quinta-feira, 18 de abril de 2013

6º capitulo: The California Sun. Parte 1.



Pov's Houston
 Quando eu disse que não mudaria nada, eu estava errada e como estava.
- Lua! Lua! Lua! Lua! Lua!
- Eu estou aqui Christian!
- Aqui onde oras!?
- Na sala besta.
- Ah! Te achei – me ajoelhei no sofá olhando para trás e ele apareceu na porta da sala.
- Vocês pediram para eu esperar aqui, para onde eu iria?
- Sei lá né – ele deu de ombros.
- O que foi? – perguntei enquanto saia do sofá e andava em sua direção.
- O Jus...
- Esquece, já estou descendo – Justin o interrompeu ainda descendo as escadas.
- Digam logo! – eu já estava entediada.
- Ta, apressadinha – Justin começou. – Seu vôo sai ás 12 p.m, Chris, Caitlin e eu vamos no antes desse.
- Por quê? – Chris questionou.
- Por que assim ela pode se passar como uma passageira normal, e não dar indícios que está com a gente, comigo sendo mais exato.
- Ah claro, mas eu...
- Chris, fica quieto – pedi. – Continua.
- Como eu estava dizendo, nós vamos antes, então no aeroporto vai ter uma pessoa te esperando, que não sei quem vai ser, e que vai te levar para o hotel. Quarto 225, 12º andar.
- Certo, só isso?
- Só.
- Então ta, até depois – passei pelos dois e fui em direção a porta.
- Espera! É só isso? Nem um “Ah! Eu vou para a Califórnia?” – Chris perguntou com um gritinho antes de tentar imitar a minha voz.
- Ué!? – dei de ombros, depois me virei e abri a porta. – Ah! Boa viagem – saí.
 Para falar a verdade eu estava me controlando ao máximo para não demonstrar o quanto estava empolgada com isso. Queria gritar de felicidade e contar para o mundo que iria para Los Angles e o melhor de tudo, com o Justin. Ok, Caitlin vai atrás, mas, ela não é mais um problema para mim.
 Liguei meu note e pus músicas no máximo que dava, coisas bem diversificadas – quando eu falo “bem” é coisa que vá do rock ao pop, e completamente distintas ainda –  enquanto terminava as malas, roupas frescas, shorts, camisetas e biquínis! Lógico! Não poderia faltar. Estava quase tudo pronto, os biquínis que eu comprara em Nova York para “festinhas” na piscina, na casa da Harper – e em outras – por cima da mala, e na minha bagagem de mão um short para o caso de que eu queira trocar já que L.A é quente e eu sempre andava de calça há muitas semanas por causa do inverno. Me arrumei e pretendia ficar na cama até dar a hora de ir para o aeroporto, mas meu computador começou a sair um som muito alto que se misturava com a música, de inicio me assustei, mas depois corri para ver quem estava falando comigo.
Lua:
Sua infeliz! Me mata do coração mesmo!
Har:
Ué? O que eu fiz?
Lua:
O note está na maior altura, estava ouvindo música enquanto me arrumava.
Har:
Vai sair?
Lua:
Vou.
Har:
Que tipo de festinha?
Lua:
Haha. Você só pensa nisso né?
Har:
Sempre, sempre. Mas aonde você vai?
Lua:
Ih! Curiosa.
Har:
Fala!
Lua:
Ta bom, ta bom.

  Como eu iria contar? Não ia simplesmente dizer: “Vou para a Califórnia com o seu artista favorito” ela sequer sabia que eu conhecia o Justin. E agora?

Har:
Quer saber? Esquece! Eu tenho uma coisa para te contar.
Lua:
Fala.
Har:
Eu vi o Joe.
Lua:
Harper, você vê o Joe todos os dias.
Har:
Não, não! É que você não deixou eu terminar de falar, ou melhor, digitar. Eu vi ele na festa da Krist ontem. Sabe que ele não saia assim desde que...
Lua:
É, é. Agora e aí? Aposto que encheu a cara também.
Har:
E por que ele não faria isso?
Lua:
Eu o avisei tanto...
Har:
Ah, mas você não pode falar muito Lua.
Lua:
Nem você gracinha. E de qualquer jeito, foi uma vez só. E foi na onda dele ainda por cima.
Har:
Mas...

 Apareceu um aviso em baixo que ele estava digitando, se bem a conheço, escolhendo as palavras certas já que ficou sem o que dizer, mas meu celular tocou, eu precisava ir ao aeroporto cerca de meia hora antes do voo para fazer o check-in. Não esperei que terminasse.

Lua:
Desculpa Collins, mas preciso ir. Pode não parecer, mas sinto saudades.

 Fechei tudo e pus meu note para desligar de uma vez, nem esperei resposta, o que me renderia muitas em off dela para ler. Depois eu vejo isso, não agora, sem problemas por enquanto. 
