segunda-feira, 1 de julho de 2013

6º capitulo: The California Sun. Parte 10.



 Ele andou até um guarda-sol vermelho, com duas mulheres e duas adolescentes, uma ruiva e outra morena, sentadas na cadeira e mais um menininho de uns quatro anos brincando na areia debaixo do guarda-sol.
- Licença garotas – ele pediu tímido, coçando a nuca –, nós queríamos tomar um banho de mar, mas precisamos deixar nossas coisas em algum lugar. Se importam de vigiar para nós? – as duas estavam vidradas nele, seus olhos brilhavam ainda mais intensamente, eles se eriçaram na cadeira e a ruiva apertava os lábios com força, talvez para não gritar.
- Claro! – a morena respondeu de imediato.
- Obrigado! – entreguei a ela a minha saída e a blusa dele. – Vem – ele me disse e então fomos em direção a água.
- Quem é esse? – ouvi alguém perguntar.
- É o Chris Beadles mamãe! – me parecia a ruiva.
- Ah... o tal – esse mesmo alguém respondeu.
 Logo olhei para trás, não resisti e vi as duas puxando a camiseta regata azul clara dele e cheirando. Virei para frente e ri.
- Acho que vai voltar sem camisa para o hotel.
- Por quê? – apontei para trás e ele olhou. – Nossa. – continuei rindo.
- Acho que deveria pelo menos perguntar os nomes delas né, pediu um favor e nem vai saber?
- É realmente necessário?
- Own tigrinho, não fica assim tão tímido! Qual é! O que aconteceu com o tampinha pegador de uns tempos atrás?
- Estou procurando ele nesse exato momento! Acho que fugiu. Se achar me avise.
- Tem recompensa?
- Não, mas posso pensar no seu caso. – ri.
 Nesse exato momento passaram três caras atrás de mim, um deles assobiou o outro soltou um “uau” e o outro provavelmente ficou só olhando. Minha cara fechou na hora.
- O que esses babacas estão pensando? Que ódio! Não se pode nem ir a praia em paz mais!? – Chris começou a rir da minha cara. – Que foi Sr. Estouenvergonhadoporfalarcomduasgarotas?
- Ta, ta! Não precisa abusar e eu não estou envergonhado por falar com elas, eu estava!
- E provavelmente vai voltar a ficar quando formos lá de novo. – silêncio somado a um olhando para cara do outro, sendo que esses dois são Chris e eu, é igual a risadas.
 De repente algo gelado tocou os meus pés e me fez estremecer, mas era uma sensação muito boa, o mar era algo bom e bem relaxante de olhar e sentir.
- Ta gelada!
- Não gênio!
- Cara, você me ama né?
- Demorou para descobrir! Vamos logo! – puxei pelo braço “bombado” só até que ele andasse, depois fomos dois retardados correndo mar à dentro.
 Fomos até que água chegasse aos nossos umbigos, ta, um pouquinho a mais, mas nada que pudéssemos correr grande risco de afogamento. Nós mergulhamos, brincamos, conversamos e ficamos muito tempo só zoando e bagunçando um com o outro.
- Melhor sairmos – disse. – Tem o show do Justin mais tarde e... – ele me interrompeu.
- Você quer ir embora agora, sendo que o show é só a noite? Que isso em – semicerrei os olhos.
- Primeiro, o show é as nove e nós viemos para cá duas horas da tarde, acha que estamos aqui há quanto tempo? No mínimo três horas, no mínimo – ênfase em “mínimo”. – Segundo, praia cansa sabia? Quero dormir antes de ir, para ficar bem acordada, aposto que vamos ficar até bem de madrugada.
- Por esse lado...
- Eu tenho razão – fiz uma voz diferente, estranha e fina que fez ele rir, depois eu ri também e pronto. – Vamos! – disse rindo, depois pulei nas costas dele fazendo cavalinho.
- Até que você é leve!
- É? Espera sairmos da água então. – alguns passos à frente e a água estava no meu tornozelo. Ele deu três passos e...
- Sai! Sai! Você pesa! Vou ficar com dor de coluna pelo resto da minha vida assim! – pulei das costas dele.
- Eu disse...
 Fomos até as meninas de novo, e ele o tempo todo reclamando que iria ficar com dor nas costas pelo resto da vida e que eu iria pagar pelo tapa que lhe dei, sendo que ele procurou me chamando de gorda.
- Querido Chris, nenhuma garota gosta de ser chamado de gorda.
- Achei que você não se importasse.
- Não só me importo que me chamem, quanto adoro te bater.
