sexta-feira, 11 de abril de 2014

13º capitulo: Headline. Parte 1.

- Para de tremer!
- Eu não estou tremendo!
- Está sim Lua, olha a sua mão! Para!
- Calma aí! Eu vou parar, uma hora eu paro – ri. – Isso, ri da minha cara mesmo, vagabundo! Não viajo mais contigo se for para ficar tirando uma com a minha cara.
- Ok, ok, não vou rir mais se você parar de ter medo de avião.
- Já viu quantas coisas dessas caiem?
- Já viu quantas voam e nunca tiveram um acidente? Com certeza é mais do que a quantidade que caí.
- Ok, você venceu! A gente vai demorar?
- Um pouquinho.
- Achei que Jake fosse me buscar no aeroporto.
- Para que? A gente chegou na mesma margem de tempo.
- Ah, sei lá.
- Você gostou do Jake?
- Gostei, ele é um cara bem legal.
- Então ele vai ser responsável por você sempre que estiver comigo, certo?
- Quer dizer que ele vai ser meu segurança e motorista? Sempre que eu viajar com você?
- Isso, tudo bem?
- Tudo, já disse, gosto do Jake.
 E enfim Lua começou a se acalmar, tentei rir discretamente disso enquanto reparava no transito a nossa frente. Eu gostava de vê-la tão nervosa por viajar de avião, sempre ficava com os nervos a flor da pele, em qualquer viagem bem mais longa aposto que ela iria beijar o chão e dizer: “Enfim terra firme!”. Se eu não soubesse o quanto ela é controlada, esse com certeza viraria um sonho.
  Não se engane, não fiquei nada bem com aquela história de “Joe”, pelo contrário, saí batido da casa dela, furioso, revoltado e emburrado com tudo. Não consegui sequer pregar o olho durante a viagem, estava inquieto, mas de boca calada para não responder ninguém mal. Eu não podia falar com ninguém, não queria nem citar com a minha mãe sobre isso, ela gosta da Lua e ela é mulher, sei lá, isso podia interferir em alguma coisa. Scooter ia simplesmente adorar e enfiar na minha cabeça milhões de motivos para eu largar Lua, já que os dois se odeiam desde a primeira vez que se bateram o olho, então a minha última escolha era Ryan, o problema era que tinha que esperar chegar ao nosso primeiro destino para falar com ele, só que eu estava muito impaciente.
 Como se não bastasse, esperar atravessar o mar todinho do Canadá até Londres, eu tinha que esperar todos saírem e me esforçar a ser o mais discreto possível para dizer ao Ryan que precisava conversar com ele, mas eu queria mesmo era explodir de vez e foi isso que fiz assim que todos saíram do meu quarto – nunca detestei tanto ter uma equipe tão grande.
 Expliquei o problema, sem para quieto no lugar, gesticulando e falando rápido até eu notar que é exatamente assim que Lua faz, então sentei ainda mais irritado, com ela, com a minha falta de informação, com tudo! Mas minha perna não parava quieta, a esquerda ou a direita sempre ficavam batendo no chão, ou era a minha mão, esquerda ou direta batendo no joelho, enfim, a palavra “quieto” era a última coisa que combinava comigo. Eu estava furioso!
  Apesar de tudo, foi bom ter esperado esse tempo todo para conversar com Ryan. Eu pensava em explodir e perguntar a ela de onde saiu esse tal “Joe” logo de cara, mas Ryan me convenceu a não fazer isso, só ia ser pior. No final das contas ele me acalmou, me deu a ideia de “comer pelas bordas”, ou seja, ser indireto com tudo e descobrir aos poucos, porque, se Srta. Houston não me disse sobre esse cara, se eu chegar do nada perguntando, ela não fala mesmo! Além de que, Lua odeia que peguem no pé dela, com ela aprendi que tudo tem seu tempo e hora, as coisas acontecem quando devem ser, uma hora ela me conta, quando julgar ser a hora certa, quando estiver pronta.
