terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10º capitulo: Nice to meet you. Parte 1.

- Pai! Pai! Pai!
- Para de gritar Lua!
- Eu preciso do meu carro! Me dá! A chave! Me dá!
A questão era: eu tinha acordada atrasada, meu cabelo parecia um ninho e se eu faltasse a primeira aula estaria muito ferrada.
- Para que?
- Estou atrasada pai! Por favor!
- Vai logo então.
- É quase meia hora daqui! Eu vou perder a primeira aula do mesmo jeito, pai! Por favor, só hoje, uma exceção.
- Ok, eu deixo você usar hoje e você não usa o final de semana.
- Cara, eu to pedindo o carro para ir à escola e não para uma viajem interestadual.
- É pegar ou largar.
- Largar! Não vou deixar de usar meu carro no final de semana.
- Então aproveite indo para escola a pé.
- Pai! Papaizinho, amor do meu coração, entenda: Eu. Não. Posso. Faltar. A. Primeira. Aula.
- Pega a sua mochila.
- Você vai me dar às chaves?
- Não, vou te levar.
- Mas seu caminho é do lado oposto!
- Por isso vou mais cedo. Vamos logo.
 Eu precisava chegar na primeira aula, a professora definiria tudo sobre o trabalho e eu não podia e não gostaria de faltar, não que eu seja uma aluna aplicada, longe disso, mas sei que se depender do Bieber para me explicar vou ficar sem entender até conversar com a professora. Não estou o chamando de burro, apenas de desatento. E esse trabalho é importante para mim, porque, diferente dos outros, eu queria fazer.
 Em um resumo: não discuti com meu pai.
- Pai, a mamãe foi ver o negocio lá no hospital?
- Caramba, explicou bem. “O negocio lá no hospital” – eu ri.
- Você me entendeu! Vem se fingir de sonso não – ele riu.
- Ela foi sim e se quer saber, estava bem feliz com isso.
- Ela gosta, faz bem em voltar, já deveria ter feito isso a tempo!
- E abrir mão de cuidar da filhinha? Não né.
- Ah claro pai. Ah claro – ele riu.
- Bom, chegamos – eu abri a porta e saí em disparada. – Tchau para você também ouviu? – ele gritou.
 Não respondi, apenas levei meu braço para trás e acenei sem jeito só até entrar na escola.
Os corredores já estavam vazios – com exceção de um ou outro –, mas eu tinha certeza que o sinal não havia batido há muito tempo, então corri até a sala e quase bati com tudo na porta, com o coque do meu cabelo quase desfazendo e ofegante.
 Respirei fundo e abri a porta.
- Licença professora – pedi e ela apenas assentiu.
 Entrei na sala e fui direto para o meu lugar, coloquei a mochila encima da mesa e respirei fundo descansando de vez.
- O que aconteceu? – Justin sussurrou.
- Acho que ainda to no fuso horário da França – sussurrei de volta e ele riu.
 A professora se levantou e começou a explicar como queria o trabalho e eu anotava as coisas, feliz da vida por saber que iria tirar esse trabalho de letra.
 Ela pôs no quadro números de 1 à 12 que correspondia a cada grupo e na frente os nomes dos respectivos deuses. Kyle, Justin e eu ficamos com o número 6, Atena. Até gosto da deusa da sabedoria, mas eu queria outra deusa.
- Ou melhor, quem é a dupla 8? – duas pessoas da frente levantaram a mão, eu não sabia os nomes dos dois. – Vocês vão ficar com a 6 vou deixar a 8 para eles – ela apontou para Justin e eu – acho mais justo.
- Por eu ser a única garota? – perguntei e ela assentiu.
- Algum problema?
- Não! Não! Que isso! Amei! – respondi depressa.
  O sinal bateu, a professora saiu e a partir daí não liguei mais para nada. Fiquei completamente desligada, apenas fazia um esforço – dos grandes – para não pegar sono até que o sinal bateu.
Saí para o intervalo com Justin, o pior que tínhamos muito assunto, mas nenhum deles poderia ser dito ali, no meio do corredor na escola. Imagina se alguém ouvisse eu comentando sobre a menina bêbada que fez topless na festa da Louise? Melhor não. Então começamos a arranjar outro assunto, falar mais da escola mesmo, de coisas que aconteceram no tempo que Justin viajava. E assim seguíamos rindo pelo corredor, calmamente, até o auditório.
- Por que você preferiu o numero 8?
- É de Ártemis, e ela é minha deusa favorita, é uma pena que eu não possa ser mais regida por ela.
- Por que não?
- Vou deixar você descobrir sozinho, afinal, tem que fazer alguma coisa no trabalho – me sentei à mesa com todo mundo, a mesma de sempre, com as mesmas pessoas de sempre, Chris, Luka, Hayley e Karol.
- Que trabalho? O de história? – Halle perguntou.
- Esse mesmo – respondi.
- Ih, olha quem vem lá – Justin tinha acabado de sentar ao meu lado quando Luka falou com uma cara nada agradável e nós olhamos na direção que ele acenou com a cabeça.
