corpo para frente na minha direção e abaixou a
voz. – Você me confunde assim – agora foi a minha vez de chegar o corpo mais
para frente na direção dele e abaixar o tom de voz.
- Eu
sempre te confundi e você nunca reclamou.
Nosso olhar se fixou um no outro por alguns
instantes até que os seus se distraíram para os meus lábios. Sorri vitoriosa e
levantei depressa como se nada tivesse acontecido depois que Pattie anunciou
que podíamos nos deliciar com a ceia farta que ela, a minha mãe e mais alguém
tinha preparado.
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Gente, eu posto de acordo com os comentários e os posts... se tiver um número pequeno, mais eu vou demorar para postar. Eu posto para vocês, se vocês não estiverem aqui, não tem porque eu postar.
Só isso que eu tenho para dizer, apareçam mais! Bezus.