Pov's Bieber
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Eu preciso ir! – eu gritava igual a um louco.
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Espera até amanhã, JB. Você acabou de sair de um...
-
Eu não quero saber! Eu não quero saber! Arranje uma passagem agora! Eu preciso
ir até lá.
-
JB, me escuta...
-
Me escuta você Scooter, me escuta muito bem – olhei nos olhos dele, os meus
transbordavam de raiva e desespero. Qual a droga do problema dele arranjar uma
droga de passagem para agora? – Eu quero uma passagem para hoje, e eu vou pra Stratford hoje,
nem que eu tenha que ir a pé desse maldito país até lá! – gritei a última
parte.
-
Justin... – Scooter tentou falar, mas a Mama Jam o interrompeu.
-
Scooter, não. Faz o que o menino pediu. – dois segundos depois, ouvi a porta
bater. – Como ela está?
-
Minha mãe não sabe... ela não sabe de muita coisa, disse que a mãe dela foi
avisar – eu mexia no celular nervoso, tentando ligar pra alguém, seja para minha
mãe ou para o Chris, que já deveria estar com ela. Eu queria chorar, meus olhos
ardiam, minhas mãos tremiam, mas estava desesperado e assustado demais para
chorar. – Atende... atende... atende.... – xinguei tudo o que tinha para xingar
quando a ligação caiu. – Atende... inferno! Atende! – caiu mais uma vez e lá se
foram palavrões.
Segundos depois, eu estava prestes a lançar o
telefone na parede quando ele tocou.
-
Mãe! O que houve? Como ela ta? Mãe! Por
favor! Ela ta bem? Mãe, fala alguma coisa, por favor! Mãe! – assumi uma voz
de choro.
- Ela está internada... com... alguns
aparelhos...
- Chris ta aí, mãe? Mãe? Cadê o Chris?
Ele ta com ela?
- Ele ta aqui sim, mas acho que não
vai conseguir falar com ele –
por mais que a voz da minha mãe era tênue, não consegui ficar calmo por um
segundo.
- Só quero saber se ele ta com ela,
ele aí quando não estou, eu me sinto um pouco melhor, ele cuida dela para mim.
- Está todo mundo aqui, filho. Os
amigos dela da escola, Anna e Phil, Chris e eu. Até a Caitlin apareceu. Vamos
cuidar bem dela.
- E teve alguma notícia? Os médicos já
foram falar com vocês? Eu vou para aí logo, mãe!
- Os médicos disseram que é possível
que ela acorde logo, ou...
- Ou o que, mãe? Por tudo o que é mais
sagrado! Ou o que? Ela vai acordar, não vai? Mãe, por favor...
- Ela pode ficar desacordada por um
tempo, filho.
- Não, ela não vai... – Scooter entrou no camarim e fez um
sinal para sairmos. – Mãe, eu preciso ir,
chego aí logo, ok? Daqui a pouco eu apareço aí, se ela acordar antes diz que eu
to a caminho!
- Sim, filho – ela pareceu hesitar – Digo sim.
Desliguei sem me despedir, saí sem dizer nada
pra ninguém, sendo guiado para fora dali. O voo saia dali à uma hora e meia,
Scooter era o único que ia comigo. Chegamos ao aeroporto a tempo do check-in e
entramos esperando mais meia hora até começar a voar. O tempo todo fiquei
olhando para o celular esperando algum aviso, mas mandaram desligar os
aparelhos e, não tinha chegado nada.
O avião decolou e foi quando me acalmei, eu já
estava indo e agora o que restava era esperar, então fui relaxando aos poucos e
foi quando percebi que estava extremamente cansado e tenso, percebi também que
lágrimas quentes começaram a escorrer pelo meu rosto sem nenhum esforço de
tanto tempo acumuladas. Minha cabeça começou a pesar para o lado, e eu dormi
sem demora.
Quando chegamos a Stratford, fui obrigado a ir
pra casa tomar banho e trocar de roupa, o que, confesso que bem lá no fundo me
deixou agradecido, já que eu tinha saído do show e ido direto para o avião. Mas
não consegui deixar de estar preocupado, o que causou, na maior parte de mim,
ansiedade e frustração por ter que parar em casa antes.
