sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

10º capitulo: Nice to meet you. Parte 2.

 E quando saí do banheiro, respirando fundo, contato até dez e tentando deixar todo meu controle, e ir embora aos poucos para eu não ter um surto no meio do corredor, o sinal tocou.
- Lua?
- Ah! Oi Tay! Quanto tempo a gente não se fala.
- Pois é – ele disse com a testa franzida. – Está tudo bem?
- Está sim – eu olhava nervosa para o lado, não queria ver Sabrina por um tempo – mas vamos sair daqui logo né – o puxei pelo braço, apressada, tentando não ver aqueles olhos azuis com tanta convicção saltando por eles, e olhando para frente para não trombar com ninguém, e para trás para ver se ela vinha.
- O que você fez Lua? – respirei fundo, relaxada, assim que já estava longe rumo à sala.
- Nada demais, só comprei briga com a Sabrina Shepers – Taylor virou a cabeça para trás rindo divertido.
- Já estava demorando para uma dessas – eu não via motivos para rir, mas a risada dele acabou me contagiando e soltando risadinhas sem graça.
- Por quê?
- Ora Lua, você brigou com a Louise, antes disso com a Caitlin, desde o primeiro dia eu sabia que você e a Sabrina não se entendiam.
- Era tão obvio assim?
- Até para quem não te conhece tão bem como eu. Lua Houston nunca deixa as patricinhas vencerem não é mesmo? – tive que acompanhar sua gargalhada dessa vez. – A escola melhorou depois que a Louise saiu, Megan acabou ficando como a mais popular, mas aí chegou essa Sabrina e começou a querer atormentar a vida de todo mundo, como uma pedra muito inconveniente no sapato – rimos mais e entramos na sala. – Seja o que houver, manda a ver! – ri e nos sentamos.
 Justin chegou o corpo mais para frente, se fosse em outra época, desconfiado, mas dessa vez ele estava mais para curioso.
- O que vocês estavam conversando?
- Nada demais – ri lembrando das coisas que Tay havia me dito.
- E o que fez com a Sabrina? – e no mesmo momento a própria entrou na sala.
- Olha para frente que ela mesma te responde – acenei com a cabeça para frente.
- Ufa, nada – ele parecia aliviado e eu sorri. – Nada mesmo, né? – não respondi. – Não vai me responder né?
- Não mesmo, é melhor ficarmos quietos, tenho a impressão que essa professora não vai com a minha cara.
 Ele nem ao menos tentou discutir.
A aula agora Literatura e de fato a professora nunca gostou de mim, sempre me olhava torto, me deixava por último no que ela iria fazer e até mesmo coisas de quarta série, como por exemplo, não deixar eu ir ao banheiro ou beber água – ela nunca deixava, nem se eu tivesse ficando desidratada ou com o risco de estourar a minha bexiga, ela simplesmente não deixava.
  A professora começou a falar sobre literatura, obvio, eu não prestei muita atenção, só ouvia alguns fragmentos de fala, sabia que não era nada de interessante então preferia não ouvir e ficar quieta, do que ouvir e falar alguma coisa. Mas, sempre acontece a coisa errada na hora errada e ferra com tudo, principalmente se alguma das partes simplesmente não pensa antes de falar. Nesse caso: eu.
- Então pensei em fazermos uma peça de teatro sobre “Romeu e Julieta”?
- Romeu e Julieta? – e lá fui eu abrir a boca. – Que coisa mais criativa – ela semicerrou os olhos para mim, mas continuou.
- Que tal então, fazermos um musical de Romeu e Julieta?
- “Romeu e Julieta” é tão babado! Como ainda não fizeram isso antes?
 A questão era: eu odiava mesmice, e fazer uma peça sobre a única história – que não é única – de William Shakespeare não é algo que se pode chamar de “novo”. Então eu acabei falando, comprando a minha segunda briga do dia logo com a professora que eu menos devia.
- Então o que sugere Srta. Houston? – ela não me olhou muito feliz.
- Óbvio, algo original, novo, diferente, e não uma história que todo ano tem.
 - Mas “Romeu e Julieta” é um clássico! – alguém lá trás, que eu nem virei para olhar quem, disse – e o William Shakespeare é um ícone da literatura.
- Claro – me virei e encarei uma garota de olhos azuis sentada no final da sala, acho que o nome dela era Emma –, e quantas mais outras histórias de Shakespeare você conhece? – ela não me respondeu.
- Já está tão interessada nessa peça e tão cheia de criatividade Srta. Houston por que não cuida da peça então? – o que? Ela ta doida por acaso?
- Não, não, obrigada.
- Vai sim, está decidido, você vai ser a responsável pela peça.
- Mas o que? – Sabrina levantou num pulo e olhava da professora para mim com uma expressão não muito alegre. – Eu que seria ser responsável pela peça! Eu que iria coordenar tudo!
- Desculpa Srta. Shapers, mas a responsável a partir de agora será Srta. Houston.
- Não! Não! Tudo bem! Shapers parece muito empolgada para fazer isso, ela com certeza é a pessoa certa.
- É o seguinte Lua Houston, ou você faz, ou você faz, caso contrário estará reprovada na minha matéria e vai fazer uma visitinha ao diretor.
 E pronto, de repente ela conseguiu me convencer a aceitar essa droga.
 O problema era que eu não podia parar no diretor devido aquela pequena discussãozinha no começo do ano, onde disse que ele era mandando pelo Scooter e essas coisas todas, só porque ele queria me ver longe do Justin o máximo possível, por qual outro motivo seria? Nessa escola de fato não há uma pessoa que não me conheça e que não tenha uma opinião formada sobre mim, uma parte gosta a outra me odeia – isso inclui os professores – e tudo por causa do Justin. É assim, estou condenada a passar o tempo todo sendo julgada por todos apenas pelo fato de eu andar com o Bieber.
 Eu não fazia a mínima ideia do porque da professora de literatura me odiava, logo eu que sempre adorei essa matéria, mas desde o primeiro dia ela deixava bem claro que se tinha algum aluno favorito, esse com certeza não era eu.
