domingo, 28 de dezembro de 2014

19º Capitulo: The Time of the Truth - Parte 1

Pov's Houston
 Acordei muito cedo, na verdade, acho que nem dormi. Nas minhas contas só durei três horas na cama. Então logo estava no sofá, de pijamas, abraçada com as pernas, supostamente vendo televisão, sei que passava algum desenho, mas não faço ideia qual, minha mente estava tão agitada que parecia desligada.
 Havia duas semanas e meia que eu não falava com o Bieber, desde o dia que ele me envergonhou no racha. Desde então, já houve quatro outros encontros, mas não fui em nenhum, sempre fui de cumprir com as minhas promessas, tudo bem que a aposta não foi bem: “você volta pra casa comigo e nunca mais participa disso”, mas não era preciso terminar a frase para entender a intenção do que ele estava fazendo ali. De qualquer modo, não teria coragem de voltar lá depois de toda a humilhação publica que ele me fez passar.
 A queridinha estava fora do encontro de racha mais importante da província.
 Mas essa minha insônia não era simplesmente pela quantidade de dia sem falar com Justin, ou abstinência de velocidade e adrenalina, mas sim porque noite passada, no último jornal, passou uma reportagem policial contando que acabaram com um esquema de racha nos limites da cidade vizinha. Liguei pro Luka, e ele me confirmou que o Gabe estava na delegacia, os carros foram apreendidos e mais uns 10 foram presos, o resto conseguiu fugir, mas os líderes estavam entre esses dez. Dragon estava.
 Eu estava com medo, confesso, se não soubessem meu nome talvez eu estaria com menos medo, mas aquele dia que Bieber esteve lá, ele acabou gritando para quem conseguisse ouvir. Eu não era uma líder, e, era novata também, o que não me traria riscos, se não tivesse me tornado a “menina de ouro” tão rápido. Mas eles não iam me dedurar... mas poderiam... e o medo me consumia enquanto isso.
 Luka estava acompanhando o Gabe, provavelmente ele me avisaria se desse algum problema, pelo menos é o que eu espero. Luka não sabe de nada, mas se soubesse me ligaria, eu precisava acreditar nisso, o importante era não me desesperar, nunca! Eu não podia fazer nada, além de esperar, só que, isso não quer dizer que eu deveria ficar sentada no sofá o dia inteiro fazendo exercícios de respiração para não surtar, ainda tinha o assunto Bieber para resolver.
 Justin sempre foi a pessoa com quem mais contei, Chris também sempre ficou do meu lado, mas não queria o envolver nisso, já o astro teen em questão tinha se envolvido a partir do momento que foi me buscar naquela corrida, e, se ele não tivesse ido, talvez eu estivesse mais envolvida com essas prisões do que estou agora.
 Levantei do sofá para comer alguma coisa. Enquanto preparava, mandei uma mensagem pra ele, pedindo para que viesse. Sei que, tinha uma grande possibilidade dele não vir, depois do nosso último encontro, era o de se esperar, mas eu precisava tentar, se ele não viesse aqui, eu iria lá, tanto faz, mas queria falar com ele totalmente a sós e, não sei se na casa dele isso é uma opção, talvez a mãe dele estivesse lá, talvez até mesmo o Scooter, ou seja, melhor que ele viesse até aqui.
 Preparei o lanche, comi e ainda fiz o favor de sujar a minha blusa com maionese, tudo antes dele responder. Quando subi para trocar de roupa, já tinha até perdido as esperanças que ele viesse, mesmo que não havia muito tempo que eu mandei a mensagem. Ao chegar ao quarto, fiquei só com a calça do pijama, enquanto procurava uma camisa para ficar em casa e não achava nenhuma.
- Lua? Está em casa?
- Aqui em cima! Pode subir – gritei da porta.
 Ouvi seus lentos passos na escada, mas eu estava mais preocupada com o fato de ainda estar de sutiã. Porém, assim que peguei a blusa na mão, Justin deu três batidas na porta.
