Conversamos
quase a tarde inteira, minha bateria conseguiu chegar aos finalmente com tanta
tagarelice – por parte da Harper, é claro. Afinal, viver em Nova York trás uma
vida agitada – namorar um artista também. Coloquei meu celular pra carregar e
fui tomar banho. Demorei vidas para sair, não estava com a menor pressa, só
queria relaxar e aproveitar cada segundo de felicidade porque eu sei lá quando
isso poderia desaparecer.
Saí do banheiro e tratei logo de me vestir,
depois dei uma olhada no celular e tinha 4 ligações perdidas do Justin – as
duas primeiras seguidas uma da outra, as duas últimas com um tempo considerável
de diferença –, mas antes que eu pensasse em ligar de volta chegou uma
mensagem:
“Seja
lá o que tiver fazendo, me avisa quando terminar, ok? Quero ver você. JB”
Então
respondi:
“Desculpa
a demora, acabei de sair do banho! Vem cá!?”
E
a resposta veio em menos de meio minuto. Ele pediu para que o encontrasse na
frente da minha casa, disse que não podia demorar muito. Não entendi muito bem,
mas mesmo assim desci e dei de cara com meu pai quando abri a porta.
-
Já? – perguntei surpresa.
-
Estava com uma dor de cabeça terrível, pedi dispensa pelo resto do dia. Falando
nisso, sabe onde está o analgésico? – disse passando por mim e entrando em
casa. – Saí do trabalho, mas o trabalho não sai de mim. Tenho contas para fazer
ainda.
-
Numa caixinha na parte de cima do armário da cozinha. E por favor! Não vai se
entupir de remédio para passar mais rápido nem nada assim, entendeu Philip?
-
Entendi, mãe! – gritou da cozinha e então eu já ia saindo. – E posso saber onde
a senhorita está indo?
-
Pai, você não está em casa o dia inteiro e sequer sabe o que eu faço ou por
onde ando.
-
Você que pensa, queridinha – ele sorriu como se tivesse me deixado num beco sem
saída. Então eu ri.
-
Estou aqui na varanda, Justin virá aqui falar alguma coisa comigo.
-
Viu? Eu sempre sei onde você está – ri e finalmente saí.
Quando fechei a porta, Justin já atravessava a
rua, ele não estava com uma cara muito agradável, o que era estranho porque,
quando saí da casa dele hoje cedo, suas expressões eram extremamente diferente da que ele
está agora.
-
Justin? Oi?
-
Oi – ele segurou firme na minha cintura e me deu um beijo de verdade, me
encostando no corrimão da escada.
-
Uau! – ele deu uma risada nada convincente. – Ou você é péssimo de esconder as
coisas de mim, ou simplesmente não quer esconder.
-
Acho que os dois.
-
Então manda a bomba, vai.
-
Scooter ta aí, ele disse que eu terei que viajar essa semana de novo –
estranhei.
-
Ahm, ok... acho que não é nada que eu precise ficar aborrecida, ou coisa
parecida, já estou até acostumada, na verdade. Não precisa dessa cara... Ah não
ser que... Justin! Diz logo, o que o Scooter realmente veio fazer aqui.
-
Ele veio dizer que vou ter que me mudar para Atlanta – soltou tão rápido quanto
uma bala e eu engoli seco.
-
Ta... isso a gente...
-
Não Lua, eu vou me mudar pra Atlanta em breve, antes mesmo das provas finais.
E de repente não havia mais palavras, eu só
sabia que estava chorando porque senti o gosto de uma gota de lágrima pingar
dentro da minha boca semiaberta. Ele ia embora... ele ia...
-
Lua... – ele tentou dizer alguma coisa, mas sabia que não tinha nada possível
para o momento, se eu, logo eu estava
completamente estática olhando para aqueles olhos cor de avelã.
-
Eu preciso... – tentei dizer algo. – Eu acho que... – balancei a cabeça e
passei as costas da mão no rosto. – Eu preciso entrar, meu pai chegou cedo
porque não estava se sentido bem.
-
Lua... – ele tentou de novo.
-
Eu... – virei as costas e entrei em casa tentando não cambalear o máximo
possível, nem cair ali, mas por dentro eu estava uma bagunça, completamente
instável.
Entrei em casa e fechei a porta quase
funcionando no automático, estava perdida e confusa. O que ele disse não podia
ser verdade, eu sabia que o Scooter me odiava, mas... Por quê? Deus! Por quê?
Por que diabos a gente não podia ser feliz de uma vez! Às vezes da até vontade
de largar tudo de novo, caso eu não soubesse o quão difícil seria.
-
Lua? Lua!? – levantei a cabeça e olhei para o meu pai que, assim que encarou meus
olhos, largou tudo em cima da mesa e veio até mim alarmado, e eu continuei
escorada na porta sem saber o que fazer. – Lua? O que houve? Lua!
A partir daí, não lembro mais de nada o que
aconteceu.
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