Eu era idolatrada por uma parte, talvez “idolatrada” seja um exagero, mas as pessoas me amavam! Me achavam o máximo por eu ser amiga do Justin e sempre falavam comigo não importa onde, já outros me odiavam com todas as forças que podiam pelo mesmo motivo e por eu ter tanta “popularidade”, ou se não, por me acharem um poço de nojo só por ser “amiga” dele. Mas ainda restava uma parte, que não eram os meus amigos, mas que me tratavam como uma pessoa normal, não me odiavam nem me idolatravam, eu só era mais uma aluna.
 Mas do corpo docente eu tinha que ficar longe, eu tinha que me comportar o máximo possível, porque qualquer erro, qualquer mínimo deslize eu estaria na sarjeta.
- E então Srta. Houston?
- Eu... – olhei para Justin de relance – eu aceito – depois relaxei meu corpo o jogando contra o encosto da cadeira e olhando pela janela ao fundo.
 A professora cacarejava, mas eu não me importava. Coordenar o teatro da escola era uma responsabilidade grande demais, tal responsabilidade que eu não queria carregar, mas não! Era impossível eu me manter com a boca quieta não é mesmo? Agora vou ficar presa e na escola até tarde e ocupada o tempo inteiro tentando fazer “A peça perfeita” porque se não for, essa maldita sambaria na minha cara.
 Só voltei a mim quando quase toda a sala estava vazia, já que todo mundo ia para aula de música. Justin estava imóvel ao meu lado me encarando. O olhei e depois me levantei.
- Lua! Não faz assim – ele se levantou e me seguiu alguns passos.
- Assim?... – me virei para ele.
- Me desc...
- Não peça desculpa Justin, não é culpa sua.
- Não? – ele disse indignado.
- Não Justin, não é! Pelo menos não totalmente, eu praticamente implorei isso tudo por já ter chegado na escola agindo tão íntima com você. É culpa minha também! Eu aceitei isso, não aceitei? Com todos os termos, linha por linha, e até sublinha! Não vem pedir desculpas! Me faz esse favor – me virei de novo, só tinha nós na sala, já íamos ser os últimos a chegar.
 Foi quando ele me puxa, me escondendo da visão do corredor, e me dá um beijo rápido.
- Suporto ser odiada pela metade da escola, mas não pela metade do mundo.
- Entende por que eu quero que tudo fique assim?
- Sempre entendi.
 Me soltei e saí da sala rumo ao corredor na frente do Justin, que logo me alcançou depois, mas não conversamos, apenas seguimos quietos até a outra sala.
 “Era só uma peça de teatro” ok, não era o trabalho com a peça que me irritou, é o fato de eu ter que viver tão controlada dentro da escola por causa do Justin, eu não me importava com a opinião dos outros, não mais, mas vira e mexe eu me sentia incomodada com o meu nome na boca de todo mundo, julgamentos sem sentido, um boato pior do que o outro – já perdi as contas de quantas pessoas vieram me perguntar se eu tinha um “caso” com Bieber. Era esse o problema! E a pressão? Tão falada como eu sou, se sair alguma coisa errada, tudo cairia sobre mim, as pessoas tem o dom de lembrar dos erros e nunca dos acertos. 
 Ao chegar à sala de música, o professor já estava fechando a porta, por um triz não ficamos barrados de entrar e de todas, essa era a única aula que eu odiaria perder.
- Vocês demoraram – Marc Dourdan, o professor de música que toda garota gostaria de ter, nos encarou desconfiado.
- Desculpa professor, parei para beber água e Justin parou comigo, foi mal, não queria nos atrasar – achei que ele não iria engolir essa, mas foi a primeira coisa que pensei e nesse caso não poderia demorar muito.
- Entrem – ele abriu a porta e nos deixou passar.
 Sentei no fundo da sala e Justin quase do outro lado, por ter sidos os últimos a entrar não tinha sobrados muitos lugares, mas enfim, não estava ligando para isso eu ainda estava aborrecida com a aula de literatura o que, infelizmente, não deixou eu prestar atenção na aula.
 Eu mudava de pensamentos muito rápido, até o final da aula já tinha montado trilhões de diálogos que nunca iriam existir, pensei em coisas que eu deveria ter dito a aquela maldita, situações que nem em sonhos seriam reais... no final das contas eu mal lembrava porque estava zangada.
- Justin! – as pessoas andavam apressadas para sair da sala logo e eu tentava driblar todas elas e mais as que estavam se esforçando o máximo para se aproximar do Bieber para conseguir falar com ele. – Amém, te alcancei – ele, quase, riu.
- Fala.
- Você vai para casa daqui?
- Como o Scott, não deu sinal de vida até agora acho que sim, por quê?
- Então vai com Chris, não vai embora sem encontrar ele em! Se não ele vai ficar me esperando aqui e pretendo demorar.
- Por quê? Vai fazer morada na escola?
- Hahaha, hilário Bieber. – ele riu. – Me meti nessa encrenca da peça né, então vou dar uma olhada na biblioteca para ver se acho alguma coisa.
- Que menina estudiosa – ele zombava da minha cara.
- Tchau Bieber! Tchau! Vaza daqui, vai embora! Seu produtorzinho deve estar te esperando! – fui o empurrando sala a fora e dando alguns tapas e claro, saindo junto com ele que ria.
- Garotas estudiosas são boazinhas!
- Boazinha é a última coisa que eu sou! Agora já foi? – tentei parar de rir, mas estava complicado.
- Ok, Ok! Tchau.
- Tchau – ele se afastou sorrindo pelo corredor e eu fiquei olhando, também sorrindo, até que sumisse de vista.
 Minha sorte que o corredor já estava completamente vazio.
- Você vai me contar porque atrasaram ou acha que eu engolir a história da água? – dei um pulo de susto fazendo meu sorriso evaporar até notar que meu professor de música estava falando comigo e de que, diferente de muitos dos nossos professores, sabia meu passado com Justin.
- Quero que engula a história da água – ele riu. – Tenho que ir à biblioteca agora, então fique com a história da água que é melhor.
- A biblioteca está fechada hoje, a menina de lá está de folga.
- Ah que maravilha! – resmunguei e ele riu de novo.
- Acho que agora vai ter que me contar.
- Certo, você venceu!
- Tenho que ir para sala dos professores agora, me acompanhe e quero saber dos detalhes.
