terça-feira, 13 de janeiro de 2015

20º capitulo: We Change with Pain - Part 2

- Amém! Sua casa é toda... bonitinha, sabe? Bonitinha, diferente de Nova York.
- Estamos em Stratford Joe, aqui tem 35 mil habitantes e não 8 milhões.
- Prefiro Nova York, esse lugar me parece tão... – ele pôs as mãos na cintura e respirou fundo pensando na palavra certa – parado – me encarou.
 Sentei no sofá e respirei fundo mais uma vez, passando os dedos no rosto e me sentindo já sem paciência e cansada. O dia tinha sido bom, a semana inteira, eu enfim tinha me visto livre de Nova York, para agora Nova York vir até mim novamente.
- Você ainda não me disse o que veio fazer aqui, Joe – preciso nem comentar que eu estava mais do que séria.
- Vim ver você – ele sentou do meu lado.
- Para que? A gente não tem mais nada e faz tempo! – o olhei.
- Mesmo assim, queria matar as saudades – ele disse com a voz suave, no caso, uma suavidade do jeito Joe Thompson. Pôs a mão no meu queixo, mas desviei o rosto, incomodada com a proximidade.
Ele tirou a mão do meu queixo devagar, sem falar nada, eu não me movi até que ele se afastasse.
- O que aquele merdinha estava fazendo aqui? – perguntou num tom mais rude.
 Fechei os olhos com firmeza, percebi que não ia conseguir esconder a história toda dele por muito tempo.
- Vamos dizer que somos amigos.
- Não foi isso que ele me disse. – Silêncio. – Lua, o que aquele cara estava fazendo na sua casa quando eu cheguei!?
- O que te interessa a minha vida, Joe? – Levantei com rapidez, o encarando com severidade. Ele sabia ser mau, e eu também. – Nós terminamos há muito tempo! Não devo satisfações da minha vida para você, entendeu bem? – Respirei fundo. – Vai ficar quanto tempo?
- Pelo menos o final de semana – foi seco.
- Caso já não tenha um lugar pra ficar, nós temos um quarto de hospedes. Se for ficar, pode levar suas coisas lá pra cima. É a primeira porta à direita.
- Vou aceitar.
- Então sobe, vou ligar pra minha mãe.
- Aproveita e liga pro seu amiguinho, vai, vai dar satisfações e pedir desculpas. Não é uma coisa que a Lua que eu conheci faria, mas não sei quem estou vendo na minha frente mesmo.
 Subiu, sem nem mesmo me dar chances de resposta, de qualquer jeito, não responderia.
 Fui até a cozinha e liguei pra minha mãe.
- Filha! Que horas vai voltar? Justin vai vir com você?
- Oi mãe. Ele disse que ia sim, mas aconteceu um... imprevisto.
- O que houve? Ele teve algum compromisso? Mas você vem?
- Mãe, temos visita.
- Visitas? Quem?
- Visita, no singular, mãe.
- Mas quem é Lua?
- Lembra do Joe?
- Não vai me dizer que...
- Ta se instalando no quarto de hospedes nesse exato momento.
- Lua, Lua...
- Mãe! Eu te juro, não vou fazer nada.
- Mesmo? Me promete de verdade?
- Sim, sim. Ele só vai ficar aqui pelo final de semana, Justin também.
- Preciso me preocupar?
- Só se ver a policia passando – riu. – Avisa ao papai, por favor?
- Claro! Vou ligar pra ele agora mesmo. Até mais tarde filha, vou tentar voltar pra casa mais cedo.
- Eu agradeceria.
 Desligou.
 Aproveitei que Joe ainda estava lá em cima e liguei para Justin, provavelmente não ia o ver o resto do dia, precisava falar alguma coisa, dar alguma satisfação.
- Novas?
- Algumas.
- Boas ou ruins?
- Tem como ser boa? – ele ficou em silêncio. – Ele vai ficar para o final de semana.
- Todo esse tempo?
- Justin, é só até segunda, no máximo. Depois disso tudo acaba e nunca mais!
- Assim espero.
- Justin...
- Não precisa falar nada Lua, deixa pra lá. Vamos ao hospital ainda?
- Acho que nem dá agora, se não você sabe quem teria que ir também.
- Ótimo, até isso esse cara estragou – fechei os olhos e respirei fundo pela milésima vez na última hora, quando os abri, Joe estava na minha frente.
- Preciso desligar.
- Ele está aí perto, né?
- Exatamente.
- Isso vai dar algum problema?
- Não se você confiar e mim. Você confia em mim? – Silêncio. – Você confia em mim? – repeti tentando não falar o nome dele.
- Confio.
- Então vai dar tudo certo. Agora tenho que desligar.
- Não esquece que te amo.
- Nunca.
 Desliguei.
- Até quando vai me manter aqui achando que sou idiota para não sacar que há alguma coisa entre você e aquela menininha?
- Que eu saiba, não sou lésbica.
- Se não quer me contar, é porque tem muito mais coisa do que eu imaginava – não Joe, não é hora de bancar o detetive. – Vocês estão namorando mesmo, não é?
- Não – E realmente não estamos.
- Mas evidentemente ele gosta de você – fiquei quieta. – Hum. To vendo que também gosta dele.
- Joe, cala a boca.
- Agora eu tenho certeza que gosta dele.
- A onde você quer chegar?
- Quero que me conte sua relação com aquele cara.
- Chamou ele de “cara”, que avanço!
- Você não vai conseguir esconder de mim.
- Já disse que não devo satisfação da minha vida para você.
- Você gosta dele, você está com ele.
- Se deu pra adivinhar tudo, para que quer eu responda alguma coisa?
- Obrigado Lua, agora sei que estou certo – sorriu sínico, sua especialidade.
- Quer saber? Vai para o inferno e não volte nunca mais – ele riu.
- Agora sim estou começando a ver a garota que conheci!
- Vai se... – me interrompi, não por educação, mas porque resolvi não perder a linha.
- Onde nós paramos? Ele gosta de você, você gosta dele. Ele disse que vocês são namorados, já você disse que são amigos. E aí?
- Não estou namorando o Justin.
- Será que se eu ligar para ele, é isso que vai dizer?
- Fica a vontade – ofereci meu celular, o máximo que Justin faria era desligar na cara dele. Ou contaria tudo, mas resolvi arriscar.
 Achava que Joe não iria pegar o celular, mas o desgraçado pegou.
- Ok. – pegou meu celular, mexeu e colocou em cima da mesa tocando no viva voz.
- Lua?
- Peeeeeeeeeeen! Resposta errada! Mas ela está escutando – Joe disse.
- O que você quer?
- Quero saber o que há entre vocês, porque não me contam nada. Deve ser muito sério... Lua só sabe ser hostil, não que eu não goste, sabe, adoro ver ela zangada, fica tão gata – Justin xingou. – Ou! Só ela fica gata, então vamos nos acalmar.
- Você chama a minha namorada de gata, e ainda quer que eu me acalme? Ah, claro.
- Namorada? Então você realmente me confirma que são namorados?
- Claro que sim! Já disse.
- Sim, mas, Lua me disse que eram só amigos.
- Amigos?
- Sabe que não estamos namorando, Justin.
- Ah, você está ouvindo.
- E você sabe que não estamos namorando.
- Não ainda.
- Wow! Então ele confirma que não estão namorando. Muito bem, já damos o primeiro passo. Agora o segundo: se não estão namorando, o que rola entre vocês?
- A gente se ama – Justin respondeu.
- Own, que lindo, mas se fosse só isso eu já teria visto essa carinha linda da Lua em todas as capas de revista junto com essa cara de menina que você tem – esse jeito esnobe... como aguentei isso tanto tempo? Me dá ódio! E só pensar que isso me atraia há pouco tempo atrás...
- Joe!
- Que foi Lua? Sabe que eu estou dizendo a verdade, ninguém já viu esse seu lindo rosto – ele se inclinou pra frente para trocar meu rosto, mas recuei com meu maxilar firme.
- Não encosta em mim – rosnei.
 Nesse momento ouvi o telefone desligar, mas não dei muita confiança, Joe me olhava penetrante, eu encarava aqueles olhos azuis com raiva por ele estar fazendo todo esse circo, já ele continuava com o sorriso de canto de boca.
 E quando eu pensava que não tinha como piorar mais, Justin invade a minha casa, xinga Joe do que lhe vem a cabeça e comete a burrice de lhe meter o soco na cara. Joe, obviamente, revida e Justin quase cai, mas volta a tempo de o segurar pela gola da jaqueta de couro preta antes que ele o bata de novo. Joe segura a camisa dele também.