  Consegui chegar ao aeroporto a tempo de fazer o check-in apesar do transito. Meu pai me levou até lá e a minha mãe nem quis ir junto, o que eu sinceramente preferi, se não ia perder o voo de tantos “cuidados” e “boa viagem”. Antigamente minha mãe não era muito de se preocupar comigo, principalmente depois que entrei na adolescência e essa baboseira toda, mas às vezes ela conseguia enganar bem, e em quase todas as vezes, eu preferia sinceramente que ela não ficasse com tantos paparicos.
 Avião ainda me dava um nervoso, meu corpo tremia e o desespero batia sempre que levantávamos voo ou pousávamos, e enquanto estávamos no ar eu preferia era dormir e esquecer que estávamos a metros o suficiente para morrer antes mesmo de chegar ao chão.
 Cheguei a Los Angeles e tive a pequena impressão que já ia escurecer. Fiquei como barata tonta e com medo de que ninguém estivesse lá me esperando – eu, numa cidade gigante, com a segunda maior população dos Estados Unidos, em pleno aeroporto lotado sem conhecer ninguém, era ou não motivo para ter medo? –, mas logo eu vi um cara com uma plaquinha escrita “Lua Houston” como se vê nos filmes. Fui até lá o observando de cima em baixo, sentindo dó por estar todo de preto nesse calor infernal que eu já sentia que fazia.
- Você é Lua Houston mocinha?
- Sim. E acho que estou velha demais para ser chamada de “mocinha” não acha? – ele riu.
- Tem razão. Vamos, temos que chegar ao hotel logo!
- Por que tanta pressa?
- Ele não te contou?
- Se o seu “ele” estiver se referindo ao Justin, não, me contou não.
- Então não posso falar nada.
- Que merda! Odeio quando ele faz isso – o carinha riu.
- Bom Srta. Houston, melhor irmos. Deixe que eu carregue as suas malas – o entreguei apesar de ser uma de chão e outra de mão, mas o entreguei mesmo assim.
- Afinal, qual é o seu nome?
- James, prazer – nos cumprimentamos. – Vamos nos ver bastante enquanto a senhorita e seus amigos estiverem aqui.
- Senhorita não, você, detesto formalidades. – ele riu.
- Ok, agora vamos!?
- Vamos!
 O segui até fora do aeroporto e James levou as minhas malas para um Citroën C5 preto. Depois de ter colocado a grande no porta-malas, abriu a porta do carro para que eu entrasse e me entregou a pequena.
- Então, você que é a tal Lua que o Justin vive falando? – levei um susto ao ver um cara vestido de um jeito despojado, com calça jeans escura, uma camiseta azul fresca e um sapatênis bege com marrom, no banco da frente me olhando.
- Depende, é meio difícil acreditar que o Justin vive falando de mim – respondi quando o susto passou. – Será que estamos falando da mesma pessoa? – ele riu.
- Houston?
- Bieber?
- Sim.
- Então, sim, sou eu. Lua Houston.
- Prazer, meu nome é Ryan Good – ele estendeu a mão sem jeito para que eu o cumprimentasse, e assim fiz.
- Tipo, Good?
- É Good.
- Good... good?
- É Margareth.
- Eu não acredito que ele falou disso! – bati a mão no rosto o tampando e me joguei para trás batendo no encosto ficando completamente desengonçada e morrendo de vergonha enquanto os dois nos bancos da frente riam de mim. – Ah Bieber! Você me paga – desencostei e fiquei sentada na ponta do banco de novo. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Capitulo 5 - Runaway. Parte Final.

 Acordei assustado devido ao sonho, apesar de que estava mais para pesadelo. Nesse sonho eu tinha envelhecido, beirava os 30 anos, e estava num quarto de hotel em Paris, até aí tudo normal, mas ao meu lado na cama, ainda dormindo, tinha uma loira cujo rosto não era muito definido, talvez porque eu não a conhecesse. Era tudo claro e ao mesmo tempo confuso, eu só sabia que estávamos na França porque do quarto onde estava podia ver a Torre Eiffel. Mas de repente o cenário mudou, eu estava no avião encarando uma revista de fofocas e apesar das letras estarem embasadas eu podia ler algo como “A farra continua”, esse era o titulo, e a foto era aquela loira do quarto e eu nos agarrando no que parecia uma rave. Mais embaixo consegui ler algo como “Mais uma entra para a lista do famoso recém solteiro”. E o cenário mudou de novo, eu não precisava vasculhar muito a minha mente para descobrir que era a minha rua no Canadá. Parei em frente da casa que era para ser minha, mas de algum modo eu sabia que não era. No jardim , haviam três crianças brincado, dois meninos e uma menina, com um Pastor Alemão que os derrubava fácil por causa do tamanho e peso, mas as crianças não pareciam se importar quando caiam, eles riam e corriam do cão que também levava tudo na brincadeira. Um dos meninos tinha o cabelo num castanho quase loiro e umas feições que me fizeram ter a sensação de que o conhecia.