 Contei tudo, nos melhores e menores detalhes que eu me lembrava, tentando ser rápida e direta e, devido a algum milagre – ou a sala dos professores que ficou longe demais – consegui, depois emendamos outros assuntos completamente diferentes.
- E como era as aulas em Nova York?
- Eram boas, realmente, eu tinha uma professora excelente! Mas nada substitui as suas aulas – ele riu.
- Por que resolveu voltar? Não gostou da vida agitada de uma cidade global?
- As coisas lá são meio... “agressivas”, um lugar cheio de luxo, mas para quem não vive é apenas um sonho para idiotas. Nova Yorkinos são pessoas fortes, porque lá se não tiver nervos de aço, ninguém sobrevive.
- Então... resolveu voltar, por que você não combina com a luxúria nova yorkina, ou por certo famoso que também estaria de volta?
- Não! Não, Justin não tem nada a ver com isso! Por incrível que pareça, principalmente para mim, nem pensei nele na hora que decidi voltar. Assim que meu pai disse que voltaríamos, eu disse que sim pensando no Chris, eu sabia que ele estava morando aqui agora. Pensei no Bieber tempos depois, mas nem me importei muito, ele estava morando em Atlanta por causa da carreira, não sabia que iria voltar, nem imaginei isso, só fui descobrir quando fui contar para Chris e ele me contou que Justin voltaria também, mas que por enquanto era segredo – ele me olhou de canto. – Eu juro que é verdade – depois riu.
- Acredito em você – ele não olhava para mim, na maior parte do tempo encarava o corredor à frente, Marc sempre foi assim, sempre teve o olhar distraído, mas sempre está prestando atenção em tudo. – Lana! – ele gritou – Vem aqui Lua – depois disse mais baixo para mim e atravessou o corredor na direção de uma mulher magra, de cabelos lisos e curtos.
- Oi Marc – ela sorriu quando nos aproximamos.
- Lua, essa é Lana Anderson, a nova psicóloga da escola.
- Prazer em te conhecer – disse.
- O prazer é todo meu em enfim conhecer uma menina tão falada! – ela sorriu para mim. – Você não faz ideia de quantas meninas foram parar na minha sala reclamando por você ser tão próxima daquele Justin Bieber – ela sussurrou e eu ri.
- Mas o que aconteceu com a Sra. Dempsey? – perguntei.
- Já estava na hora de aposentar né Lua? Ao invés de ajudar os alunos ela piorava a situação – rimos.
Marc era um dos professores mais novos e não me refiro só em questão de idade, ele era um cara bem cabeça e esse é o principal motivo da maioria dos alunos gostarem dele.
- Tem razão – concordei.
  Srta. Anderson olhou no relógio.
- Desculpa, mas devemos ir Marc.
- Tem razão – ele concordou.
- Foi realmente um prazer te conhecer Lua, apareça um dia na minha sala para conversarmos um pouco, talvez assim eu saiba o que falar para as alunas – ela sorriu mais uma vez.
- Um pouco? Ih Srta. Anderson, o buraco é bem mais embaixo do que você pensa – e mais uma vez escapou o que não devia.
- Como assim?
- Melhor deixar essa conversa para outro dia, vocês estão atrasados não é? – Marc riu.
- Não pense que vai escapar de mim assim Lua... quero sim te ver na minha sala e saber dessa história linha por linha ok? – assenti. – Ah! Me chame de Lana.
- Ok – continuei sorrindo.
- Então vamos né – Marc apressou – e anda logo Lua, daqui a pouco fecham a escola e você vai ficar presa aqui.
- Credo! Tchau então! – eles riram.

Me afastei acenando e quando me virei, para não perder a fama de desastrada e distraída, trombei com alguém.
---------
Demorei demais, eu sei! Foi mal, eu esqueci D:

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10º capitulo: Nice to meet you. Parte 1.

- Pai! Pai! Pai!
- Para de gritar Lua!
- Eu preciso do meu carro! Me dá! A chave! Me dá!
A questão era: eu tinha acordada atrasada, meu cabelo parecia um ninho e se eu faltasse a primeira aula estaria muito ferrada.
- Para que?
- Estou atrasada pai! Por favor!
- Vai logo então.
- É quase meia hora daqui! Eu vou perder a primeira aula do mesmo jeito, pai! Por favor, só hoje, uma exceção.
- Ok, eu deixo você usar hoje e você não usa o final de semana.
- Cara, eu to pedindo o carro para ir à escola e não para uma viajem interestadual.
- É pegar ou largar.
- Largar! Não vou deixar de usar meu carro no final de semana.
- Então aproveite indo para escola a pé.
- Pai! Papaizinho, amor do meu coração, entenda: Eu. Não. Posso. Faltar. A. Primeira. Aula.
- Pega a sua mochila.
- Você vai me dar às chaves?
- Não, vou te levar.
- Mas seu caminho é do lado oposto!
- Por isso vou mais cedo. Vamos logo.
 Eu precisava chegar na primeira aula, a professora definiria tudo sobre o trabalho e eu não podia e não gostaria de faltar, não que eu seja uma aluna aplicada, longe disso, mas sei que se depender do Bieber para me explicar vou ficar sem entender até conversar com a professora. Não estou o chamando de burro, apenas de desatento. E esse trabalho é importante para mim, porque, diferente dos outros, eu queria fazer.
 Em um resumo: não discuti com meu pai.
- Pai, a mamãe foi ver o negocio lá no hospital?
- Caramba, explicou bem. “O negocio lá no hospital” – eu ri.
- Você me entendeu! Vem se fingir de sonso não – ele riu.
- Ela foi sim e se quer saber, estava bem feliz com isso.
- Ela gosta, faz bem em voltar, já deveria ter feito isso a tempo!
- E abrir mão de cuidar da filhinha? Não né.
- Ah claro pai. Ah claro – ele riu.
- Bom, chegamos – eu abri a porta e saí em disparada. – Tchau para você também ouviu? – ele gritou.
 Não respondi, apenas levei meu braço para trás e acenei sem jeito só até entrar na escola.
Os corredores já estavam vazios – com exceção de um ou outro –, mas eu tinha certeza que o sinal não havia batido há muito tempo, então corri até a sala e quase bati com tudo na porta, com o coque do meu cabelo quase desfazendo e ofegante.
