Pov's Bieber
Eu
adorava momentos assim, saí da escola, fui para casa de amigos, como um dia
normal na época em que eu era um adolescente normal. Nessa época era comum
coisas do tipo, mas agora é tão raro que eu não penso duas vezes quando
convidam, afinal, me sinto um adolescente normal, coisa que nem na minha
própria casa eu sinto. É sempre:”Justin! Você tem show não sei quando”,
“Justin! Você tem evento para ir sei lá quando”, “Justin! Você tem que ir para
sei lá onde não sei quando!”, “Justin! Precisa agilizar o CD novo!” Arght! Isso
me dava nos nervos! Eu sempre tinha que estar ou ir para algum lugar, nunca
podia ficar quieto! Eu sentia falta de não fazer nada.
Mas a última coisa que me irritava ainda mais,
minha mãe e ainda mais o Scott me pressionava sobre o CD novo, já passou do
tempo de marcar uma data de lançamento, mas, com a volta da Lua eu passei a
achar a seleção de música pobre demais.
Ela sempre me inspirou, não vou negar isso – nunca neguei – então acho
que agora posso incrementar canções a mais, então não sei quando marcar, porque
não tenho mais a impressão que ele está completo, pelo contrário. Foi assim com
“Never Let You Go”, eu sequer lembrava da música até o Chris me contar que a
Lua estaria de volta e então eu lembrei de quando ela partiu e consequentemente
da canção que escrevi naquela noite. Ela deveria ter entrado no “My World” se
eu não tivesse praticamente a enterrado em coisas que eu guardava como
lembranças de “Nunca ver a não ser que quer sofrer mais”, coisas do ano que me
mudei, que me faziam ficar depressivo – não literalmente, apenas um exagero
para “triste” – enfim, coisas nem todas tristes, mas, com a falta de tempo
também nem se eu quisesse podia ficar olhando ali.
E há outra música também, uma especial demais
que não sei se estou pronto para mostrar para o mundo, apesar de já ter quase
dois anos.
Ok, melhor eu esquecer isso por enquanto, não
é justo enquanto eu possa me divertir ficar pensando em problemas e trabalhos,
ou melhor, problemas de trabalho.
Estávamos no apartamento da Hayley, eu nunca
havia ido lá apesar de a conhecer fazia tempo. Era um lugar espaçoso, bem
iluminado e grande. Quando chegamos, além do sofá preto combinando com o
carpete bege, havia vários pufes coloridos e uma televisão de 52 LCD – assistir
jogos e filmes ali deveria ser muito irado – em um móvel de cor escura – um
marrom quase preto – onde tinha vários enfeites, como objetos de vidros, alguns
livros na parte direita e uma porta – onde mais tarde descobri ser onde o pai
dela guarda os DVDs – à esquerda.
Decidimos ver um filme depois de tanta
conversa jogada fora, Kyle – Lua veio com ele de moto e eu sinceramente,
prefiro não comentar sobre isso – escolheu um filme com um ator que a Lua
conhecia – eu não lembro o nome do filme, nem do ator, e ela conhecer o ator
não é algo de se estranhar –, mas faltava pipoca e refrigerante, para não
ficarmos na seca olhando o filme.
- Já
voltamos – Chris disse antes dele e do Kyle saírem pela porta para irem comprar
refrigerante.
- Ok –
respondi, Karol disse um “tudo bem” e o Luka um “tanto faz”.
- E eu
vou lá fazer a pipoca – Lua se levantou.
-
Precisa de ajuda?
- Não
Halle, eu me viro – ela sorriu e foi para a cozinha.
Karol, Luka, Hayley e eu ficamos na sala e me
senti entediado quase de imediato, então me levantei e fui para a cozinha.
- Oi –
senti um sorriso bobo transparecer em meus lábios assim que disse. Foi
involuntário, eu juro.
- Oi –
ela me olhou e sorriu.
-
Desde quando sabe fazer pipoca? – ela riu. Eu atravessei a cozinha me
encostando em um pedaço de mármore suspenso apoiado na parede, ao lado do
fogão.
- Qual
a dificuldade de fazer pipoca? – ela pegou um pote grande no armário em cima da
pia, e ficou olhando meio perdida para a manteiga, o pacote de milho e o pote.
– Cadê a panela? – começou a olhar para os lados procurando.
- Pelo
jeito você está bem perdida – ri.
