Quanto
mais perto chegávamos da recepção, mais fácil notávamos uma grande movimentação
do lado de fora do restaurante e um zumbido, como se uma multidão estivesse
falando muito baixo. Passos antes da entrada, Lua apertou minha mão mais firme,
a senti ficar tensa ao meu lado. Apertei sua mão também e saímos do
estabelecimento com uma chuva de fleches quase me cegando. Garotas gritavam
histéricas o meu nome e coisas como “Eu te amo” – no caso “Je t'aime” – e paparazzi tiravam fotos sem sossegar. Entramos no
carro já parado em frente, depois daquele corredor de gente, separados de nós
dois apenas pelos seguranças do restaurante.
- Pisa
fundo! – Kenny não era de correr com o carro, então, não levou a minha frase no
sentido literal.
-
Estou vendo pontinhos coloridos na minha frente – Lua tirou os óculos e ficou piscando
firme. – Olha aquele é roxo – ela apontou para o ar ainda piscando –, agora tá
verde. Ih! Sumiu! O roxo era o mais bonitinho.
Ela realmente pareceu lamentar o fato, foi
impossível não rir, até o Kenny não aguentou.
Seguimos até um ponto da cidade seguro para
trocarmos de carro, outro carro preto – que não prestei atenção na marca – com
outro motorista nos esperava para irmos ainda mais distante na cidade, para um
hotel mais discreto e escondido o possível, mais “íntimo”.
E lá fomos mais algum tempo de carro até o
terceiro hotel da noite.
Chegando
lá, dei o nome das reservas para a recepcionista que quase teve um colapso ao
descobrir que a reserva era minha – antes por eu estar no hotel. Depois de um
tempo, quando a mulher deixou de ficar pasma, nos deu as chaves do apartamento.
Agradeci por nós dois, afinal, Lua nem se quisesse conseguia falar alguma
coisa, estava ocupada demais tentando não rir.
Subimos pelo elevador até o último andar, onde
havia as duas únicas suítes presidenciais e a nossa era justamente a última.
-
Vamos ficar no mesmo quarto? – ela perguntou.
-
Algum problema? – perguntei já sentindo uma ponta de desespero. Oras, eu não
esperava e nem queria que ela respondesse que havia sim um problema.
- Não.
– Ela deu de ombros e abriu a porta já destrancada entrando no quarto. – Uau! –
Disse não tão empolgada quanto a palavra exige. – Minhas malas já estão aqui – me
pareceu mais empolgada com esse fato do que o tamanho gigante do quarto.
- To
louco para tirar essa roupa – tirei a jaqueta e joguei na cama.
-
Acredite, eu estou mais – Lua jogou os sapatos longe assim que entrou, depois pegou
alguma coisa para amarrar o cabelo dentro de uma bolsa pequena encima da mala
azul marinha dela e bem, amarrou o cabelo. – Vou tomar um banho e por algo
melhor para dormir.
Ela
deitou a mala e pegou alguma roupa dentro, depois fechou e pôs de pé deixando
no mesmo lugar que estava quando chegamos.
- De
preferência bem curto – quando pensei já tinha falado, achei que ela iria voar
para cima de mim, me xingar de todos os nomes feios conhecidos e quem sabe
vários outros que eu sequer ouvi falar, mas ao invés disso ela soltou uma
risada “rárá” e entrou no banheiro.
Se eu fiquei tentado a descobrir se ela
trancou a porta? Vamos fingir que não.
Arranquei
a roupa e pus uma bermuda qualquer, depois liguei para a cozinha do hotel
pedindo alguma coisa para comer e fiquei enrolando no quarto, mexendo no
celular e comendo um alcaçuz, olhando o twitter, enquanto nem a Lua saia do
banheiro, nem o que eu pedi chegava. Depois de ler alguns tweets, tanto na
minha timeline quanto na minha mentions, twittei:
“A França é realmente linda e hoje
está ainda melhor. Bonsoir.”