- Nunca mais encosta nela! – Bieber cuspia as palavras, com ódio saindo pelos seus olhos.
- Você acha que pode comigo seu imbecil? – Joe disse entre dentes.
- Encosta nela mais uma vez, só mais uma, que você vai descobrir se eu posso ou não com você.
- Eu tenho certeza que não pode comigo.
 Joe o empurrou e eu sabia onde isso ia parar caso não os interrompesse mesmo correndo o risco de levar um soco. Teríamos sorte se Justin não fosse parar num hospital.
- Para! – gritei, minha voz saiu grossa o que indica que não foi alto o suficiente, era a raiva saindo do fundo da minha garganta.
 Corri e parei entre os dois, não cheguei a tempo de evitar que Justin levasse o segundo soco, mas gritei mais algumas vezes e parei a mão do Joe quando ele ia dar o terceiro – o que levaria Bieber ao chão, com certeza. Soquei o maxilar do Joe, eu não tinha tanta força e jamais ganharia uma briga com ele, nem seria louca de tentar, mas sabia que seria o suficiente para que parasse. Funcionou uma vez.
 Ele olhou para mim.
- Te ensinei bem.
- Mais do que imagina.
 Joe e eu sempre nos olhávamos nos olhos, sempre tivemos uma relação muito intensa, não como a que existe entre Justin e eu, mas era forte, destruidora e magnética. Joe me transformou numa garota que eu não sou quando estou com Justin, mas essa garota sempre volta quando estou com ele.
- Lua – olhei para Bieber, que acabara de se levantar atrás de mim, pareceu querer cuspir, mas lembrou que estava na minha casa. Talvez sentiu o gosto de sangue na boca. – Sai da frente, eu vou acabar com esse cara!
- Não, você vai para casa! – ele olhou para mim incrédulo. – Me escutou, Bieber, vá para casa! Você não vai acabar com ninguém, muito menos na minha casa! Vai embora! – Mais uma vez ele olhou para Joe, que sorriu sarcasticamente, o que o fez avançar, mas eu me pus na frente.
- Seu imbecil! Você não ganhou isso! Nunca vai ganhar! Ela é minha! – Justin gritava enquanto eu tentava segurá-lo – Ele sempre vai ser minha! Como sempre foi.
 Joe parou de sorrir.
- Sempre – repetiu com os olhos movendo de um lado para outro. Estava pensando alguma coisa, importante demais para ligar para um cara que queria entrar na luta com ele.
- Justin! Vai embora – o empurrei até a porta, segurei sua camisa, abri a porta com uma mão e tentei jogá-lo para o lado de fora.
 Fechei a porta.
- Você é maluco? – tentei usar um tom mais baixo. – Joe ia acabar com você!
- Eu ia acabar com ele!
- Não! Não ia! Eu conheço o Joe, ele ia fazer você ir parar em um hospital!
- Ele ia também!
- Não ia! Ele já fez isso várias vezes, você não é o primeiro que ele bate.
- Nem doeu.
- Os dois primeiros podem não ter doído, mas com o terceiro você ia parar no chão, então ele ia chutar sua barriga até sua visão ficar turva e você cuspir sangue. – Justin respirava ofegante ainda, muito mais do que eu, a adrenalina nele era maior do que em mim. Mas pareceu se acalmar conforme eu falava. – Já o vi fazer isso outras vezes Bieber, jogo físico com ele não resolve nada!
- Bom saber que era com esse tipo de cara que você se envolvia longe de mim.
- Não vamos começar com isso...
- Não vamos, para mim já acabou. Você me expulsou da sua casa.
- Pro seu próprio bem!
- Você me expulsou Lua! A mim! E não a ele! Você deveria tirar esse cara da sua casa! E ao invés disso é a mim que manda embora! Talvez você mereça esse tipo, Houston.
- Justin – ele levantou a mão como um “basta”, virou as costas e foi se afastando de mim. – Justin! – era como se eu não tivesse falado nada.

 Respirei fundo, tentando não deixar isso me abalar, ainda tinha um outro cara para enfrentar. Encostei a mão na maçaneta e contei até três, e então abri a porta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário