terça-feira, 21 de abril de 2015

23º Capitulo: Over and Over Again - Parte 1

Pov's Houston

 Levantei da cama praticamente me arrastando, não tinha vontade de fazer sequer isso hoje, mas se eu não quisesse parar no hospital de novo, dessa vez por causa de uma convulsão que poderia ser efeito do acidente, era melhor eu tomar meus remédios que, eu juro, estar tentando fazer isso na hora certa – mas é muito difícil!
 To me sentindo uma louca com esses remédios! Como se não bastassem os antigos – que há muito tempo eu parara de tomar – agora tem os novos, e então meus pais me obrigam a tomar todos e eu não aguento mais! Juro que já fui normal uma vez na vida, mas com esses potes laranjas no meu banheiro, quem diria que eu realmente fui? Ta que, os que eu tenho que tomar por causa do acidente são completamente normais pra evitar algum problema, e por causa das dores que ainda sinto, mas o grande problema é que não são só esses. Oras! Já fiz visitas ao setor de psiquiatria quando estava em Nova York.
 Tomei as pílulas e conferi a minha aparência de defunto no espelho. Não sei o que estava me fazendo pior: ficar no hospital com aquele cheiro horrível de... bem, de hospital, ou, ficar em casa olhando para o teto no tédio dos infernos. Por isso, pensei em ligar pro Chris, ele tem sido uma ótima companhia, disse até que passaria a noite aqui no final de semana já que não precisaria ir à escola no outro dia, e, já que, também não vou para a escola até que esses hematomas me deixem com uma cara menos doentia.
 Maldito acidente! Só serviu para ferrar ainda mais a minha vida. Exceto por uma coisa.
 Logo cedo do dia seguinte que eu acordei, Justin apareceu no hospital e dessa vez nem liguei – também não tinha por que. Foi muito bom ele ter aparecido, ficou comigo o dia inteiro e a gente conversava como se não tivesse acontecendo nada no mundo lá fora e quase como se eu não tivesse quase morrido também, porém, sobre essa parte, eu podia observar o desespero misturado com alívio em seus olhos por me ver bem apesar de tudo. Um dos dias que eu estava internada, ele pode passar a noite lá comigo e a gente mal dormiu, sei lá, o clima estava tão leve entre a gente que podia parecer estranho. Mas, como estamos falando de Justin e eu, e nada entre a gente é normal, tranquilo e leve por muito tempo, no dia seguinte do que ele passou a noite no hospital, bem no final da tarde, ele tinha outro show pra ir, e nesse mesmo dia recebi previsão de alta.
 Quando ele voltou eu estava me preparando para ir para casa, me pegou prestes a sair do quarto, e nessa hora eu estava totalmente estranha porque simplesmente tinha me lembrado de tudo o que aconteceu antes de pararmos ali e, não que eu me importe tanto já que seria egoísmo meu querer que ele parasse todos os shows e as divulgações do CD por minha causa, mas, isso não muda o fato que o Chris ficou bem mais comigo no hospital do que ele. Ok, ele ficou uma noite, mas o Chris ficou todas as outras.
 Bem, num resumo, a gente ta todo estranho de novo.
 Voltei para o quarto e liguei para o Chris, ele viria assim que saísse da escola. Enquanto isso, liguei para Harper, não tenho falado com ela há um bom tempo, mal tinha explicado sobre o acidente.
- Oh my gosh! Você está viva!
- Surpreendente, não?
- Pela falta de notícia, sim! Surpreendente.
- Ok, Har, me desculpa! Mas bem, eu passei alguns dias internadas, era difícil dar alguma notícia.
- Só te perdoo, porque você quase morreu – até que eu ri disso. – Mas e como você ta agora? E o Justin? Ele ta aí?
- Justin ta viajando, ele veio me visitar algumas vezes, mas ta lotado de coisas, não pode ficar muito.
- Eu vi o que ele fez no show.
- A That Should Be Me? Aquilo foi incrível e estranho.
- Estranho? O que tem de estranho? Ele ta sofrendo por você, Lua, deixa de ser...
- Não, Har! Não to falando por ele ter cantando, não surta! Foi incrível ele ter feito isso por mim, a parte estranha foi que eu acordei justamente nessa hora.
- Que? Calma! Explica isso! Como assim?
- Eu meio que acordei com essa música na cabeça, não sei explicar, só sei que quando acordei, Chris ligou para o Justin assim que conseguiu controlar a felicidade, Ryan atendeu e disse que ele estava terminando uma música e que não sabia se ia conseguir tirar ele do palco, só que Chris insistiu e disse que era importante, disse que eu tinha acordado. Nisso, Ryan ficou meio perdido, mas não por muito tempo porque logo Justin entrou no backstage chorando feito criança.
