- Fala
sério, seus burros!
- Ah
ok! Caso não saiba, eu não sei nada de mitologia ok?
- E se
você ajudasse amorzinho, seria melhor. – ri.
-
Senti sua ironia em “amorzinho” ok Bieber? E não teria graça eu ajudar vocês, é
tudo tão fácil – eles me olharam torto. – Para mim, para mim é fácil.
-
Então me diz como é que essa mulher nasce e ajuda o irmão a nascer ainda?
- É
isso que está te deixando tão descabelado Kyle? – ri muito mais. – Não é a toa!
Não tenta entender, só aprenda, ou grave, como são! Se não você fica louco
mesmo, e seu cabelo é lindo demais para quase arrancar fora tentando entender
algo que não tem como entender. Ah! E não é mulher, é deusas – acho que ele já
queria voar em cima de mim.
- Você
ainda não me respondeu.
- Ora,
eu não crio os mitos, como vou saber? Estamos falando de séculos a.C.
Kyle virou para frente emburrado e Justin também
estava com um mau humor daqueles! Além do sono esse trabalho detonava os seus
neurônios acordados. Mitologia Grega não é fácil.
Fechei meu “A Maldição do Titã”, o terceiro
livro da saga “Percy Jackson e os Olimpianos”. Já li umas três vezes, essa seria
a quarta no caso, mas eu só estava lendo mesmo por ser o livro com informações
sobre a Deusa Ártemis e dei uma pesquisada no Google mais cedo.
- É o
seguinte...
Me
inclinei para frente quase caindo do sofá da casa do Justin que eu estava
deitada na maior folga, e me aproximei dos meninos, que sentavam no chão
próximo a mesa de centro da sala, onde estava o note do Bieber, papeis e
canetas espalhadas por todo canto, e expliquei o que eu sabia, praticamente
banquei a “contadora de histórias” falando sobre toda aquelas lendas.
Até que Kyle se irritou e levantou depressa.
-
Chega!
Chegava
a ser engraçado ver os dois quebrando a cabeça por um trabalho como aqueles, Kyle
ficou muito irritado no final de tudo, mas enfim. Arrumamos toda e deixamos do
jeito que estava quando chegamos, e enquanto Justin terminava de acertar as
coisas por lá, levei Kyle até a porta.
-
Então se você quiser me manda por e-mail, ou sei lá.
-
Posso te entregar na escola também, qualquer coisa.
- É,
pode ser. Aí quando a sua parte e a do Justin tiverem comigo eu monto para
apresentar, mas vê se entra logo porque tenho um péssimo hábito de enrolar para
fazer trabalho – ele riu.
- Ta
bom, ta bom. Até mais Lua.
- Até
Kyle.
Fechei
a porta e voltei para sala, Justin estava sentado no sofá, fazendo nada só me
esperando voltar, com uma cara fofa, sorrisinho de lado, cabelo recém-arrumado
de qualquer jeito, a calça que ele voltou da escola quase batendo no joelho de
tão baixa – exagerei, é, mas isso não tira o fato de que ele estava com a cueca
toda aparecendo, todo mundo da escola sabia que a cueca dele é branca da Calvin
Klein.
- Você
sabe o quanto sou indignada com essa sua calça lá no joelho.
- Eu
sei, mas não entendo porque, é estilo.
-
Desde quando é estilo mostrar a cueca toda? – ele sorriu.
- Ta
com ciúmes da minha bunda agora?
- É,
to – é ironia, por favor.
- Que
fofa! – eu mandando a ver na ironia e ele tirando uma com a minha cara como
sempre, só para não perder o costume.
- Não
é ciúme, sabe disso, mas não tem necessidade de usar uma calça tão baixa.
-
Mentira, você está com ciúmes da minha bunda sim!
- Não
to mesmo.
- Ta
sim!
-
Cara, não to a fim de discutir com você.
- Você
sempre é teimosa e insiste até convencer ou desistirem, você parar é a prova de
que eu to certo.
- Você
é convencido demais!
- E
você me ama mesmo assim.
Ele me olhava com seu típico sorriso
convencido, o que o identificava bem, “convencido” é a maior característica de
Justin Drew Bieber, só que eu era tão louca por ele, pelos olhos brilhando de
confiança e pelos lábios deliciosos levemente levantados de canto naquele
maldito sorriso que, o que mais me irrita nas outras pessoas, no Justin era um
defeito que eu simplesmente adorava.
- Eu
te odeio!
Ele
riu, claro que o que eu disse foi da boca para fora e isso era tão notável que,
qualquer um que não soubesse da minha história com Justin saberia que eu estava
de brincadeira ao dizer isso. Também sorrindo feito idiota como eu estava e com
a certeza inexistente que eu falei, era impossível não notar.
- Ok
então, se for assim também te odeio, agora vem cá amorzinho – ele me puxou pela
mão até que eu sentasse ao lado dele no sofá.
- Ah,
por favor! Você não se cansa disso de “amorzinho”?
Desde que eu chamei Justin de “amor” há uns
dias atrás, essa coisa meio que voltou a pegar, mas tudo bem, chamar de “amor”
é normal, mas esse “amorzinho” é sacanagem dele, muita ainda por cima só para
ter o gostinho de tirar uma com a minha cara.
