sexta-feira, 8 de novembro de 2013

9º capitulo: Bonjour la France. Parte 3.

Quanto mais perto chegávamos da recepção, mais fácil notávamos uma grande movimentação do lado de fora do restaurante e um zumbido, como se uma multidão estivesse falando muito baixo. Passos antes da entrada, Lua apertou minha mão mais firme, a senti ficar tensa ao meu lado. Apertei sua mão também e saímos do estabelecimento com uma chuva de fleches quase me cegando. Garotas gritavam histéricas o meu nome e coisas como “Eu te amo” – no caso “Je t'aime” – e paparazzi tiravam fotos sem sossegar. Entramos no carro já parado em frente, depois daquele corredor de gente, separados de nós dois apenas pelos seguranças do restaurante.
- Pisa fundo! – Kenny não era de correr com o carro, então, não levou a minha frase no sentido literal.
- Estou vendo pontinhos coloridos na minha frente – Lua tirou os óculos e ficou piscando firme. – Olha aquele é roxo – ela apontou para o ar ainda piscando –, agora tá verde. Ih! Sumiu! O roxo era o mais bonitinho.
 Ela realmente pareceu lamentar o fato, foi impossível não rir, até o Kenny não aguentou.
 Seguimos até um ponto da cidade seguro para trocarmos de carro, outro carro preto – que não prestei atenção na marca – com outro motorista nos esperava para irmos ainda mais distante na cidade, para um hotel mais discreto e escondido o possível, mais “íntimo”.
 E lá fomos mais algum tempo de carro até o terceiro hotel da noite.
Chegando lá, dei o nome das reservas para a recepcionista que quase teve um colapso ao descobrir que a reserva era minha – antes por eu estar no hotel. Depois de um tempo, quando a mulher deixou de ficar pasma, nos deu as chaves do apartamento. Agradeci por nós dois, afinal, Lua nem se quisesse conseguia falar alguma coisa, estava ocupada demais tentando não rir.
 Subimos pelo elevador até o último andar, onde havia as duas únicas suítes presidenciais e a nossa era justamente a última.
- Vamos ficar no mesmo quarto? – ela perguntou.
- Algum problema? – perguntei já sentindo uma ponta de desespero. Oras, eu não esperava e nem queria que ela respondesse que havia sim um problema.
- Não. – Ela deu de ombros e abriu a porta já destrancada entrando no quarto. – Uau! – Disse não tão empolgada quanto a palavra exige. – Minhas malas já estão aqui – me pareceu mais empolgada com esse fato do que o tamanho gigante do quarto.
- To louco para tirar essa roupa – tirei a jaqueta e joguei na cama.
- Acredite, eu estou mais – Lua jogou os sapatos longe assim que entrou, depois pegou alguma coisa para amarrar o cabelo dentro de uma bolsa pequena encima da mala azul marinha dela e bem, amarrou o cabelo. – Vou tomar um banho e por algo melhor para dormir.
Ela deitou a mala e pegou alguma roupa dentro, depois fechou e pôs de pé deixando no mesmo lugar que estava quando chegamos.
- De preferência bem curto – quando pensei já tinha falado, achei que ela iria voar para cima de mim, me xingar de todos os nomes feios conhecidos e quem sabe vários outros que eu sequer ouvi falar, mas ao invés disso ela soltou uma risada “rárá” e entrou no banheiro.
 Se eu fiquei tentado a descobrir se ela trancou a porta? Vamos fingir que não.
Arranquei a roupa e pus uma bermuda qualquer, depois liguei para a cozinha do hotel pedindo alguma coisa para comer e fiquei enrolando no quarto, mexendo no celular e comendo um alcaçuz, olhando o twitter, enquanto nem a Lua saia do banheiro, nem o que eu pedi chegava. Depois de ler alguns tweets, tanto na minha timeline quanto na minha mentions, twittei:
“A França é realmente linda e hoje está ainda melhor. Bonsoir.”
- Serviço de quarto – disseram da porta.
 Saí do twitter e fui abri a porta ainda com o celular na mão.
- Seu pedido senhor.
- Hum, valeu – disse com o alcaçuz na boca enquanto segurava a bandeja com uma mão, tentando não deixar o celular cair e fechando a segurando a porta com a outra.
 Caso minha carreira de cantor não for muito mais longe, posso tentar vaga num circo como malabarista.
- De nada senhor – o cara começou a se afastar e eu fechei a porta, levando a bandeja para uma mesa que tinha no canto do quarto e quando coloquei lá ouvi a porta do banheiro se fechar.
- Eu estava brincando quando disse para por algo curto.
- Se você estivesse brincando ou não, eu vestiria do mesmo jeito.
- Então a minha opinião é inútil? – me sentei na única cadeira do quarto.
- É, por aí – guardou a roupa e se virou para mim. – Alcaçuz?
- Foi o que sobrou, minhas balas de goma acabaram – comi o último pedaço.
- Nem oferece – começou a vir na minha direção.
- Pedi coisa melhor – acenei de leve com a cabeça para a mesa ao meu lado.
- Fondue? Você não gosta de chocolate oras.
- Mas você gosta.
- Que menino prestativo – o Fondue vinha em uma cuia branca no centro de um prato de mesma cor e em volta tinha morangos e bananas em pedaços. Lua pegou um pedaço de banana e comeu.
- Sempre fui – me levantei e segurei sua cintura, para não ter risco de fuga, mas essa ideia não me pareceu sequer passar pela cabeça dela.
 Eu havia sim beijado outras garotas durante esse um ano de distância e Jasmine não foi a única, não sou de ferro e a Lua sabe disso, tanto que foi ela quem disse, mas não importa quantas outras bocas eu já tenha beijado, nenhuma, sem exceção, nenhuma outra me deixava naquele estado, tão excitado, com uma mistura louca de sentimentos e um arrepio vindo desde a espinha, sem contar o calor do meu corpo que nunca tive antes, por ninguém, nem da primeira vez que namoramos, mas que agora aumentava a cada segundo me deixando com a sensação de estar pegando fogo conforme o beijo se prolongava.
 Meu corpo ficava mais do que simplesmente febril, parecia mais estar beirando os cem graus célsius.
 Eu não poderia dizer muito sobre aquele beijo em si, afinal foi bem mais rápido e simples, como se fosse o de “boas vindas” que não consegui dar nela desde que chegou devido às circunstâncias. Só um beijo que eu pudesse deixar minhas mãos em sua cintura e curtir seu hálito quente, cada uma de suas mãos estavam pousadas nas extremidades do meu tórax e nós nem mesmo tentávamos aprofundar. Era mesmo um beijo apenas para curtir e relembrar como era a boca um do outro.
- Hum... gostinho de alcaçuz.
- E isso é bom? – sorri de lado.
- É, só está melado. Come uma banana para tirar – ela se afastou e colocou um pedaço de banana na minha boca quase a enfiado goela abaixo.
- Você não tem jeito – disse engolindo.
- Se eu tivesse não teria graça. – sorriu do mesmo jeito que mais cedo, mas dessa vez vi mais malícia.
Sorri e soltei o ar pelo nariz.
- Vem cá, vem – me sentei na cadeira de novo a puxando pelo braço fazendo com que se sentasse no meu colo. – Quer fondue?
- Obvio! – ela riu.
 Peguei um morango e molhei a ponta no chocolate, depois aproximei devagar na boca dela e ia afastando enquanto ela investia para comer, até que ela segurou meu braço e comeu a fruta de uma vez.
- Você está fazendo isso errado.
- O que? – perguntei sem entender.
 Ela se levantou e sentou no meu colo de novo, mas numa posição diferente, ao invés de ficar de lado, virou de frente para mim, prendeu os pés nas pernas da frente da cadeira se inclinando mais para mim, depois sujou o dedo com chocolate e passou na minha bochecha, desceu para o meu queixo e fez a última parada deixando meu pescoço sujo. Depois ela beijou a minha bochecha onde tinha sujado.
 A questão é que ela não simplesmente beijou a minha bochecha, ela estava tirando o chocolate dali. Depois desceu para o meu queixo fazendo a mesma coisa e em seguida foi para o pior – ou melhor – lugar: meu pescoço – seria bom caso eu não precisasse me controlar muito, afinal eu já estava começando a pirar.
- E agora o melhor lugar – em fração de segundos seus olhos se prenderam nos meus, mas quando seus lábios tocaram nos meus foi impossível mantê-los abertos.
 Sua boca tinha gosto de chocolate e por alguns instantes, por aqueles instantes, chocolate havia se tornado meu doce preferido.
  Ela provocava, muito, e sabia fazer isso bem. Suas mãos passavam pelo meu abdômen desnudo em um toque delicado, seus dedos simplesmente deslizavam me fazendo estremecer e ficar mais ofegante, sem contar meu corpo que parecia ter passado dos cem graus célsius.    
 Uma das minhas mãos, involuntariamente – ou não tão involuntário assim – foi parar em uma de suas coxas, a outra na base de sua coluna.
 Ela continuava o beijo e eu cedia sem problema algum, nem com os beijos, nem com os toques alucinógenos.
 A minha mão que passeava pela coxa dela simplesmente parou e graças a mais uma contorção de minha parte devido aos dedos ainda passeando pelo meu abdômen, apertei onde a minha mão havia parado. Eu já começava a não responder por mim.
- Melhor parar por aqui – ela disse com os lábios ainda perto dos meus, mas quando tomei parte da situação ela já tinha se afastado subitamente.  
 Me levantei e andei mais para o meio do quarto, um pouco distante dela que agora estava de costas para mim.
- Seja lá o que aconteceu com você, eu gosto – ela se virou com a testa franzida.
- O que aconteceu comigo, Bieber? – deu uns dois passos se aproximando mais de mim.
- Não sei, você está mais ousada, mas provocativa.
- Eu não vou me comportar como se tivesse 16 anos, porque, não tenho mais 16 anos – se aproximou muito mais de mim, aponto de eu a ouvir, mesmo a voz saindo em quase um sussurro.
