Perguntei
a minha mãe o que ela queria, então, Sra. Pattie Mallette começou a tagarelar e
me mandar fazer coisas e ajudá-la. A casa estava quieta, só ouvia o zumbindo da
TV e a minha mãe mexendo na geladeira, ou no fogão, ou abrindo e fechando o
forno. Ela não precisava fazer comida, mas gosta – e isso era um sério
problema, ela não cozinha assim tão
bem – então, quando decidimos voltar a cidade, ela quis que fosse como antes,
apenas nós dois, eu ainda tinha que arrumar meu quarto e ela era responsável
pelos afazeres da casa.
- Acho
que suas fãs vão adorar saber que ajuda sua mãe a fazer o jantar – ouvi uma voz
extremamente familiar atrás de mim então me virei já sorrindo e fiz um toque
com Usher.
- Acho
melhor não, isso não é algo que costumo fazer muito – dei um abraço nele. – E
aí cara? O que ta fazendo aqui?
-
Resolvi conhecer a sua cidade natal, nada mais justo não acha? Você sempre foi
à mim e nunca eu à você.
-
Usher andando por Stratford? Acho que isso não vai dar muito certo.
- Você
acha que pode atrair outra perseguição de Paparazzi?
-
Tenho quase certeza – e nós rimos. Isso era algo que Usher e eu estávamos
acostumados, apesar de que em Stratford eu tentava ser o mais cuidadoso
possível por causa dos meus amigos e principalmente da Lua.
- Tive
um tempo de folga, vim te visitar. Você vai ter que viajar logo mesmo.
- Ih
cara! – bati a mão na testa. – O clipe de “Never Let You Go”! Eu tinha
esquecido completamente!
- É
cara, você vai amanhã cedo – quase deixei um palavrão escapar.
- Cause baby
tonight, the DJ got us fallin' in love again, yeah, baby tonight, the DJ got us
fallin' in love again. – ouvi a Lua cantar, ou gritar, não sei bem, da
sala.
- Quem
está cantando?
- É a
Lua.
- So dance,
dance, like it's the last, last night of, your life, life gonna get you right.
– aposto que estava dançando também, do modo dela, mas estava.
- A
sua Favorite Girl? – assenti.
- Ela
está na sala vendo TV.
- Mas
como se passei por lá e não a vi?
- Deve
estar deitada no sofá ou sentada no chão, coisa assim. – ele foi até a sala e
parou na entrada, com a testa franzida. Parei ao seu lado e só dava para ver a
TV ligada passando “Dj Got Us Falling In Love” do Usher na MTV, mais nenhum
som.
- Lua?
– ela se levantou num pulo, com um sorriso meio louco, ficando ajoelhada no sofá.
- Você
lembra disso Bieber? Lembra dessa música?
- A
festa do seu aniversário, é claro que eu lembro – falei meio estranhado a
animação dela, Lua pareceu nem notar que Usher estava ali, estava apenas
empolgada com a música.
- Lua
Houston isso?
- Sim!
E você é o Usher.
- Isso
aí.
-
Cara, eu realmente amo essa música sua! Apesar que não gosto muito do Pitbull e
a minha favorita mesmo é “Daddy’s Home” só não pergunte porque. Mas essa é
especial.
E eu
sorri. Normalmente Lua surtaria ao ver Usher, não que seja o artista preferido
dela ou coisa parecia, ela simplesmente gosta de algumas músicas dele, mas, ele
era um cara famoso e ela surta ao ver caras famosos. Só que dessa vez ela
estava entorpecida pela música, ou talvez pela lembrança que a música trouxe.
Nós dois, curtindo na festa de aniversário, como se não tivesse amanhã, como se
ela não fosse viajar no dia seguinte, porque naquela noite o DJ fez a gente se
apaixonar de novo, dançando como se aquela fosse a última noite de nossas
vidas.
E a música acabou na TV dando lugar ao
comercial e a respiração dela pareceu menos ofegante, e o sorriso menos louco.
Ela estava se acalmando.
-
Alguém já te disse que você canta muito bem? – Usher sorria simpático.
-
Agora posso dizer que já sem contar a minha mãe, várias vezes – ele riu.
-
Quem? Seu pai e seus amigos? – brincou.
- Não,
fora eles também – ela riu. – Tirando o Justin, que acho que também não conta,
me refiro a Mama Jam e até o Scooter que me odeia! Isso deve ser alguma coisa –
ele riu também, até eu ri da careta que ela fez, mas estava vidrado no seu
rosto.
Essa
garota sempre me surpreende.
-
Todos estavam certos, até sua mãe. E o Justin, eu jurava que ele falava tão bem
de você só porque estava, ou melhor, está apaixonado, mas não, você é realmente
tudo o que ele disse. Bom, até agora – deu de ombros e ela se virou para mim
com uma falsa cara de brava.
- Olha
Bieber, você realmente tem que parar de falar de mim! – cocei a nuca meio sem
graça, mas nunca sem deixar de sorrir.
- Tem
mesmo! – Usher concordou e nós todos caímos na gargalhada. – Por que você não
tenta uma carreira? Posso conseguir alguns testes para você, já que o Scooter
também gostou ele deve te ajudar, por mais que te odeie, até conseguir um
padrinho não vai ser muito difícil já que pode ter ajuda da equipe do Justin.
Sei que ele não se importaria em emprestar alguns para te ajudar – ele deu uma
risadinha fraca.
- Não
Usher, muito obrigada. Sei que pareço louca não aceitando, mas não é essa vida
que quero para mim, Justin tem mais saco para isso do que eu, garanto. Vocês
teriam problemas, eu teria problemas... talvez decepcionaria várias pessoas...
não sei servir como exemplo. Tudo ia me enlouquecer! Obrigada mesmo Usher, mas
não é isso que eu quero para mim.
- Mas
tente, talvez, quem sabe der certo e tu não goste?
-
Gostar? E não tem como gostar de uma vida dessas? Ser mundialmente conhecido e
ganhar dinheiro até por pisar na rua e ainda não ter quase nada para gastar, já
que até marca de roupa te paga para vestir o que eles fazem. Isso tudo é muito
bom! Mas não é para mim.
- E o
que você quer para você? – ele perguntou por pura curiosidade.
-
Quero me formar, ter a minha casa, meu dinheiro, a minha profissão num diploma
emoldurado no canto da parede... acima de tudo – ela abaixou a cabeça e mordeu
o lábio sem graça – quero estar com esse mané aí do seu lado, em todos os
shows, premiações, eventos, coletivas de impressa e toda a confusão que essa
vida de ídolos traz, e abraça-lo quando estiver irritado e estressado com tudo.
Enfim, ser famosa não é o que eu quero para mim – ela me olhou ainda de cabeça
baixa, depois ergueu, mas deixou o olhar perdido enquanto soltava risadinhas
nasaladas.
- O
que é uma pena, porque você realmente manda bem! – Usher disse para quebrar o
silêncio que reinou ali.
Lua deu um sorriso, mas com um ar meio sério,
e então minha mãe nos chamou.
Tinha
algumas coisas para comer no café da tarde, pães, biscoitos, dois sucos – o que
eu tomei era de laranja, não sei o outro, acho que era de morango – e uma
garrafa de café que Usher e Lua quase tomaram tudo sozinhos. Depois minha mãe
carregou a Lua para o andar de cima, para fazer sei lá o que.
- Cara,
você a vê direto e estão juntos, precisa olhar tanto?
- O
que? – perguntei confuso depois de acompanhar com os olhos a Lua subindo os
degraus.
-
Você, olhando para a Lua como se fosse a coisa mais maravilhosa que viu na
vida.
- Mas
ela é.
-
Paixão de adolescente, também era bom quando eu tinha sua idade.
- Eu
não sei se pode chamar isso de “paixão de adolescente” cara, faz uns dois anos
e ainda sou louco por ela. De todos os jeitos.
- Só
dois anos?
- Não
Usher, isso não é uma brincadeira de criança. Eu a amo de verdade. – ele riu.
- Eu
sei disso cara, relaxa. Não tenho duvidas do quanto você ama essa garota e eu
realmente torço por vocês dois, porque ela é uma pessoa legal. Eu só quis dizer
que enquanto se é adolescente as coisas são mais... quentes, mais... intensas.
Apesar disso, o sexo melhora depois que são adultos – ele tomou um gole de
café.
-
Sexo? Oi? Que isso? – ironizei e ele arqueou a sobrancelha.
- Quer
dizer que vocês nunca... – neguei. – Sério?
-
Sério.
-
Mas... Ela não... não entendo.
- Sim
ela provoca muito, mas não, não rolou nada demais. Eu queria, muito! Por mim já
tinha acontecido e mais de uma vez, mas tem alguma coisa... eu não sei dizer,
ela sempre pula fora nos últimos instantes! E me deixa lá, louco e sedento por
aquele corpo, por querer tê-lo todo em minhas mãos, tocar sem pudor e os beijos
com desejos que... – olhei para o Usher e parei na hora, já estava falando mais
do que devia e ele riu de mim.
- Deve
ser a primeira vez dela cara, só isso, tenha paciência.
-
Paciência eu tenho aos montes. Mas não sei se é bem isso.
- Deve
ser sim, as garotas são assim quando se trata desse assunto.
- Eu
gostaria de ser o primeiro cara dela, mas não sei se vou ser ou se já teve um
antes de mim.
- Por
quê? Eu não consigo ver outra explicação para essas “puladas foras” dela, mas
você sim pelo jeito.
- É
por causa da vida dela em Nova York! É uma verdadeira incógnita para todo mundo.
Ela comenta algumas coisas, sobre algumas pessoas, alguns lugares, mas é pouco
demais para um ano! Sem contar que é notável as falhas da história.
-
Falhas?
- É,
como se tivesse faltado um pedaço do que ela conta, às vezes da impressão que é
um grande pedaço.
Antes que Usher pudesse falar alguma coisa,
ouvimos as risadas da Lua e da minha mãe ao descer as escadas, elas passaram
por nós e falaram alguma coisa, só assenti, e ficaram conversando sobre sei lá
o que. Não sei o que falaram comigo também, sendo sincero, não estava prestando
atenção em nada, pensar na vida da Lua em Nova York sempre me deixava com uma
ruga na testa e me deixava aéreo. Naquele momento, eu não pensava exatamente na
vida que ela poderia ter levado em Manhattan, estava com algo mais “sujo” na
cabeça. Imaginava nós dois, minhas mãos deslizavam pelo seu corpo, ela mordia o
lábio inferior com força enquanto me
arranhava e nossas peles soadas em contato. Mas de repente, ela estava
lá, no mesmo estado, nos mesmos movimentos, mas não era eu com ela. Tinha outro
cara com a minha Lua.
Balancei a cabeça afastando esse pensamento,
mas depois que ele se foi, só ficou uma única coisa martelando sem parar na
minha mente: “Joe”, “Joe”, “Joe”.
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