terça-feira, 9 de julho de 2013

6º capitulo: The California Sun. Parte Final.



E lá fomos nós já preparando as vozes para o show. Chris e eu cantávamos desesperados o mais alto que conseguíamos! Ryan e James ficavam rindo da nossa cara. As músicas do Justin estavam na ponta das nossas línguas – não só as dele, mas como as da rádio –, o dois da frente até acompanhavam a gente em alguns pedacinhos.
- Você canta bem Lua! – Ryan dizia entre risadas, depois de uma desafinação feia do Chris no final de “Bigger” do JB. Eu gostava de cantar aquela música, por causa da batida e tal. Era divertido.
- Obrigado Ryan! – às vezes tenho disso de “obrigado” ao invés de “obrigada”, virou mania.
 Voltamos a cantar e a pular no banco de trás do carro. Ryan e James não se aguentavam na gargalhada com tanta criancice da nossa parte.
- Chegamos seus infantis – Ryan brincou.
 O lugar todo estava lotado! Eram meninas e meninos – em sua maioria garotas – para todos os lados! Com seus pais, amigos, parentes ou sei lá mais o que. Muitas haviam cartazes, faixas, camisetas e corações desenhados nas bochechas e claro, as famosas siglas “JB” também. Faltavam dez minutos para o show e ainda tinha gente do lado de fora.
 Quando eu disse “lotado” não me referia exatamente ao lado de fora, quase todos os lugares estavam ocupados, tinham um ou outro vazio, mas era apenas pontinhos pretos entre tanta e tanta gente. O pessoal ia entrando, e cada vez surgia mais gente.
 Chris e eu fomos para a área vip, eu bem queria ficar no meio da galera, mas tive que escolher entre ficar com Chris na reservada, ou, sozinha na geral. Escolhi o Chris.
- Nervosa? – Chris me perguntou rindo. Talvez notou a minha tensão antes mesmo de mim.
- É, por aí... – as luzes do palco se apagaram. – Vai começar.
 Ele começou com “Love Me”, era a minha música preferida – só ele que não sabia disso – então logo fiquei empolgada, cantando – na verdade gritando – com o Chris, depois que o choque de: “Que merda de auto-tune é isso Bieber?”, mas nas outras músicas tinha menos efeito e era mais a voz real dele. Era engraçado o ouvir cantar agora, aos quase 18 anos de idade, a voz havia mudado muito.
  Eu não deixei de surtar uma música sequer! Chris só conseguia rir da minha cara. Não, eu não me descabelava e gritava de ficar rouca como 99% das garotas ali, mas eu cantava alto com todas as canções na ponta da língua e às vezes não conseguia aguentar, era orgulho demais para um peito só.
 Chegou o momento esperado por todas as garotas ali, e quando falo todas é realmente todas. Essa hora que a “produção” escolheria a OLLG, uma das centenas de garotas ali teria a oportunidade de subir ao palco e ficar de cara a cara com o ídolo e ainda por cima, receber um buque de flores do próprio. Eu queria saber como seria a garota que iria ao palco, estava tão ansiosa para isso que nem vi a Pattie chegar, se Chris não tivesse me cutucado, eu levaria um susto quando ela falou próximo ao meu ouvido.
- Quer ser a OLLG? Ordens diretas – ela riu. Justin tinha pedido isso.
- Não Sr. Pattie, seria melhor escolher outra garota, acho que elas merecem mais essa chance do que eu. Afinal pode ser a única delas. – Pattie sorriu orgulhosa, ela sempre gostou de mim e eu sabia disso.
 A menina do meu lado me olhou como se eu fosse louca! Sem exagero. Ela chegou a sussurrar com a amiga que eu havia recusado o convite de ser “A última garota sozinha”, mas eu não precisava subir naquele palco para isso, para ser a última garota sozinha do Justin Bieber, porque eu já era, antes mesmo de qualquer menina ali saber o que era “One Less Lonely Girl”.
A OLLG dessa vez era tipicamente californiana, tinha cabelos loiros, pele levemente queimada de sol e pelo telão pude notar que tinha olhos incrivelmente azuis, e ah! Um sorriso bonito, tal característica que mais encantava ele, sorrisos bonitos eram seu fraco. Justin tocou o rosto da menina que começou a chorar imediatamente, mas ela tentou se controlar ao máximo que pude, mas o canalha do Bieber sorriu ainda mais ao ver a lagrima escorrendo pelo rosto dela e para piorar a situação da menina, ele enxugou a lagrima que antes era solitária, agora foi seguida por várias outras. Ele começou então a zanzar pelo palco cantando, depois voltou e pôs o rosto mais uma vez perto dela e então a música acabou. Ele sorriu ainda mais e tentou abraçar a garota, mas o buque atrapalhava, até que um dos dançarinos tirou as rosas das mãos dela, Justin a levantou e aí sim conseguiu abraçá-la.