 Respirei fundo e abri a porta.
- Licença professora – pedi e ela apenas assentiu.
 Entrei na sala e fui direto para o meu lugar, coloquei a mochila encima da mesa e respirei fundo descansando de vez.
- O que aconteceu? – Justin sussurrou.
- Acho que ainda to no fuso horário da França – sussurrei de volta e ele riu.
 A professora se levantou e começou a explicar como queria o trabalho e eu anotava as coisas, feliz da vida por saber que iria tirar esse trabalho de letra.
 Ela pôs no quadro números de 1 à 12 que correspondia a cada grupo e na frente os nomes dos respectivos deuses. Kyle, Justin e eu ficamos com o número 6, Atena. Até gosto da deusa da sabedoria, mas eu queria outra deusa.
- Ou melhor, quem é a dupla 8? – duas pessoas da frente levantaram a mão, eu não sabia os nomes dos dois. – Vocês vão ficar com a 6 vou deixar a 8 para eles – ela apontou para Justin e eu – acho mais justo.
- Por eu ser a única garota? – perguntei e ela assentiu.
- Algum problema?
- Não! Não! Que isso! Amei! – respondi depressa.
  O sinal bateu, a professora saiu e a partir daí não liguei mais para nada. Fiquei completamente desligada, apenas fazia um esforço – dos grandes – para não pegar sono até que o sinal bateu.
Saí para o intervalo com Justin, o pior que tínhamos muito assunto, mas nenhum deles poderia ser dito ali, no meio do corredor na escola. Imagina se alguém ouvisse eu comentando sobre a menina bêbada que fez topless na festa da Louise? Melhor não. Então começamos a arranjar outro assunto, falar mais da escola mesmo, de coisas que aconteceram no tempo que Justin viajava. E assim seguíamos rindo pelo corredor, calmamente, até o auditório.
- Por que você preferiu o numero 8?
- É de Ártemis, e ela é minha deusa favorita, é uma pena que eu não possa ser mais regida por ela.
- Por que não?
- Vou deixar você descobrir sozinho, afinal, tem que fazer alguma coisa no trabalho – me sentei à mesa com todo mundo, a mesma de sempre, com as mesmas pessoas de sempre, Chris, Luka, Hayley e Karol.
- Que trabalho? O de história? – Halle perguntou.
- Esse mesmo – respondi.
- Ih, olha quem vem lá – Justin tinha acabado de sentar ao meu lado quando Luka falou com uma cara nada agradável e nós olhamos na direção que ele acenou com a cabeça.
- Ah não! – Justin resmungou.
A garotinha irritante da Amanda vinha no fundo, com um sorrisinho de orelha a orelha, pronta para soltar uma daquelas perolas para cima do Bieber, eu não ia aguentar aquela garota, ou ia ser ignorante, ou ia cair na gargalhada, então resolvi sumir de perto.
- Halle, vamos comprar refrigerante!? – ela assentiu e nos levantamos. – Quer Justin?
- Uhum. Coca-cola – ele sequer me olhava, prestava atenção na garota para ver se os passos diminuía, ou ela desistia, desesperado para que ela não chegasse perto.
- Sempre – respondi.
- Banheiro – Luka se levantou fugindo.
- E eu vou para qualquer lugar longe dessa conversa – Karol também fugiu.
- E eu... – Chris começou.
- Você vai ficar! – Justin praticamente se jogou por cima da mesa para segurar o Chris, forçando para que ele não se levantasse.
 Eu ri daquilo. Quando a mesa sumiu de vista – ou eu sumi de vista da mesa – a garota já tinha chegado até lá.
- Como Justin aguenta? Essas beliebers me parecem ser tão sem cérebro – acabei rindo.
- Nem todas, acredite. Justin ama as fãs, ama mesmo. Ele é louco por elas, vira e mexe tem alguma criticando algo que ele fez e ele realmente se sente magoado por isso, mas finge não ver, finge ser forte.
- E você ta lá para ajudar né! – ela riu e me cutucou com o cotovelo.
Sorri.
- Fazer o que? Chris me contou que Justin o disse uma vez que nós somos o “porto seguro” dele entende? Os amigos mais próximos...
- Amigos, sei... – ela me interrompeu. Ri.
- Você me entendeu Halle! Eu já perdi a conta de quantas vezes já disse que as garotas que dizem “não vou ser mais sua fã” ou “não vou ser mais belieber” é porque nunca foram. Ele se sente mal.
- E você fica com peninha, own – ela não parava de zoar em uma só!
- Pior que fico! Dá dó de ver Justin mal, ele é sempre tão animado, agitado. E o pior, entre Chris e eu, a mais próxima da realidade aqui sou eu né? A que sempre teve mais contatos com as fãs e essas coisas. Só esse ano que não.
 Já era nossa vez de comprar os refrigerantes, tinha só umas três ou quatro pessoas perto de nós, mas demorou um pouquinho para uma delas se decidir. Então entreguei o dinheiro, pedi um de uva e duas coca-colas, Halle pediu um de laranja e nos afastamos do balcão.
- Será que voltamos? – ela perguntou.
- Acho melhor não, aquela coisinha pode estar lá ainda. Vamos ficar por aqui – sei que o refrigerante do Chris e Justin poderia ficar quente, mas eu não queria encontrar com aquela menininha.
Sei que Chris não pediu refri, mas ainda sou uma boa amiga.
- Mas o que Justin faz? – olhei para a Halle confusa. – Para as fãs se revoltarem contra ele oras.
- Ele é humano, erra, só que as pessoas não veem isso, querem que ele seja perfeito, então ele comete uma burrice, e leva uns mil unfollows no twitter.
 E ela ficou em silêncio, tomando refrigerante pelo canudinho sem pausa, estava diferente, com um brilho a menos, me senti obrigada a parar o meu refrigerante e perguntar o que estava acontecendo.
- É o Luka – lutei para não revirar os olhos. Essa história, de novo?
- O que foi dessa vez?
- A gente brigou.
- De novo?