- Ah não! – Justin resmungou.
A garotinha irritante da Amanda vinha no fundo, com um sorrisinho de orelha a orelha, pronta para soltar uma daquelas perolas para cima do Bieber, eu não ia aguentar aquela garota, ou ia ser ignorante, ou ia cair na gargalhada, então resolvi sumir de perto.
- Halle, vamos comprar refrigerante!? – ela assentiu e nos levantamos. – Quer Justin?
- Uhum. Coca-cola – ele sequer me olhava, prestava atenção na garota para ver se os passos diminuía, ou ela desistia, desesperado para que ela não chegasse perto.
- Sempre – respondi.
- Banheiro – Luka se levantou fugindo.
- E eu vou para qualquer lugar longe dessa conversa – Karol também fugiu.
- E eu... – Chris começou.
- Você vai ficar! – Justin praticamente se jogou por cima da mesa para segurar o Chris, forçando para que ele não se levantasse.
 Eu ri daquilo. Quando a mesa sumiu de vista – ou eu sumi de vista da mesa – a garota já tinha chegado até lá.
- Como Justin aguenta? Essas beliebers me parecem ser tão sem cérebro – acabei rindo.
- Nem todas, acredite. Justin ama as fãs, ama mesmo. Ele é louco por elas, vira e mexe tem alguma criticando algo que ele fez e ele realmente se sente magoado por isso, mas finge não ver, finge ser forte.
- E você ta lá para ajudar né! – ela riu e me cutucou com o cotovelo.
Sorri.
- Fazer o que? Chris me contou que Justin o disse uma vez que nós somos o “porto seguro” dele entende? Os amigos mais próximos...
- Amigos, sei... – ela me interrompeu. Ri.
- Você me entendeu Halle! Eu já perdi a conta de quantas vezes já disse que as garotas que dizem “não vou ser mais sua fã” ou “não vou ser mais belieber” é porque nunca foram. Ele se sente mal.
- E você fica com peninha, own – ela não parava de zoar em uma só!
- Pior que fico! Dá dó de ver Justin mal, ele é sempre tão animado, agitado. E o pior, entre Chris e eu, a mais próxima da realidade aqui sou eu né? A que sempre teve mais contatos com as fãs e essas coisas. Só esse ano que não.
 Já era nossa vez de comprar os refrigerantes, tinha só umas três ou quatro pessoas perto de nós, mas demorou um pouquinho para uma delas se decidir. Então entreguei o dinheiro, pedi um de uva e duas coca-colas, Halle pediu um de laranja e nos afastamos do balcão.
- Será que voltamos? – ela perguntou.
- Acho melhor não, aquela coisinha pode estar lá ainda. Vamos ficar por aqui – sei que o refrigerante do Chris e Justin poderia ficar quente, mas eu não queria encontrar com aquela menininha.
Sei que Chris não pediu refri, mas ainda sou uma boa amiga.
- Mas o que Justin faz? – olhei para a Halle confusa. – Para as fãs se revoltarem contra ele oras.
- Ele é humano, erra, só que as pessoas não veem isso, querem que ele seja perfeito, então ele comete uma burrice, e leva uns mil unfollows no twitter.
 E ela ficou em silêncio, tomando refrigerante pelo canudinho sem pausa, estava diferente, com um brilho a menos, me senti obrigada a parar o meu refrigerante e perguntar o que estava acontecendo.
- É o Luka – lutei para não revirar os olhos. Essa história, de novo?
- O que foi dessa vez?
- A gente brigou.
- De novo?
- É! De novo! Que saco Lua! – ela colocou o refrigerante junto com as outras duas latinhas. – Eu odeio isso, essas brigas, essas coisas toda, mas cara, eu sinto que gosto dele ainda. Luka me irrita! Me deixa nos nervos, vem com esse machismo e ciúmes doentio, detalhe: eu não posso me aproximar de nenhum garoto! Mas ele pode de quantas meninas quiser e eu sequer posso reclamar! Ele ta um saco! De longe o garoto que conheci há tanto tempo – ela diminuiu o tom –, mas ainda gosto dele, muito, não quero o perder.
- Sabe Justin tem seus defeitos, defeitos que me irritam, mais do que simplesmente “demais”, os defeitos dele me irritam, mas as qualidades acabam superando, sempre. Eu não me sinto infeliz quando vejo as besteiras que ele faz, eu me irrito e acabo discutindo com ele. Justin é muito infantil! Muito mesmo! E é essa a coisa que mais me deixa nos nervos, onde já se viu socar um bolo que uma equipe toda ia comer? Tentar trocar um McDonalds por um Bugger King, ou vice e versa, nem lembro mais. Mas no final da tudo certo entre a gente, eu aturo esse tempo todo. Eu gosto dele ainda, apesar dos defeitos.
- Traduz senhorita filosofa? – ri.
