Ele andou até um guarda-sol vermelho, com duas
mulheres e duas adolescentes, uma ruiva e outra morena, sentadas na cadeira e
mais um menininho de uns quatro anos brincando na areia debaixo do guarda-sol.
- Licença
garotas – ele pediu tímido, coçando a nuca –, nós queríamos tomar um banho de
mar, mas precisamos deixar nossas coisas em algum lugar. Se importam de vigiar
para nós? – as duas estavam vidradas nele, seus olhos brilhavam ainda mais
intensamente, eles se eriçaram na cadeira e a ruiva apertava os lábios com
força, talvez para não gritar.
-
Claro! – a morena respondeu de imediato.
-
Obrigado! – entreguei a ela a minha saída e a blusa dele. – Vem – ele me disse
e então fomos em direção a água.
- Quem
é esse? – ouvi alguém perguntar.
- É o
Chris Beadles mamãe! – me parecia a ruiva.
-
Ah... o tal – esse mesmo alguém respondeu.
Logo olhei para trás, não resisti e vi as duas
puxando a camiseta regata azul clara dele e cheirando. Virei para frente e ri.
- Acho
que vai voltar sem camisa para o hotel.
- Por
quê? – apontei para trás e ele olhou. – Nossa. – continuei rindo.
- Acho
que deveria pelo menos perguntar os nomes delas né, pediu um favor e nem vai
saber?
- É
realmente necessário?
- Own
tigrinho, não fica assim tão tímido! Qual é! O que aconteceu com o tampinha
pegador de uns tempos atrás?
-
Estou procurando ele nesse exato momento! Acho que fugiu. Se achar me avise.
- Tem
recompensa?
- Não,
mas posso pensar no seu caso. – ri.
Nesse exato momento passaram três caras atrás
de mim, um deles assobiou o outro soltou um “uau” e o outro provavelmente ficou
só olhando. Minha cara fechou na hora.
- O
que esses babacas estão pensando? Que ódio! Não se pode nem ir a praia em paz
mais!? – Chris começou a rir da minha cara. – Que foi Sr.
Estouenvergonhadoporfalarcomduasgarotas?
- Ta,
ta! Não precisa abusar e eu não estou envergonhado por falar com elas, eu
estava!
- E
provavelmente vai voltar a ficar quando formos lá de novo. – silêncio somado a
um olhando para cara do outro, sendo que esses dois são Chris e eu, é igual a
risadas.
De repente algo gelado tocou os meus pés e me
fez estremecer, mas era uma sensação muito boa, o mar era algo bom e bem
relaxante de olhar e sentir.
- Ta
gelada!
- Não
gênio!
-
Cara, você me ama né?
-
Demorou para descobrir! Vamos logo! – puxei pelo braço “bombado” só até que ele
andasse, depois fomos dois retardados correndo mar à dentro.
Fomos até que água chegasse aos nossos
umbigos, ta, um pouquinho a mais, mas nada que pudéssemos correr grande risco
de afogamento. Nós mergulhamos, brincamos, conversamos e ficamos muito tempo só
zoando e bagunçando um com o outro.
-
Melhor sairmos – disse. – Tem o show do Justin mais tarde e... – ele me
interrompeu.
- Você
quer ir embora agora, sendo que o show é só a noite? Que isso em – semicerrei
os olhos.
-
Primeiro, o show é as nove e nós viemos para cá duas horas da tarde, acha que
estamos aqui há quanto tempo? No mínimo três horas, no mínimo – ênfase em
“mínimo”. – Segundo, praia cansa sabia? Quero dormir antes de ir, para ficar
bem acordada, aposto que vamos ficar até bem de madrugada.
- Por
esse lado...
- Eu
tenho razão – fiz uma voz diferente, estranha e fina que fez ele rir, depois eu
ri também e pronto. – Vamos! – disse rindo, depois pulei nas costas dele
fazendo cavalinho.
- Até
que você é leve!
- É?
Espera sairmos da água então. – alguns passos à frente e a água estava no meu
tornozelo. Ele deu três passos e...
- Sai!
Sai! Você pesa! Vou ficar com dor de coluna pelo resto da minha vida assim! –
pulei das costas dele.
- Eu
disse...
Fomos até as meninas de novo, e ele o tempo
todo reclamando que iria ficar com dor nas costas pelo resto da vida e que eu
iria pagar pelo tapa que lhe dei, sendo que ele procurou me chamando de gorda.
-
Querido Chris, nenhuma garota gosta de ser chamado de gorda.
-
Achei que você não se importasse.
- Não
só me importo que me chamem, quanto adoro te bater.
- Você
se importa? – assenti. – Okay, que você gosta de me bater que já desconfiava,
mas você se importa que te chamem de gorda?