 Foi assim com a história da Louise, o que me fez com que me sentisse um burro por não ter pensando nessa sugestão que Ryan me deu, sabendo que com ela era assim. Quase perdi Lua várias vezes antes que Luka me contasse o que aconteceu, cara, o Luka precisou me contar! Se não, só Deus sabe quando eu ficaria sabendo e o quanto coisa já teria acontecido até que ela me contasse que Louise James era simplesmente a pessoa que mais a odiava – e vice-versa – porque causa do Erik e mais aquele bla, bla, bla todo. Se bem que, quando Luka me contou eu já estava caidinho por ela, ou melhor, já tinha despencado de um precipício! Sabendo ou não, eu só queria a Lua.
 Ryan me acalmou, muito e esse tempo todo longe de Stratford me deixou mais calmo, para eu executar o plano melhor. Era eu, era ela, era nós dois, juntos, como manda o figurino e anda sendo, mas eu não ia sossegar até descobrir até as virgulas que ela esconde. Essa coisa de “Garota Misteriosa de Nova York” já acabou com a minha paciência, podia até continuar sendo, eu não ligava tanto até agora, mas esse nome me deixou realmente curioso. Ela vai me dizer, ou eu vou descobri de um jeito ou de outro, nada mais de segredo.
 Uma música começou a tocar do nada, enquanto eu tentava descobrir de onde surgia o som, Lua encarava o transito a nossa frente completamente distraída.
- Lua... Lua? Hey, amor?
- Hum? – ela me olhou, tive uma vontade grande de comentar sobre ela ter atendido justamente quando chamei de “amor”, mas foco no toque.
- É o seu celular que está tocando? – ela parou, alienada e depois começou a olhar para o banco e tatear o short.
- É, agora... achei! – e atendeu. – Alô? – estava alto, eu conseguia ouvir o a voz sair do outro lado, mas não conseguia entender. – Harper? Meu Deus! – ela riu – Você só liga nas horas mais inconvenientes sabia? Quando estou entediada, encarando o teto do meu quarto, abandonada na vida, você não liga né? Srta. Collins? – que dramática! Aposto que Harper disse a mesma coisa. – Por que está sendo inconveniente agora? – ela me olhou séria. – É que eu to fora de casa – e ela voltou a rir. – Ok Har, posso te ligar depois? Sério, agora não posso falar com você – Harper começou a falar sem parar, Lua me olhava rindo e revirando os olhos ao mesmo tempo e nada da menina ficar quieta, até que eu entendi apenas uma frase na conversa toda: “Eu te mato ok?” – Ok, Harper, já entendi. Prometo te ligar assim que puder ta? Agora tchau – ela deu um tempo e desligou.
- Essa sua amiga parece ser uma comédia.
- Uma comédia das bem tagarelas, devo confessar – rimos.
- Pelo jeito você não falou nada para ela né? – abaixou a cabeça e negou. – E quando pretende fazer isso?
- Eu não sei, é meio complicado chegar para uma fanática e dizer: “Eu namorava seu ídolo sabia? E agora estamos juntos de novo” – ela fez uma voz diferente e eu ri, até ela soltou um sorrisinho.
- Mas uma hora você vai ter que contar.
- Eu sei – levantou a cabeça – e isso me apavora! – ri.
- Por quê?
- Ela é tagarela e louca! Vai saber né.
- Falando nisso, bom, não sei se tem muito a ver, mas e seu pai?
- O que tem ele?
- Ele não fala nada de nós dois? Ele nem de longe olha para mim como o pai de uma menina que eu namorei há uns bons anos atrás.
- Meu pai não tem motivos para isso, ele sabe que eu não vou vacilar e também, por que teria? Deveria sentir é orgulho de eu ainda estar com o meu primeiro namorado – ela riu.
- Primeiro? – assentiu. – Mas e aquela parada do Erik que me contou na França?