- Eu
sei fazer pipoca ok? Só não sei onde está a panela – ela se virou olhando para
tudo, depois deu um passo a frente e se inclinou para abrir um armário de chão
de onde tirou a tal panela.
Quando ela levantou um colar pulou do decote
raso da blusa, era uma corrente de prata com uma letra de pingente.
- Você
ainda usa – fiquei sério olhando para o pingente e ela parou de analisar a
panela e olhou para mim, depois olhou para baixo e de repente perdeu o
interesse pela panela.
- É,
sempre – se virou e pôs a panela junto com as outras coisas. – Nunca tirei –
ela se virou e olhou para baixo, como se fosse difícil admitir isso.
- Mas
quando fomos para a Califórnia você estava sem.
- Ok,
nem sempre. Cordões de prata sujam, eu tirei para limpar e acabei não pondo de
volta. – e então ele me olhou. – Pelo jeito você não usa mais – ela deu um
sorrisinho constrangido depois se virou e começou a por as coisas na panela.
Comecei a mexer nos bolsos, procurando as
minhas chaves. Bati em tudo, enfiei as mãos em todos, até encostar em algo frio
no bolso da frente que era mais fundo.
Quando ela veio até o meu lado para por no
fogão, puxei o molho e a mostrei. Ela olhou e ficou surpresa a ponto de não
dizer nada, uma coisa que não é característica dela.
- Bem
que eu queria ainda usar o colar, mas, achei que iriam desconfiar já que não
conheço ninguém cujo nome começa com L, ou melhor, eles não sabem que conheço.
Então, achei que nas chaves seria algo mais privativo já que ninguém iria ficar
querendo tirar fotos delas. – ela riu, mas logo parou.
- Eu
nunca consegui tirar – admitiu olhando para baixo, depois começou a mexer os
milhos dentro da panela.
- Como
assim “nunca conseguiu”? – ela fechou a panela, a única coisa agora era esperar
estourar, e se afastou, encostando ao lado da pia.
- Eu –
ela respirou fundo e levantou a cabeça com o olhar completamente disperso –
nunca consegui tirar oras. Eu me sentia incompleta, era difícil ficar, vamos
dizer “em paz”. Acabou que depois de um tempo, fiquei tão acostumada a usar que
eu ficava perdida quando estava sem. Como eu disse, prata suja. – e então
voltou a se interessar por mais um dos seus all star.
- Eu
nunca consegui me desfazer do pingente – desencostei do mármore e fui até ela –
pode parecer idiota, mas já cheguei a ficar horas encarando o L lembrando do
que aconteceu – pus as minhas mãos entre seu corpo e mexi a cabeça de um jeito
que fizesse ela erguer também. – Eu realmente fiquei feliz por você ainda usar
– nossos rostos estavam próximos a ponto de eu poder sussurrar – isso quer
dizer que você sempre se importou e ainda se importa.
E então não havia mais distância. Pressionei
seu corpo um pouco mais contra o balcão e pus uma das minhas mãos em seu
pescoço intensificando um pouco mais o beijo.
A questão é: desde quando voltamos de Los
Angeles, Lua estava me evitando, agindo como se não fossemos nada mais do que
amigos. Eu correspondi, sei que forçar a barra com ela não é a melhor decisão,
mas não resisto e ela sabia que uma hora ou outra eu iria fazer isso ou algo
parecido. Lua sabe que eu corro atrás do que eu quero e não sossego até
conseguir e eu a quero.
Afastei meus lábios cauteloso por causa da
possível reação que ela teria e logo a que eu achava mais improvável ela teve.
Lua levantou umas das mãos e a embolou na
medida que pode em meus cabelos curtos e forçou uma aproximação rápida, me
beijando de novo. A outra mão ela pôs nas minhas costas e aproximou o meu corpo
ainda mais do dela. Se era isso que ela queria...
A gente parecia combinar perfeitamente ainda,
cada movimento era correspondido do jeito exatamente certo e sentimentos foram
renascendo em mim e mais alguns foram acabando com a minha capacidade de
pensar. As drogas faziam isso, ouvi em algum lugar que esse era um dos piores
efeitos – se não a pior –, além de viciar ela te impede de tomar decisões, e
era mais ou menos isso que estava acontecendo comigo agora. Eu esqueci onde
estava, esqueci os riscos, se bobear esqueci até mesmo de quem eu era, mas
sabia o mais importante: Eu ainda a amava com cada pedaço do meu corpo, cada
centímetro do meu coração e sou completamente viciado em tudo nela. Isso me fez
chegar a uma conclusão: Ela é a pior droga para mim, uma droga que eu estava
completamente viciado e assumo isso.