Mas para explicar melhor eu tenho que contar
uma coisa: Eu morro de medo de filme de terror, e quando eu falo “morro de
medo” é realmente do tipo traumatizante e de precisar de um psicólogo e tudo,
sem zoeira. É que quando eu tinha uns seis anos, meus pais foram ver um filme
de terror depois que me puseram para dormir, mas o fato deles terem me deixado
na cama não quer dizer que realmente peguei no sono e acabei fazendo a maior
besteira: fui até eles e acabei vendo um pedaço do filme, o que foi suficiente
para me trazer cinco meses de pesadelos intensos, quatro anos de medo do escuro
e dois anos e meio de visitas semanais ao psicólogo. Ta explicado por que eu
odeio filme de terror?
Meus pais estavam assistindo no quarto eu
acho, e aquela cena horrenda me fez gritar histericamente e correr de volta
para o meu quarto e me enfiar debaixo da coberta, meus pais foram me ver e
tentaram a todo custo me acalmar, meu pai ficou lá comigo até que eu pegasse no
sono, mas nem duas horas depois ele teve voltar porque eu acordei berrando de
medo e foi assim durante um bom tempo, até que meu pai teve que dormir várias
vezes comigo, mas ele dizia que eu me debatia muito então acabava ficando mais
acordado do que realmente dormindo, por isso resolveu pagar um psicólogo. Eu
estava aterrorizada demais ainda depois de alguns meses.
As consultas me ajudaram muito em relação aos
pesadelos e com o medo do escuro também, mas essa era mais uma questão de
confiança, então, por mais que a Sra. Miller me ajudasse, ela mesmo disse que
eu teria que perder sozinha.
Sem medo do escuro, sem berros noturnos, mas
eu continuava me debatendo muito na cama e provavelmente eu sempre me mexeria
muito dormindo – por causa do meu subconsciente e um bla, bla, bla que eu já
não me lembro – não importando se a luz estava acesa ou apagada, se eu
estivesse no mesmo quarto que alguém ou sozinha, alguém podia até estar na
mesma cama que eu que não adiantaria, com exceção de uma única pessoa: Justin
Bieber.
Até aquela manhã ele não sabia disso, sendo
sincera, nem eu tinha notado.
Meu pai, meu querido e amado pai que começou
com isso.
Na manhã do dia seguinte, Justin e eu descemos
assim que acordamos, fui na frente sendo seguida, enquanto ele ainda mal tinha
despertado. Quando cheguei lá embaixo, meus pais já estavam sentados à mesa
tomando café.
- Mãe,
pai, oi! – fui até eles. – Cara, to com fome! Voc... – me virei para trás
procurando Justin, mas para a minha surpresa ele não estava lá, então voltei
até a escada e ele estava escorado na parede com os olhos arregalados. – Algum
problema, posso saber?
- Seus
pais estão aí, seu pai está aí – ele sussurrou assustado. Ri.
- Para
de besteira e vem logo! – o puxei pela mão. – Vem Justin, de um jeito ou de
outro eles já sabem que você está aí, vem logo!
O puxei de novo e ele veio. Quando voltei a
olhar para os meus pais, ambos nos olhavam sem reação, o mais engraçado era que
a minha mãe ainda passava requeijão na torrada e meu pai estava com o jornal
aberto na página de esportes encarando nós dois como se fosse a coisa mais
normal do mundo.
-
Er... bom dia – Justin disse mais sem graça impossível!
- Bom
dia – minha mãe respondeu, quebrando o momento “estatua” dos dois.
- Ele
dormiu com você? – meu pai perguntou enquanto passava o olho numa reportagem
sobre a boa atuação do Messi no Barcelona.
- Uhum
– respondi catando uma das torradas com requeijão da minha mãe.
E então meu pai olha para Justin realmente
surpreso.
- E
como você conseguiu isso rapaz?
- E...
– a voz do Justin falhou, eu juro que se não tivesse de boca cheia tinha
soltado uma risada daquelas. Ele pigarreou para que a voz voltasse ao normal –
e por que eu não deveria conseguir?
- Por
quê? – meu pai parecia ainda mais surpreso dele nem saber. – Essa garota se
espanca na cama, desde pequena se debate muito, eu nunca consegui quando ela
tinha pesadelos por causa do filme de terror que não era para ter assistido –
sempre que o assunto voltava, ele me olhava como se eu tivesse cometido o maior
erro da minha vida não ter ido dormir aquela noite, de certa forma foi, mas eu
tinha seis anos! Como ia saber? – É incrível que você consiga.
-
Nenhuma vez ela se debateu – meu pai me olhou, como se tivesse me perguntando o
porque, eu simplesmente dei de ombros e me sentei à mesa –, mas por que?
-
Senta Jus, que eu te conto.
Contei tudo e meus pais me ajudavam nos
mínimos detalhes para que eu não esquecesse de nada – principalmente das partes
mais constrangedoras – e no final de tudo, o vagabundo riu da minha cara! Que
vontade de matar o infeliz! Eu queria esgoelar ele com as minhas mãos e ia
abrir a cova no quintal! Mas depois teria 20 milhões de pessoas correndo atrás
de mim e desisti da ideia.
- Tadinha
do meu amorzinho.
E pronto, tenho certeza que ele não vai parar
de me chamar de “amorzinho” tão cedo.
Agora,
melhor voltar para o momento atual.
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