 Então ela me beijou de novo simplesmente me deixando sem como me “defender”. Como eu posso explicar... é como se fosse um luta e ela tivesse me golpeado várias vezes me deixando zonzo e ao invés de eu tentar me recuperar o máximo possível, parti para o ataque mais uma vez, ainda fraco o que dá a ela uma chance de nocaute. É mais ou menos isso.
 Os dedos dela estavam gelados e ela os encostou na base da minha costas, me fazendo estremecer, mas não parei o beijo, nem ela. Eu tentava manter meu controle, deixava minhas mãos na sua cintura, mas ela gostava de me ver enlouquecer, essa era a única explicação lógica por toda aquela provocação.
 Eu estava indo bem até ela resolver passar a unha nas asas da minha costas, o que foi um golpe muito baixo. Seus “projetos de unha” passavam suavemente por toda a região, me dando a sensação de que eu poderia acender uma lâmpada com essas cargas elétricas percorrendo meu corpo, sem contar os graus do meu corpo aparentemente aumentando, se antes era cem agora talvez fossem mil graus célsius.
 Eu estava ficando ofegante e minhas mãos começavam a apertar em todo em sua cintura.
- Sabia que garotos pensam mais em sexo do que as garotas? – ela disse com a testa colada com a minha mais uma vez e como da última vez também se afastou subitamente.     
- Ta de sacanagem! – ela riu.
Eu não sei por que ainda me surpreendo com essas saídas repentinas dela depois de me provocar tanto, afinal estamos falando de Lua Houston e para a minha infelicidade ela sempre faz isso. E eu nunca entendi porque, Deus! Por que ela faz isso? E o pior, por que eu nunca aprendi a lição? Não consigo dizer “não” ou “me segurar”, em uma simples fração de segundos já estou completamente indefeso, só com um beijo, ou quase isso.
 Mas pensando bem, depois da raiva e da frustração terem passado um pouco, foi até bom ela ter tido esse controle, porque, pelo que não me falha a memória, não estávamos preparados e não digo na questão de “não ser à hora”, digo na questão de que depois do que poderia ter acontecido – ou ainda acontecer – essa noite, as nossas vidas seriam atrapalhadas para sempre – se é que me entendem.
 “Ou ainda acontecer”, “Sabia que garotos pensam mais em sexo do que as garotas?” de repente passou pela minha cabeça que quartos juntos não fora uma boa ideia, eu sempre fui fraco perto da Lua, quero dizer, dentro de mim sempre mandou muito os sentimentos e os desejos, a questão é que agora tanto um quanto outro – acho que devo dizer que principalmente os desejos – estão cada dia mais fortes, mas isso só com ela, só a Lua que me fazia e ainda me faz perder o controle, e se... e se eu perdesse o controle?
- Você não vem dormir? – ela já estava deitada na cama e eu continuava parado queimando meus neurônios com ideias malucas.
- Lua, você tem razão, uma vez por ano todos os jornais falam de mais uma pesquisa afirmando o que já é obvio, mulheres priorizam outras coisas enquanto os homens priorizam o sexo e – eu comecei a falar coisas que para mim mesmo já não faziam mais sentido, olhava para baixo e ainda gesticulava nervoso como se as minhas ideias não estivessem saindo do jeito que eu queria e para falar a verdade, acho que não estavam mesmo.
 Lua revirou os olhos e se levantou enquanto eu ainda não parava de falar, veio até mim e segurou na minha mão, me fazendo parar de gesticular e me “obrigou” a olhar para seu rosto.
- Cala a boca e vem dormir – se eu calei? Claro que sim, desde a hora que ela pegou na minha mão.
 Lua me puxou pela mão até a cama, soltou e se deitou, então dei meia volta e deitei do outro lado, sem me aproximar muito. Que droga está acontecendo comigo? Eu não sou assim, mas agora eu estava receoso.
 Ela se virou para o meu lado e arqueou a sobrancelha, depois puxou meu braço me obrigando a aproximar.
 Deixei de bancar o tapado e ajeitei meu corpo mais junto ao seu, formando aquele encaixe perfeito que eu quase me esquecera que tínhamos, era como se fossemos duas peças de quebra-cabeça que juntas formam uma coisa só. Aquilo era bom, sentir seu corpo quente e saber que estava completamente confortável ali, e olhar aquela expressão tranquila da minha garota quase dormido me fez esquecer do mundo, de que estávamos sem segurança alguma e se a recepcionista resolvesse abrir a boca para dizer onde estávamos, poderíamos ter fleches de bom dia.
É um pensamento bem fora da situação, mas, acho que o Chris está certo quando diz que sou meloso demais.
- Eu gostaria que tivéssemos mais tempo assim, ou que estivéssemos em um lugar mais seguro – sussurrei – e não que fosse apenas um momento, preso aqui.

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Oi Andressa! Sinceramente, o importante é que está de volta e eu saber que você está lendo. Às vezes me sinto sozinha postando, como se não tivesse porque já que ninguém lê, mas enfim. Acho que deveria dizer "Bem Vinda de Volta" então, bem vinda de volta e não suma please D: HASUDHAUSDH

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