Acordei
com dedos passeando pelas minhas costas, como quando meu pai brincava comigo
quando eu era criança, e desfilava dois dedos subindo das minhas pernas para me
fazer cócegas. Eu sabia que era alguém bem mais mal intencionado, e tive
certeza disso quando esse alguém beijou a curvatura do meu pescoço.
Virei o rosto e abri os olhos devagar,
sorrindo que nem idiota.
-
Devo me atrever a perguntar como entrou aqui, dessa vez tenho certeza que o
cartão está comigo.
-
Peguei com a camareira.
-
Qual foi o suborno?
- Dois
ingressos Vips para o show de amanhã – ele coçou a nuca e abaixou a cabeça e eu
ri. Me levantei e ele acertou a coluna ficando em pé.
Depois que me levantei lhe dei um beijo. A
questão era: eu não estava mais pasma sobre o que aconteceu no elevador, como
eu disse era de se esperar e desde a semana passada estávamos tendo um “rolo” o
que era estranho porque, nós nunca passamos por esse ponto, mas nós não
podíamos ficar juntos o que fazia com que ficássemos juntos, a ideia de que era
proibido deixava as coisas um pouco mais “divertidas”, mesmo sabendo que era
errado, sei lá, era nesses momentos que eu esquecia do que estava acontecendo
de verdade. É mais complicado do que eu imaginava.
- Por
que você veio me acordar dessa vez? – perguntei ainda com os braços entorno do
pescoço dele e ele com as mãos na minha cintura.
- Ah,
obrigado por lembrar! – ele resmungou.
- Ué
não tenho culpa.
-
Vamos enrolar mais um pouquinho!?
- Por
mim tanto faz, quem deve ter compromisso é você – o soltei e dei de ombros e
ele resmungou de novo.
-
Tenho que ir para a passagem de som, ver cenário, essas coisas – falou
aborrecido.
- Ok.
Tchau.
- É
assim agora? Simplesmente “tchau”?
-
Quer que eu diga o que oras?
- Ah
não! Você me paga – pensei que fosse melhor correr, me afastar dele, sei lá, me
esconder no banheiro, mas antes que eu chegasse lá ele me alcançou, me agarrando
pela cintura e me fazendo cócegas.
-
Para! – eu ria. – Para! Para! Por favor, para! – ele também ria. – Para Justin!
– acabei desabando no chão de tanto rir e ele acabou parando e se sentando no
chão eu meu lado também. – Sem graça! – disse ofegante e depois fiz língua,
seguida por um bico no qual ele me deu um selinho.
- Vai
me tratar direito agora?
- Eu
nuca te tratei errado.
- Ah
não? O que tem de certo em me tratar com ignorância?
- Ih!
Que foi? Por que ficou bravinho?
-
Isso Srta. Lua Houston, provoca mesmo... – sorri. – Eu te amo sabia?
-
Você não me deixa esquecer isso – antes que isso pudesse ficar ainda mais
meloso, o telefone dele toca.
-
Merda – ele tirou do bolso e atendeu. – Oi Scott!? – ele disse desanimado. –
Não, não, está tudo bem. Diz o que foi. – eu apenas ouvia o som estranho, mas
não entendia o que Scooter falava. – Eu sei – Scooter falou alguma coisa. –
Não, eu sei – parecia está brigando com Justin. – Eu sei cara! – e mais
reclamações do outro lado da linha. – Okay, vem então! E pede o Ryan para vir
buscar Chris e Caitlin depois – acho que o Scooter questionou. – E daí? Quero
que eles vão, qual o problema? – ele ia falar, mas Justin o interrompeu. – Ah!
Vem logo Scooter! Quando chegar aqui me liga – ele respondeu e Justin desligou.
- Scooter
não sabe que estou aqui né?
-
Ainda não – se levantou e me ajudou a levantar.
- Bom
tenho que ir – rerevirou os olhos. – Se arruma, sabe, não quero que você vá
vestido um biquíni.
- E
eu não sou louca a esse ponto.
-
Então a gente se ver depois!?
-
Certo – ele me deu um beijo de despedidas. – Até – e saiu do quarto bem aborrecido,
se devo dizer.
Fui até o banheiro e tomei um banho rápido,
demorando apenas para tirar o cloro do cabelo, então saí e vesti um dos
conjuntos de roupa que eu tinha separado na mala,
penteei o cabelo, depois lápis de olho e um gloss incolor. Quando terminei
recebi uma mensagem no celular:
“Cadê você? Estou te esperando no
saguão há séculos! Chris.”
Depois disso o mínimo que eu poderia fazer era
sair.
Fui para o elevador e quando chegou ao meu
andar estava lotado, então resolvi esperar mais um pouco até que voltasse.
Quando consegui entrar fui até o saguão, vamos dizer, “acompanhada”, pessoas
saiam e entravam a cada andar, mas a maioria saiu comigo.
- Sua
lerda.
- Vai
para o inferno Chris, não foi você que teve que esperar um elevador cheio e
ainda parar de andar em andar – ele fez uma careta me mostrando a língua. –
Então criança, Ryan chegou? – ele olhou para a para o lado esquerdo da rua
enfrente ao hotel.
- O
carro está ali, agora que você chegou, ele deve vir para cá – foi só terminar
de falar que o carro, o mesmo Citroën de quando cheguei, começou a vir em nossa
direção.
Quando ele parou na nossa frente, entramos.
- Oi
Chris, Lua...
- Oi
Ryan – respondi. – E aí James!?
- E
aí garota! – ele me respondeu.
- Oi
Ryan e James, certo vamos – Chris apressou.
-
Ainda acho que esse moleque nasceu antes de hora, sempre apressado, sempre –
Ryan disse. – Vamos James, entes que o Christian tenha um infarto. E cadê sua
irmã?
- Ela
foi fazer compras acho, ela nunca gostou muito de ver os ensaios – ele deu de
ombros.
- Caitlin
está bem Chris? – perguntei e ele olhou para mim franzindo o cenho.
-
Está, mas por quê?
- Ah!
Já sei, ela não sabe que eu iria, acertei?
- É,
acho que não sabia, mas por quê?
-
Porque ela nunca se afastaria do Justin sendo que eu estou aqui, você sabe como
ela é.
-
Você tem razão.
-
Você e Caitlin não se dão bem? – Ryan me perguntou.
-
Desde o dia em que nos conhecemos.
- E
isso faz quanto tempo?
-
Acho que um ano e meio, quase dois.
- Não
acha que já é tempo demais?
- Ele
me rendeu uma boca muito das doloridas em duas semanas que tínhamos nos visto
pela primeira vez...
- E você
deu a ela um olho roxo – Chris lembrou.
- É,
é... o olho, mas enfim, ela que enche o saco, ela que irrita e vive de bla,
bla, bla por causa do Justin. Eu não tenho culpa!
- Ok,
não está mais aqui quem falou – Ryan deve ter notado certo tom, involuntário,
na minha voz, então eu resolvi ficar quieta.
Chegamos a um enorme teatro, era ali que seria
o show dele na noite do dia seguinte, afinal o letreiro e os cartazes não
deixavam mentir, tinha escrito “Justin Bieber” em todo o canto fora do teatro,
e quando entramos, Justin não estava no palco, apenas instrumentos e alguém
passando o som do baixo.
- E
aí Kenny!
- E
aí tampinha – Chris e o segurança do Justin se cumprimentaram e se abraçaram de
lado. Eu nunca tinha visto ele na minha vida, mas de tanto ouvir “saiu uma foto
do Justin! Está ele e o Kenny”, “Ai... o Justin é lindo! E o Kenny sempre está
com ele”, “mais uma foto com o Kenny”, “Justin se dá muito bem com o Kenny”.
Para está ali, deveria ser o mesmo. – E quem é a garota? – Kenny olhou para mim.
- Lua
Houston, prazer.
- Ah!
A tal garota...
-
Acho que todo mundo já me conhece e eu não conheço ninguém. Duvido que Justin
falava tanto assim de mim.
- Ele
não falava, ele fala. De qualquer jeito, é um prazer conhecer a Garota Favorita
do Justin – senti minhas bochechas queimarem.
- É
um prazer conhecer o cara que tenta manter aquela peste do Bieber em controle –
ele riu.
- É,
eu tento.
- Falando
no Justin, cadê ele? – Chris perguntou.
-
Está provando as roupas. Vem! Vamos ver os bastidores – ele andou na frente
pelo corredor em que estávamos conversando algumas coisas com Ryan, Chris e eu
os seguimos.
Atrás do palco era uma coisa embolada, era
fios e pessoas para todos os lados, um gritando com o outro, chamando, andando
para lá e para cá, era confuso e apressado.
-
Lua? – me virei.
- Sr.
Bieber – ele franziu o cenho –, quer dizer, Jeremy.
-
Isso garota.
-
Desculpa, sou uma garota educada e delicada.
- É,
sei bem como – ele riu, só então olhei para baixo e vi uma menininha fofa,
escondida atrás das pernas do pai do Justin, então me agachei.
- E
quem essa menininha fofa?
- É a
minha filha Jazmyn – ah claro, a irmã do Justin, já tinha visto fotos dela, mas
não reconheci de cara, claro, linda igual ao irmão.
- Oi
Jazmyn, prazer Lua – estendi a mão, ela recuou um pouco, mas depois saiu de
trás do Jeremy e estendeu a mãozinha para mim. – Dá um abraço? – ela deu. –
Você é uma fofa sabia?
-
Obrigada – disse tímida.
-
Jeremy – alguém que eu não vi chamou atrás dele. – Poderia vir aqui, por favor?
-
Lua, preciso ir ali. Pode tomar conta da Jazzy um pouco?
-
Claro! – ela se foi e eu me levantei. – Chris você... – olhei par um lado e
para outro, nem Chris, nem Kenny, muito menos Ryan estavam ali. – Legal, ele
sumiu – ela riu. – Hum... que tal a gente ir procurar seu irmão Jazzy? – ela
sorriu e concordado.
Andamos pelos bastidores de mãos dadas sem
rumo nenhum, conversando muitas coisas, ela acabou se soltando e se mostrando
mais fofa do que já parecia.
- Meu
rimão fala muito de você.
- É,
todo mundo fala isso.
- Uma
vez, ele disse pala o Cuis que você patiu o colação dele, eu
não entendi – ela fez uma cara emburrada – e ele nem me plicou. Você rasgou um desenho que Justin fez? – ri.
- Não
princesa, como eu posso te explicar – sentei num banco que tinha ao nosso lado.
– Vem cá – e a pus no colo. – Nós dois nos gostávamos muito, muito, muito. Mas
brigamos, e quando ficamos de bem de novo eu tive que ir embora, por isso ele
ficou triste.
- E
você ficou tiste?
-
Fiquei.
- Mas
você gostava dele?
Nenhum comentário:
Postar um comentário