- Toda
garota se importa, sem exceção. A diferença é que umas ficam paranoicas e
garotas como eu só mandam ir para aquele lugar.
- Ah
sim! – chegamos ao guarda-sol vermelho e olhamos para as meninas que só não
disputavam mais a camiseta dele, porque babavam no tanquinho. – Oi de novo –
ele disse a elas.
- Oi!
– as duas responderam, uma de cada vez, animadas, feliz e com os olhos
parecendo árvore de natal de tão brilhantes.
- As
nossas... bom... as nossas roupas.
- Ah!
Claro! – a ruiva puxou as coisas da morena e entregou ao Chris as nossas
coisas. Ele me entregou a minha veste branca.
Dei uma cotovelada de leve nele.
- Aí!
O que?... – ele me olhou e fiz uma cara de “você sabe o que”. – Ah sim!
Meninas, vocês fizeram um favor para a gente e eu sequer sei seus nomes – só
sei que: As meninas abriram um sorriso enorme! E as duas mulheres só ficavam
olhando para nós, analisando tudo.
- Sou
Rhona! – a morena respondeu. [é o nome de uma atriz, achei aqui num dvd perto de mim....]
- E eu
sou Margareth! – depois a ruiva.
-
Gostei do seu nome – disse e ri, mais sorri do que ri na verdade. E Chris mais
sorriu do que riu também.
- Por
quê? – ela perguntou curiosa.
- Nada
não. – respondi.
- Nós
não sabemos seu nome! – a morena, Rhona, disse.
- Não
importa agora, logo vão saber, garanto – elas ficaram olhando para mim como se
estivessem esperando eu dizer algo mais, ou estivessem apenas pensando “Essa
garota é doida? Por que não disse o nome?”.
- Bom,
nós temos que ir agora – nós dois nos vestimos – foi bom conhecer vocês
garotas! – começamos nos afastar.
- O
prazer foi nosso! – a ruiva gritou.
- É!
Nosso! – e a morena gritou reforçando o fato.
No fim acabamos indo para o hotel mais rindo
do que conversando. Hotel, quarto, banho, cama. Esse foi resto do meu, ou
melhor, nosso dia até umas sete, oito horas que precisávamos nos arrumar para
ir ao show, eu pelo menos acordei por aí, agora o Chris, não faço ideia.
Tomei banho e coloquei um short, ficando só de
top enquanto arrumava as minhas coisas, fazia a maquiagem e o cabelo. Pus a
calça, os sapatos e saí zanzando para lá e para cá enquanto bagunçava ainda
mais a minha mala numa tentativa de arrumar e acertava o quarto, para não
deixar uma zona como já estava. Amanhã bem cedo iríamos embora, não estava a
fim de deixar alguma coisa para trás.
Pus a blusa, ficando pronta e dois minutos depois recebi uma
mensagem do Chris dizendo que me esperava no hall do hotel. Retoquei o batom,
peguei meu celular e saí do quarto. O elevador demorou um pouco e quando
entrei, tinha mais cinco pessoas e todas saíram antes de chegar ao último piso.
Antes de entrar, respondi o Chris que já estava descendo e quando entrei chegou
outra mensagem para mim.
“Daqui a pouco o show começa! Eu estou
nervoso, pode parecer besteira, afinal não é o meu primeiro, mas vai ser o
primeiro que ou vou saber para onde olhar sem surpresa, que vai ser o seu lugar
na plateia. Minha verdadeira Favorite Girl. Beijos. JB”
Foi automático sorrir ao ler aquilo, pensei em
responder, mas não sabia o que, sem contar que o sinal dentro do elevador não
era dos melhores.
Cheguei ao saguão sozinha prestando atenção no
meu celular e quando a porta do elevador abriu, umas trinta garotas gritaram,
depois fizeram uma cara de desanimada. E eu fiquei olhando, toda assustada para
cara delas, enquanto saia de perto com medo de que alguma, sei lá, voasse em
cima de mim.
- O
que está acontecendo? – perguntei ao Chris, quase escondido num canto.
- Acho
que o plano do Justin foi por água abaixo.
- Que
plano?
- Você
nunca se perguntou o porquê da equipe dele não estar hospedada aqui, só a gente?
– nós olhávamos as meninas, gritando a cada vez que a porta do elevador abria.
- De
me perguntar, já sim, só sempre esqueci de perguntar a algum de vocês.