- Oi – me vesti.
- Oi – respondi. – Achei que não viesse.
- Confesso que fiquei em duvida.
- Ainda está bravo comigo?
- Na verdade, cansei de estar bravo ou qualquer coisa do tipo com você, pelo menos por esse motivo, mas, de acordo com o nosso último encontro, você que estava brava comigo.
- Coisas de momento, sabe como é – ele riu sem graça.
- Se tratando de você, sei muito bem – minha vez de rir sem graça.
 Silêncio.
- Achei que estivesse, você não ligou nem nada mais.
- É que, sabe, acho que não fazia muito sentido eu ligar sendo que a besteira, quem fez, foi você.
- É, realmente. Mas enfim, não fica plantado aí, entra e senta, vou por essa roupa no cesto.
 Peguei a blusa do chão e fui até o banheiro por no cesto de roupa suja, quando voltei, ele estava sentado na cama, postura pouco a vontade. Nós tentávamos ficar num clima mais tranquilo, mas dava para sentir certa densidade no ar.
- Bem, sabe que não sou boa em desculpas, mas, elas são necessárias. Você estava certo, o tempo todo, eu não devia ter me comportado daquele jeito, sequer me metido naquilo.
- Pena que percebeu isso só depois do noticiário de ontem. Eu vi que pegaram aquele cara que estava do seu lado, Dragon, não é? – assenti.
- Na verdade, o noticiário de ontem só serviu para eu tomar mais coragem de falar com você. Você estava totalmente certo. Quando surgiu a oportunidade de correr de novo, eu... eu não consegui resistir, estava pirando! Isso me relaxava antes, me ajudava, achei que ajudaria de novo. E não! Antes que você pense, foi a primeira e a última vez que eu me meti em racha! Te juro. Mas a adrenalina... foi mais forte que eu.
- Mas Lua! Você poderia ter se machucado! – ele se levantou subitamente.
- Não ia acontecer nada comigo, Bieber, eu sou boa nisso, nunca aconteceu.
- Mas podia! Eu quase causei um acidente, e devo desculpas por isso porque realmente não foi por querer, mas eu poderia ter te machucado! E se outro fizesse isso por querer?
- Não ia acontecer nada!
- Mas e se acontecesse? – Ele parecia desesperado. – Lua, pelo amor, eu não ia suportar ver você em um hospital de novo.
- Mas... espera! O que você disse?
- Que não ia suportar te ver em um hospital de novo.
- De novo? Como assim “de novo”? – franzi o cenho, e ele pareceu não entender.
- Você sabe o que eu quero dizer com “de novo”...
- Se soubesse não estaria perguntando, como assim “de novo”, Justin?
- Aquela vez, que você ficou internada em Nova York porque...
- Como você sabe disso? – o interrompi aumentando meu tom de voz.
- Eu... eu...
- Justin! Como você sabe disso? Eu não acredito! – minha mente trabalhava a mil, como ele sabia? Não tinha como! Não tínhamos vínculos nenhum em Nova York, fora aquele dia do show que a Harper me obrigou a ir. Só se ele, curiosamente, foi fazer uma visita no hospital que eu estava, ou foi me procurar, ou se... – Minha mãe, a minha mãe te disse!
- Eu estava de passagem em Nova York, ela ficou sabendo e me procurou, disse que você estava muito mal no hospital, havia alguns dias. Me disse o nome do hospital, disse que tudo bem se eu não fosse lá, mas que achava que eu deveria ficar sabendo – xinguei tudo o que veio na minha cabeça naquele momento.
- Ela não devia ter feito isso! Você não deveria ter ido!
- Lua! Eu estava preocupado com você! Como não queria que eu fosse? A garota que eu sempre amei estava internada havia dias num maldito hospital e você queria que eu não fizesse nada?
- Sim! Você podia ter sido descoberto! Poderia... poderia ter dado algum problema!
- Mas não deu!