-
Serviço de quarto – disseram da porta.
Saí do twitter e fui abri a porta ainda com o
celular na mão.
- Seu
pedido senhor.
- Hum,
valeu – disse com o alcaçuz na boca enquanto segurava a bandeja com uma mão,
tentando não deixar o celular cair e fechando a segurando a porta com a outra.
Caso minha carreira de cantor não for muito
mais longe, posso tentar vaga num circo como malabarista.
- De
nada senhor – o cara começou a se afastar e eu fechei a porta, levando a
bandeja para uma mesa que tinha no canto do quarto e quando coloquei lá ouvi a
porta do banheiro se fechar.
- Eu
estava brincando quando disse para por algo curto.
- Se
você estivesse brincando ou não, eu vestiria do mesmo jeito.
-
Então a minha opinião é inútil? – me sentei na única cadeira do quarto.
- É,
por aí – guardou a roupa e se virou para mim. – Alcaçuz?
- Foi
o que sobrou, minhas balas de goma acabaram – comi o último pedaço.
- Nem
oferece – começou a vir na minha direção.
- Pedi
coisa melhor – acenei de leve com a cabeça para a mesa ao meu lado.
-
Fondue? Você não gosta de chocolate oras.
- Mas
você gosta.
- Que
menino prestativo – o Fondue vinha em uma cuia branca no centro de um prato de
mesma cor e em volta tinha morangos e bananas em pedaços. Lua pegou um pedaço
de banana e comeu.
- Sempre
fui – me levantei e segurei sua cintura, para não ter risco de fuga, mas essa
ideia não me pareceu sequer passar pela cabeça dela.
Eu havia sim beijado outras garotas durante
esse um ano de distância e Jasmine não foi a única, não sou de ferro e a Lua
sabe disso, tanto que foi ela quem disse, mas não importa quantas outras bocas
eu já tenha beijado, nenhuma, sem exceção, nenhuma outra me deixava naquele
estado, tão excitado, com uma mistura louca de sentimentos e um arrepio vindo
desde a espinha, sem contar o calor do meu corpo que nunca tive antes, por
ninguém, nem da primeira vez que namoramos, mas que agora aumentava a cada
segundo me deixando com a sensação de estar pegando fogo conforme o beijo se
prolongava.
Meu corpo ficava mais do que simplesmente
febril, parecia mais estar beirando os cem graus célsius.
Eu não poderia dizer muito sobre aquele beijo
em si, afinal foi bem mais rápido e simples, como se fosse o de “boas vindas”
que não consegui dar nela desde que chegou devido às circunstâncias. Só um
beijo que eu pudesse deixar minhas mãos em sua cintura e curtir seu hálito
quente, cada uma de suas mãos estavam pousadas nas extremidades do meu tórax e
nós nem mesmo tentávamos aprofundar. Era mesmo um beijo apenas para curtir e
relembrar como era a boca um do outro.
-
Hum... gostinho de alcaçuz.
- E
isso é bom? – sorri de lado.
- É,
só está melado. Come uma banana para tirar – ela se afastou e colocou um pedaço
de banana na minha boca quase a enfiado goela abaixo.
- Você
não tem jeito – disse engolindo.
- Se
eu tivesse não teria graça. – sorriu do mesmo jeito que mais cedo, mas dessa
vez vi mais malícia.
Sorri
e soltei o ar pelo nariz.
- Vem
cá, vem – me sentei na cadeira de novo a puxando pelo braço fazendo com que se sentasse
no meu colo. – Quer fondue?
-
Obvio! – ela riu.
Peguei um morango e molhei a ponta no
chocolate, depois aproximei devagar na boca dela e ia afastando enquanto ela
investia para comer, até que ela segurou meu braço e comeu a fruta de uma vez.
- Você
está fazendo isso errado.
- O
que? – perguntei sem entender.