- É! De novo! Que saco Lua! – ela colocou o refrigerante junto com as outras duas latinhas. – Eu odeio isso, essas brigas, essas coisas toda, mas cara, eu sinto que gosto dele ainda. Luka me irrita! Me deixa nos nervos, vem com esse machismo e ciúmes doentio, detalhe: eu não posso me aproximar de nenhum garoto! Mas ele pode de quantas meninas quiser e eu sequer posso reclamar! Ele ta um saco! De longe o garoto que conheci há tanto tempo – ela diminuiu o tom –, mas ainda gosto dele, muito, não quero o perder.
- Sabe Justin tem seus defeitos, defeitos que me irritam, mais do que simplesmente “demais”, os defeitos dele me irritam, mas as qualidades acabam superando, sempre. Eu não me sinto infeliz quando vejo as besteiras que ele faz, eu me irrito e acabo discutindo com ele. Justin é muito infantil! Muito mesmo! E é essa a coisa que mais me deixa nos nervos, onde já se viu socar um bolo que uma equipe toda ia comer? Tentar trocar um McDonalds por um Bugger King, ou vice e versa, nem lembro mais. Mas no final da tudo certo entre a gente, eu aturo esse tempo todo. Eu gosto dele ainda, apesar dos defeitos.
- Traduz senhorita filosofa? – ri.
- A partir do momento em que os defeitos um do outro passam a ficar insuportáveis, não vale mais a pena. Luka ta te fazendo sofrer Hayley.  Eu era a prova de quanto ele gostava de você, agora? Não é mais aquilo de antes que eu vejo nos olhos do Luka. Desiste Hayley, para de sofrer, ele é meu amigo, mas você também é. Vai doer por um tempo, mas você tem sorte.
- Sorte? Você chama isso de sorte?
- Vai por mim Halle, você tem muita sorte, se terminar com o Luka, o tanto que você sofrer depois de um tempo passa, você vai encontrar outro alguém que te fará esquecer a dor.
- Isso é o que sempre acontece. Não? – terminei meu refrigerante e joguei na lata do lixo e então peguei as duas cocas.
- Não.
Me afastei dela, a deixando para trás, ela iria precisar pensar, eu sabia disso. Então voltei para mesa e joguei os dois refrigerantes para os dois sentados à mesa.
- Por você ter me pagado um Chris, estava te devendo.
- Valeu!
- Obrigado. – Justin agradeceu.
- Nada oras. Cadê Karol e Luka?
- Não sei, sumiram – Justin me respondeu.
- E cadê Hayley? – Chris perguntou.
- Ficou para trás, ela precisava pensar em algumas coisas – e então me sentei.
- Por que demoraram tanto? – Justin.
- Não queria correr o risco de encontrar a Amanda por aqui.
- Mas ela não demorou muito para sair.
- Sério? – perguntei realmente surpresa, afinal Amanda era a pessoa mais insistente que eu já conheci na vida.
- Justin a despachou rapidinho – Chris riu. – Nunca vi ele fazer isso tão rápido!
- Nem eu. Como conseguiu?
- Sério, não sei, mas quando notei ela estava saindo daqui feliz da vida – Chris gargalhou mais uma vez quando Justin respondeu.
 Tinha algo estranho, Justin brincava com o canudo e tomava alguns goles de refrigerante sem dizer palavras com alguma emoção, eu não via motivo para isso.
- Justin?...
- Sabrina a mandou aqui, só não sei para que ou porque – ele soltou de vez. – Amanda disse isso, ela não se importou em sair daqui depois que todos se afastaram.
- Sabrina já fez algo parecido comigo também – Chris disse já não tão vermelho de rir. – Lembra quando me atrasei para ir embora contigo? – assenti. – Uma menina da minha sala me segurou, depois ela chegou e começou a falar um monte de coisa, de inicio pensei que fosse com a Lorena, mas quando tomei conta que era comigo, fui embora o mais rápido que pude, para ver se te alcançava – eu teria rido se não tivesse ficado furiosa.  
Não controlei, quando Justin desviou a atenção do refrigerante e o olhou para mim, eu já procurava a Shepers pelo refeitório. Assim que encontrei aqueles olhos azuis passeando junto com o resto do corpo rumo ao lado de fora, meu sangue subiu a cabeça.
- Lua? – Justin perguntou.
- Eu já volto – me levantei de pressa e saí do refeitório, a seguindo até o banheiro das meninas.
- Ora, uma típica briga de garotas dentro do banheiro feminino?
- Eu não gosto muito dessa palavra, “típica”, quer dizer que algo é comum e “comum” não é muito uma coisa que eu goste de ser.
- Então o que veio fazer aqui? – ela guardou o lápis que estava retocando e olhou para mim.
- Apenas te dar um aviso.
- Para mim ainda é típico – ela passou a retocar o batom.
- Não, não é nada demais. Só quero que fique longe dos meus amigos ok? Sabrina... você não tem ideia de com quem está mexendo.
- Eu sei mais sobre você do que imagina Lua – ela guardou o batom.
- Sabe o que falaram de mim enquanto eu não estava presente Shepers. Você não tem ideia o quanto 12 meses podem mudar alguém, sem contar que Nova York não é um santuário.
- Quer dizer que virou menina má Houston? – ela sorria sarcástica.
- As coisas funcionam assim Sabrina: faça o que quiser, mas não se meta com os meus amigos entendeu? Ou eu acabo com a sua vida – me virei para sair do banheiro.
- Isso é uma ameaça?
- Entenda como quiser.
- Entendi que eu não posso brincar com os seus amigos, mas então posso com o Justin, afinal, ele não é exatamente seu amigo, não é? – parei na hora e senti uma onde de desespero me invadir. O que ela ouviu? Do que ela sabe? Minha vontade de repente era virar e implorar que seja lá o que fosse não contasse para ninguém, mas eu não era assim e nem podia fazer isso, nem por mim, sequer pelo Justin.
 Me virei para ela de novo e me aproximei alguns passos. Ela continuava com aquele sorrisinho e os com os braços cruzados, se achando a vitoriosa nessa história que mal começou.
- Não vai nessa, Justin é meu amigo sim e se eu fosse você não me precipitava ou achava o contrário. Não tente apagar fogo com gasolina [n/a:eu realmente AMO essa frase! Valeu David Bowie!] ou não vai querer sequer ter me conhecido – me virei de novo e não importa o que ela dissesse eu sairia dali.
