Are you ready?
-------------------
Acordei com o sol batendo no meu rosto, tentei
me mexer, mas as partes do meu corpo que não doíam, ardiam que nem o inferno,
então evitei movimentos bruscos, e virei o corpo, tentando evitar fazer
caretas. Olhei para o meu lado na cama e Justin não estava lá, olhei ao redor a
procura de algum vestígio de que ele ainda estivesse ali, porém nada. Por um
segundo me senti estranha, mas passou logo, nunca fui do tipo que choraminga porque
um cara não continuou ao meu lado depois de acordar, por isso respirei fundo e
levantei da cama num pulo e fui tomar um banho, para relaxar meu corpo. Vesti
uma roupa qualquer e desci as escadas na esperança de um café bem forte.
- Olha só quem finalmente
acordou! Pelo jeito a noite foi boa, né? – minha mãe veio com um tom irônico
que não é muito comum para ela, então entrei em um desespero controlado achando
que ela possa ter visto a minha bagunça com o Justin, mas tentei não
transparecer nada até ela terminar de falar. – Chegamos hoje cedo e seus
sapatos ainda estavam no meio da sala! Lua, Lua... achei que finalmente tinha
parado de deixar as suas coisas pelo meio da casa – nenhum comentário sobre
coisas que não são minhas, menos mal. Justin deve ter saído antes que eles
chegassem.
- Sobre noite boa acho
que não fui bem eu que tive uma, mas como vocês são meus pais, eu prefiro não
comentar nada sobre o que devem ter feito para só terem chegado hoje de manhã.
- Boa garota! – meu pai
comentou enquanto eu procurava meus sapatos pela sala.
- Me agradeça com uma
xícara de café, pai!
- E você pegando as
cartas perto da porta, filha!
Achei minhas sandálias mais perto do sofá, e
as cartas estavam quase coladas na porta. Segurei os calçados com os dedos, e
peguei as cartas passando uma por uma.
- Contas, contas e mais
contas... opa!
- O que foi? – meu pai
veio até mim com a minha xícara de café.
- Cartas da faculdade –
dei a ele os outros envelopes e logo abri a primeira endereçada a mim.
- O que diz aí?
- A Universidade de
Toronto me aceitou! – ele abriu um sorriso enorme e eu larguei o café na
estante da televisão, já tinha perdido totalmente a vontade de tomar. Agora eu
tinha a certeza que tinha um futuro pela frente e ainda nem precisaria sair de
Ontario para isso.
- Parabéns! – ele me
abraçou – Anna! Anna! Nossa filha foi aceita na UToronto! Anna! – ele subiu as
escadas gritando. Eu nem tinha reparado que minha mãe não estava mais ali.
Dei um gole no café e coloquei de volta no
mesmo lugar, ainda precisava abrir duas cartas. A seguinte era da UBC
(University of British Columbia) em Vancouver. Me inscrevi mais como mais uma
opção, já que meu objetivo mesmo era passar na de Toronto, então quando vi que
fui negada nem me doeu e logo fui para a próxima. Essa sim foi só uma
brincadeira, mas hoje, saber se fui aceita ou não poderia definir totalmente
meu futuro. Claro, para faculdade eu iria de qualquer jeito, isso era certo!
Mas já faz tempo que escolaridade não era a única preocupação da minha vida.
Abri a carta, tentei beber outro gole do café,
mas mal consegui encostar a boca. Li linha após linha com um receio diabólico
do que eu poderia ler ao final.
- Eu fui...
- Lua? – olhei para meu
pai no pé da escada, e para minha mãe atrás dele – Você ta branca, o que houve?
Larguei os sapatos no chão de novo, e o todo o
resto que ainda estava na minha mão e saí porta a fora, atravessando a rua toda
correndo e mais o jardim todo da casa da frente. Bati na porta ofegante e
desesperada, eu não fazia ideia se Justin ainda estaria lá, mas pelo movimento
que podia perceber do lado de fora, pelo menos alguém estava na casa.
- Lua? – Pattie abriu a
porta, me olhando completamente confusa.
- Pattie, por favor,
Justin está aí? Eu preciso muito... – antes que eu terminasse de falar, Justin
apareceu ao lado dela, que se afastou sem que pedíssemos.
- Lua? O que... olha se
foi porque, sabe...
- Porque eu acordei e
você não estava lá? Não, não tem nada a ver com isso – ele parecer ainda mais
confuso.
- Então o que... – estendi
a carta para ele. – O que é isso?
- Pergunta menos e lê
mais!
Ele começou a passar os olhos pela carta e eu
esperei impacientemente por um sinal de que ele entendesse onde eu queria
chegar. Até que ele me olhou tão surpreso que seus olhos pareciam que iam
saltar para fora do corpo.
- A gente se vê em
Atlanta, astrozinho.