(...)
- Oi
Pattie!
- Oi
queria! Chegou cedo hoje...
-
Recebi uma carona da escola, mas então, onde está o Justin? – joguei minha
mochila no sofá e ela fechou a porta, passou por mim e ficou na minha frente.
- Está
no quarto descansando.
- E
como ele está?
- Bem
melhor, depois de amanhã já pode voltar a rotinas de shows, não a rotina
normal, mas vai recuperar aos poucos.
- Vou
subir para o ver, tudo bem?
- Tudo
sim, pode ir – subi as escadas correndo, mas andei manso no corredor até a
porta do quarto dele, abri uma brecha devagar e enfiei apenas minha cabeça para
dentro do quarto.
Ele dormia, como Pattie tinha dito, parecia
que ter rejuvenescido anos em tão poucos dias. Justin tinha a vida muito corrida,
mal estava em casa, mais de uma apresentação por dia, entrevistas e mais
entrevistas e ainda a escola... qualquer um não aguentaria, mas ele está
disposto, o tempo todo, a continuar conciliando tudo isso e ainda mais.
Encostei a porta de novo e me direcionei a
escada lentamente e antes que eu descesse o terceiro degrau encaro Scooter
Braun. Foi o meu maior desgosto do dia, e para ele aposto que não foi
diferente, assim que nos notamos, ambos soltamos um grunhido desagradado.
- E o
Justin? – perguntou seco.
-
Dormindo – respondi igual.
Passei
por ele de cara amarrada e continuei a descer as escadas. Surpreendentemente
ele me acompanhou.
- E
como ele está?
-
Ontem a voz dele quase não estava mais rouca, hoje deve estar quase perfeita.
-
Obrigado por ter me ligado – o olhei boquiaberta, sem acreditar no que eu
estava ouvindo. O cara que sempre me
odiou, agora estava me agradecendo? – Não fique com essa cara, não me faça
repetir.
- Não
farei, sei o quanto foi difícil para você poder dizer isso – peguei minha
mochila no sofá e voltei para frente da porta enquanto ele ficou grudado no
último degrau. – Pattie! Vou para casa! – falei um pouco alto. – Se Justin
perguntar por mim diz que já não tenho mais o que fazer aqui já que Scooter
chegou.
- Tudo
bem querida! – ela gritou de volta da cozinha. – Obrigada por tudo! Obrigada
mesmo.
-
Obrigado por ter cuidado dele quando eu deveria estar aqui para ajudar – a voz
do Scooter saiu quase num sussurro, e eu realmente desejei tanto ter filmado
essa cena que era capaz de uma câmera se materializasse em algum lugar com o
que ele acabou de dizer gravado.
- Cuida dele Scooter – abri a porta para poder
sair, mas ele me impediu.
-
Houston? – o olhei por trás da porta. – Que ninguém mais saiba do que eu te
disse.
- Pode
ficar tranquilo Braun, afinal, para quem eu iria contar mesmo?
(...)
Caso
eu não gostasse de ficar sozinha em casa, mais dia ou menos dia eu entraria em
depressão. Meus pais passavam o dia inteiro fora, minha mãe quer recompensar
todos esses 15 anos fora do hospital ficando grudada lá o dia todo, só pode!
Quando bateram na porta eu estava largada no
sofá, como tem sido desde que minha mãe voltou a trabalhar. Estava vendo um
filme, que já tinha assistido umas três vezes que eu lembre.
-
Entra! – nem me movi.
Era um perigo dizer “entra” se nem conferir
quem é, principalmente a essa hora da noite e sozinha em casa, mas eu estava
tão lerda e morta que se fosse algum ladrão era capaz de eu ainda indicar onde
tem coisas de valor para que ele roubasse.
- Seus
pais estão aí?
- Não.
- Você
é louca? E se fosse alguém que não conhecesse? – Justin entrou em casa e me
olhou diferente, como se fosse um pai olhando para uma menina travessa que
acabou de aprontar uma.
Enquanto isso, o encarei com toda a minha
preguiça reunida em um simples mexer de cabeça.
-
Ainda bem que é você – até a minha voz saia arrastada de preguiça. Pigarreei
para melhorar. – Voltou quando? – em vão.
- Hoje
mais cedo.
- E
sua voz?
- Está
totalmente bem. Obrigado por ter me ajudado.
-
Hum... – murmurei e voltei a encarar a TV.
-
“Hum”? Qual é? Você nunca responde “hum” – ele perguntou com um fio de
irritação.
-
Desculpa Justin – me esforcei para levantar –, to morrendo de preguiça!
- E
quando não está?
-
Estou sempre, mas hoje está em níveis críticos. – ele riu. – Mas então, você
não deveria estar descasando da viagem?
- Eu
tentei, mas não consegui. Preciso falar com você.
-
Então aproveita enquanto eu ainda estou acordada – abaixei o volume da TV para
eu prestar atenção direito nele, quando o encarei, ele só faltava soar frio. –
Jus? – me olhou e depois respirou fundo.
- De
volta aquela história de quem deve correr atrás de quem e do que – não sei se
eu estava a fim de conversa séria agora, mas não tinha como fugir mais. –
Desculpa por ter tirado conclusões precipitadas, to cansado disso. Não sei se é
porque cansei ou porque vi que você tem razão, no final das contas to aqui para
que ficássemos bem de novo. To aqui correndo atrás. Lua, você não é covarde
assim como diz ser, você estava lá quando eu precisei, você correu atrás –
ainda não sei qual foi o real motivo de eu ter ido lá depois que Pattie me
ligou, se foi por ela, por mim, ou por ele. Mas resolvi não comentar. – Enfim, passei
tempo demais com você longe de mim e agora, não posso te deixar escapar entre
meus dedos, não tão perto. É impossível. Se for assim, vou continuar correndo
atrás, se for para não me sentir um burro de coração vazio eu continuo, não é
bom saber que fracassou em algo e eu não gosto de sentir que fracassei logo com
você, com a minha realidade, a única pessoa que faz com que eu me sinta real,
mesmo na fantasia toda da fama. Eu preciso estar com você – ele fez uma pausa e
o silêncio reinou por alguns segundos. – Agora você pode responder alguma coisa
para que eu não ache que você ouviu um monte de “bla, bla, bla”.
-
Hoje, Karol disse que sente falta de nos ver juntos.
- E o
que você respondeu?
- Que
isso não é coisa que se diz na escola – Justin fechou a cara na hora, aposto
que ele pensou ter passado por bobo vindo até aqui e dito todas aquelas coisas,
e eu tive mais certeza quando ele se virou para abrir a porta, então continuei
antes que girasse a maçaneta que já segurava – e ela disse que também sente
falta disso, de falar o quanto ficamos bem juntos. “Todo mundo diz que ficamos
fofos juntos” [Everybody say that we look cute together - First Dance], lembra? Eu
lembro e também sito falta. Acho que se sentimos falta de algo é porque foi
bom, se isso realmente é certo, então não foi simplesmente bom, porque eu não
simplesmente sinto falta – ele abaixou o braço da maçaneta e abaixou a cabeça
deixando o rosto meio virado, me olhando de canto de olho. – Meus pais vão demorar
a chegar hoje, eles andam querendo aproveitar o tempo perdido comigo, agora que
já posso me virar. Vou continuar sozinha por um bom tempo e eu não quero ficar
sozinha. Fica aqui comigo Justin? – ele se virou por completo e deu um
sorrisinho convencido.
- Talvez
se você pedisse do jeito certo – soltei uma risada nasalada e revirei os olhos,
depois me esforcei para fazer a voz mais dengosa que já consegui em toda a
minha vida, quase vomitando açúcar de tanto dengo.
- Fica
aqui comigo, amor?
Ele praticamente voou para cima de mim, me
beijando com saudade e me obrigando a deitar no sofá de novo. Sabe aquela
preguiça de antes? Então, não faço a mínima ideia de onde está agora.
- O
pior é saber que não vai rolar nada demais essa noite – sorri, pelo que ele
disse, por ele ter me beijado, por seus lábios estarem tão próximos do meu e
pelo seu sussurro de voz.
Embolei meus dedos em seu cabelo curto e a
outra mão deixei na nuca, olhei nas íris cor de avelã que jamais saíram da
minha mente e mordi o lábio inferior contendo o desejo de beijar aquelas lábios
rosados que estava sentido falta.
- Eu
te chamei de amor, isso é o suficiente para uma noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário