(...)
Realmente tinha algo de errado, e eu não podia
imaginar o quanto! Se não tivesse visto com meus próprios olhos, jamais
acreditaria.
A história foi o seguinte: eu continuava
viajando muito, então pedi ao Chris para que ficasse de olho na Lua, o máximo
que pudesse, e que me dissesse tudo, todos os detalhes, então, todas as noites
de quando eu estava fora, ele me ligava e me dava um relatório completo. Ela
faltou à escola algumas vezes – ela nunca falta, a não ser que seja
extremamente necessário –, dormia durante os intervalos e as aulas e sempre
parecia muito cansada, uma vez chegou até a ir para escola virada, sem um
minuto de sono sequer. O porquê, ninguém sabia.
Então eu resolvi fazer alguma coisa.
Disse
que sexta eu teria que fazer uma viagem, disse para minha mãe que esse final de
semana eu não poderia viajar – aleguei que estava cansado demais, ela ficou
preocupada e convenceu o Scooter a me deixar em casa. Fingi sair, fui de taxi
para não ter problemas com o carro, falei para Lua que minha mãe não ia comigo,
falei para minha mãe dizer que eu não estava em casa caso alguém fosse
perguntar por mim. Ela não entendeu muito bem, mas eu expliquei a situação, ela
achou errado eu bisbilhotar a Lua, ao invés de perguntar a ela, mas a convenci
que se fosse tudo às claras, Lua continuaria obscura, ou seja, não me diria
nada.
Enfim, o que importa é que meu plano deu
certo. Mesmo me ligando antes de dormir, Lua acreditou que eu estava em algum
hotel.
Ela disse boa noite e desligou, pensei comigo
que Chris deveria estar tendo alucinações ou algo do tipo, porque não tinha
acontecido nada demais o dia inteiro! Ou será que deixei passar alguma coisa
despercebida? Não! Não! Ela estava normal, todo mundo estava normal. Nenhum
indicio diferente. Então... o que... ?
Ouvi algum barulho e abri os olhos na hora,
como se já esperasse pelo som, então percebi que eu dormi do mesmo jeito que
estava deitado quando estava falando com a Lua, a mesma roupa e o celular sobre
a barriga. Levantei depressa e olhei para a janela, do momento do som até sair
da cama foi fração de segundos, meu cérebro assimilou tudo rápido demais.
Talvez eu não tivesse percebido a Lua sair
escondido de casa caso o carro dela não fosse amarelo. Os faróis estavam
desligados, o motor é silencioso... sinceramente? Não sei como escutei ela dar
partida. Sendo mais sincero ainda, não sei como estava conseguindo assimilar
tudo tão rápido. Apenas me vi pegando as chaves, vestindo uma jaqueta enquanto
descia as escadas tentando fazer silêncio, entrei no carro, saí da garagem,
segui a Lua de muito longe e de farol baixo.
Uma missão quase impossível, para uma visão
quase impossível.
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