- Como você está?
- Estou me sentindo congelada, minhas
mãos estão suando, meu coração está acelerado, minha boca está seca e estou
querendo o meu pai –
ri.
- Quanto drama! É tão bobo esse seu medo
de avião.
- Não assiste televisão não? Sou muito
nova para morrer de um acidente aéreo, nem um enterro descente terei, afinal
até acharem meu corpo cremado e deformado...
- Não me lembrava que você era tão
dramática – eu ainda
ria.
- Metade dos meus sintomas é de
ansiedade.
- Não se preocupe, vai dar certo.
- Ah claro! Enquanto eu estiver
tremendo, dizer isso não vai funcionar – soltei uma gargalhada alta, não resisti.
-Você precisa controlar esse seu medo
de avião, não quero te ver tendo um ataque sempre que viajar comigo.
- De repente ficar com você me pareceu
tão arriscado.
- Você gosta do perigo, assume.
- Gosto de adrenalina, mas não da
parte “avião”.
-
Justin? Precisamos ir!
- Já
vou Scott!
- Amor, tenho que ir agora. Depois passo aí
para te buscar ok? Esteja pronta na hora combinada.
- Você sabe que hoje isso não depende de
mim.
- Eu imagino o quanto você deve estar
detestando isso.
- Eu aceitei vir não aceitei? Tenho
que aguentar agora. Ta tranquilo.
-
Justin, vamos – Scooter me apressou, de novo.
- Lua, tenho que ir, até mais tarde.
- Até Jus.
- Ela
chegou?
- Sim,
minha mãe está indo com ela para o hotel – deixei escapar um sorriso. Eu
consegui uma coisa e tanta! Achei que eu não conseguiria a convencer de vir
comigo, afinal estamos falando da Lua, mas agora ela está aqui e a pior parte
de tudo: só vou vê-la à noite e ainda falta muito tempo para isso.
-
Cara, você fica um idiota quando se trata dela.
-
Desconfio disso, sem contar que todo mundo fala a mesma coisa, mas não resisto,
ela é tão...
- Bonita
e a Mama disse que canta bem, simpática e bem... feliz – ri. – Ela é uma boa
garota Justin. Você é um cara de sorte.
- Eu
sei, ela é incrível Ryan. Não quero a perder de novo.
- Sei
disso, mas agora vamos! Scooter vai enlouquecer daqui a pouco.
- Não
sei por que, a entrevista é aqui no hotel.
- Até
parece que não conhece o empresário que tem.
-
Justin! – Scooter gritou do lado de fora do meu quarto, temporário, pela sei lá
qual vez.
- Eu
disse. Agora vai logo! A gente se vê depois para o seu encontro.
- Eu
estou nervoso – disse me olhando no espelho, conferindo a minha roupa.
- Qual
é JB, não é a sua primeira entrevista.
- Não
estou me referindo à entrevista – me virei para ele – estou me referindo ao
encontro.
-
Aposto que não é o seu primeiro também.
- Mas
esse vai ser diferente – voltei a virar para o espelho e acertei o boné. –
Estamos na França, longe de todos os nossos amigos, mas ao mesmo tempo perto do
mundo inteiro – me virei para ele de novo me afastando do espelho de uma vez. –
Ela está certa quando diz que as coisas mudaram, sou famoso agora.
- Você
está com medo de que algo de errado, estou certo?
-
Passei confiança demais para ela, tal confiança que não sei se tenho mais.
-
Cara, vai dar certo, relaxa – ele pôs a mão no meu ombro – e pelo pouco que a
conheço sei que ela sabe os riscos. Você tem que ir para a sua entrevista
agora, já está atrasado. Deixa para se preocupar com isso depois.
- Você
está certo, vou tentar.
- Justin!
– Scooter entrou no quarto em que eu estava. – Anda logo! Estamos atrasados.
- Tudo
bem Scott, já podemos ir.
Vamos dizer que Scooter odiava chegar atrasado
a qualquer compromisso, mas hoje eu não estava me importando com nada disso.
Uma garota me esperava em um hotel muito longe daqui e eu estaria me importando
com uma entrevista, onde fariam as mesmas perguntas de sempre loucos para me
meterem em confusões e boatos? Não obrigado, eu queria ir ver a Lua.
- Está
pronto?
-
Estou.
-
Cuidado com as perguntas e principalmente, sabe que nessas horas eles não são
muito amigáveis.
- Quem
dera se fosse só nessas horas – resmunguei.
Entramos na sala separada exclusivamente para
a coletiva de imprensa e quase de imediato, trilhões de fleches quase me cegaram.
Eu acho que nunca vou me acostumar com tantos de uma vez.
Me sentei e Scooter que pediu silêncio e disse
que poderíamos começar, então todos se sentaram.
- Oi
pessoal – comecei, eles riram e responderam outro “Oi” em coral com alguns
sotaques a mais.
Scooter escolheu o primeiro repórter.