- Eu vi ele chorando no palco! Aí Lua, aquilo acabou comigo! Meu coração ficou em mil pedaços.
- Imagine o meu? Vi o vídeo depois, quase chorei junto.
- Juro que se eu não soubesse o quanto você gosta do Justin, eu iria ter certeza que seu acidente fritou seus neurônios, porque só assim para você ter dito “quase chorei junto” – é realmente difícil não rir da Harper, de verdade.
- Não sou uma pessoa tão insensível assim! Mas, hum... Harper...
- Hum? O que foi?
- Ver o vídeo do Justin cantando foi meio familiar, como um déjà vu. Era como se eu sentisse aquilo, sabe?
- E você disse isso pra ele?
- Nem pensei em dizer, tava preocupada com outras coisas.
- Você é doida? O que pode ser mais importante do que dizer coisas importantes para o Justin? – eu já comentei que às vezes ela fala que nem o Chris? Sabe, confuso e sem as pausas das virgulas.
- O fato de eu estar viva, quem sabe?
- Ok! Te perdoo mais uma vez, mas você tem que parar de fazer essas coisas.
- Que coisas? Eu só não disse...
- Já ta errada! Já ta toda errada! Era para dizer! Era para dizer tudo!
- Ta bom! – tive que gritar no telefone pra ver se ela ficasse quieta.
- Não grita comigo, vadia! Eu to falando sério.
- Harper... – e então ela começou a falar sem parar por um segundo, nem mesmo para respirar – Harper... – sequer me deixava falar, continuava batendo na mesma tecla que eu deveria dizer tudo ao Justin, sendo que, na verdade, eu digo! Pelo menos o que julgo ser importante, mesmo que eu demore – Harper!
- Que foi!? – ela gritou também.
- Ele vai embora.
- Mas o que?
- Ele vai embora, vai se mudar pra Atlanta daqui a poucas semanas.
- E você?
- O que tem eu?
- O que vai fazer?
- Como assim? O que eu posso fazer?
- Como assim o que pode fazer? Vai com ele! Já disse que vai com ele?
- Como eu vou com ele, Collins? Preciso, pelo menos, terminar a escola, não acha?
- Ele também, não?
- Vão adiantar as provas para ele e coisa e tal.
- Ta bom, a situação não está nada bem, ele não vai estar aí para o baile.
- Baile? Harper Collins, ele vai embora para outro estado, outro país e você está preocupada com o baile de formatura?
- Aposto que nem tava lembrando disso.
- Claro que não!
- É a sua cara não lembrar do baile.
- Para que eu vou querer lembrar do baile?
- Oh my gosh! Como você pode ser tão rabugenta?
 Ouvi a porta da minha casa bater, e logo em seguida a voz do Chris me gritando.
- Lua! Ta no quarto? To subindo! Espero que esteja vestida.
- Harper eu tenho que desligar, Chris está vindo.
- Vai me trocar assim, é?
- Pelo menos Chris não fica me aporrinhando com histórias do baile.
- Houston, eu juro que às vezes eu não sei como sou sua amiga.
- Collins, eu sei como você é minha amiga, você me ama, querida.
- Vai para o inferno.
- Tudo bem, a gente se vê lá! – ela gargalhou alto e escandalosamente, como sempre.
- Mas Lua, falando sério. Você foi embora uma vez e agora é a vez do Justin, pelo menos, não deixa as coisas ficarem mal, ok? Eu sei bem o estado que te encontrei, não quero que se repita, para nenhum dos dois.
- Tudo bem, agora vaza, Chris ta na minha porta.
- Nossa!
 Encarei o Chris, que estava parado na entrada do quarto.
- Você acreditaria se eu dissesse que ela simplesmente desligou? – ele riu.
- Era a Harper, né? – assenti. – Eu preciso conhecer essa garota, algo me diz que a gente se daria muito bem.
- Credo! – ele fez uma cara de ofendido e a gente riu. – Mas, aproveitando o assunto garotas, Christian Jacob Beadles, me diz uma coisa.
- Vish, você disse meu nome inteiro! Vou acabar me arrependendo por perguntar, mas, que coisa?
- Makena Fox, manda as novidades – ele ficou vermelho de imediato.
- A gente tem ficado, confesso! Ai cara, eu gosto muito daquela garota.
- Eu sabia! – tentei pular pra cima do Chris como tenho o hábito de fazer, porém, o movimento brusco me fez contorcer de dor. – Eu te apertaria se... ai... é, você sabe.
- Dores?
- Uma aqui, outra ali. Pois bem, já estive pior.
- Ah, claro, quantas vezes você tentou se matar mesmo? – foi minha vez de fazer uma cara de ofendida.