- Como é que dizem? Cão que ladra não morde né!?

- Mas a cadela aqui arranca pedaço.

domingo, 1 de dezembro de 2013

9º capitulo: Bonjour la France. Parte Final.

Pov's Bieber
- Lua! Está pronta?
- Estou – ela saiu do banheiro com uma bolsinha na mão e guardou na mala, depois parou na minha frente e pôs a mão na cintura.
- Você vai assim? – ela fechou a cara, pela vigésima vez no dia, e passou a ponta da língua no canto do lábio superior depois no inferior.
E eu sabia que aquela cara não era um bom sinal.
- Relaxa, eu estava brincado.
- Brincando, sei... – ela começou a zanzar e fuçar todos os cantos procurando alguma coisa.
 Não, eu não estava brincando, mas, por favor! Aquela menina queria matar quantos, vestida daquele jeito?
 Ela usava aquela coisa que parecia não deixar as mulheres respirarem – acho que o nome daquilo é corset – nas cores vermelho e preto, e uma saia preta que ia até o pé. Falando assim tudo bem, mas a saia longa, tinha um corte enorme que deixava a perna dela quase toda a mostra e o tal do coset deixava os seios dela bem mais avantajados – e cá entre nós, que coxa e que seios!
 Ah, esqueci de comentar que ela usava um sapato alto preto, mas quem, em sã consciência repararia em sapatos quando a dona deles estava extremamente sexy?
- Achei que isso nunca ia acontecer.
- Isso o que?
- Eu te ver usando salto alto dois dias seguidos – ela riu alto e eu não entendi porque, mas me fez relaxar e controlar mais o meu pré-ciúmes. Sabe aquela coisinha que você sente antes mesmo de acontecer? Então, eu sentia que ia ficar com muito ciúme quando algum cara olhasse para a Lua. Pré-ciúmes.
- Do que você está fantasiada?
- Seria de dançarina de cancan, mas as fantasias estavam muito feias, tive que fazer algumas, er... mudanças. A fantasia melhorzinha, em questão de pano e tudo era muito indecente.
- Mais? – ela nem me olhou.
- Ok, da próxima vou mostrando as duas pernas e a bunda de brinde – perdi por não ficar calado, de novo.
 Eu não sabia o que comentar, ver ela zanzado pelo quarto com aquela roupa estava me deixando maluco em dois sentidos. Eu estava mais do que a fim de borrar aquele batom vermelho, bagunçar as ondulações estrategicamente feitas quando meus dedos se embolassem em seu cabelo castanho e agarrar a coxa a mostra para trazer mais para o meu corpo. O outro sentido era pensar no que poderia passar pela cabeça desses franceses quando virem a minha garota assim. E os dois jeitos me faziam querer deixar essa festa de lado.
 Mas eu ainda tinha um pouco de sanidade – que se o Kenny não ligasse logo eu duvido que duraria muito – e sabia que era melhor nós irmos, eu tinha certeza e não poderia deixar minha mente viajar em tudo aquilo que a Lua é.
- Não podia ser outra fantasia? Sabe, de outra coisa.
- Claro, eu ia de Índia.
- Índia? – ri. – Imagino você descalça com um vestido de couro e ao invés dessas penas vermelhas que esta usando, um penacho cheio na cabeça.
- Não, não índia do tipo America do Norte, mas do tipo país tropical, só com uma saia de penas para não mostrar muita coisa – e mais uma vez ela corta a minha risada no ato, me trazendo um desespero só de pensar nessa possibilidade.
 E fez isso de propósito. Deus! Quando ela ficou assim? Eu já ia surtar, o assunto de hoje mais cedo ainda estava entalado na minha garganta e ela me solta essa? Pirraça nunca foi seu forte, mas agora ela, além disso, sabe bem ser vingativa. Eu não sabia que ela sabia, nunca conheci esse lado, mas agora Lua Houston me deixa mais possesso, obcecado e louco por ela, não importa o quanto cruel fosse e me deixasse desesperado ao imaginar algo que diz quando está com raiva – como agora –, era pior, eu achava ainda mais sexy.
 Meu Deus, eu to ficando pirado.
 E quando eu mal notava a minha sanidade indo cada vez mais rápido, Kenny me ligou para dizer que podíamos descer. Graças a tudo o que é mais sagrado, eu não sei quanto tempo mais eu levaria para desistir de tudo e não sair daquele quarto hoje.
- Era o Kenny – minha voz saiu embriagada, cocei a garganta e continuei – ele disse que já podemos descer.
- Tudo bem – ela acertou o corpo e acertou o cabelo que já começava a ficar bagunçado, depois respirou fundo – já achei o que eu queria – ela ergueu uma máscara.
- Dançarinas de cancan usam máscaras?
- Não, mas bem, já montei a roupa toda, isso é só mais um detalhe – ela passou por mim, sorriu e piscou, depois abriu a porta.
- Deus, me ajuda – sussurrei e a segui.
O Peugeot que estávamos usando nessa nossa vinda a França tinha acabado de parar na frente do hotel assim que chegamos a porta, Lua vestiu um casaco marrom dela e pôs o capuz na cabeça tampando um pouco o rosto e fomos até o carro. Tentei pegar sua mão, mas ela “fugiu” por assim dizer. Entrou primeiro e deslizou para o outro lado, então eu entrei e Kenny deu a partida.
- Você está bonita Lua.
- Obrigada Kenny, Justin que o diga.
- Eu? O que tem eu?
- Ainda bem que olhar não arranca pedaço, porque né – Kenny riu lá na frente, não sei do que, não achei graça nenhuma e pelo que parece nem ela, por ter revirado os olhos.
- Por que em?
- Por que o que Justin?
- Esse seu comportamento.
- Ora, infelizmente nasci assim!
- Ah já sei, você está com raiva de eu ter te obrigado a ir nessa festa e agora está querendo fazer eu me roer de ciúmes se vestindo assim.
- Na verdade, nem tinha pensado nisso, mas que bom que está sendo esse o resultado.
- Onde você aprendeu a ser tão vingativa Lua? Aquela história de hoje mais cedo ainda não me desceu sabia?
- Nova York não é tudo luz Justin, lá, certas coisas é questão sobrevivência.