- Josh! – ouvi alguém gritar atrás de mim e esse menino olhou na minha direção me dando visão de seus olhos que só reforçaram a sensação que eu o conhecia. – Vem! Está na hora do jantar – parei de encarar a criança e olhei para quem o chamara. A casa era a mesma e a dona também.
 Fiquei surpreso ao vê-la, o tempo lhe fizera bem, Lua continuava linda como sempre. Olhei para a criança de novo, ela se despediu do menino, que era no máximo dois anos mais velho, e da menina, que parecia ser da mesma idade, chamou o cão, mas ele continuava correndo para lá e para cá esperando que a garota jogasse uma bolinha vermelha. Chris abriu a porta da casa que era para ser minha e chamou aquelas crianças, depois acenou para a Lua que devolveu o aceno.      
- Venha Josh! – Lua voltou a chamar o menino e ele então correu até ela me dando visão mais uma vez de seus olhos. Agora sei porque tinha a impressão que o conhecia.
  Lua desceu as escadas esperando o menino que pulou em seus braços assim que ela os abriu. Eles se abraçaram e ela se sentou com ele no colo, virado para si, ambos sorrindo.
- Mamãe, quando o papai vai vir me visitar?
- Eu não sei meu anjo.
- Ele não gosta mais da gente mamãe?
- Também não sei meu amor. Agora entre e lave as mãos – ela o pôs no chão e deu uns tapinhas encorajando para que subisse. – Nowhere! – ela assobiou e o cachorro que estava deitado na grama começou a correr vindo na direção dela. Ela o mandou entrar em casa e depois de alguns pulos, o cachorro entrou.
  Antes de levantar, Lua soltou um suspiro, sua expressão não era as das mais felizes. Depois ela caminhou lentamente até a porta e antes de fechar olhou para o anelar da mão esquerda e mexeu como se tivesse algum anel enquanto o que restava era uma fina marca quase desaparecendo.
 Senti que deveria por as mãos nos bolsos e assim fiz pegando dois anéis, dentro deles estava escrito: “I Need You Forever” com uma letra caprichada, mas esse anéis eram dourados.
 Eu sabia por que tinha a sensação que conhecia o menino, ele lembrava de como eu era aos cinco anos de idade que era o que a criança parecia ter, e os olhos, os olhos dele eram parecidos com os da Lua, por isso a terrível impressão que o conhecia. De algum modo eu sabia que aquele menino tinha me chamado de “pai” e que a minha fama tinha me separado da Lua, eu me frustrei com a vida de casado e fiquei vagabundando por aí com uma garota a cada vez que saia.
 E então acordei não só assustado, mas ofegante e com um nervosismo que parecia sair da espinha. Como já disse, estava mais para pesadelo do que um simples sonho.
 Me levantei da cama e caminhei até o banheiro sentindo que as minhas pernas poderiam fraquejar. Deixei a água passar pelos meus dedos, mas parecia que a última cena ficava mais nítida agora que eu já tinha acordado, então lavei meu rosto pelo menos umas três vezes e me encarei no espelho tentando descobrir qual foi a pior parte do sonho: o olhar decepcionado da Lua para o dedo anelar, a voz triste do meu filho, ou, eu ter virado um cara frio e sem escrúpulos, um canalha infeliz.
 A mais estranha, com certeza, era pensar em “meu filho” sei lá, parece uma ideia tão distante, é como se a minha vida tivesse começado ontem.
 Resolvi tentar esquecer, pus uma roupa qualquer e desci para tomar café, a minha mãe me esperava já com uma xícara de café nas mãos, lendo o jornal. Me sentei ao lado dela.
- Quer ler o jornal? – ela tomou um gole.
- Tem algo sobre mim?
- Não que eu tenha visto, ainda.
- Então não, valeu – peguei qualquer coisa para comer e ficamos em silêncio.
- Agora achei – ela se levantou e deu a volta no balcão enquanto lia – “O cantor Justin Bieber foi visto em um parque da sua cidade natal no Canadá conversando com uma garota na tarde de ontem. Infelizmente para as fãs do garoto, nenhuma foto que pudesse identificar essa garota foi publicada. Eles correram assim que notaram os fotógrafos começando uma perseguição pelas ruas da cidade, mas conseguiram despistar os paparazzi”.
- Inferno – foi o que eu consegui dizer.
  Na verdade eu nem prestara muita atenção, o que a minha mãe disse não foi nada além do que eu já sabia, eu mal notava, sequer, que estava fazendo redemoinho num copo de suco com a colher de açúcar. O sonho atormentava a minha mente, eu não conseguia esquecer.
- Preciso ver a Lua – conclui já me levantando.
- Para que?
- Sei lá, eu só preciso ir lá.
- Mas são nem 10 horas da manhã!
- Ainda sim preciso ir.
- Termina pelo menos de tomar seu café!
- Perdi a fome – fechei a porta e coloquei meu casaco que peguei no cabide próximo a porta antes de sair.
 Caminhei até a casa da frente com a parte das alianças martelando na minha cabeça. Quando cheguei ia bater, mas acabei pondo a mão na maçaneta e a porta se abriu.
- Lua? – fui entrando devagar.
Vendo ela daquele jeito de repente me fez lembrar que eu era apenas um cara que ainda usava supra e aba reta. O sonho parou de pairar pela minha mente.
 Já a Lua nem me deu confiança, continuava de pé na frente da tevê, com uma garrafinha na mão e um canudo engraçado que ficava preso à tampa da garrafa na boca, vestia apenas uma calça de moleton cinza e uma blusa regata do mesmo pano e cor, mas a blusa era justa e a calça não, ou seja, ela estava de pijama assistindo Bob Esponja.
- Você me lembrou a minha irmã. Ela acorda, pega a garrafinha, agora que não usa mais mamadeira, e fica na frente da tevê assistindo desenho. Não está muito velha para isso?
- Velha é a senhora sua mãe. E nunca se é velha o suficiente para assistir Bob esponja – ela se sentou. – Já que invadiu a minha casa, se senta pelo menos.
- Não me diga que você acorda cedo para ver desenho? – me sentei do outro lado do sofá.
- Não, eu não acordo cedo. Meus pais me acordaram com a barulheira antes de sair de casa, acho que não tem nem uma hora que levantei.
- Nota-se, ainda está de pijama!
- Mas não pretendo sair de casa hoje.
- E isso quer dizer que...
- Que ficarei de pijama o dia todo! Tem coisa melhor do que isso? – ri da expressão empolgada dela.
- Acho que não – até ela riu. – Mas ainda acho que você está velha demais para assistir Bob Esponja.
- E você quer que eu veja o que? Descovery Chanel? – ri.
- Também não exagera. Mas mesmo assim...
- Ah Justin! Para! Eu sei que estou crescidinha para isso, mas bob esponja é legal.
- E põe crescidinha nisso – foi inevitável “analisar”, eu juro.
- Você sempre faz isso né!? Vem com esse jeito safado e acaba estragando toda a graça da coisa.
- E você sempre faz de tudo para voltar.
- É inevitável!
- Para mim também.
- Você está pior... – ela semicerrou os olhos.
- Ah para Lua! Nem vem dar uma de santa! Você faz pior comigo! Você me provoca ou da confiança para as minhas “safadezas” – fiz as aspas –, mas depois cai fora.
- Eu? Dou confiança as suas safadezas? – cinismo óbvio e proposital.
- Claro! Assim você me confunde.
- Eu sempre te confundi – ela se inclinou para frente, pondo as mãos no sofá e aproximando de mim.
- Você sempre diz isso.
- E você nunca reclamou – ela se aproximou mais. O sofá nem era grande assim, então ela ficou em cima de mim.
- Você também sempre diz isso.
- E alguma vez você reclamou?
- Não.
  E lá estava ela me provocando mais uma vez, seus lábios tão perto dos meus... Eu estou me sentindo um idiota mais uma vez. Mas nem para ela ajudar, eu não sei, poderia me beijar logo ou apenas deixar que eu a beijasse já que fugia de todas as minhas investidas, só que ao invés disso, brincava e ria das minhas tentativas frustradas de beijá-la.
  Em uma fração de segundos ela investiu para frente, mas antes mesmo que seus lábios pudessem chegar, completamente, aos meus, se afastou com tamanha rapidez e ainda por cima bateu com as costas no braço do sofá.
 Era para eu estar zangado, e de certa forma eu estava, mas ela ria e me olhava de um jeito “menininha sapeca” como antigamente, vendo aquilo eu não conseguia sequer fazer cara de quem estava bravo.
- Você já pensou que eu poderia não deixar você se afastar quando me provoca?
- Já, mas você não vai fazer isso.
- Por que eu não faria?
- Porque me ama! – ela fez uma voz de criança, uma “carinha feliz” e depois começou a cantarolar. – Ah! E você fica todo entorpecido quando te provoco – a “carinha feliz” agora tinha convencimento também.
Fiquei a encarando por um curto tempo, com um sorrisinho de canto de boca, enquanto ela ainda estava com aquele sorriso arteiro e me olhava como se estivesse me desafiando a seguir em frente. 
 Resolvi aceitar o desafio.
Inclinei meu corpo para frente num impulso e nessa mesma hora bateram na porta.
- Está aberta – o sorriso dela piorou. Ela me olhava como se quisesse dizer: “Se ferrou, eu sempre vou te provocar e você nunca vai fazer nada”, mas eu me controlava apenas para não demonstrar nenhuma emoção e deixar a mesma expressão neutra, apesar de que não era um grande esforço, a confusão dentro de mim era tão grande que nenhuma era forte o suficiente para transparecer.
- Estou atrapalhando alguma coisa? – olhei para porta.
- Não Chris – agora ela olhou –, entra aí – ele obedeceu e fechou a porta parando enfrente da mesma.
- Tem certeza que não atrapalhei nada?
- Não – Lua respondeu.
- Justin? Você não está querendo me matar? Me jogar do avião quando eu for viajar com você ou algo do tipo?
- Não – respondi. Era para eu estar com raiva do Chris, mas por mais estranho que pareça, não estava.
- Então ta né. – ele deu de ombros. – Lua, caiu da cama?
- Meus pais me acordaram sem querer.
- E cadê eles?
- Saíram para sei lá onde e voltam sei lá que horas – ela se levantou, pegou uma tigela que estava com uma colher dentro e um resto de leite, a garrafinha com o canudo engraçado e foi para a cozinha.
- Ué, te acordaram e nem isso você sabe? – Chris a seguiu e eu levantei apenas quando ele passou por mim.
- Claro que não, eu sou a filha, eu que devo dar satisfações a eles e não eles a mim. Estou crescidinha para isso e outra, eu tinha esperanças de ainda dormir. – ela jogou a tigela na pia e virou para o balcão da cozinha reformada, que foi onde Chris e eu sentamos. – Bom, – ela olhou no celular que estava encima desse mesmo balcão – são nem 11h da manhã, que eu saiba você acorda só depois do meio dia, o que houve? – perguntou para o Chris.
- Perdi o sono, não sei.
- Então resolveu vir para cá por que?... Você sabe que se eu estivesse dormindo quando a mensagem chegou eu iria te esgoelar até a morte né?
- Espera aí! – Interrompi. – Você sabia que ele viria?
- Sim – ela mexeu no celular e depois me entregou.
- Estava entediado em casa, nunca tem nada para fazer nas férias, apesar de que eu não quero voltar para a escola – ele respondeu enquanto eu lia a mensagem que ele mandou às 9:17 a.m: “Ta acordada? Diz que ta! Não aguento mais ficar em casa”, ela respondeu: “Infelizmente estou. Que foi?”, e nem dois minutos depois: “Vou para aí! Não tem nada para fazer aqui”, a resposta foi logo em seguida: “Nem aqui”.
- “Mas é melhor fazer nada juntos do que sozinhos” – li em voz alta e depois olhei para o Chris.
- Que foi? – continuei o olhando e a Lua caiu na gargalhada.
- Me poupe Justin – ela respondeu.
- Eu leio “Mas é melhor fazer nada juntos do que sozinhos” e vocês querem que eu pense o que?
- Nada – ela continuou –, não tem nada o que pensar.
- Não sei não...
- Eu de repente senti a necessidade de mudar de assunto – Chris disse. – Não que eu esteja a fim de voltar para a escola, mas ficar em casa está muito chato! Vamos, sei lá, para o cinema amanhã?
- Amanhã eu não posso, marquei de ir ao shopping com a Hayley.
- Para uma garota que odeia futilidades, você gosta demais de shopping – disse e ela deu ombros.
- Então pode ser no domingo.
- Não rola, estarei em Londres.
- Que droga em! Parece que todo mundo arruma algo para fazer, menos eu! – ele reclamou. – Agora eu vou ter que ficar em casa nessa vida monótona.
- Deixa de ser exagerado Christian! Você só deu azar, sempre to em casa.
- Não posso dizer o mesmo, to mais viajando do que em casa.
- Já sei! – ele se animou de repente. – Já que nossos horários nunca batem, a gente poderia marcar uma noite de filme.
- Noite de filme? – ela perguntou.
- Sim, claro, se o Justin concordar.
- Tenho que concordar em que?
- A gente podia arrumar um filme para assistir sempre que Justin voltar de viagem, claro, desde que não seja de madrugada como acontece uma vez quase sempre.
- Desculpa, minha mãe me obriga a ir para escola ok?
- Também, ano passado você não estudava, não sei por que resolveu voltar esse ano – Lua disse.
- Tem certeza que não sabe? – a encarei nos olhos.
- Esquece! Continua Chris.
- Mas eu já disse o que tinha para dizer.
- Então a sua ideia é uma noite de filme na casa do Justin quando for possível depois que ele voltar de viagem, isso?
- Foi isso que eu disse.
- Por mim tudo bem – disse.
- Então ta, eu topo – Lua completou.
- Falando em Londres, Justin... – Chris começou. – Quando você vai me levar numa viagem de novo?
- Como assim te levar? Eu quero ir também oras! Dependendo do destino claro!
- Vou para Los Angeles antes das aulas recomeçarem, posso levar vocês.
- Sério? – Lua pareceu não acreditar.
- Por que eu mentiria?
- LA? Califórnia?
- Tem em outro lugar?
- Sei lá, custa nada perguntar Sr. Arrogante – ela deu de ombros.
- Putz, não dá para ter duvidas que vocês se amam.
- Chris, faz o favor de calar essa boca!
- Ta, ta. Desculpa revoltadinha.
- Cala a boca tigrinho.
- Ti... – interrompi o Chris.
- Ou! Para vocês dois! Nota-se que também se amam!
- Enquanto vocês ficam resolvendo o que parece que amam quem, vou lá em cima – ela bagunçou ainda mais o cabelo, deu a volta e subiu as escadas.
- Agora fala, eu atrapalhei alguma coisa quando cheguei não foi?
- Foi, mas – me levantei, dei a volta no balcão, peguei um copo, fui até a geladeira e enchi com água depois voltei para o outro lado do balcão que eu estava –, por incrível que pareça, não estou me importando com isso.
- Sério? – ele pareceu realmente surpreso.
- Uhum – bebi a água num gole só. – Estou pensando em outra coisa, o fato de você ter chegado, não muda em nada a minha conclusão.
- Posso saber que conclusão é essa? – na mesma hora meu celular tocou, quando fui ver era uma mensagem.
- Não, agora pelo menos não – saí da cozinha correndo e subi as escadas na maior velocidade que conseguia.
Chegando lá em cima, respirei fundo fingindo não ter tanta pressa antes de aparecer na porta do quarto.
- Não adianta Bieber! Eu ouvi você subir correndo. Da próxima tenta bater menos o pé quando correr – agora sim apareci.
- Pareci um pouco desesperado?
- Não...
- Ainda bem.
-... Só muito.
- Ah! – ela riu. – Mas o que você queria?
- Leva isso lá embaixo para mim? É pesado e eu não estou sequer a fim de tentar levar essa caixa.
- Só isso?
- Só.
- Ah ótimo! – acabei dizendo num to zangado.
- Deixa de ser revoltado! Leva para mim?
- Fazer o que!? – dei de ombros.
- Diz “não” se não quiser oras! Se não quiser, não precisa.
- Não, não, eu levo. – fui até a mesa do computador e peguei uma caixinha pequena, mas era bem pesada. – O que tem aqui? Chumbo?
- São umas coisas para o meu pai – ela deu de ombros. – Agora vamos descer, meu quarto está uma bagunça.
- E quando não está? – ela pareceu pensar.
- É, você tem razão. Agora vamos, anda! Anda! – ela me apressou para descer.
 Descemos devagar sem falar nada, mas nos últimos degraus ela me segurou pelo ombro incentivando para que eu virasse, e quando virei, ela me beijou, me controlei ao máximo para não deixar aquele peso na minha mão cair e envolver ela em meus braços. Descobri que sinto falta disso.
- Estava te devendo essa – ela praticamente sussurrou, depois sorriu e desceu as escadas correndo – Voltei!

(...)
- Justin!
- Que?
- Desce!
- Para que?
- Você lembra que amanhã vai viajar por acaso?
- Ta, ta já estou indo. – Saí do quarto cheio da má vontade e quando cheguei ao andar de baixo ainda não tinha nenhuma. – Vamos andar logo com isso – me joguei no sofá.
- Por quê? O que está fazendo de tão ocupado?
- Nada.
- Então porque está tão apressadinho?
- Porque ultimamente estou sentindo falta de fazer “nada” – a minha mãe não falou mais, apenas sentou esperando Scott voltar da cozinha.
 Quando ele voltou começou toda aquilo de “repassar a agenda” e de como seria viagem, os shows, o hotel e bla, bla, bla, bla. No começo isso tudo era bem legal, planejar as minhas viagens e até mesmo saber que precisaria de uma segurança reforçada por causa das fãs, mas agora, não vou dizer que perdeu a graça, mas, não sei explicar bem, o que posso garantir é que não quero mais fazer isso, não para sempre, por um tempo. Férias! Acho que isso iria ser bem legal, um pouco de férias.
- Tenho direito a um break? – pedi.
- Mas... – interrompi.
- Uma água, um descanso, um tempo, por favor, Scooter! – tenho a impressão que saiu um pouco desesperado demais.
- Tudo bem, preciso levantar um pouco daqui – minha mãe disse e se levantou indo para cozinha. Fui atrás dela, mas tocaram a campainha antes que eu pudesse chegar lá. – Abre a porta filho – fui até lá e abri.
- Achei que não sairia de casa.
- Não iria até meu pai vir com uma conversa louca – ela foi entrando, sem ao menos que eu convidasse, também, não era necessário.
- Que conversa louca? Posso saber? – a porta ficou aberta e nós dois à cerca de dois passos dela.
- Ele quer tirar meu carro.
- Por quê?
- Por causa da minha última “fuga”. – Ela fez as aspas. – Ele disse que eu corro demais e que vai tirar meu carro para ver se eu aprendo, para escola já vou ter que ir a pé! Vê se pode!
- Pode.
- O que?
- Sim, ele pode, primeiro que ele é seu pai segundo que você realmente corre demais.
- Ah ta! Desculpa Sr. tartaruga.
- Não sou tartaruga, só não vou correr a 200km/h num lugar de 80km/h.
- Não corro a 200 em lugar de 80.
- E você acha que a velocidade permitida nas rodovias que divide a cidade é quanto?