- Sabe que não foi minha culpa.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

22º Capitulo: Crash - Part Final

 Viajei, me preparei pra show e eu não estava sentido nada disso, estava em total estado automático. Mesmo com a minha cabeça zunindo e cada pedaço do meu corpo dolorido, dancei, cantei e interagi com o público o mais normal que consegui.
 Com o CD prestes a lançar, eu estava fazendo prévias de músicas ou coisas do tipo, para promover. Meu primeiro single seria “Baby”, então já estava na boca de todo mundo, só que, dessa vez, ao invés de cantar essa ou prévia de qualquer outra música do novo álbum, resolvi fazer algo diferente.
 Pedi um tempo durante o show, os músicos pararam de tocar e eu parei à frente do palco, e esperei até que todo mundo parasse de gritar.
- Hoje eu queria fazer uma coisa diferente – pude ouvir alguns gritos. – Aconteceu uma coisa muito ruim com uma pessoa que eu me importo muito, e... essa noite eu queria muito estar perto dela, mas ela me mataria se soubesse que decepcionei as minhas fãs por sua causa. Então... eu pensei em um jeito de estar perto dela, sem realmente estar, e eu... eu gostaria que... – não estava mais aguentando, já conseguia perceber a minha voz tremula – que todos vocês me ajudassem e mandassem boas intenções enquanto cantam comigo.
 Sinalizei para os músicos e eles começaram a tocar. Já estava tudo combinado antes mesmo do show rolar.

Everybody is laughing in my mind
Rumors spreading about this other guy

Do you do what you did when you did with me?
Does he love you the way I can?
Did you forget all the plans that you made with me?
Cause baby, I didn't

That should be me, holding your hand
That should be me, making you laugh
That should be me, this is so sad
That should be me, that should be me

That should be me, feeling your kiss
That should be me, buying you gifts
This is so wrong, I can't go on
Till you believe, that should be me
That should be me

 That Should Be Me não seria nem single, na verdade, mal pretendia cantar ela em shows, quanto mais antes de hora. Sei que é uma música que mostra uma parte quebrada da nossa vida, onde Lua e eu nos magoamos muito um com outro, mas, entre todas, é a mais especial para nós. Eu não teria uma canção melhor pra dedicar a ela nesse momento.

You said you needed a little time for my mistakes
It's funny how you used that time
To have me replaced

Did you think that I wouldn't see you out at the movies?
What you doing to me
You taking him where we use to go
Now if you're trying to break my heart
It's working, cause you know

Repeti o refrão tentando controlar o desespero que cresciam dentro de mim.

I need to know should I fight for love or disarm
It's getting harder to shield this pain in my heart, oh

Meu coração estava em pedaços, não resisti em não chorar. As lágrimas escorriam no meu rosto, algumas tocaram na minha boca e eu pude sentir o gosto amargo da dor de ver minha garota desmaiada em um hospital. Eu não ia desistir dela nem por um segundo da minha vida, e o que estava acontecendo doía mais forte do que caminhar sobre fogo em brasa quente.
 O último refrão eu não consegui cantar mais direito, o coral terminou a música por mim enquanto eu continuei parado à frente do palco, tentando a todo custo me recuperar, mas não deu. Tentei passar o dedo mindinho no canto do olho para segurar algumas lágrimas, mas, percebi que elas iam continuar saindo então tentei dizer algo no microfone, pedir desculpas ou qualquer coisa, mas nem isso deu. Então, me virei e fui para o backstage ainda respirando com muita dificuldade.
- Justin...
- Agora não, Ryan.
- Mas é o Chris – o olhei surpreso e ele me estendeu o telefone. Fiquei procurando algum sinal do que poderia ser a notícia nos olhos dele, mas não tinha nada.
- Justin? Está me ouvindo? Justin?
- Chris! Que foi? Estou aqui!

