Voltei
pra festa à procura da Lua, ela já deveria ter voltado. Passei os olhos por
todos os lugares, cheguei até a ir ao andar de cima onde ficava os quartos e as
pessoas se pegavam lá dentro, diante algumas portas dava até para ouvir uns
gemidos, mesmo com o som alto, dava até para ver no corredor. Gente bêbada
vomitava por ali e por aqui, cambaleava escada acima já arrancando a roupa, ou
usando drogas, claro. Desci dali logo, Lua não estava lá, nem precisava subir
pra saber. Cheguei ao salão e olhei tudo de novo, lembrei que ela ia pegar umas
bebidas então fui até o bar com certa dificuldade – as pessoas tentavam me
parar bastante por qualquer razão – quando consegui, descrevi Lua para o barman
e ele me disse que ela tinha saído dali havia tempo com dois Martinis.
Sentei no banco do bar frustrado, onde será
que essa garota se meteu?
Ao fundo do salão, a banda parou de tocar, o
que gerou vaias, mas não adiantou nada, os músicos continuaram em silêncio até
que soou um som estridente de quando um microfone é ligado – “estridente”,
andar com a Lua significa dizer palavras como “estridente”. Não deu dois
segundos depois do som e Lua surgiu, sem nenhum copo na mão – o que sugere que
ela tenha bebido os dois –, conversou com o baterista que deu algumas notas na
bateria, depois com o baixista e acenou para o guitarrista, então se pôs à
frente do palco.
A
banda começou a tocar uma melodia que eu não conhecia, Lua estava de olhos
fechados e, em certo ponto ela os abriu e começou a cantar.
You
build me up
You
knock me down
Provoke
a smile
And
make me frown
You
are the queen of runaround
You know it's true
Seu olhar era estranho, eu nunca vi aquele
antes, nem um pedacinho, nem absolutamente nada! Era um desses novos, que fez
parte da mudança toda dela, um dos que eu teria que aprender, mas, por agora,
por eu não saber do que se tratava, me dava um pouco de medo.
You
chew me up
And
spit me out
Enjoy
the taste
I leave
in your mouth
You
look at me
I
look at you
Neither
of us know what to do
Ela tinha uma presença de palco incrível!
O que me fez pensar que, apesar de todas as vezes que já a ouvi cantar, nunca
havia a visto se apresentar, como está fazendo agora, ela é uma artista mais
pronta do que eu no começo, parecia que tinha nascido pra aquilo, ou... ou que
já fez isso antes.
There
may not
Be
another way to your heart
So
I guess I'd better find a new way in
I
shiver when I hear your name
Think
about you but it's not the same
I
won't be satisfied 'till I'm under your skin
Sexy! Ela estava extremamente sexy, o
que era bizarro, porque afinal, era a Lua ali em cima! Ela dançava e lançava
olhares para as pessoas à sua frente. Ao meu redor pude ouvir comentários maliciosos
de caras, que eram quase os mesmo que estavam na minha cabeça. Eu não conseguia
tirar os olhos, ela me levava aquilo, me fazia a desejar mais do que já desejo
a cada segundo da minha vida.
Immobilized
by the thought of you
Paralyzed
by the sight of you
Hypnotized
by the words you say
Not
true but I believe them anyway
Há
dois anos eu conheci uma garota inocente, que estava de all star em qualquer
lugar, de uma rebeldia consciente nos lábios, sempre fazia as coisas que achava
ser certas, protegias os amigos de tudo, por tudo, sem esconder a verdade, pura
e transparente, boa e sensata. A garota que eu via ali na frente de era má, em
um bom sentindo, porém má, de salto alto e um olhar perigoso, um sorriso
malicioso e segredos por todo o rosto.
So
come to bed It's getting late
There's
no more time for us to waste
Remember
how my body tastes
You
feel your heart begin to race
Cantou o refrão mais duas vezes e então
a música acabou, a galera delirou ao máximo e pediu mais uma, mas ela só soltou
um sorriso e pulou do palco, andando entre as pessoas e desviando de alguns
carinhas que, com certeza, não viram ela chegar acompanhada, um dos caras que
se aproximaram me fez levantar e ir em direção à ela, mas Lua pareceu lidar
muito bem com a situação e ele largou seu braço. Ela chegou pra mim e sorriu,
seu olhar dizia “eu te avisei” e tudo se esclareceu. O olhar dela no
escritório, ela ia fazer alguma coisa, ela não ia deixar o que Louis disse
baixo.
-
Você ouviu o que ele disse depois que saiu – deduzi e ela sorriu em resposta. –
Mas precisava se vingar assim? Oras, esses caras te comeram com os olhos – ela
gargalhou alto.
-
Olha, eu ia dizer uma coisa, mas, posso estar meio bêbada, mesmo assim tenho
consciência que não se diz em voz alta.
-
É sobre o que?
-
Deixa que no hotel eu te mostro – ela arqueou a sobrancelha e sorriu, dessa vez
verdadeiramente maliciosa.
A puxei pela cintura, seu hálito cheirava a
álcool, mas de uma forma agradável. Então a beijei.
-
Então... que tal a gente já indo, hum? Essa festa já deu pra mim – me beijou de
volta.
-
Só se for agora.
Segurei a mão dela e driblamos as pessoas, Lua
pegou o telefone e tentava ligar o Kenny ou Jake, quando Louis apareceu na
nossa frente.
-
Belo show! Isso era pra convencer quem?
-
Sai da nossa frente, Louis.
-
Eu acho que isso está errado.
-
Nós não precisamos da sua permissão, estupido – Lua respondeu.
-
Todo mundo vai odiar você! – Louis falou alto.
-
E eu não me importo! – mas ela falou mais alto, segurou meu braço e me puxou
pra longe dele.
-
Você é uma vagabunda! – ele gritou e ela parou, deu meia volta e se aproximou
do Louis gritando.
-
Yeah! Eu sou! E você gostou disso! – baixou o tom. – Por que todo mundo não vai
gostar também? – eles se encaram por alguns segundos, depois ela voltou até mim
e me puxou pra fora da casa.
Lua foi a primeira garota que eu vi encarar
Louis, e mais! Foi a primeira pessoa que eu vi o deixar calado.
Saímos da casa com ela soltando fogo, ligou
pra alguém e disse onde estávamos e que era pra nos buscar e disse pra trazer
alguém pra levar outro carro, mal se despediu ao desligar depois virou pra mim,
para garantir que eu a estava seguindo, e seguiu com passos pesados pela
calçada.
-
Quem aquele maldito acha que é, em? Olha Justin, sabe que odeio bancar a
namorada chata, também não tenho muito direito em dizer isso, mas, não quero
você com esse cara nunca mais, me entendeu? – não, na verdade, sequer ouvi tudo
o que ela disse. – Que foi? Por que ta sorrindo assim?
-
Você tem noção do que disse? – ela franziu o cenho. – Namorada, é? – relaxou e
sorriu um pouco.
-
Acho que já podemos ser chamados assim. Mas não foge do assunto! Não ligo para o
que você fez antes, para os amigos que arranjou, para as garotas que comeu, não
tenho sequer o direito de me importar com isso, mas esse cara – apontou pra
casa – esse cara, Justin... você viu! Já tenho o Scooter no meu pé pela gente,
eu coloquei muita coisa em jogo, eu me expus por sua causa, por nossa causa, e eu não vou deixar nada! Nada, Justin! Nem ninguém, atrapalhar a
gente.
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