Entrei no hospital quase no limite do
desespero, tive vontade de sair correndo e perguntar para todo mundo qual era o
quarto, onde ela estava e qualquer outro tipo de informação que podesse ser
útil, mas, minha mãe me guiou, me segurando bem firme pelo ombro para evitar que
eu bancasse o doido. Me parou em frente à uma porta, apertou onde sua mão
estava e abriu.
Eu nunca me senti tão desesperado, triste e destroçado em toda a minha vida! Comecei
a chorar porque eu não sabia mais o que fazer, olhei para o Chris sentado no
canto do quarto e ele olhou pra mim com cara de quem não tinha mais como
demonstrar que estava sofrendo. Ele não sorria, logo Christian Beadles não esboçava
um mísero sorriso e eu entendia porque, não tinha como dar algum sorriso ou
coisa parecida vendo a Lua no estado que estava.
O canto esquerdo da boca estava cortado, o
alto da testa também tinha um corte com curativos, tinha hematomas espalhados
pelo rosto e pelos braços – que eram as partes que eu conseguia ver no momento
–, principalmente no canto direito, os roxos ali eram mais visíveis. Seu peito
subia e descia no mesmo ritmo tranquilo quase acompanhando os bipe do aparelho
ao meu lado.
-
O que... o que aconteceu, afinal?
-
Kyle e ela foram andar de moto, como eles costumam fazer – Chris começou a
contar num tom de voz seco e metálico. – Já estavam quase voltando, quando um
carro atravessou o sinal vermelho e atingiu ela em cheio. Ela voou e bateu a
cabeça muito forte no asfalto, mas, por sorte ela estava equipada, então... –
ele não conseguiu continuar. – Justin, a culpa não foi dela – tratou de me
avisar, como se previsse o que eu pensaria. – Ela estava certa, esperou o
sinal, não estava correndo.
-
Eu... – limpei a garganta, minha voz praticamente não saia – Eu não ia pensar
nisso, mas... mas que irônico, não acha? – o olhei. – Ela passou o ano inteiro
correndo, se meteu até em racha, para agora, acontecer isso a ela – voltei meus
olhos para o rosto inchado da Lua – quando justamente não estava fazendo nada.
Encostei meus dedos no rosto dela, sua pele
estava gelada, o que era estranho porque, exceto suas mãos e seus pés, o resto
do corpo sempre era em uma temperatura agradável.
-
Vou ficar com ela essa noite – disse.
-
Justin... você não pode, meu filho. Sabe que...
-
Eu não ligo, não vou sair daqui.
-
Justin, você tem...
-
Eu não me importo, mãe! Liga pro Scooter e cancela tudo, não saio daqui!
Eu não conseguia tirar os olhos da Lua, não
conseguia parar de pensar o quanto ela estava pálida e machucada. Lembrei de
quando ela foi internada em Nova York, quando ela foi parar no hospital e eu
sequer pude entrar no quarto, agora, eu tinha chance de ficar com ela e não ia
perder essa oportunidade!
-
Eu preciso estar aqui quando ela acordar, eu preciso estar aqui a todo momento!
Mãe! Você não entende!? – e lá estava eu chorando de novo. – Preciso ficar
aqui! E se ela precisar de mim? Eu não posso deixar isso acontecer de novo! Não
posso, mãe! Por favor! Eu não posso! – minha mãe me olhou com piedade.
-
Justin, pode ir, eu vou ficar cuidando dela pra você – olhei para o Chris. –
Cara, você sabe que ela ia ficar furiosa se você cancelasse alguma coisa por
causa dela – ele estava certo, mas eu não queria ceder.
-
Filho, fica aqui até a hora de ir, tudo bem? Vou pra casa arrumar suas coisas,
peço para o Scooter providenciar o voo mais tarde possível, ok? – assenti.
Na maior parte do tempo que fiquei lá o único
som era os dos aparelhos, Chris e eu trocamos poucas palavras, como se nada no
mundo fora dali interessasse, e realmente, não importava. Quando minha mãe
voltou, parecia apenas terem passados minutos e não horas, eu precisava ir
agora, mas era como se meu corpo estivesse indo pegar o avião, mas minha alma e
toda a minha inconsciência estivesse naquele quarto de hospital com a Lua.
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