- A partir do momento em que os defeitos um do outro passam a ficar insuportáveis, não vale mais a pena. Luka ta te fazendo sofrer Hayley.  Eu era a prova de quanto ele gostava de você, agora? Não é mais aquilo de antes que eu vejo nos olhos do Luka. Desiste Hayley, para de sofrer, ele é meu amigo, mas você também é. Vai doer por um tempo, mas você tem sorte.
- Sorte? Você chama isso de sorte?
- Vai por mim Halle, você tem muita sorte, se terminar com o Luka, o tanto que você sofrer depois de um tempo passa, você vai encontrar outro alguém que te fará esquecer a dor.
- Isso é o que sempre acontece. Não? – terminei meu refrigerante e joguei na lata do lixo e então peguei as duas cocas.
- Não.
Me afastei dela, a deixando para trás, ela iria precisar pensar, eu sabia disso. Então voltei para mesa e joguei os dois refrigerantes para os dois sentados à mesa.
- Por você ter me pagado um Chris, estava te devendo.
- Valeu!
- Obrigado. – Justin agradeceu.
- Nada oras. Cadê Karol e Luka?
- Não sei, sumiram – Justin me respondeu.
- E cadê Hayley? – Chris perguntou.
- Ficou para trás, ela precisava pensar em algumas coisas – e então me sentei.
- Por que demoraram tanto? – Justin.
- Não queria correr o risco de encontrar a Amanda por aqui.
- Mas ela não demorou muito para sair.
- Sério? – perguntei realmente surpresa, afinal Amanda era a pessoa mais insistente que eu já conheci na vida.
- Justin a despachou rapidinho – Chris riu. – Nunca vi ele fazer isso tão rápido!
- Nem eu. Como conseguiu?
- Sério, não sei, mas quando notei ela estava saindo daqui feliz da vida – Chris gargalhou mais uma vez quando Justin respondeu.
 Tinha algo estranho, Justin brincava com o canudo e tomava alguns goles de refrigerante sem dizer palavras com alguma emoção, eu não via motivo para isso.
- Justin?...
- Sabrina a mandou aqui, só não sei para que ou porque – ele soltou de vez. – Amanda disse isso, ela não se importou em sair daqui depois que todos se afastaram.
- Sabrina já fez algo parecido comigo também – Chris disse já não tão vermelho de rir. – Lembra quando me atrasei para ir embora contigo? – assenti. – Uma menina da minha sala me segurou, depois ela chegou e começou a falar um monte de coisa, de inicio pensei que fosse com a Lorena, mas quando tomei conta que era comigo, fui embora o mais rápido que pude, para ver se te alcançava – eu teria rido se não tivesse ficado furiosa.  
Não controlei, quando Justin desviou a atenção do refrigerante e o olhou para mim, eu já procurava a Shepers pelo refeitório. Assim que encontrei aqueles olhos azuis passeando junto com o resto do corpo rumo ao lado de fora, meu sangue subiu a cabeça.
- Lua? – Justin perguntou.
- Eu já volto – me levantei de pressa e saí do refeitório, a seguindo até o banheiro das meninas.
- Ora, uma típica briga de garotas dentro do banheiro feminino?
- Eu não gosto muito dessa palavra, “típica”, quer dizer que algo é comum e “comum” não é muito uma coisa que eu goste de ser.
- Então o que veio fazer aqui? – ela guardou o lápis que estava retocando e olhou para mim.
- Apenas te dar um aviso.
- Para mim ainda é típico – ela passou a retocar o batom.
- Não, não é nada demais. Só quero que fique longe dos meus amigos ok? Sabrina... você não tem ideia de com quem está mexendo.
- Eu sei mais sobre você do que imagina Lua – ela guardou o batom.
- Sabe o que falaram de mim enquanto eu não estava presente Shepers. Você não tem ideia o quanto 12 meses podem mudar alguém, sem contar que Nova York não é um santuário.
- Quer dizer que virou menina má Houston? – ela sorria sarcástica.
- As coisas funcionam assim Sabrina: faça o que quiser, mas não se meta com os meus amigos entendeu? Ou eu acabo com a sua vida – me virei para sair do banheiro.
- Isso é uma ameaça?
- Entenda como quiser.
- Entendi que eu não posso brincar com os seus amigos, mas então posso com o Justin, afinal, ele não é exatamente seu amigo, não é? – parei na hora e senti uma onde de desespero me invadir. O que ela ouviu? Do que ela sabe? Minha vontade de repente era virar e implorar que seja lá o que fosse não contasse para ninguém, mas eu não era assim e nem podia fazer isso, nem por mim, sequer pelo Justin.
 Me virei para ela de novo e me aproximei alguns passos. Ela continuava com aquele sorrisinho e os com os braços cruzados, se achando a vitoriosa nessa história que mal começou.
- Não vai nessa, Justin é meu amigo sim e se eu fosse você não me precipitava ou achava o contrário. Não tente apagar fogo com gasolina [n/a:eu realmente AMO essa frase! Valeu David Bowie!] ou não vai querer sequer ter me conhecido – me virei de novo e não importa o que ela dissesse eu sairia dali.
- Como é que dizem? Cão que ladra não morde né!?

- Mas a cadela aqui arranca pedaço.

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