Ela se levantou e sentou no meu colo de novo,
mas numa posição diferente, ao invés de ficar de lado, virou de frente para
mim, prendeu os pés nas pernas da frente da cadeira se inclinando mais para mim,
depois sujou o dedo com chocolate e passou na minha bochecha, desceu para o meu
queixo e fez a última parada deixando meu pescoço sujo. Depois ela beijou a
minha bochecha onde tinha sujado.
A questão é que ela não simplesmente beijou a
minha bochecha, ela estava tirando o chocolate dali. Depois desceu para o meu
queixo fazendo a mesma coisa e em seguida foi para o pior – ou melhor – lugar:
meu pescoço – seria bom caso eu não precisasse me controlar muito, afinal eu já
estava começando a pirar.
- E
agora o melhor lugar – em fração de segundos seus olhos se prenderam nos meus,
mas quando seus lábios tocaram nos meus foi impossível mantê-los abertos.
Sua boca tinha gosto de chocolate e por alguns
instantes, por aqueles instantes,
chocolate havia se tornado meu doce preferido.
Ela
provocava, muito, e sabia fazer isso bem. Suas mãos passavam pelo meu abdômen
desnudo em um toque delicado, seus dedos simplesmente deslizavam me fazendo
estremecer e ficar mais ofegante, sem contar meu corpo que parecia ter passado
dos cem graus célsius.
Uma das minhas mãos, involuntariamente – ou
não tão involuntário assim – foi parar em uma de suas coxas, a outra na base de
sua coluna.
Ela continuava o beijo e eu cedia sem problema
algum, nem com os beijos, nem com os toques alucinógenos.
A minha mão que passeava pela coxa dela
simplesmente parou e graças a mais uma contorção de minha parte devido aos
dedos ainda passeando pelo meu abdômen, apertei onde a minha mão havia parado.
Eu já começava a não responder por mim.
-
Melhor parar por aqui – ela disse com os lábios ainda perto dos meus, mas
quando tomei parte da situação ela já tinha se afastado subitamente.
Me levantei e andei mais para o meio do
quarto, um pouco distante dela que agora estava de costas para mim.
- Seja
lá o que aconteceu com você, eu gosto – ela se virou com a testa franzida.
- O
que aconteceu comigo, Bieber? – deu uns dois passos se aproximando mais de mim.
- Não
sei, você está mais ousada, mas provocativa.
- Eu não
vou me comportar como se tivesse 16 anos, porque, não tenho mais 16 anos – se
aproximou muito mais de mim, aponto de eu a ouvir, mesmo a voz saindo em quase
um sussurro.
Então ela me beijou de novo simplesmente me deixando
sem como me “defender”. Como eu posso explicar... é como se fosse um luta e ela
tivesse me golpeado várias vezes me deixando zonzo e ao invés de eu tentar me
recuperar o máximo possível, parti para o ataque mais uma vez, ainda fraco o
que dá a ela uma chance de nocaute. É mais ou menos isso.
Os dedos dela estavam gelados e ela os
encostou na base da minha costas, me fazendo estremecer, mas não parei o beijo,
nem ela. Eu tentava manter meu controle, deixava minhas mãos na sua cintura,
mas ela gostava de me ver enlouquecer, essa era a única explicação lógica por
toda aquela provocação.
Eu estava indo bem até ela resolver passar a
unha nas asas da minha costas, o que foi um golpe muito baixo. Seus “projetos
de unha” passavam suavemente por toda a região, me dando a sensação de que eu
poderia acender uma lâmpada com essas cargas elétricas percorrendo meu corpo,
sem contar os graus do meu corpo aparentemente aumentando, se antes era cem
agora talvez fossem mil graus célsius.
Eu estava ficando ofegante e minhas mãos
começavam a apertar em todo em sua cintura.
-
Sabia que garotos pensam mais em sexo do que as garotas? – ela disse com a
testa colada com a minha mais uma vez e como da última vez também se afastou
subitamente.
