- Para
de tremer!
- Eu
não estou tremendo!
- Está
sim Lua, olha a sua mão! Para!
-
Calma aí! Eu vou parar, uma hora eu paro – ri. – Isso, ri da minha cara mesmo,
vagabundo! Não viajo mais contigo se for para ficar tirando uma com a minha
cara.
- Ok,
ok, não vou rir mais se você parar de ter medo de avião.
- Já
viu quantas coisas dessas caiem?
- Já
viu quantas voam e nunca tiveram um acidente? Com certeza é mais do que a
quantidade que caí.
- Ok,
você venceu! A gente vai demorar?
- Um
pouquinho.
-
Achei que Jake fosse me buscar no aeroporto.
- Para
que? A gente chegou na mesma margem de tempo.
- Ah,
sei lá.
- Você
gostou do Jake?
-
Gostei, ele é um cara bem legal.
-
Então ele vai ser responsável por você sempre que estiver comigo, certo?
- Quer
dizer que ele vai ser meu segurança e motorista? Sempre que eu viajar com você?
-
Isso, tudo bem?
-
Tudo, já disse, gosto do Jake.
E enfim Lua começou a se acalmar, tentei rir
discretamente disso enquanto reparava no transito a nossa frente. Eu gostava de
vê-la tão nervosa por viajar de avião, sempre ficava com os nervos a flor da
pele, em qualquer viagem bem mais longa aposto que ela iria beijar o chão e
dizer: “Enfim terra firme!”. Se eu não soubesse o quanto ela é controlada, esse
com certeza viraria um sonho.
Não se engane, não fiquei nada bem com aquela
história de “Joe”, pelo contrário, saí batido da casa dela, furioso, revoltado
e emburrado com tudo. Não consegui sequer pregar o olho durante a viagem,
estava inquieto, mas de boca calada para não responder ninguém mal. Eu não
podia falar com ninguém, não queria nem citar com a minha mãe sobre isso, ela
gosta da Lua e ela é mulher, sei lá, isso podia interferir em alguma coisa. Scooter
ia simplesmente adorar e enfiar na minha cabeça milhões de motivos para eu
largar Lua, já que os dois se odeiam desde a primeira vez que se bateram o
olho, então a minha última escolha era Ryan, o problema era que tinha que
esperar chegar ao nosso primeiro destino para falar com ele, só que eu estava
muito impaciente.
Como se não bastasse, esperar atravessar o mar
todinho do Canadá até Londres, eu tinha que esperar todos saírem e me esforçar
a ser o mais discreto possível para dizer ao Ryan que precisava conversar com
ele, mas eu queria mesmo era explodir de vez e foi isso que fiz assim que todos
saíram do meu quarto – nunca detestei tanto ter uma equipe tão grande.
Expliquei o problema, sem para quieto no
lugar, gesticulando e falando rápido até eu notar que é exatamente assim que Lua
faz, então sentei ainda mais irritado, com ela, com a minha falta de
informação, com tudo! Mas minha perna não parava quieta, a esquerda ou a
direita sempre ficavam batendo no chão, ou era a minha mão, esquerda ou direta
batendo no joelho, enfim, a palavra “quieto” era a última coisa que combinava
comigo. Eu estava furioso!
Apesar de tudo, foi bom ter esperado esse tempo
todo para conversar com Ryan. Eu pensava em explodir e perguntar a ela de onde
saiu esse tal “Joe” logo de cara, mas Ryan me convenceu a não fazer isso, só ia
ser pior. No final das contas ele me acalmou, me deu a ideia de “comer pelas
bordas”, ou seja, ser indireto com tudo e descobrir aos poucos, porque, se Srta.
Houston não me disse sobre esse cara, se eu chegar do nada perguntando, ela não
fala mesmo! Além de que, Lua odeia que peguem no pé dela, com ela aprendi que
tudo tem seu tempo e hora, as coisas acontecem quando devem ser, uma hora ela
me conta, quando julgar ser a hora certa, quando estiver pronta.