- Ela acordou, Justin! Ela acordou!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

22º Capitulo: Crash - Part 5

Pov's Bieber

- Eu preciso ir! – eu gritava igual a um louco.
- Espera até amanhã, JB. Você acabou de sair de um...
- Eu não quero saber! Eu não quero saber! Arranje uma passagem agora! Eu preciso ir até lá.
- JB, me escuta...
- Me escuta você Scooter, me escuta muito bem – olhei nos olhos dele, os meus transbordavam de raiva e desespero. Qual a droga do problema dele arranjar uma droga de passagem para agora? – Eu quero uma passagem para hoje, e eu vou pra Stratford hoje, nem que eu tenha que ir a pé desse maldito país até lá! – gritei a última parte.
- Justin... – Scooter tentou falar, mas a Mama Jam o interrompeu.
- Scooter, não. Faz o que o menino pediu. – dois segundos depois, ouvi a porta bater. – Como ela está?
- Minha mãe não sabe... ela não sabe de muita coisa, disse que a mãe dela foi avisar – eu mexia no celular nervoso, tentando ligar pra alguém, seja para minha mãe ou para o Chris, que já deveria estar com ela. Eu queria chorar, meus olhos ardiam, minhas mãos tremiam, mas estava desesperado e assustado demais para chorar. – Atende... atende... atende.... – xinguei tudo o que tinha para xingar quando a ligação caiu. – Atende... inferno! Atende! – caiu mais uma vez e lá se foram palavrões.
 Segundos depois, eu estava prestes a lançar o telefone na parede quando ele tocou.
- Mãe! O que houve? Como ela ta? Mãe! Por favor! Ela ta bem? Mãe, fala alguma coisa, por favor! Mãe! – assumi uma voz de choro.
- Ela está internada... com... alguns aparelhos...
- Chris ta aí, mãe? Mãe? Cadê o Chris? Ele ta com ela?
- Ele ta aqui sim, mas acho que não vai conseguir falar com ele – por mais que a voz da minha mãe era tênue, não consegui ficar calmo por um segundo.
- Só quero saber se ele ta com ela, ele aí quando não estou, eu me sinto um pouco melhor, ele cuida dela para mim.
- Está todo mundo aqui, filho. Os amigos dela da escola, Anna e Phil, Chris e eu. Até a Caitlin apareceu. Vamos cuidar bem dela.
- E teve alguma notícia? Os médicos já foram falar com vocês? Eu vou para aí logo, mãe!
- Os médicos disseram que é possível que ela acorde logo, ou...
- Ou o que, mãe? Por tudo o que é mais sagrado! Ou o que? Ela vai acordar, não vai? Mãe, por favor...
- Ela pode ficar desacordada por um tempo, filho.
- Não, ela não vai... – Scooter entrou no camarim e fez um sinal para sairmos. – Mãe, eu preciso ir, chego aí logo, ok? Daqui a pouco eu apareço aí, se ela acordar antes diz que eu to a caminho!
- Sim, filho – ela pareceu hesitar – Digo sim.
 Desliguei sem me despedir, saí sem dizer nada pra ninguém, sendo guiado para fora dali. O voo saia dali à uma hora e meia, Scooter era o único que ia comigo. Chegamos ao aeroporto a tempo do check-in e entramos esperando mais meia hora até começar a voar. O tempo todo fiquei olhando para o celular esperando algum aviso, mas mandaram desligar os aparelhos e, não tinha chegado nada.
 O avião decolou e foi quando me acalmei, eu já estava indo e agora o que restava era esperar, então fui relaxando aos poucos e foi quando percebi que estava extremamente cansado e tenso, percebi também que lágrimas quentes começaram a escorrer pelo meu rosto sem nenhum esforço de tanto tempo acumuladas. Minha cabeça começou a pesar para o lado, e eu dormi sem demora.
 Quando chegamos a Stratford, fui obrigado a ir pra casa tomar banho e trocar de roupa, o que, confesso que bem lá no fundo me deixou agradecido, já que eu tinha saído do show e ido direto para o avião. Mas não consegui deixar de estar preocupado, o que causou, na maior parte de mim, ansiedade e frustração por ter que parar em casa antes.