- Você ainda me deve explicações.
- Ah! Devo porcaria nenhuma! Eu tinha uns 13 ou 14 anos, ele foi se desculpar pela merda que rolou e acabou me beijando, pronto! Quando eu te conheci eu ia fazer 16 anos, faz favor né. E acabei de te dar explicação – ela bufou.
- Ás vezes esqueço que você se foi – mesmo ela olhando pela janela, senti baixar a guarda assim como eu, minha voz saiu sofrida assim que lembrei de Nova York. – Está tão bom te ter por perto.
 E depois de alguns segundos toda a sua “postura de ferro” voltou, mas ela sequer olhou para a minha cara e o silêncio reinou até o Kenny ter que quebrar.
- Não queria quebrar esse gelo dos dois, mas, ou é aqui, ou é o Hallowen francês.  Olhei para o lado de fora e cara, que casa! Aquilo era uma mansão e das enormes! Os portões pretos estavam abertos e tinha uma fila de fotógrafos no gramado antes dos muros, apenas dois seguranças – pelo menos dois eram visíveis – guardavam o portão e no jardim interno já tinha adolescentes para todos os cantos, aparentemente bêbados, dançando, pulando, se beijando – e provavelmente fazendo alguma outra coisa entre aqueles arbustos nas laterais.
 Olhei para a Lua.
- Pronta? – ela respirou fundo com a cabeça baixa, já sem o casaco marrom, e depois levantou o cabelo pondo a máscara no rosto.
E então me olhou, entendi aquilo como um “Sim entre termos” como ela costumava dizer, do tipo: “Pronta jamais, mas se quer saber se já podemos sair, bem, eu preferia voltar para casa, mas como sei que não vai ter jeito, é já podemos sair”. Se ela não tivesse tão irada comigo, com certeza diria isso ou quase.
 Segurei sua mão pousada no assento do carro e abri a porta com a minha livre.
- Cuidado! – Kenny gritou antes de terminarmos de sair.
 Fechei a porta quando a Lua já tinha saído e mal me virei quando fleches começaram a me cegar. Andei depressa pela frente, tentando proteger a Lua e me preocupando também em chegar o mais rápido possível ao portão.
 Entreguei os dois convites já em mão para os seguranças e mal parei de andar, os fleches ainda incomodavam e muito, com a Lua ali ainda quanto menos tempo perto de fotógrafos, melhor.
 Quando entramos, ainda não estávamos bem “seguros” havia trilhões de pessoas lá fora ainda tirando foto, mas estávamos melhor do que se estivéssemos do outro lado do portão. A parte ruim era desviar daqueles adolescentes fantasiados e completamente fora do controle.
 Sabe o que eu disse sobre algum deles estarem fazendo alguma outra coisa atrás dos arbustos? Pois então...
- Será que vai demorar quanto tempo para a Louise nos achar? – perguntei.
- Acho que não muito, as pessoas já estão sussurrando sobre você – olhei mais envolta e notei que a Lua tinha razão, as pessoas olhavam e apontavam, outras estavam ocupadas demais para notar algum famoso atravessar o jardim.
- Você é Justin Bieber! – um cara, super hiper mega ultra bêbado chegou perto de mim e pôs cada mão em um ombro meu só me fazendo sentir o cheiro de álcool que já era notável há quilômetros de distância. Sem contar o francês triplamente embolado. – Louise não mentiu então! Ela realmente – se eu não tivesse pensado rápido e me afastado, eu teria entrado na festa com os sapatos golfados.
- Que nojo! – Lua se afastou um pouco.
- Ela realmente conhece Justin Bieber – o cara me olhava como se eu fosse ouro.
- Você está bêbado – tirei as mãos dele dos meus ombros e fiz com que ele seguisse um caminha para longe de mim.
- Cara, eu to muito doido! – nem dez passos depois ele caiu com tudo no chão e gritou um “uhul”.
 Olhei para a Lua que ainda tinha a expressão de nojo.
- Há quanto tempo essa festa começou? – perguntou.
- De acordo com o convite só tem uma hora.
- Que pessoa fraca para beber.
- E põe fraca nisso e ela não é a única.
 Uma hora de festa e metade das pessoas dali já estavam super bêbadas.
 Desviamos de todo mundo e entramos, lá dentro estava duas vezes mais cheio, tinha gente dançando, se engolindo e adivinhem? Bebendo.
- Quer dançar? – perguntei e ela deu de ombros.
 Fomos para um canto afastado, mas não menos cheio e então começou uma música lenta.
- Oras, isso não é justo! Só por que vamos dançar começa uma lenta? – ri.
- Se importa? – ela negou.
Levei minhas mãos a sua cintura e ela fechou os dedos no meu pescoço e começamos a dançar de acordo com o ritmo.
- Desculpa.
- O que?
- Desculpa pela minha pirraça ué. Não digo que arranjei confusão a toa, mas, eu te entendi e fiquei com raiva do mesmo jeito.     
- Relaxa – abracei sua cintura fazendo com que chegasse mais perto. – Não esquece que eu te amo e que eu não vou deixar nada acontecer com você.
- Eu só não vou te dar um beijo, porque o meu batom está tão vermelho que não vai sair tão cedo – ri.
- Acho que aguento algumas horinhas – ela riu. – Remarquei seu voo.
- O que? – ela me olhou parando de dançar, mas sem tirar os braços ou afastar nossos corpos.
- Lembra? “Deixar nada acontecer com você”, não posso arriscar mais depois dessa festa. Você viaja amanhã de manhã e eu volto de tarde. A gente se vê em casa.
 Ela não respondeu, apenas respirou fundo e me abraçou voltando a dançar, dessa vez pousou o queixo no meu ombro e ficou ali, em silêncio.
 Um som ecoou o meu ouvido, a voz da Lua dizendo “Eu te amo” parecia flutuar dentro da minha cabeça como se quisesse me torturar com o choque de dúvida que me correu. Foi a minha vez de parar de dançar. Faz meses que a Lua voltou e ela nunca disse isso, agora é bem provável que eu esteja ficando louco de vez, mas a voz dela dizendo tais palavras rondava a minha cabeça e ficava cada vez mais forte, mais real, como se... se ela realmente tivesse dito que me amava. Ou talvez eu desejasse tanto isso que já estava imaginando coisa.
- Que foi? – ela me olhou.
- Você disse alguma coisa?
- Eu? Não – ela disse com a testa franzida. – Você está bem Justin?
- Estou.
- Não parece...
- Estou bem – balancei a cabeça afastando o pensamento para não insistir mais no assunto, já tinha dado muita coisa o dia inteiro e ela pediu até desculpas o que sinceramente me surpreendeu, Lua não é de fazer isso, então para não piorar é melhor esquecer essa história – só estava pensando em uma coisa.
 Ela relaxou a testa e deu um sorrisinho sem mostrar os dentes, logo se aproximou para terminarmos de dançar a música, se não fossemos impedidos disso.
- Justin! – só de ouvir a voz, senti a Lua estremecer e cravar, de leve, as unhas no meu pescoço. – Quanto tempo! – ela respirou fundo e me olhou nos olhos.
 Lua estava... imprevisível, acho que essa é a palavra certa.
 Ela não saiu da minha frente até que a Louise se aproximasse mais, ela apenas tirou as mãos do meu pescoço e segurou a minha mão direita, que já não estava mais em sua cintura, e virou um pouco a cabeça, desviando a atenção de mim e prestando atenção na loira se aproximando.
- Achei que vocês não viriam! – Lua se virou e sorriu inocente. – Eu te conheço querida? – por um instante fiquei desesperado, eu jamais tinha a visto de um jeito “imprevisível” eu sempre sabia o que estava por vir, mas dessa vez eu não tinha ideia do que ela ia arrumar.
 Mas eu sempre soube que a Lua era boa com “desculpas” não em pedir desculpas, mas arranjar algo para livrar a cara, principalmente se for a dela e foi isso que me tranquilizou um pouco mais.
 Mas o que realmente me deixou aliviado, foi quando a Lua respondeu: “Suponho que não”, em francês com um sotaque que dava para enganar, e sorriu super simpática.
 E, apesar disso, eu que estava ali perto dela e que a conhecia tão bem como pensava que conhecia, sentia a raiva e agonia que passeava pelo seu corpo a toda velocidade por ter que mentir quando o que mais queria era desengasgar a verdade para cima da Louise com palavras nada bonitas.
- Ora! Você arranjou uma francesa pelo visto!
- Pois é, não é a toa que decidi passar meu aniversário na França – eu não sou lá o melhor mentiroso, mas a presença da Lua me obrigava tanto a isso e me ajudava a mentir com uma incrível veracidade e rapidez.
- Fez bem. A França é linda! Graças meu pai decidiu me tirar daquele buraco que é Stratford, sem ofensas gatinho – Lua apertou a minha mão – sei que adora aquele lugar, apesar que deve ser meio triste para você, depois que aquela ogra da Lua se mudou – tentei conter a calma, para não demonstrar que aquilo realmente não me agradou e pelo jeito a Lua também, já que apertou a minha mão ainda mais forte – uma coisa é, ela se deu bem também! Foi morar em Nova York, certo? – Assenti. – Mas enfim, pelo jeito superou a falta do seu grande amorzinho né? – se a Lua apertasse ainda mais a minha mão eu tinha a impressão que ela iria quebrar meus ossos. – Olha, fez bem, a Lua sempre foi muito “normal”, sei lá – e quando eu achava que fosse impossível ela apertar mais minha mão, ela vai lá e aperta. – Você merece uma coisa melhor – eu já tentava não me contorcer por causa da dor na mão – uma garota de altos padrões, como essa garota parece ser. Afinal, qual é o seu nome mesmo querida?
- Melhor deixar isso quieto né Louise? Quanto menos pessoas souberem melhor para manter isso no controle, não quero Deus e o mundo sabendo quem é a minha garota.
- Mas não sou Deus e o mundo gatinho, não confia em mim? – sinceramente? Não.
- Não é essa questão, como eu disse, é melhor para manter o controle, me sinto mais seguro e sei que ela também – uau! Eu aprendi a mentir rápido.
- Já que é assim então, tudo bem! – a diabinha fez um bico.
- Adorei a fantasia Louise, diabinha combina com você – ela usava um maiô vermelho, com rabinho, uma meia calça da mesma cor, chifres e uma capa também vermelha.
- Obrigada! Também acho! – ela sorriu – E você está de que? Não consegui reconhecer.
- Tentei ser um pirata, acabei saindo uma imitação meio fraca do Jack Sparrow – ela riu.
- Gostei! E amei a sua querida! Super sexy – Louise piscou para a Lua e depois gargalhou e a Lua sorriu como se tivesse adorado o comentário. – Tenho que ir! Tenho ainda outros convidados para cumprimentar, fiquem a vontade, aproveitem e não vão embora cedo! – ela disse já um pouco longe, depois mandou um beijinho soprado e se foi.
 Eu sequer sentia dor na mão, para falar verdade, eu já não sentia mais a minha mão.
- Eu já torci o tornozelo, quer quebrar minha mão agora? – disse entre dentes e ela soltou.
- Desculpa Jack Sparrow, mas meu sangue chegou a ferver, ou eu apertava sua mão ou quebrava cada ossinho daquela armação magrela de olhos azuis – ri balançando a mão, como se isso fosse fazer a dor passar mais rápido.
- Você foi surpreendente, eu realmente esperava que você fizesse isso! – ela riu.
- Se eu fizesse isso, a máscara seria desnecessária – riu de novo. Ri também. – Não sabia que mentia tão bem.
- Nem eu! – Rimos. – Acho que é a nossa convivência, você sempre foi melhor nisso do que eu.
- Suas respostas foram melhores do que eu conseguia imaginar, eu só queria quebrar aquele nariz de novo, e conforme ela falava queria quebrar mais algum outro osso – ri.
- A música acabou, mas vamos dançar, beber se não for alcoólico porque se a minha mãe souber me mata, se aqui tiver algo que não for alcoólico o que eu duvido muito, porque, não quero ficar aqui muito tempo. Ao contrário do que a Louise falou, nós vamos sim embora cedo! Tudo bem né?

- Se contar que eu já queria embora antes de chegar, tudo ótimo!

-----
Tinha esquecido de postar, desculpa e.e