sábado, 5 de outubro de 2013

9º capitulo: Bonjour la France. Parte 1.



- Como você está?
- Estou me sentindo congelada, minhas mãos estão suando, meu coração está acelerado, minha boca está seca e estou querendo o meu pai – ri.
- Quanto drama! É tão bobo esse seu medo de avião.
- Não assiste televisão não? Sou muito nova para morrer de um acidente aéreo, nem um enterro descente terei, afinal até acharem meu corpo cremado e deformado...
- Não me lembrava que você era tão dramática – eu ainda ria.
- Metade dos meus sintomas é de ansiedade.
- Não se preocupe, vai dar certo.
- Ah claro! Enquanto eu estiver tremendo, dizer isso não vai funcionar – soltei uma gargalhada alta, não resisti.
-Você precisa controlar esse seu medo de avião, não quero te ver tendo um ataque sempre que viajar comigo.
- De repente ficar com você me pareceu tão arriscado.
- Você gosta do perigo, assume.
- Gosto de adrenalina, mas não da parte “avião”.
- Justin? Precisamos ir!
- Já vou Scott!
- Amor, tenho que ir agora. Depois passo aí para te buscar ok? Esteja pronta na hora combinada.
- Você sabe que hoje isso não depende de mim.
- Eu imagino o quanto você deve estar detestando isso.
- Eu aceitei vir não aceitei? Tenho que aguentar agora. Ta tranquilo.
- Justin, vamos – Scooter me apressou, de novo.
- Lua, tenho que ir, até mais tarde.
- Até Jus.
- Ela chegou?
- Sim, minha mãe está indo com ela para o hotel – deixei escapar um sorriso. Eu consegui uma coisa e tanta! Achei que eu não conseguiria a convencer de vir comigo, afinal estamos falando da Lua, mas agora ela está aqui e a pior parte de tudo: só vou vê-la à noite e ainda falta muito tempo para isso.
- Cara, você fica um idiota quando se trata dela.
- Desconfio disso, sem contar que todo mundo fala a mesma coisa, mas não resisto, ela é tão...
- Bonita e a Mama disse que canta bem, simpática e bem... feliz – ri. – Ela é uma boa garota Justin. Você é um cara de sorte.
- Eu sei, ela é incrível Ryan. Não quero a perder de novo.
- Sei disso, mas agora vamos! Scooter vai enlouquecer daqui a pouco.
- Não sei por que, a entrevista é aqui no hotel.
- Até parece que não conhece o empresário que tem.
- Justin! – Scooter gritou do lado de fora do meu quarto, temporário, pela sei lá qual vez.
- Eu disse. Agora vai logo! A gente se vê depois para o seu encontro.
- Eu estou nervoso – disse me olhando no espelho, conferindo a minha roupa.
- Qual é JB, não é a sua primeira entrevista.
- Não estou me referindo à entrevista – me virei para ele – estou me referindo ao encontro.
- Aposto que não é o seu primeiro também.
- Mas esse vai ser diferente – voltei a virar para o espelho e acertei o boné. – Estamos na França, longe de todos os nossos amigos, mas ao mesmo tempo perto do mundo inteiro – me virei para ele de novo me afastando do espelho de uma vez. – Ela está certa quando diz que as coisas mudaram, sou famoso agora.
- Você está com medo de que algo de errado, estou certo?
- Passei confiança demais para ela, tal confiança que não sei se tenho mais.
- Cara, vai dar certo, relaxa – ele pôs a mão no meu ombro – e pelo pouco que a conheço sei que ela sabe os riscos. Você tem que ir para a sua entrevista agora, já está atrasado. Deixa para se preocupar com isso depois.
- Você está certo, vou tentar.
- Justin! – Scooter entrou no quarto em que eu estava. – Anda logo! Estamos atrasados.
- Tudo bem Scott, já podemos ir.
 Vamos dizer que Scooter odiava chegar atrasado a qualquer compromisso, mas hoje eu não estava me importando com nada disso. Uma garota me esperava em um hotel muito longe daqui e eu estaria me importando com uma entrevista, onde fariam as mesmas perguntas de sempre loucos para me meterem em confusões e boatos? Não obrigado, eu queria ir ver a Lua.
- Está pronto?
- Estou.
- Cuidado com as perguntas e principalmente, sabe que nessas horas eles não são muito amigáveis.
- Quem dera se fosse só nessas horas – resmunguei.
 Entramos na sala separada exclusivamente para a coletiva de imprensa e quase de imediato, trilhões de fleches quase me cegaram. Eu acho que nunca vou me acostumar com tantos de uma vez.
 Me sentei e Scooter que pediu silêncio e disse que poderíamos começar, então todos se sentaram.
- Oi pessoal – comecei, eles riram e responderam outro “Oi” em coral com alguns sotaques a mais.
  Scooter escolheu o primeiro repórter.