Foi assim com a história da Louise, o que me
fez com que me sentisse um burro por não ter pensando nessa sugestão que Ryan
me deu, sabendo que com ela era assim. Quase perdi Lua várias vezes antes que Luka
me contasse o que aconteceu, cara, o Luka precisou me contar! Se não, só Deus
sabe quando eu ficaria sabendo e o quanto coisa já teria acontecido até que ela
me contasse que Louise James era simplesmente a pessoa que mais a odiava – e
vice-versa – porque causa do Erik e mais aquele bla, bla, bla todo. Se bem que,
quando Luka me contou eu já estava caidinho por ela, ou melhor, já tinha
despencado de um precipício! Sabendo ou não, eu só queria a Lua.
Ryan me acalmou, muito e esse tempo todo longe
de Stratford me deixou mais calmo, para eu executar o plano melhor. Era eu, era
ela, era nós dois, juntos, como manda o figurino e anda sendo, mas eu não ia
sossegar até descobrir até as virgulas que ela esconde. Essa coisa de “Garota
Misteriosa de Nova York” já acabou com a minha paciência, podia até continuar
sendo, eu não ligava tanto até agora, mas esse nome me deixou realmente
curioso. Ela vai me dizer, ou eu vou descobri de um jeito ou de outro, nada
mais de segredo.
Uma música começou a tocar do nada, enquanto
eu tentava descobrir de onde surgia o som, Lua encarava o transito a nossa
frente completamente distraída.
-
Lua... Lua? Hey, amor?
- Hum?
– ela me olhou, tive uma vontade grande de comentar sobre ela ter atendido
justamente quando chamei de “amor”, mas foco no toque.
- É o seu
celular que está tocando? – ela parou, alienada e depois começou a olhar para o
banco e tatear o short.
- É,
agora... achei! – e atendeu. – Alô? – estava alto, eu conseguia ouvir o a voz
sair do outro lado, mas não conseguia entender. – Harper? Meu Deus! – ela riu –
Você só liga nas horas mais inconvenientes sabia? Quando estou entediada,
encarando o teto do meu quarto, abandonada na vida, você não liga né? Srta.
Collins? – que dramática! Aposto que Harper disse a mesma coisa. – Por que está
sendo inconveniente agora? – ela me olhou séria. – É que eu to fora de casa – e
ela voltou a rir. – Ok Har, posso te ligar depois? Sério, agora não posso falar
com você – Harper começou a falar sem parar, Lua me olhava rindo e revirando os
olhos ao mesmo tempo e nada da menina ficar quieta, até que eu entendi apenas
uma frase na conversa toda: “Eu te mato ok?” – Ok, Harper, já entendi. Prometo
te ligar assim que puder ta? Agora tchau – ela deu um tempo e desligou.
- Essa
sua amiga parece ser uma comédia.
- Uma
comédia das bem tagarelas, devo confessar – rimos.
- Pelo
jeito você não falou nada para ela né? – abaixou a cabeça e negou. – E quando
pretende fazer isso?
- Eu
não sei, é meio complicado chegar para uma fanática e dizer: “Eu namorava seu
ídolo sabia? E agora estamos juntos de novo” – ela fez uma voz diferente e eu
ri, até ela soltou um sorrisinho.
- Mas
uma hora você vai ter que contar.
- Eu
sei – levantou a cabeça – e isso me apavora! – ri.
- Por
quê?
- Ela
é tagarela e louca! Vai saber né.
-
Falando nisso, bom, não sei se tem muito a ver, mas e seu pai?
- O
que tem ele?
- Ele
não fala nada de nós dois? Ele nem de longe olha para mim como o pai de uma
menina que eu namorei há uns bons anos atrás.
- Meu
pai não tem motivos para isso, ele sabe que eu não vou vacilar e também, por que
teria? Deveria sentir é orgulho de eu ainda estar com o meu primeiro namorado –
ela riu.
-
Primeiro? – assentiu. – Mas e aquela parada do Erik que me contou na França?
-
Aquilo não teve nada a ver. A história é assim: conheci o Erik com uns 13 para
14 anos, aí eu comecei a gostar dele e aconteceu aquela coisa toda com a Louise
que você já sabe, humilhação pública e bla, bla, bla, até que o encontrei
poucos dias antes de se mudar para Chicago, ele se disse arrependido, me pediu
desculpas e me beijou. Ok, cerca de um ano depois você apareceu, a gente
namorou e brigou, até que namorei o Taylor, não sei se conta, mas foi oficial
por um mês, aí voltamos e eu me mudei, mas isso você sabe.
- Dã –
ela soltou uma risadinha nasalada. – Mas e em Nova York?
- O
que tem?
-
Ué?... – ela abaixou a cabeça de novo e deu um sorrisinho.
- Vamos
dizer que, ainda sim, ele não tem motivos nenhum para achar ruim alguma coisa
relacionada a você e eu.
- Enfim
chegamos! – entendo que Kenny estava ficando irritado com aquele maldito
transito, então não tem como ficar irritado com ele, mas será possível? Como
essa garota consegue esconder tanto?
Confesso que eu tinha me distraído tanto que
nem notei o carro andando.
- Não
aguento mais tanta viagem – minha mãe saiu do carro se esticando do jeito que
dava.
- Ao
julgar pela garagem – Lua abriu a porta para sair e assim me toquei que eu
deveria sair também – a casa deve ser enorme!
-
Quase isso querida – minha mãe riu e saiu da garagem entrando em casa.
A porrada de segurança que sempre está atrás
de mim não chegou a entrar na garagem, além do Kenny, que dirigia o carro em
que Lua, minha mãe e eu estávamos, e que sempre está perto da gente, tinha mais
uns três. Um dos pegou as poucas malas que a gente tinha levado, íamos ficar
pouco tempo e aquela era a minha casa, ou seja, tinha coisas minhas e da minha
mãe lá, tudo, mas mulher, sabe como é, sempre tem alguma coisa para carregar,
então, mala mesmo só tinha a da Lua e uma pequena da minha mãe.
Todos nós entramos e Lua soltou um palavrão
baixo, mais nada além e ficou observando tudo. Tive vontade de rir, mas tentei
deixar para lá.
-
Subam as malas, por favor – pedi para o segurança.
- Para
o quarto de hospedes?
- Não,
pode ser para o meu quarto.
Fiquei sem meio o que fazer, observando só as
reações que Lua tinha, nada acostumada com essa vida, acho que ela até já tinha
se acostumado com as viagens, mas uma coisa é parar em um hotel outra coisa é
cair a ficha que seu simples ex e agora suposto namorado tem uma mansão.
-
Justin? – voltei à atenção para minha mãe. – Mostra a casa para Lua, poderia
até acompanhar vocês, mas to muito cansada. Sei que os dois não vão acordar
cedo mesmo, não importa se dormirem agora ou um pouco mais tarde, então,
poderiam fazer isso.
- Do
tamanho que essa casa é, nem dormir a gente vai – Lua disse ainda reparando em
alguns detalhes. Minha mãe e eu rimos.
- Pode
deixar comigo mãe.
- Tudo
bem então, vou me deitar. Boa noite para os dois.
- Boa
noite mãe.
- Boa
noite Pattie.
- E eu
vou para a minha casa – Kenny disse ao se aproximar de nós –, a gente se vê
amanhã cara – fizemos um toque.
- Pode
crê.
- Até
amanhã Lua.
- Até
Kenny!
Ele saiu, minha mãe subiu, a casa ficou vazia
e silenciosa. Só para nós, aquela casa toda, praticamente, só para nós e então
eu lembro que ela não me dá uma chance sequer.
- Ok
então... quer ver a sala de jogos? – perguntei coçando a nunca tentando
controlar minha imaginação.
- Você
tem uma sala de jogos?
- Tem
sala de jogos, de filme, um pequeno estúdio para trabalhar em casa, um...
-
Che... chega – ela desfez a cara de incrédula – me mostra essa casa logo, se
você me contar tudo vai perder a graça.
Rodamos a parte de baixo todinha e eu ria de
várias caras que ela fazia e perdi a conta de quantos palavrões ela disse. Eu
estava começando a acreditar que ela tinha razão quando disse que para conhecer
a casa, nem iríamos dormir.
to amando, bjs
ResponderExcluirOi!
ExcluirQue bom <3