sexta-feira, 10 de abril de 2015

22º Capitulo: Crash - Part 5

Pov's Bieber

- Eu preciso ir! – eu gritava igual a um louco.
- Espera até amanhã, JB. Você acabou de sair de um...
- Eu não quero saber! Eu não quero saber! Arranje uma passagem agora! Eu preciso ir até lá.
- JB, me escuta...
- Me escuta você Scooter, me escuta muito bem – olhei nos olhos dele, os meus transbordavam de raiva e desespero. Qual a droga do problema dele arranjar uma droga de passagem para agora? – Eu quero uma passagem para hoje, e eu vou pra Stratford hoje, nem que eu tenha que ir a pé desse maldito país até lá! – gritei a última parte.
- Justin... – Scooter tentou falar, mas a Mama Jam o interrompeu.
- Scooter, não. Faz o que o menino pediu. – dois segundos depois, ouvi a porta bater. – Como ela está?
- Minha mãe não sabe... ela não sabe de muita coisa, disse que a mãe dela foi avisar – eu mexia no celular nervoso, tentando ligar pra alguém, seja para minha mãe ou para o Chris, que já deveria estar com ela. Eu queria chorar, meus olhos ardiam, minhas mãos tremiam, mas estava desesperado e assustado demais para chorar. – Atende... atende... atende.... – xinguei tudo o que tinha para xingar quando a ligação caiu. – Atende... inferno! Atende! – caiu mais uma vez e lá se foram palavrões.
 Segundos depois, eu estava prestes a lançar o telefone na parede quando ele tocou.
- Mãe! O que houve? Como ela ta? Mãe! Por favor! Ela ta bem? Mãe, fala alguma coisa, por favor! Mãe! – assumi uma voz de choro.
- Ela está internada... com... alguns aparelhos...
- Chris ta aí, mãe? Mãe? Cadê o Chris? Ele ta com ela?
- Ele ta aqui sim, mas acho que não vai conseguir falar com ele – por mais que a voz da minha mãe era tênue, não consegui ficar calmo por um segundo.
- Só quero saber se ele ta com ela, ele aí quando não estou, eu me sinto um pouco melhor, ele cuida dela para mim.
- Está todo mundo aqui, filho. Os amigos dela da escola, Anna e Phil, Chris e eu. Até a Caitlin apareceu. Vamos cuidar bem dela.
- E teve alguma notícia? Os médicos já foram falar com vocês? Eu vou para aí logo, mãe!
- Os médicos disseram que é possível que ela acorde logo, ou...
- Ou o que, mãe? Por tudo o que é mais sagrado! Ou o que? Ela vai acordar, não vai? Mãe, por favor...
- Ela pode ficar desacordada por um tempo, filho.
- Não, ela não vai... – Scooter entrou no camarim e fez um sinal para sairmos. – Mãe, eu preciso ir, chego aí logo, ok? Daqui a pouco eu apareço aí, se ela acordar antes diz que eu to a caminho!
- Sim, filho – ela pareceu hesitar – Digo sim.
 Desliguei sem me despedir, saí sem dizer nada pra ninguém, sendo guiado para fora dali. O voo saia dali à uma hora e meia, Scooter era o único que ia comigo. Chegamos ao aeroporto a tempo do check-in e entramos esperando mais meia hora até começar a voar. O tempo todo fiquei olhando para o celular esperando algum aviso, mas mandaram desligar os aparelhos e, não tinha chegado nada.
 O avião decolou e foi quando me acalmei, eu já estava indo e agora o que restava era esperar, então fui relaxando aos poucos e foi quando percebi que estava extremamente cansado e tenso, percebi também que lágrimas quentes começaram a escorrer pelo meu rosto sem nenhum esforço de tanto tempo acumuladas. Minha cabeça começou a pesar para o lado, e eu dormi sem demora.
 Quando chegamos a Stratford, fui obrigado a ir pra casa tomar banho e trocar de roupa, o que, confesso que bem lá no fundo me deixou agradecido, já que eu tinha saído do show e ido direto para o avião. Mas não consegui deixar de estar preocupado, o que causou, na maior parte de mim, ansiedade e frustração por ter que parar em casa antes.