- Lua
– paramos na hora, mas minhas mãos não saíram do balcão e nem as delas saíram
de onde estavam agora e olhamos para a porta da cozinha. – Ah! Desculpa! Eu não...
– Karol colocou as mãos enfrente aos olhos mesmo os fechando e deu meia volta,
fechando a porta de novo e saiu.
Nós rimos pelo nariz abrindo um sorrisinho,
ela abaixou os braços e distanciamos um pouco os nossos corpos.
- Isso
foi um pouquinho constrangedor – ela disse.
- Fato
– concordei.
-
Droga! A pipoca! – sorriso dela desapareceu na hora e ela correu para o fogão,
logo o desligando. – Ops, queimou um pouquinho, culpa sua Bieber! – ela ria.
-
Minha? – ri também. – Você que me agarrou de novo.
- Sim,
sua! – ela pegou dois panos de prato e segurou as alças da panela, tirando do
fogão e me olhando ao dizer.
Dei-lhe um beijo rápido, não resisti! Simples
assim. Mas ela não pareceu se importar, apenas riu e foi em direção ao pote ao
lado da pia. Jogou toda a panela lá e mais um pouco em um outro pote, retirou
algumas queimadas, colocou um pouco de sal e comeu uma de uns dos potes.
-
Apesar de ter queimado e de muitas terem ficados cruas porque alguém não deixou
eu mexer mais, está boa. – ri.
- Quer
dizer que a culpa ainda é minha?
-
Claro! – olhei para cima fazendo um sinal negativo com a cabeça mais ainda sim
sorrindo. Fui até ela e dei outro beijo. – Espera aí Justin, ainda preciso
fazer outra panela e você pode sair daqui! Não quero queimar outra panela.
- Ah
não! Prometo me comportar!
- Saí!
– ela apontou para a porta.
- Tudo
bem, tudo bem – ergui minhas mãos me rendendo e saí de lá indo até a sala ainda
com um sorriso no rosto.
Quando cheguei lá, Luka se levantou.
-
Justin, quero falar com você.
- Eu
também – Chris se levantou do sofá.
Os dois querendo falar comigo? Tipo, Luka e Chris?
Isso não pode prestar! Os dois se detestam.
- Vem
cá rapidinho – Luka me puxou para um canto, nem tão canto assim e Chris veio
junto.
-
Agora vocês podem falar? – perguntei.
- Karol
nos contou o que viu na cozinha.
- E o
que tem demais nisso?
- Você
está namorando com a Lua?
-
Espera aí! – parece que Kyle estava próximo demais aponto de ouvir tudo, a
estratégia deles de nos distanciar para ninguém ouvir, não funcionou. – Você é
namorado da Lua? – ele chegou mais perto e me olhou surpreso.
- Ex e
provável futuro – falei como se fosse a coisa mais normal do mundo, o que para
mim era, mas para ele não, e voltei a atenção para os meus amigos. – Bem que eu
queria, mas, de onde vocês tiraram essa ideia?
- Sei
lá, andou acontecendo tanta coisa entre vocês dois, em Los Angeles então!
- Do
que você está sabendo Chris? – perguntei.
- Eu
sou o seu melhor amigo e o dela, por mais que vocês não me contam eu conheço
bem vocês dois!
- Não
foi nada! Foi apenas um beijo.
- Pelo
que soubemos não foi “apenas um beijo” – Luka falou.
- Você
e a Lua... namorados... você... ela... por isso... juntos – Kyle ainda estava
perplexo, isso quer dizer que nosso comportamento “somos apenas colegas de
classe” estava funcionando, mas essa não era a questão agora.
- Não
cara, eu namorei ela ano retrasado e só estamos ficando agora. Mas qual é a de
vocês? Nós só estamos ficando e acabou, de qualquer jeito, isso não interessam
a vocês. Parem de ser chatos! Me surpreende você está no meio dessa chatice
Chris.
- Só
queria saber, eu já estava ficando meio confuso com isso. Eu até quero que
vocês fiquem juntos, mas não quero ficar bancando baba de coração partido – ele
deu de ombros.
- Está
tudo bem, garanto. E Kyle, calma, você se acostuma, mas não conte isso a
ninguém nem sobre tortura entendeu? – ele assentiu.
- A
pipoca está pronta!
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