- Quer saber, esquece! – ela começou a procurar alguma coisa no bolso da frente da calça que usava, e depois puxou um pequeno chaveiro verde de monstrinho com algumas chaves, uma das, do carro.
Puxei da mão dela.
- Hey! Me devolve!
- Você não vai dirigir.
- Você não é meu pai!
- Mas ele não deixou você dirigir também.
- Justin, me dá essas chaves!
- Não.
- Agora.
- Não. – ela grunhiu de raiva.
- Quer saber, vai para o inferno – e saiu com raiva fechando a porta que bateu com força.
- Justin? – a minha mãe apareceu na sala. A olhei – Desculpa, mas temos que voltar para a sua viagem, faltam algumas coisas ainda para organizar – respirei fundo e caminhei apressado até a porta.
- Lua! – ela se virou e ficou apoiada em uma perna só. – Vamos dar uma volta – ela abriu um sorriso e eu continuei a caminhar até o carro, jogando as chaves para ela.
  Entramos, ela ligou e nós partimos.
  No começo éramos apenas dois adolescentes andando de Porshe, a menos de 60km/h, com o capo levantado e as janelas completamente fechadas com o insulfilm mais escuro possível, não identificando quem estava dentro do carro. Depois, éramos dois adolescentes com o capo aberto a toda velocidade, rumo a lugar nenhum numa estrada quase deserta. Perigoso, ok, mas eu estava começando a achar que a Lua não está tão louca assim, a adrenalina que corre pelas veias relaxa de um modo inexplicável.
 Em certo ponto, a guiei aos berros. Mandei que entrasse em uma pequena abertura no lado direito da estrada, o terreno era de terra e havia pedrinhas, envolta de nós, apenas árvores altas até uma saída ampla, com grama rala e uma vista exuberante. O Final de um penhasco.
- Uau – ela disse ao sair do carro.
- Legal né? Dá para ver a cidade toda daqui.
- Dá mesmo! Olha a escola! E o parque! Aquela ali parece a pontinha da minha casa – ela foi apontando toda animada, como uma criancinha. – Como você achou isso? É tão escondido e feio o caminho, eu nunca iria imaginar que no final poderia ter um lugar tão legal como esse – me olhou.
- Eu entrei aqui sem querer, foi o maior susto da minha vida, quase caí penhasco a baixo. – Ela arregalou os olhos e depois riu. – Vim aqui apenas três ou quatro vezes, talvez cinco, sempre perdi a noção de hora e minha mãe ficava louca, bom, não só ela, não estou em situação de sumir há um bom tempo, mas, é engraçado porque, era só ela olhar para o alto que eu estaria lá.
- Tecnicamente dizendo – soltei uma risadinha e permaneci com um sorriso de lado.
- É, tecnicamente dizendo.
- Você realmente gosta de vir aqui né?
- Aqui se tornou o meu lugar especial.
- Só uma perguntinha: E a casa da árvore?
- Lá ficou perigoso demais. Sempre iam me procurar no parque, e eu não queria que a descobrissem lá, então mudei de lugar, mas aqui é mais longe então...
- Entendi.
- Também não tenho todo o tempo do mundo não é mesmo?
- Não sei? É? – ela sorriu e eu ri.
- É.
- Você está triste. Não gosto de te ver triste, me entristece também.
- Mentirosa.
- Ou! Tudo menos mentirosa! Sorri logo, anda! Estou mandando! – sorri forçado. – Forçado não! De verdade, qual é! Não vejo motivo para você está assim.
- Coisas...
- Estamos longe de tudo! De que essas coisas importam? Anda Jus, sorria – a olhei com as sobrancelhas erguidas, “Jus”? Notando o que tinha falado, ela arregalou os olhos e ficou sem graça. Acabei rindo, realmente rindo.
 A questão era: ela não me chama assim há realmente muito tempo, é sempre Justin, Bieber, estrelinha, astrozinho, famosinho, ou qualquer outro jeito menos “Jus”, que era como ela me chamava quando nos conhecemos, quando namoramos sendo mais exato.
- Pelo menos você riu. Mas esquece isso, se não vou embora e te deixo aqui.
- Ok, ok, Parei.
- Tem uma toalha de mesa no banco de trás, pega aí – virei e abri a porta do carro puxando um pedaço grande de pano dobrado.
- Por que tem uma toalha de mesa no seu banco de trás?
- Esses dias, minha mãe e eu saímos, ela resolveu comprar algumas coisas, inclusive essa toalha que ela esqueceu aí, mas, nem sei para que já que nem mesa de jantar temos mais. – ela deu de ombros. – Dá aqui, quero sentar – ela estendeu a mão e eu a entreguei, depois ajudei a estender no chão, onde nos jogamos sentados.
- Só faltou algo para comer – ri.
- Realmente, dá próxima vez, vou trazer alguns salgados cheios de gordura trans e refrigerantes, com corante que fazem um mal desgraçado, mas todo mundo come e adora, sendo que eu não sou uma exceção – ri, de novo. – Bem melhor assim! Não acha?