 Entrei no hospital quase no limite do desespero, tive vontade de sair correndo e perguntar para todo mundo qual era o quarto, onde ela estava e qualquer outro tipo de informação que podesse ser útil, mas, minha mãe me guiou, me segurando bem firme pelo ombro para evitar que eu bancasse o doido. Me parou em frente à uma porta, apertou onde sua mão estava e abriu.
 Eu nunca me senti tão desesperado, triste e destroçado em toda a minha vida! Comecei a chorar porque eu não sabia mais o que fazer, olhei para o Chris sentado no canto do quarto e ele olhou pra mim com cara de quem não tinha mais como demonstrar que estava sofrendo. Ele não sorria, logo Christian Beadles não esboçava um mísero sorriso e eu entendia porque, não tinha como dar algum sorriso ou coisa parecida vendo a Lua no estado que estava.
 O canto esquerdo da boca estava cortado, o alto da testa também tinha um corte com curativos, tinha hematomas espalhados pelo rosto e pelos braços – que eram as partes que eu conseguia ver no momento –, principalmente no canto direito, os roxos ali eram mais visíveis. Seu peito subia e descia no mesmo ritmo tranquilo quase acompanhando os bipe do aparelho ao meu lado.
- O que... o que aconteceu, afinal?
- Kyle e ela foram andar de moto, como eles costumam fazer – Chris começou a contar num tom de voz seco e metálico. – Já estavam quase voltando, quando um carro atravessou o sinal vermelho e atingiu ela em cheio. Ela voou e bateu a cabeça muito forte no asfalto, mas, por sorte ela estava equipada, então... – ele não conseguiu continuar. – Justin, a culpa não foi dela – tratou de me avisar, como se previsse o que eu pensaria. – Ela estava certa, esperou o sinal, não estava correndo.
- Eu... – limpei a garganta, minha voz praticamente não saia – Eu não ia pensar nisso, mas... mas que irônico, não acha? – o olhei. – Ela passou o ano inteiro correndo, se meteu até em racha, para agora, acontecer isso a ela – voltei meus olhos para o rosto inchado da Lua – quando justamente não estava fazendo nada.
 Encostei meus dedos no rosto dela, sua pele estava gelada, o que era estranho porque, exceto suas mãos e seus pés, o resto do corpo sempre era em uma temperatura agradável.
- Vou ficar com ela essa noite – disse.
- Justin... você não pode, meu filho. Sabe que...
- Eu não ligo, não vou sair daqui.
- Justin, você tem...
- Eu não me importo, mãe! Liga pro Scooter e cancela tudo, não saio daqui!
 Eu não conseguia tirar os olhos da Lua, não conseguia parar de pensar o quanto ela estava pálida e machucada. Lembrei de quando ela foi internada em Nova York, quando ela foi parar no hospital e eu sequer pude entrar no quarto, agora, eu tinha chance de ficar com ela e não ia perder essa oportunidade!
- Eu preciso estar aqui quando ela acordar, eu preciso estar aqui a todo momento! Mãe! Você não entende!? – e lá estava eu chorando de novo. – Preciso ficar aqui! E se ela precisar de mim? Eu não posso deixar isso acontecer de novo! Não posso, mãe! Por favor! Eu não posso! – minha mãe me olhou com piedade.
- Justin, pode ir, eu vou ficar cuidando dela pra você – olhei para o Chris. – Cara, você sabe que ela ia ficar furiosa se você cancelasse alguma coisa por causa dela – ele estava certo, mas eu não queria ceder.
- Filho, fica aqui até a hora de ir, tudo bem? Vou pra casa arrumar suas coisas, peço para o Scooter providenciar o voo mais tarde possível, ok? – assenti.

 Na maior parte do tempo que fiquei lá o único som era os dos aparelhos, Chris e eu trocamos poucas palavras, como se nada no mundo fora dali interessasse, e realmente, não importava. Quando minha mãe voltou, parecia apenas terem passados minutos e não horas, eu precisava ir agora, mas era como se meu corpo estivesse indo pegar o avião, mas minha alma e toda a minha inconsciência estivesse naquele quarto de hospital com a Lua.

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