- Mas poderia! – ele respirou fundo
- Então quer dizer que o que importa é que nosso passado não fosse descoberto? Mais do que até mesmo a sua saúde? Mais do que o nosso bem estar? – ele tentou não gritar, mas em algumas palavras foi inevitável.
- Sim! – respondi sem pensar.
- Eu não deveria ter ido atrás de você naquele racha. Mas eu achei que você ainda se importava com a gente.
- Mas eu me importo!
- Não Lua, você se importa consigo mesma, em como as coisas vão afetar na sua vida. Aposto que esse pedido de desculpas pelo qual me fez vir aqui é uma farsa, ao ver que se eu, Lua, se eu não tivesse ido te tirar de lá, talvez você estivesse na cadeia com seus amiguinhos.
 Ele ficou mais alguns segundos me olhando com reprovação, depois saiu do quarto antes mesmo que eu me movesse.
 O que eu fiz? A minha intenção não era essa! Eu só não queria que ele se colocasse em perigo. O que andei fazendo com o Justin? Eu não queria que acontecesse nada disso, minhas desculpas foram sinceras, eu não me importava só comigo! E eu precisava dizer isso para ele, então corri, talvez conseguisse pega-lo ainda na rua. Corri tão rápido que, como sempre fui desastrada, quase caí na escada, fui aos tropeções até a porta, mas quando abri, o vi ainda na calçada da casa dele.
- Justin! – Gritei e corri, largando a porta a ouvindo bater com força. Ele virou e me viu, mas continuou andando. – Justin! Por favor! Espera! – não parou. Corri mais. – Justin! – o alcancei e segurei pelo braço, o puxando, só assim ele parou e virou para mim, mas não disse nada. – Calma, eu preciso de folego.
 Tentei recuperar todo o ar que perdi.
- Todos me disseram para não ir, mas fui mesmo assim. Queria te ver, saber como você estava, queria ficar contigo alguns minutos, segundos, ou o que fosse! E você agora me diz que eu não devia ter ido, como se... como senão tivesse importância nenhuma!
- Não foi isso que eu quis dizer! Eu fiquei surpresa, só isso, e minhas desculpas foram sim sinceras. Mas oras Bieber, eu pretendia desfazer todos os nossos vínculos para tentar seguir com a vida, e, no momento crítico como aquele, imagina o quanto não ia mexer com a gente caso eu te visse lá? Porque aposto, que mexeu com você mesmo me vendo desacordada – ele abaixou a cabeça, provavelmente vendo a minha ponta de razão. – Só não queria dificultar as coisas pra gente.
- Eu nunca quis deixar os nossos vínculos pra trás.
- Mas era preciso, a gente tinha que deixar a vida acontecer mesmo um sem o outro.
- Tem certeza que é por isso Lua? – Ele me olhou com o cenho franzido.
- Absoluta – continuou me olhando com duvida. – Por que? Por que está me olhando com essa cara? Deveria ter algum outro motivo?
- Não sei, talvez um motivo chamado... ham... Joe – sabe aqueles momentos que você não consegue pensar em mais nada? Até mesmo esquece que sabe falar? Foi praticamente essa a minha reação. – E então?
- Como assim Joe? Que Joe?
- É isso que eu quero saber de você, quem é Joe, Lua?
- Como você sabe dele?
- A minha pergunta primeiro!
- Responde a minha que eu respondo a sua – a gente ficou se encarando por um tempo, esperando quem ia ceder primeiro.
- Fui ao seu quarto uma vez, deixar o trabalho da escola, você estava dormindo, estava tão linda... resolvi te dar um beijo, e você sussurrou esse nome – ótima história para pifar meu cérebro.
- Eu fiz isso? Quando foi no meu quarto? Meu Deus! – levei as mãos até a cabeça, baguncei ainda mais meu cabelo. – Ok, não tem como mais fugir. Você tem que saber.
- Saber o que?

- Sobre Nova York.

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