- Oi Justin, eu sou Daniel, da Seventeen – um cara representando uma revista adolescente? Ele deve odiar o trabalho ou deve ser homem só na certidão, porque né. Afinal, ele parecia ter uns 20 e poucos anos, poderia estar desesperado a procura de um emprego que aceitou qualquer coisa, mas logo na “Seventeen”? – E então?
- Desculpa, mas eu não ouvi nada do que você falou, estava pensando em outra coisa.
- Podemos saber o que?
- Sendo sincero, estava pensando em um porque de você trabalhar na Seventeen, nada contra a revista, não, nada disso, mas é que você não parece o tipo de jornalista que normalmente me entrevistam de lá.
- Normalmente são mulheres né?
- É – fiz uma careta e ele riu.
- Meu primeiro emprego depois da faculdade.
- Ah sim, boa sorte cara. Me desculpa mais uma vez e poderia repetir a pergunta?
- Claro! Perguntei sobre o novo CD, você está gravando um novo CD certo?
- Você está bem informado! – ele deu de ombros sorrindo. – Sim, certo.
- E já tem data de lançamento, ou algo assim?
- Na verdade não mais, estávamos discutindo sobre isso a um tempo atrás, a data já era para estar marcada, mas eu estava o achando incompleto, senti que poderia melhorar então, se posso melhorar é isso que vou fazer. Quero dar o melhor para as minhas fãs.
Ele se sentou e uma mulher loira se levantou.
- E isso tem a ver com a sua “Favorite Girl” que tanto fala? – eu nem falo tanto assim para a mídia e mesmo assim era para saber que ela é a minha inspiração para as músicas.
- Se ela é a minha inspiração... – é obvio que tem.
- Você não vai nos dizer quem é essa garota?
- Não disse até agora então, não é agora que vou dizer.
- Ora, por favor, queremos saber quem é a sua “Favorite Girl” – permaneci em silêncio até que outro se levantou.
- Mudando de assunto Justin, é verdade que você tem limitações para usar seu carro agora?
- Sim, minha mãe não deixa eu usar para ir à escola.
- Por quê? Para não chamar a atenção ou algo do tipo? – mais atenção do que eu andando nos corredores? Sem querer parecer convencido.
- Não, ela tem medo que eu vire preguiçoso – todos riram junto comigo e mais um se levantou.
- Você é um menino preguiçoso?
- Bom, eu não me considero, mas se sou ou não era melhor perguntar a minha mãe – eu, mais uma vez, já estou cansado desse senta e levanta de gente.
- Falando nela, onde está? Por ter 18 anos agora ela não vai mais te acompanhar nas viagens?
- Não, não, minha mãe vai continuar comigo. Ela foi resolver algumas coisas da viagem.
- Falando nisso é seu aniversário hoje certo?
- É sim.
- Então parabéns – ele disse ao sentar e todos os outros reportes, fotógrafos ou sei lá mais o que disseram o mesmo.
- Obrigado.
- Justin – outro cara levantou –, como está sendo voltar à escola depois de um ano estudando com professores particulares?
- Na verdade está sendo bem legal, posso passar mais tempo com os meus amigos e essas coisas.
- Por que resolveu voltar para uma escola normal? – outra pessoa se levantou.
- Era meu último ano, queria aproveitar com os meus amigos, acho que não teria nada mais justo.
- E tem uma nova garota no meio disso tudo? – e mais uma mulher se levantou.
- Não – respondi todas sorrindo, não tinha motivos para não fazer isso.
- Bom gente, infelizmente o nosso tempo acabou – Scooter, que estava sentado ao meu lado, disse e se levantou então eu fiz isso também.
 De repente todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, fazendo trilhões de perguntas enquanto o pessoal da organização nos ajudava a sair dali.
- Cara você foi genial!
- E quando não sou Scott? – sorri convencido.
- E você se livrou bem das perguntas! Mentiu bem, até eu me senti convencido.
- Mas eu não menti – franzi o cenho.
- Não? Tem certeza?
- Se for sobre a minha mãe, o jantar hoje faz parte da viagem e sobre a Lua, eu a conheço há dois anos, “nova” só de idade mesmo.
- Quando aprendeu a enrolar assim?
- Agradeça a Lua por isso.
- A aquela garotinha?
- É, ela já faz a besteira pensando na desculpa. [n/a: FATO!]
- Pelo menos para isso ela serve – ela serve é para muita coisa, mas resolvi deixar isso quieto.
- Cadê o Kenny e o Ryan? Preciso me arrumar para hoje mais tarde.
 Subi para o quarto e Ryan já estava me esperando. Demorou um pouco, mas logo eu estava dentro de um Peugeot com o insulfilm quase tão escuro quanto a cor do carro, minha mão suava e Kenny ria da minha cara enquanto dirigia o carro.

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