- Acho, acho! – nos entreolhávamos. – Sabe, você não mudou. Nada.
- Eu já disse para não achar isso – o sorriso dela foi desaparecendo e meu foi sumindo aos poucos junto.
- Estou mentindo?
- Está.
- Pois eu não acho.
- Você mudou, por que eu não mudaria?
- Não parece! Você acha mesmo que eu mudei? Me diga em que?
- Não, me diga primeiro por que acha que eu não mudei.
- Perguntei primeiro.
- Passo a vez.
- Então ta. Seu sorriso é exatamente como eu lembrava, suas brincadeiras agitadas, seu jeito agressivo de sempre brincar batendo e viver ameaçando quem gosta de morte continua o mesmo, eu seria capaz de te identificar em meio a uma enorme multidão só pelos seus olhos, como já aconteceu se você não se lembra – ela abaixou a cabeça –, seu olhar menininha inocente, garota sapeca e de quando quer me provocar – pus uma das minhas mãos em seu queixo e fiz com que levantasse o rosto – parecem o mesmo olhar de um ano e pouco atrás. Apesar dessa nova loucura de correr, você parece a mesma menina extremamente feliz e sorridente que eu ajudei a ressuscitar quando tinha 16 anos, quando tínhamos 16 anos. Eu não acho que você tenha mudado – aproveitei a minha mão ainda em seu queixo e tentei aproximar mais seu rosto do meu.  
 Ela desviou o rosto, abaixando a cabeça novamente visivelmente envergonhada e mais alguma coisa que não consegui identificar bem.
- Ou talvez tenha mudado sim – voltei a erguer sua cabeça –, a garota que eu conheci nunca ia ficar tão quieta e envergonhada assim – a encarei nos olhos, e acho que agora, ela não iria “fugir”.
- Talvez não, eu realmente mudei – ela segurou a minha mão a abaixou ainda olhando nos meus olhos – e eu não quero que você tenha a mesma imagem de mim Justin, vai acabar se decepcionando se me comparar a antes, eu cresci, você cresceu, não somos mais crianças. Eu vivi muita coisa, muitas experiência, meus medos agora mudaram e talvez sejam eles que ainda não deixaram que nós já estejamos juntos. Talvez não, são. Assumo que tenho medo, não quero me precipitar, não quero sofrer de novo do mesmo jeito, não tenho nem certeza do que eu sinto por você, se ainda sinto algo por você, mas pode ter certeza que há algo, por mais que seja um resto de sentimento, é o que me incentiva a te provocar e ainda contar com você. É esse restinho que me faz estar aqui agora por exemplo.
- Você esclareceu bem as coisas, mas eu não entendi muito bem onde isso de “eu mudei” entra.
- Você vai descobri, basta abri os olhos para o que sou hoje, não para o que eu era.
- Não aguento esperar.
- Tenha paciência garoto, você acha que eu não estou com vontade de berrar na sua cara e dizer tudo de uma vez? Mas não faço porque sei que não vai dar certo, além de que vou te magoar por você me ver como antes, não como agora.
- Que foi? Vai me dizer agora que virou uma garotinha fashionista de Manhattan?
- Ou! Não exagera! Não é só porque eu mudei meu comportamento que eu mudei a minha personalidade, não confunda as coisas.  
- Eu nem sei mais o que é confuso ou o que é claro, as certezas deram lugar para as incertezas e a cada nó que desata em minha mente, atam dois ou três.
- Mas daí a me chamar de fashionista é viagem demais.
- Ta, ta. Desculpa. – ela não respondeu. – Mas então, vamos ficar aqui, olhando para a cidade lá embaixo, sem falar nada? – ela deu de ombros.
- Você sabe que eu não consigo ficar quieta.
- E se sei. – rimos. – Sei que você não quer se precipitar e a situação lá em baixo, não está das melhores para ficarmos juntos, mas, como foi mesmo que você disse? “Estamos longe de tudo! De que essas coisas importam?”.
- Aonde você quer chegar?
- Fica comigo? – ela me olhou indecisa. – Me olhando assim até parece que estamos fazendo a coisa mais errada do mundo! Você também quer, ou vai mentir depois disso tudo? – ela ficou me encarando por um tempo e depois respirou fundo.
- Você venceu. Por hoje.
- Isso quer dizer que?...
- Que amanhã é outro dia. Não espere que tudo o que acontecer aqui mude alguma coisa amanhã, melhor não criar falsas esperanças.
- Só por você estar comigo, agora, para mim é o suficiente.
 Investi correndo o risco de que ela desviasse, mas depois disso, era algo que eu duvidava, e como eu esperava, ela deixou. Isso chegava a ser engraçado porque, parecia que tudo estava “normal” quando não estava, e nos – pelo menos eu – sentíamos certos quando na verdade estávamos completamente errados, apesar de que havia algo dentro de nós que sabia e tentava nos informar que era apenas temporário, a nossa maior parte – pelo menos de mim – acreditava que iria ser para sempre.