Pov's Houston
E todos os dias a tarde eu pensava que eu
estava louca e que deveria parar, mas de noite não conseguia dormir, e então
sempre me via saindo de casa no meio da madrugada.
Gabe,
Gabe, que diabos você fez comigo? Despertou uma parte que deveria continuar
adormecida, até sumir de vez. Isso não foi certo, nem um pouco.
Assim que me viu na escola, Gabe praticamente
me jogou dentro do carro – quase um sonho andar em um carro como aquele, a
culpa foi minha também estar lá – e eu praticamente esqueci tudo o que
aconteceu durante a escola, eu era de novo aquela garota que conversou com ele,
aquele dia no parque. A pose de badboy do cabeça branca devia fazer isso.
-
Então, Gabe, vai me dizer o que está rolando ou só vai me carregar por aí?
- E
se eu não quiser dizer? Que diferença vai fazer? Você está aqui dentro, e as
portas fechadas – essa frase não me traria uma sensação boa caso eu não
soubesse que Gabe se metia em outro tipo de problema.
- Eu
posso me jogar.
- Do
carro em movimento? Você sabe que não daria um bom resultado – ele estava
certo, eu podia me ferir muito saltando da velocidade que ele estava. – Relaxa
gata, já estamos chegando.
Um galpão fora da cidade, ele me levou para um
galpão fora da cidade. Eu estava metida em problemas e isso era inevitável,
apenas tive mais certeza quando uns caras mal encarados abriram o portão e Gabe
entrou com aquela máquina que chamava de carro.
-
Desce gata, você vai gostar disso – não se engane, eu estava odiando o fato
dele me chamar de “gata” o tempo todo, mas fiz o que ele mandou, e continuei em
silêncio. – Hey brô! – ele gritou e todo mundo olhou em nossa direção.
O lugar estava lotado! Tinha várias garotas
com cara de vadia e roupas sexy’s, mas não do tipo Louise ou Channel, mas sexy
tipo aquelas que dão partidas em corridas dos filmes como “Velozes e Furiosos”,
os carros que tinham lá também pareciam ter saído desse filme, os caras também.
E todos olhavam para mim e para Gabe que parecia menos assustador do que todos
lá, apenas um peixe pequeno.
E mais uma vez não se engane, eu não estava
assustada, sequer, arrependida.
Gabe foi até um cara de cabelo raspado, não
muito musculoso e bem tatuado. Fizeram um toque.
-
Lembra do que comentei com você? De que conheci alguém e...
-
Sim, sim, lembro – o tal cara o interrompei e desviou o olhar para mim, me
analisado de cima a baixo.
-
Então, aqui está ela – Gabe apontou pra mim.
-
Ela? – o cara contraiu o rosto como se a fala de Gabe tivesse o desmoralizado.
- Não
se engane cara! A garota entende bem. Confia em mim, é uma boa opção! Eu fiz
minha pesquisa direitinho dessa vez, sei do que estou falando.
-
Acho bom – o cara desdobrou os braços e desencostou do carro que nem reparei
qual era, eu me esforçava para continuar mantendo contado direto com ele, e ele
me olhava fundo dos olhos, o suficiente para qualquer um tremer, mas eu
continuei firme.
- Te
garanto brother! Te garanto – veio até mim, chegou bem perto, levou a mão até o
meu rosto e alisou minha bochecha com o polegar.
-
Coragem ela tem, ou é muito burra para não desviar a atenção, mas parece
frágil, tem o rosto de um anjo...
-
Mesmo assim posso ser muito perigosa – disse e ele gargalhou alto, ou talvez
foi o eco do lugar já que estava praticamente em silêncio absoluto.
-
Sim! Corajosa! E se diz temida! – riu.
- Já
ouviu falar que em toda boa garota existe uma má? Posso ter cara de anjo, mas
isso é a última coisa que eu sou.
- Não
é frágil, então? É forte? Oh céus! Essa garotinha se diz forte! Estou começando
que não é coragem, é burrice!
-
Você acha que ele me encontrou onde? – apontei para o Gabe. – No lixo? Por
favor! – revirei os olhos. – Eu posso ser muito mais perigosa do que você pensa
– falei num tom mais baixo e ele ficou em silêncio por algum tempo.
- Parece que você
acertou dessa vez Whitehair. – Disse ao
Gabe, e voltou a se encostou no carro. – Ela já me parece pronta pra entrar na
brincadeira. – eu queria perguntar “Que brincadeira?”, mas acho que isso ia
acabar com a moral que eu tinha acabado de construir. – Galera! – ele gritou e
o silêncio se tornou absoluto. – Temos uma nova integrante no grupo! D.A! A nossa Dangerous Angel – gritaram,
e ele abaixou a voz para mim. – Prazer, sou Dragon.
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