terça-feira, 31 de março de 2015

22º Capitulo: Crash - Part 3

Conversamos quase a tarde inteira, minha bateria conseguiu chegar aos finalmente com tanta tagarelice  por parte da Harper, é claro. Afinal, viver em Nova York trás uma vida agitada – namorar um artista também. Coloquei meu celular pra carregar e fui tomar banho. Demorei vidas para sair, não estava com a menor pressa, só queria relaxar e aproveitar cada segundo de felicidade porque eu sei lá quando isso poderia desaparecer.
 Saí do banheiro e tratei logo de me vestir, depois dei uma olhada no celular e tinha 4 ligações perdidas do Justin – as duas primeiras seguidas uma da outra, as duas últimas com um tempo considerável de diferença –, mas antes que eu pensasse em ligar de volta chegou uma mensagem:
“Seja lá o que tiver fazendo, me avisa quando terminar, ok? Quero ver você. JB”
Então respondi:
“Desculpa a demora, acabei de sair do banho! Vem cá!?”
E a resposta veio em menos de meio minuto. Ele pediu para que o encontrasse na frente da minha casa, disse que não podia demorar muito. Não entendi muito bem, mas mesmo assim desci e dei de cara com meu pai quando abri a porta.
- Já? – perguntei surpresa.
- Estava com uma dor de cabeça terrível, pedi dispensa pelo resto do dia. Falando nisso, sabe onde está o analgésico? – disse passando por mim e entrando em casa. – Saí do trabalho, mas o trabalho não sai de mim. Tenho contas para fazer ainda.
- Numa caixinha na parte de cima do armário da cozinha. E por favor! Não vai se entupir de remédio para passar mais rápido nem nada assim, entendeu Philip?
- Entendi, mãe! – gritou da cozinha e então eu já ia saindo. – E posso saber onde a senhorita está indo?
- Pai, você não está em casa o dia inteiro e sequer sabe o que eu faço ou por onde ando.
- Você que pensa, queridinha – ele sorriu como se tivesse me deixado num beco sem saída. Então eu ri.
- Estou aqui na varanda, Justin virá aqui falar alguma coisa comigo.
- Viu? Eu sempre sei onde você está – ri e finalmente saí.
 Quando fechei a porta, Justin já atravessava a rua, ele não estava com uma cara muito agradável, o que era estranho porque, quando saí da casa dele hoje cedo, suas expressões eram extremamente diferente da que ele está agora.
- Justin? Oi?
- Oi – ele segurou firme na minha cintura e me deu um beijo de verdade, me encostando no corrimão da escada.
- Uau! – ele deu uma risada nada convincente. – Ou você é péssimo de esconder as coisas de mim, ou simplesmente não quer esconder.
- Acho que os dois.
- Então manda a bomba, vai.
- Scooter ta aí, ele disse que eu terei que viajar essa semana de novo – estranhei.
- Ahm, ok... acho que não é nada que eu precise ficar aborrecida, ou coisa parecida, já estou até acostumada, na verdade. Não precisa dessa cara... Ah não ser que... Justin! Diz logo, o que o Scooter realmente veio fazer aqui.
- Ele veio dizer que vou ter que me mudar para Atlanta – soltou tão rápido quanto uma bala e eu engoli seco.
- Ta... isso a gente...
- Não Lua, eu vou me mudar pra Atlanta em breve, antes mesmo das provas finais.
 E de repente não havia mais palavras, eu só sabia que estava chorando porque senti o gosto de uma gota de lágrima pingar dentro da minha boca semiaberta. Ele ia embora... ele ia...
- Lua... – ele tentou dizer alguma coisa, mas sabia que não tinha nada possível para o momento, se eu, logo eu estava completamente estática olhando para aqueles olhos cor de avelã.
- Eu preciso... – tentei dizer algo. – Eu acho que... – balancei a cabeça e passei as costas da mão no rosto. – Eu preciso entrar, meu pai chegou cedo porque não estava se sentido bem.
- Lua... – ele tentou de novo.
- Eu... – virei as costas e entrei em casa tentando não cambalear o máximo possível, nem cair ali, mas por dentro eu estava uma bagunça, completamente instável.
 Entrei em casa e fechei a porta quase funcionando no automático, estava perdida e confusa. O que ele disse não podia ser verdade, eu sabia que o Scooter me odiava, mas... Por quê? Deus! Por quê? Por que diabos a gente não podia ser feliz de uma vez! Às vezes da até vontade de largar tudo de novo, caso eu não soubesse o quão difícil seria.
- Lua? Lua!? – levantei a cabeça e olhei para o meu pai que, assim que encarou meus olhos, largou tudo em cima da mesa e veio até mim alarmado, e eu continuei escorada na porta sem saber o que fazer. – Lua? O que houve? Lua!

 A partir daí, não lembro mais de nada o que aconteceu.

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