- Pois
então, Caitlin e eu somos conhecidos por sermos amigos do Justin, então não
teria importância se fossemos para outro hotel, mas como você veio junto ele
resolveu ficar num outro lugar, arriscar ficar sem mesmo o Kenny, para que
ninguém desconfiasse, mas parece que essas garotas aí descobriram que ele
estava aqui. – elas traziam cartazes, todos enfeitados escritos “Justin Bieber”
e outras coisas como “Amamos você”. Era estranho ver aquilo, para mim chegava a
ser bizarro, eu sabia o quanto, como é o nome mesmo? Ah! O quanto a Bieber
Fever era forte e o quando as beliebers eram loucas, mas nunca senti tanto
assim na pele.
- Mas
o Justin passou o dia inteiro lá onde vai ser o show.
- A
gente sabe, mas elas não. Provavelmente aquelas garotas não irão ao show e essa
é a última esperança que as restam de ver ele.
Uma menina estava jogada no chão, com a cara
vermelha de tanto chorar, tinha uma leve marca preta de rímel borrada no rosto,
não tinha cartaz, faixa, gliter ou nenhuma das outras coisas que as outras
garotas tinham. Ela estava completamente exclusa, parecia não ter vindo com o bando.
E chorava de soluçar.
-
Vamos, chegaram – não respondi ao Chris, apenas segui para o Citroën preto
parado enfrente ao hotel e bati na janela. Como era de se esperar, Ryan que
abriu.
- O
que foi Lua?
- Você
tem algum ingresso do show sobrando? Sei que vocês passam na fila com alguns
extras e distribuem.
-
Tenho, mas...
- Está
aí?
-
Está. Por quê? – ele mantinha a testa franzida.
- Me
dá um, ou melhor, dois. Encontrei alguém que precisa. Eu acho. – ele me passou
por uma gretinha da janela.
- Não
demora, precisamos ir logo.
-
Pretendo não demorar – o respondi. Chris ficava olhando para mim, querendo
saber o que eu iria fazer – Entra no carro menino, já disse que não demoro –
ele deu de ombros e entrou.
Escondi o ingresso em minhas mãos do melhor
jeito que pude e fui até a menina.
- Oi –
em sentei ao lado dela. – Você é fã do JB acertei? – ela assentiu, tentando
parar de chorar. – Por que você está chorando assim?
- Ele
não vai aparecer – a voz dela saia com dificuldade, enquanto tentava controlar
o choro – eu sei que não.
- Como
pode ter tanta certeza?
-
Estou aqui já há bastante tempo, mais do que essas posers aí – ela sequer
olhava para mim, apenas para o chão – e ele não apareceu o dia inteiro, daqui a
meia hora é o show e ele não vai aparecer mais aqui, não vai.
-
Então se sabe, por que ainda está aqui?
- É a
minha única chance de o ver, eu sei que ele não vai aparecer mais, só que algo
me dizia para ficar aqui – ela fungou, depois passou a mão no rosto para secar
as lágrimas – sabe, a esperança é a última que morre.
- E
por que não vai ao show?
- Meus
pais não puderam comprar para mim, não temos tantas condições assim – ela
fungou mais uma vez.
-
Quantos anos você tem?
- 12.
- Tem
alguém aqui com você?
- Sim,
a minha irmã mais velha. Ela tem 18 antes que pergunte. – ri.
-
Olha, posso te mostrar uma coisa? Mas você tem que me prometer que não vai
gritar nem nada, ok? – ele agarrou a sofá, que agora estava sentada, com força
de tão tensa que ficou, mas assentiu e eu estendi os ingressos, verificando bem
se ninguém mais estava vendo.
Pela primeira vez ela me olhou e surpresa
ainda por cima, analisando bem o meu rosto, o que me fez sorrir. Ela havia
parado de chorar, de uma vez.
-
Você... você...
- Shi!
– pus o dedo na boca em pedido de silêncio. – Vai chamar a sua irmã, tira essa
cara de choro. O show é daqui a meia hora, você tem que correr – ela deu um
sorriso alegre.
- E eu
aqui, achando que você iria me levar para o trafico de menores já! Me xingando
por dentro, por ter dado tanta informação a quem não conheço! – ri. – Obrigada!
– ela voou no meu pescoço e me deu um abraço forte.
- Ok,
ok – a afastei. – É melhor ir logo! Eu também vou ao show agora. Aqui os
ingressos – a entreguei –, não deixa ninguém ver ok? Ninguém pode ficar
sabendo! Nosso segredinho! – sorri.
-
Obrigada moça! Obrigada! – ela sorriu ainda mais animada e atravessou o saguão
correndo.
Voltei para o carro e entrei.
-
Achei que tinha dito que não demoraria – Chris resmungou.
Revirei
os olhos, sorrindo.
-
Vamos Ryan! James...
- Mais
uma Belieber feliz? – Ryan me perguntou.
-
Espero que sim. Agora vamos! Temos um show pela frente.
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