- Aquilo não teve nada a ver. A história é assim: conheci o Erik com uns 13 para 14 anos, aí eu comecei a gostar dele e aconteceu aquela coisa toda com a Louise que você já sabe, humilhação pública e bla, bla, bla, até que o encontrei poucos dias antes de se mudar para Chicago, ele se disse arrependido, me pediu desculpas e me beijou. Ok, cerca de um ano depois você apareceu, a gente namorou e brigou, até que namorei o Taylor, não sei se conta, mas foi oficial por um mês, aí voltamos e eu me mudei, mas isso você sabe.
- Dã – ela soltou uma risadinha nasalada. – Mas e em Nova York?
- O que tem?
- Ué?... – ela abaixou a cabeça de novo e deu um sorrisinho.
- Vamos dizer que, ainda sim, ele não tem motivos nenhum para achar ruim alguma coisa relacionada a você e eu.
- Enfim chegamos! – entendo que Kenny estava ficando irritado com aquele maldito transito, então não tem como ficar irritado com ele, mas será possível? Como essa garota consegue esconder tanto?
 Confesso que eu tinha me distraído tanto que nem notei o carro andando.
- Não aguento mais tanta viagem – minha mãe saiu do carro se esticando do jeito que dava.
- Ao julgar pela garagem – Lua abriu a porta para sair e assim me toquei que eu deveria sair também – a casa deve ser enorme!
- Quase isso querida – minha mãe riu e saiu da garagem entrando em casa.
 A porrada de segurança que sempre está atrás de mim não chegou a entrar na garagem, além do Kenny, que dirigia o carro em que Lua, minha mãe e eu estávamos, e que sempre está perto da gente, tinha mais uns três. Um dos pegou as poucas malas que a gente tinha levado, íamos ficar pouco tempo e aquela era a minha casa, ou seja, tinha coisas minhas e da minha mãe lá, tudo, mas mulher, sabe como é, sempre tem alguma coisa para carregar, então, mala mesmo só tinha a da Lua e uma pequena da minha mãe.
 Todos nós entramos e Lua soltou um palavrão baixo, mais nada além e ficou observando tudo. Tive vontade de rir, mas tentei deixar para lá.
- Subam as malas, por favor – pedi para o segurança.
- Para o quarto de hospedes?
- Não, pode ser para o meu quarto.
  Fiquei sem meio o que fazer, observando só as reações que Lua tinha, nada acostumada com essa vida, acho que ela até já tinha se acostumado com as viagens, mas uma coisa é parar em um hotel outra coisa é cair a ficha que seu simples ex e agora suposto namorado tem uma mansão.
- Justin? – voltei à atenção para minha mãe. – Mostra a casa para Lua, poderia até acompanhar vocês, mas to muito cansada. Sei que os dois não vão acordar cedo mesmo, não importa se dormirem agora ou um pouco mais tarde, então, poderiam fazer isso.
- Do tamanho que essa casa é, nem dormir a gente vai – Lua disse ainda reparando em alguns detalhes. Minha mãe e eu rimos.
- Pode deixar comigo mãe.
- Tudo bem então, vou me deitar. Boa noite para os dois.
- Boa noite mãe.
- Boa noite Pattie.
- E eu vou para a minha casa – Kenny disse ao se aproximar de nós –, a gente se vê amanhã cara – fizemos um toque.
- Pode crê.
- Até amanhã Lua.
- Até Kenny!
 Ele saiu, minha mãe subiu, a casa ficou vazia e silenciosa. Só para nós, aquela casa toda, praticamente, só para nós e então eu lembro que ela não me dá uma chance sequer.
- Ok então... quer ver a sala de jogos? – perguntei coçando a nunca tentando controlar minha imaginação.
- Você tem uma sala de jogos?
- Tem sala de jogos, de filme, um pequeno estúdio para trabalhar em casa, um...
- Che... chega – ela desfez a cara de incrédula – me mostra essa casa logo, se você me contar tudo vai perder a graça.

 Rodamos a parte de baixo todinha e eu ria de várias caras que ela fazia e perdi a conta de quantos palavrões ela disse. Eu estava começando a acreditar que ela tinha razão quando disse que para conhecer a casa, nem iríamos dormir.

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