- Oi
Justin, eu sou Daniel, da Seventeen – um cara representando uma revista
adolescente? Ele deve odiar o trabalho ou deve ser homem só na certidão, porque
né. Afinal, ele parecia ter uns 20 e poucos anos, poderia estar desesperado a
procura de um emprego que aceitou qualquer coisa, mas logo na “Seventeen”? – E
então?
-
Desculpa, mas eu não ouvi nada do que você falou, estava pensando em outra
coisa.
-
Podemos saber o que?
-
Sendo sincero, estava pensando em um porque de você trabalhar na Seventeen,
nada contra a revista, não, nada disso, mas é que você não parece o tipo de
jornalista que normalmente me entrevistam de lá.
-
Normalmente são mulheres né?
- É – fiz
uma careta e ele riu.
- Meu
primeiro emprego depois da faculdade.
- Ah
sim, boa sorte cara. Me desculpa mais uma vez e poderia repetir a pergunta?
-
Claro! Perguntei sobre o novo CD, você está gravando um novo CD certo?
- Você
está bem informado! – ele deu de ombros sorrindo. – Sim, certo.
- E já
tem data de lançamento, ou algo assim?
- Na
verdade não mais, estávamos discutindo sobre isso a um tempo atrás, a data já
era para estar marcada, mas eu estava o achando incompleto, senti que poderia
melhorar então, se posso melhorar é isso que vou fazer. Quero dar o melhor para
as minhas fãs.
Ele se
sentou e uma mulher loira se levantou.
- E
isso tem a ver com a sua “Favorite Girl” que tanto fala? – eu nem falo tanto
assim para a mídia e mesmo assim era para saber que ela é a minha inspiração
para as músicas.
- Se
ela é a minha inspiração... – é obvio que tem.
- Você
não vai nos dizer quem é essa garota?
- Não
disse até agora então, não é agora que vou dizer.
- Ora,
por favor, queremos saber quem é a sua “Favorite Girl” – permaneci em silêncio
até que outro se levantou.
- Mudando
de assunto Justin, é verdade que você tem limitações para usar seu carro agora?
- Sim,
minha mãe não deixa eu usar para ir à escola.
- Por
quê? Para não chamar a atenção ou algo do tipo? – mais atenção do que eu
andando nos corredores? Sem querer parecer convencido.
- Não,
ela tem medo que eu vire preguiçoso – todos riram junto comigo e mais um se
levantou.
- Você
é um menino preguiçoso?
- Bom,
eu não me considero, mas se sou ou não era melhor perguntar a minha mãe – eu,
mais uma vez, já estou cansado desse senta e levanta de gente.
-
Falando nela, onde está? Por ter 18 anos agora ela não vai mais te acompanhar
nas viagens?
- Não,
não, minha mãe vai continuar comigo. Ela foi resolver algumas coisas da viagem.
-
Falando nisso é seu aniversário hoje certo?
- É
sim.
-
Então parabéns – ele disse ao sentar e todos os outros reportes, fotógrafos ou
sei lá mais o que disseram o mesmo.
-
Obrigado.
-
Justin – outro cara levantou –, como está sendo voltar à escola depois de um
ano estudando com professores particulares?
- Na
verdade está sendo bem legal, posso passar mais tempo com os meus amigos e
essas coisas.
- Por
que resolveu voltar para uma escola normal? – outra pessoa se levantou.
- Era
meu último ano, queria aproveitar com os meus amigos, acho que não teria nada
mais justo.
- E
tem uma nova garota no meio disso tudo? – e mais uma mulher se levantou.
- Não
– respondi todas sorrindo, não tinha motivos para não fazer isso.
- Bom
gente, infelizmente o nosso tempo acabou – Scooter, que estava sentado ao meu
lado, disse e se levantou então eu fiz isso também.
De repente todo mundo começou a falar ao mesmo
tempo, fazendo trilhões de perguntas enquanto o pessoal da organização nos
ajudava a sair dali.
- Cara
você foi genial!
- E
quando não sou Scott? – sorri convencido.
- E
você se livrou bem das perguntas! Mentiu bem, até eu me senti convencido.
- Mas
eu não menti – franzi o cenho.
- Não?
Tem certeza?
- Se
for sobre a minha mãe, o jantar hoje faz parte da viagem e sobre a Lua, eu a
conheço há dois anos, “nova” só de idade mesmo.
-
Quando aprendeu a enrolar assim?
-
Agradeça a Lua por isso.
- A
aquela garotinha?
- É,
ela já faz a besteira pensando na desculpa. [n/a: FATO!]
- Pelo
menos para isso ela serve – ela serve é para muita coisa, mas resolvi deixar
isso quieto.
- Cadê
o Kenny e o Ryan? Preciso me arrumar para hoje mais tarde.
Subi para o quarto e Ryan já estava me
esperando. Demorou um pouco, mas logo eu estava dentro de um Peugeot com o
insulfilm quase tão escuro quanto a cor do carro, minha mão suava e Kenny ria
da minha cara enquanto dirigia o carro.
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