 Entrei no hospital quase no limite do desespero, tive vontade de sair correndo e perguntar para todo mundo qual era o quarto, onde ela estava e qualquer outro tipo de informação que podesse ser útil, mas, minha mãe me guiou, me segurando bem firme pelo ombro para evitar que eu bancasse o doido. Me parou em frente à uma porta, apertou onde sua mão estava e abriu.
 Eu nunca me senti tão desesperado, triste e destroçado em toda a minha vida! Comecei a chorar porque eu não sabia mais o que fazer, olhei para o Chris sentado no canto do quarto e ele olhou pra mim com cara de quem não tinha mais como demonstrar que estava sofrendo. Ele não sorria, logo Christian Beadles não esboçava um mísero sorriso e eu entendia porque, não tinha como dar algum sorriso ou coisa parecida vendo a Lua no estado que estava.
 O canto esquerdo da boca estava cortado, o alto da testa também tinha um corte com curativos, tinha hematomas espalhados pelo rosto e pelos braços – que eram as partes que eu conseguia ver no momento –, principalmente no canto direito, os roxos ali eram mais visíveis. Seu peito subia e descia no mesmo ritmo tranquilo quase acompanhando os bipe do aparelho ao meu lado.
- O que... o que aconteceu, afinal?
- Kyle e ela foram andar de moto, como eles costumam fazer – Chris começou a contar num tom de voz seco e metálico. – Já estavam quase voltando, quando um carro atravessou o sinal vermelho e atingiu ela em cheio. Ela voou e bateu a cabeça muito forte no asfalto, mas, por sorte ela estava equipada, então... – ele não conseguiu continuar. – Justin, a culpa não foi dela – tratou de me avisar, como se previsse o que eu pensaria. – Ela estava certa, esperou o sinal, não estava correndo.
- Eu... – limpei a garganta, minha voz praticamente não saia – Eu não ia pensar nisso, mas... mas que irônico, não acha? – o olhei. – Ela passou o ano inteiro correndo, se meteu até em racha, para agora, acontecer isso a ela – voltei meus olhos para o rosto inchado da Lua – quando justamente não estava fazendo nada.
 Encostei meus dedos no rosto dela, sua pele estava gelada, o que era estranho porque, exceto suas mãos e seus pés, o resto do corpo sempre era em uma temperatura agradável.
- Vou ficar com ela essa noite – disse.
- Justin... você não pode, meu filho. Sabe que...
- Eu não ligo, não vou sair daqui.
- Justin, você tem...
- Eu não me importo, mãe! Liga pro Scooter e cancela tudo, não saio daqui!
 Eu não conseguia tirar os olhos da Lua, não conseguia parar de pensar o quanto ela estava pálida e machucada. Lembrei de quando ela foi internada em Nova York, quando ela foi parar no hospital e eu sequer pude entrar no quarto, agora, eu tinha chance de ficar com ela e não ia perder essa oportunidade!
- Eu preciso estar aqui quando ela acordar, eu preciso estar aqui a todo momento! Mãe! Você não entende!? – e lá estava eu chorando de novo. – Preciso ficar aqui! E se ela precisar de mim? Eu não posso deixar isso acontecer de novo! Não posso, mãe! Por favor! Eu não posso! – minha mãe me olhou com piedade.
- Justin, pode ir, eu vou ficar cuidando dela pra você – olhei para o Chris. – Cara, você sabe que ela ia ficar furiosa se você cancelasse alguma coisa por causa dela – ele estava certo, mas eu não queria ceder.
- Filho, fica aqui até a hora de ir, tudo bem? Vou pra casa arrumar suas coisas, peço para o Scooter providenciar o voo mais tarde possível, ok? – assenti.