- Você se importa? – assenti. – Okay, que você gosta de me bater que já desconfiava, mas você se importa que te chamem de gorda?
- Toda garota se importa, sem exceção. A diferença é que umas ficam paranoicas e garotas como eu só mandam ir para aquele lugar.
- Ah sim! – chegamos ao guarda-sol vermelho e olhamos para as meninas que só não disputavam mais a camiseta dele, porque babavam no tanquinho. – Oi de novo – ele disse a elas.
- Oi! – as duas responderam, uma de cada vez, animadas, feliz e com os olhos parecendo árvore de natal de tão brilhantes.
- As nossas... bom... as nossas roupas.
- Ah! Claro! – a ruiva puxou as coisas da morena e entregou ao Chris as nossas coisas. Ele me entregou a minha veste branca.
 Dei uma cotovelada de leve nele.
- Aí! O que?... – ele me olhou e fiz uma cara de “você sabe o que”. – Ah sim! Meninas, vocês fizeram um favor para a gente e eu sequer sei seus nomes – só sei que: As meninas abriram um sorriso enorme! E as duas mulheres só ficavam olhando para nós, analisando tudo.
- Sou Rhona! – a morena respondeu. [é o nome de uma atriz, achei aqui num dvd perto de mim....]
- E eu sou Margareth! – depois a ruiva.
- Gostei do seu nome – disse e ri, mais sorri do que ri na verdade. E Chris mais sorriu do que riu também.
- Por quê? – ela perguntou curiosa.
- Nada não. – respondi.
- Nós não sabemos seu nome! – a morena, Rhona, disse.
- Não importa agora, logo vão saber, garanto – elas ficaram olhando para mim como se estivessem esperando eu dizer algo mais, ou estivessem apenas pensando “Essa garota é doida? Por que não disse o nome?”.
- Bom, nós temos que ir agora – nós dois nos vestimos – foi bom conhecer vocês garotas! – começamos nos afastar.
- O prazer foi nosso! – a ruiva gritou.
- É! Nosso! – e a morena gritou reforçando o fato.
 No fim acabamos indo para o hotel mais rindo do que conversando. Hotel, quarto, banho, cama. Esse foi resto do meu, ou melhor, nosso dia até umas sete, oito horas que precisávamos nos arrumar para ir ao show, eu pelo menos acordei por aí, agora o Chris, não faço ideia.
 Tomei banho e coloquei um short, ficando só de top enquanto arrumava as minhas coisas, fazia a maquiagem e o cabelo. Pus a calça, os sapatos e saí zanzando para lá e para cá enquanto bagunçava ainda mais a minha mala numa tentativa de arrumar e acertava o quarto, para não deixar uma zona como já estava. Amanhã bem cedo iríamos embora, não estava a fim de deixar alguma coisa para trás.
 Pus a blusa, ficando pronta e dois minutos depois recebi uma mensagem do Chris dizendo que me esperava no hall do hotel. Retoquei o batom, peguei meu celular e saí do quarto. O elevador demorou um pouco e quando entrei, tinha mais cinco pessoas e todas saíram antes de chegar ao último piso. Antes de entrar, respondi o Chris que já estava descendo e quando entrei chegou outra mensagem para mim.
 “Daqui a pouco o show começa! Eu estou nervoso, pode parecer besteira, afinal não é o meu primeiro, mas vai ser o primeiro que ou vou saber para onde olhar sem surpresa, que vai ser o seu lugar na plateia. Minha verdadeira Favorite Girl. Beijos. JB”
 Foi automático sorrir ao ler aquilo, pensei em responder, mas não sabia o que, sem contar que o sinal dentro do elevador não era dos melhores.
 Cheguei ao saguão sozinha prestando atenção no meu celular e quando a porta do elevador abriu, umas trinta garotas gritaram, depois fizeram uma cara de desanimada. E eu fiquei olhando, toda assustada para cara delas, enquanto saia de perto com medo de que alguma, sei lá, voasse em cima de mim.
- O que está acontecendo? – perguntei ao Chris, quase escondido num canto.
- Acho que o plano do Justin foi por água abaixo.
- Que plano?
- Você nunca se perguntou o porquê da equipe dele não estar hospedada aqui, só a gente? – nós olhávamos as meninas, gritando a cada vez que a porta do elevador abria.
- De me perguntar, já sim, só sempre esqueci de perguntar a algum de vocês.
- Pois então, Caitlin e eu somos conhecidos por sermos amigos do Justin, então não teria importância se fossemos para outro hotel, mas como você veio junto ele resolveu ficar num outro lugar, arriscar ficar sem mesmo o Kenny, para que ninguém desconfiasse, mas parece que essas garotas aí descobriram que ele estava aqui. – elas traziam cartazes, todos enfeitados escritos “Justin Bieber” e outras coisas como “Amamos você”. Era estranho ver aquilo, para mim chegava a ser bizarro, eu sabia o quanto, como é o nome mesmo? Ah! O quanto a Bieber Fever era forte e o quando as beliebers eram loucas, mas nunca senti tanto assim na pele.
- Mas o Justin passou o dia inteiro lá onde vai ser o show.
- A gente sabe, mas elas não. Provavelmente aquelas garotas não irão ao show e essa é a última esperança que as restam de ver ele.
  Uma menina estava jogada no chão, com a cara vermelha de tanto chorar, tinha uma leve marca preta de rímel borrada no rosto, não tinha cartaz, faixa, gliter ou nenhuma das outras coisas que as outras garotas tinham. Ela estava completamente exclusa, parecia não ter vindo com o bando. E chorava de soluçar.
- Vamos, chegaram – não respondi ao Chris, apenas segui para o Citroën preto parado enfrente ao hotel e bati na janela. Como era de se esperar, Ryan que abriu.
- O que foi Lua?
- Você tem algum ingresso do show sobrando? Sei que vocês passam na fila com alguns extras e distribuem.
- Tenho, mas...
- Está aí?
- Está. Por quê? – ele mantinha a testa franzida.
- Me dá um, ou melhor, dois. Encontrei alguém que precisa. Eu acho. – ele me passou por uma gretinha da janela.
- Não demora, precisamos ir logo.
- Pretendo não demorar – o respondi. Chris ficava olhando para mim, querendo saber o que eu iria fazer – Entra no carro menino, já disse que não demoro – ele deu de ombros e entrou.
 Escondi o ingresso em minhas mãos do melhor jeito que pude e fui até a menina.
- Oi – em sentei ao lado dela. – Você é fã do JB acertei? – ela assentiu, tentando parar de chorar. – Por que você está chorando assim?
- Ele não vai aparecer – a voz dela saia com dificuldade, enquanto tentava controlar o choro – eu sei que não.
- Como pode ter tanta certeza?
- Estou aqui já há bastante tempo, mais do que essas posers aí – ela sequer olhava para mim, apenas para o chão – e ele não apareceu o dia inteiro, daqui a meia hora é o show e ele não vai aparecer mais aqui, não vai.
- Então se sabe, por que ainda está aqui?
- É a minha única chance de o ver, eu sei que ele não vai aparecer mais, só que algo me dizia para ficar aqui – ela fungou, depois passou a mão no rosto para secar as lágrimas – sabe, a esperança é a última que morre.
- E por que não vai ao show?
- Meus pais não puderam comprar para mim, não temos tantas condições assim – ela fungou mais uma vez.
- Quantos anos você tem?
- 12.
- Tem alguém aqui com você?
- Sim, a minha irmã mais velha. Ela tem 18 antes que pergunte. – ri.
- Olha, posso te mostrar uma coisa? Mas você tem que me prometer que não vai gritar nem nada, ok? – ele agarrou a sofá, que agora estava sentada, com força de tão tensa que ficou, mas assentiu e eu estendi os ingressos, verificando bem se ninguém mais estava vendo.
 Pela primeira vez ela me olhou e surpresa ainda por cima, analisando bem o meu rosto, o que me fez sorrir. Ela havia parado de chorar, de uma vez.
- Você... você...
- Shi! – pus o dedo na boca em pedido de silêncio. – Vai chamar a sua irmã, tira essa cara de choro. O show é daqui a meia hora, você tem que correr – ela deu um sorriso alegre.
- E eu aqui, achando que você iria me levar para o trafico de menores já! Me xingando por dentro, por ter dado tanta informação a quem não conheço! – ri. – Obrigada! – ela voou no meu pescoço e me deu um abraço forte.
- Ok, ok – a afastei. – É melhor ir logo! Eu também vou ao show agora. Aqui os ingressos – a entreguei –, não deixa ninguém ver ok? Ninguém pode ficar sabendo! Nosso segredinho! – sorri.
- Obrigada moça! Obrigada! – ela sorriu ainda mais animada e atravessou o saguão correndo.
 Voltei para o carro e entrei.
- Achei que tinha dito que não demoraria – Chris resmungou.
Revirei os olhos, sorrindo.
- Vamos Ryan! James...
- Mais uma Belieber feliz? – Ryan me perguntou.
- Espero que sim. Agora vamos! Temos um show pela frente.

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