- Ta
de sacanagem! – ela riu.
Eu não
sei por que ainda me surpreendo com essas saídas repentinas dela depois de me
provocar tanto, afinal estamos falando de Lua Houston e para a minha
infelicidade ela sempre faz isso. E eu
nunca entendi porque, Deus! Por que ela faz isso? E o pior, por que eu nunca
aprendi a lição? Não consigo dizer “não” ou “me segurar”, em uma simples fração
de segundos já estou completamente indefeso, só com um beijo, ou quase isso.
Mas pensando bem, depois da raiva e da
frustração terem passado um pouco, foi até bom ela ter tido esse controle,
porque, pelo que não me falha a memória, não estávamos preparados e não digo na
questão de “não ser à hora”, digo na questão de que depois do que poderia ter
acontecido – ou ainda acontecer – essa noite, as nossas vidas seriam
atrapalhadas para sempre – se é que me entendem.
“Ou ainda acontecer”, “Sabia que garotos
pensam mais em sexo do que as garotas?” de repente passou pela minha cabeça que
quartos juntos não fora uma boa ideia, eu sempre fui fraco perto da Lua, quero
dizer, dentro de mim sempre mandou muito os sentimentos e os desejos, a questão
é que agora tanto um quanto outro – acho que devo dizer que principalmente os
desejos – estão cada dia mais fortes, mas isso só com ela, só a Lua que me
fazia e ainda me faz perder o controle, e se... e se eu perdesse o controle?
- Você
não vem dormir? – ela já estava deitada na cama e eu continuava parado
queimando meus neurônios com ideias malucas.
- Lua,
você tem razão, uma vez por ano todos os jornais falam de mais uma pesquisa
afirmando o que já é obvio, mulheres priorizam outras coisas enquanto os homens
priorizam o sexo e – eu comecei a falar coisas que para mim mesmo já não faziam
mais sentido, olhava para baixo e ainda gesticulava nervoso como se as minhas
ideias não estivessem saindo do jeito que eu queria e para falar a verdade, acho
que não estavam mesmo.
Lua revirou os olhos e se levantou enquanto eu
ainda não parava de falar, veio até mim e segurou na minha mão, me fazendo
parar de gesticular e me “obrigou” a olhar para seu rosto.
- Cala
a boca e vem dormir – se eu calei? Claro que sim, desde a hora que ela pegou na
minha mão.
Lua me puxou pela mão até a cama, soltou e se
deitou, então dei meia volta e deitei do outro lado, sem me aproximar muito.
Que droga está acontecendo comigo? Eu não sou assim, mas agora eu estava
receoso.
Ela se virou para o meu lado e arqueou a
sobrancelha, depois puxou meu braço me obrigando a aproximar.
Deixei de bancar o tapado e ajeitei meu corpo
mais junto ao seu, formando aquele encaixe perfeito que eu quase me esquecera
que tínhamos, era como se fossemos duas peças de quebra-cabeça que juntas
formam uma coisa só. Aquilo era bom, sentir seu corpo quente e saber que estava
completamente confortável ali, e olhar aquela expressão tranquila da minha
garota quase dormido me fez esquecer do mundo, de que estávamos sem segurança
alguma e se a recepcionista resolvesse abrir a boca para dizer onde estávamos,
poderíamos ter fleches de bom dia.
É um
pensamento bem fora da situação, mas, acho que o Chris está certo quando diz
que sou meloso demais.
- Eu gostaria que
tivéssemos mais tempo assim, ou que estivéssemos em um lugar mais seguro –
sussurrei – e não que fosse apenas um momento, preso aqui.-----
Oi Andressa! Sinceramente, o importante é que está de volta e eu saber que você está lendo. Às vezes me sinto sozinha postando, como se não tivesse porque já que ninguém lê, mas enfim. Acho que deveria dizer "Bem Vinda de Volta" então, bem vinda de volta e não suma please D: HASUDHAUSDH
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