 Todo mundo do teatro gritou! Tinha meninas chorando para todos os lados e o pior, eu estava quase chorando, já estávamos no final do show e não era logo agora, depois de tanto tempo segurando, que eu iria chorar, virou questão de orgulho próprio. E para enlouquecer todo mundo de vez, ele cantou o novo single “Baby” uma letra também conhecida por mim, não como músicas, mas nas situações que vivemos.
 My first love, broke my heart for the first time”
Primeiro amor? Ah claro, bem eu então né Justin? Sério, se não fosse pelo resto da letra, juraria de pé junto que a música não era para mim e eu não gostei nada de pensar nessa ideia. É, eu estava ficando convencida com isso.
 Ele cantou apenas um bom pedaço da música, mas não ela toda, foi só uma “palhinha” e depois começou a agradecer todo mundo presente, andava de um lado para o outro, tentando falar alto apesar da histeria das fãs, ninguém ouvia a música de fundo, era a uma batida um pouco mais agitada. Oras, eu prestei atenção.
 Ele saiu do palco e as pessoas começaram a ir embora, menos Chris e eu, que fomos para onde? Os bastidores, claro.
  Demos voltas e mais voltar com o Ryan, só para enrolar mesmo, já era de madrugada, mas havia fãs no camarim do Astro Teen e quando, enfim, paramos de dar voltas e conhecer mais pessoas da equipe do Justin, fomos até o camarim no exato momento que saiam três sortudas surtando e aos prantos. Elas foram e nós entramos sem ser vistos por ela.
- Aqui estão JB – Ryan disse assim que entrou e logo se jogou em um sofá branco no canto ao lado da porta.
- Oi – ele disse todo bobo me puxando pela mão e segurando a minha cintura para me dar um beijo, para isso pus as minhas mãos em seu rosto para corresponder o beijo simples. – É bom beijar uma garota sem que ela se importe com o brilho labial – sorri assim como ele. Por que eu iria me importar? Primeiro que deveria estar sem mesmo depois de horas de show.
- Eu ouvi isso! – Caitlin gritou de algum lugar, não visível por mim.
- E daí? – ele gritou de volta sorrindo.
- Cadê ela? – Perguntei. Ele me pôs de lado, segurando a minha cintura com uma mão só.
- Alguém sujou a blusa dela, acho que foi alguma Belieber enciumada, e agora ela está tentando limpar.
- Está preparada para isso Lua? – ela disse irritada.
- Fica na sua Cait – Justin respondeu mais uma vez. – Ah! Antes que eu me esqueça e ela me mate depois, Lua essa é a Mama Jam – ele me apresentou uma senhora loira. A mesma sensação de quando conheci o Kenny me invadiu. – Mama Jam, bom... – ele nem terminou de falar.
- Ah claro! Enfim te conheci menina, é um prazer – assenti sorrindo.
- Bieber, você tem que parar de falar um pouco de mim – Mama Jam riu.
- Isso eu quero ver! – rimos e na mesma hora Caitlin saiu.
- Eu vou terminar de trocar de roupa, as beliebers chegaram aqui numa hora ruim, quase me pagaram de cueca – ele corou e eu ri, depois me deu outro beijo – já volto.
 Quando ele entrou no banheiro a minha primeira reação foi olhar para a Caitlin e, por algum milagre, ela não me fuzilava com os olhos, ela parecia simplesmente xingar quem fez aquele estrago – dos feios – na blusa dela e não ligar para a minha presença.
- Mama Jam, qual é a sua, hum... “função” na equipe do Justin? – me sentei em outro sofá branco.
- Sou a preparadora vocal dele. Falando em voz, ele me disse que você canta bem.
- Ele fala demais, isso sim. – ela riu.
- Frescura da Lua, ela canta bem sim – Chris, que estava sentado ao meu lado, deitou no meu colo.
- Você, poderia cantar um pouco para eu ouvir? – ela pediu.
- Tenho vergonha e mesmo assim, pelo tanto que gritei hoje, duvido que a minhas voz esteja legal.
- Tenta, por favor!? Eu confio no Justin, se ele disse que você canta bem, aposto que está certo.
- Ok... uma música tigrinho? – comecei a mexer no cabelo dele enquanto ele brincava com as mãos.
- Hum... “Decod” do Paramore, você gosta dessa música, não gosta?
- É, pode ser, mas como começa mesmo? – ele pareceu pensar.
- How can I decide what's right, when you're clouding up my mind? – ele cantou.
- I can't win your losing fight. All the time – continuei. Ele ficou quieto, assentiu e continuou entretido com os dedos.

Now can I ever own what's mine,
When you're always taking sides?
You won't take away my pride.
No, not this time...Not this time.

How did we get here,
When I used to know you so well?
But how did we get here!?
Well, I think I know.

 Minha garganta doeu um pouco, eu tinha a forçado demais o dia inteiro, gritando as músicas do Justin e essa canção exigia bem de quem cantava, no caso eu. Resumindo, parei de cantar.
- Eu sabia que Justin estava certo.
- É claro! Eu nunca menti quando se tratava dela. – Justin estava na soleira da porta sorrindo feito um idiota.
- É um bobo mesmo – Mama Jam riu.
- Bobo? Ele é retardado isso sim. – Justin lançou uma almofada que estava numa espécie de cadeira, na cara do Chris que conseguiu se proteger com as mãos, e depois sentou de onde tirou a almofada.
- Eu não sou retardado, eu só... – ele passou a mão no cabelo tímido – só...
- Só é retardado de tão apaixonado pela Lua – eu me aguentava para não rir e nem ficar vermelha.
- É, pode ser.
- Eu só acho Bieber – Caitlin nos lembrou que ela estava lá – que você deveria ter um pouquinho mais de respeito quando estou por aqui, afinal a sua namorada sou eu, pelo menos para as pessoas lá fora – ela sussurrou a última parte alto olhando para a blusa manchada, depois encarou o Justin.
- E eu só acho, Caitlin, que precisamos ter uma conversa quando voltarmos – eles ficaram se encarando por um longo tempo e o silêncio tomou conta da sala graças ao clima tenso repentino.
Até que Ryan entrou pela porta.
- Desculpa a demora pessoal, deu uma pequena confusão na saída, então vai demorar um pouquinho mais.
- Que confusão? Está todo mundo bem? Aconteceu alguma coisa com as minhas Beliebers? – ele realmente se preocupava com as fãs. Agora, analisando bem o rosto dele, pude notar o quanto estava cansado, realmente era um outro Justin ao mesmo tempo que ele era o meu Jus.
 Acho que vou ter problemas com isso.
- Não, não. Está tudo bem, relaxa garoto.
- E por que o Scooter não veio avisar Ryan? – Mama Jam perguntou.
- Um nome, três letras... – ele olhou para mim.
- Ah claro, que novidade há nisso? – resmunguei.
 Ryan se sentou com Mama Jam, até que os dois se levantaram e saíram, um bom tempo depois a mulher voltou e disse que iria demorar um pouco mais.
Esse “um pouco” pareceu durar a eternidade, realmente foi muito tempo. Chris acabou dormindo no meu colo, e eu deixei a minha cabeça cair, cochilando também enquanto fazia cafuné no cabelo dele, não antes de notar a Caitlin dormindo, devidamente encostada na cadeira que ela estava sentada e o Justin deitado na que sentou. Se nós estávamos cansados a esse ponto, imagina ele?
 Demorou, até que Kenny e Ryan entraram no camarim e nos acordaram dizendo que já podíamos ir, mas Justin estava cansado demais e ele não era a pessoa mais fácil do mundo para que acordar. Então fui até lá.
- Jus? – agachei na altura da cadeira. – Vamos Jus, acorda – ele abriu os olhos evidentemente derrotado, então não conseguiu mantê-los muito tempo abertos. – Kenny, leva ele até o carro? Ele está cansado demais a adrenalina do corpo passou, é assim mesmo.
 Kenny fez isso, e o levou até o carro no colo e lá foi quando ele ficou um pouco mais acordado, mas todo mundo em silêncio. Era chegar no hotel, se arrumar e ir pegar o voo, para então dizer “Adeus L.A”. 

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