 Na maior parte do tempo que fiquei lá o único som era os dos aparelhos, Chris e eu trocamos poucas palavras, como se nada no mundo fora dali interessasse, e realmente, não importava. Quando minha mãe voltou, parecia apenas terem passados minutos e não horas, eu precisava ir agora, mas era como se meu corpo estivesse indo pegar o avião, mas minha alma e toda a minha inconsciência estivesse naquele quarto de hospital com a Lua.

domingo, 5 de abril de 2015

22º Capitulo: Crash - Part 4

(...)
 Sim, ele vai se mudar e é fato. Já aceitei isso, mas isso não quer dizer que estou bem com essa história.
 Não falei direito com ele desde que me deu a notícia, aquele dia, meu pai fez vigia na minha cama com medo de que eu retrocedesse ou algo assim, já que apaguei assim que entrei em casa. Me perguntou um trilhão de vezes se eu estava tomando meus remédios direito – o que vindo de mim, é claro que eu não estava, nunca lembro de tomar os remédios na hora certa, mas nesse caso não foi por causa disso, o médico mesmo disse que não corre riscos de eu surtar de novo, só que, com o meu histórico hospitalar do ano passado, meus pais enlouquecem com qualquer coisinha “fora do padrão”.
 Justin e eu tentamos nos falar algumas vezes, não contei a ele sobre o incidente porque achei melhor não dizer nada, então, nas poucas vezes que ele me ligou o máximo que rolou foi alguns gemidos tipo “uhum”, “ahm”, “er”. Realmente não tínhamos nada pra dizer um para o outro, estava tudo super estranho.
Kyle e eu resolvemos dar umas das nossas típicas saídas de quando Justin viaja. Pegamos as motos e demos uma volta até o parque, onde paramos e compramos cachorro quente.
- Você está estranha.
- Você não é o primeiro que me diz isso na vida.
- Sei que sou seu amigo mais recente, mas já sei quando você está estranha porque aconteceu alguma coisa, e não porque você é estranha – o olhei com a testa franzida. – Já me disseram que sou perceptivo – me respondeu sem desviar os olhos azuis de mim, definitivamente decidido a ter uma resposta rápida.
Abaixei a cabeça e respirei fundo.
- Justin vai se mudar, antes mesmo das provas finais.
- Isso explica, na verdade, acho que você está até bem pra notícia.
- Bem não estou nem um pouco, mas não posso fazer nada quanto a isso. Ele vai e eu tenho que ficar, bem, até o verão, pelo menos.
- Tem isso também, vocês nunca pararam pra pensar a questão da faculdade?
- Sim, uma vez, mas deu tanta briga que só me voltou ao pensamento agora. – Silêncio. – Eu sei que a gente teria que se separar alguma hora, mas não imaginava que isso seria agora, sabe, para ontem. Pensei que teríamos tempo pra dar um jeito... Os resultados nem chegaram ainda! Nem sei pra onde vou e se vou, mas agora o que importa? Ele vai embora de qualquer jeito e nem tempo temos.
 E mais silêncio. Eu estava me sentindo estranha, Kyle não tinha muito que dizer, na verdade, ninguém tinha. Pensem bem: Justin e eu passamos quase o ano inteiro nos escondendo, brigando, se pegando e se escondendo mais uma vez, até que uma vez resolvemos nos pegar com todo mundo sabendo que nos pegamos – vulgo, namorar “oficialmente” – e então, ele tem que se mudar para Atlanta logo e RIP namoro porque não faço ideia como a gente faria pra se ver. Talvez nas férias de verão, uns dias quando ele não tiver em nenhuma turnê pela Europa e a gente possa se esbarrar por Stratford, talvez. Muitos “talvez”.
- Enfim, eu quero é mais esfriar a cabeça e parar de pensar nisso por alguns instantes, então... vamos!? – ele assentiu.
 Subimos nas motos dando partida, não íamos correr nos limites da cidade, ou coisa assim, fomos só dar um passeio mesmo – inclusive porque depois do probleminha do racha estou tentando controlar essa coisa de “adrenalina” – e isso já ajuda bastante. Eu sinto o vento batendo em mim, e o barulho do motor, e as coisas passando rápido ao redor de mim... tudo isso me faz sentir bem melhor.
 Paramos em um sinal, olhei pra Kyle que olhou pra mim de volta e piscou – aposto que estava tentando sorrir –, apertei os olhos como às vezes eu fazia na tentativa de uma resposta simpática e ele olhou pra frente.

 O sinal abriu. Dei a partida. Senti um baque. Um barulho estrondoso. Escuridão. Silêncio.