-
Lua? – levantei os olhos do livro, minha mãe estava parada na porta com a roupa
branca de sempre, tenho mais visto ela com essa roupa do que com as usuais. –
Já estou indo! Tem comida na geladeira, certo?
-
Tem comida? Mas que milagre é esse? – ela soltou uma risada irônica, depois
semicerrou os olhos.
-
Tão debochada igual seu pai, realmente você puxou mais a ele do que a mim –
sorri também ironicamente. – Agora eu vou, antes que me atrase – mandou um
beijo e saiu da porta antes que eu respondesse, me fazendo gritar.
-
Tchau!
Voltei meus olhos para o livro, tinha me
perdido, mas antes que eu me achasse de novo, minha mãe me grita.
-
Lua! Desce aqui! Tem visita pra você.
Estranhei. Geralmente quem me visita é Chris
ou Justin, mas, se fossem algum deles, mamãe teria mandado subir, Karol, Halle
e Luka não aparecem por aqui há uma eternidade, já Kyle nunca veio, nós
geralmente nos encontrávamos fora para andar de moto e comer cachorro quente,
pipoca ou sorvete nos dias mais quentes. Logo, imaginei que fosse um visitante
ao nível Joe Thompson, mas rezei nos breves segundos que levei da minha cama
até a escada, que fosse uma visita menos turbulenta.
Pois eu estava enganada, muito enganada.
O que eu fiz de ruim para o mundo, pra Caitlin
Beadles estar parada no meio da minha sala?
-
Caitlin? – chamei a atenção dela enquanto descia as escadas, claramente confusa
por ela estar ali.
Caitlin e eu não nos cruzávamos havia muito
tempo, nunca mais a vi atrás do Justin, provocando briguinhas ou ameaças de
vingança por eu ter roubado o namorado dela – que vamos deixar claro: quando eu
fiquei com Justin, ele já não estava com ela há uns bons meses. Por mais que me
surpreenda o fato dela ter nos deixado em paz, até consigo entender pelo o que
a Megan me disse, o problema era que esse ano era o ano para todos nós, Caitlin, como cheerleader precisava se dedicar aos eventos esportivos como também
aos testes de aptidão pra a faculdade.
O que eu não consigo entender é o porquê dela
estar parada na minha sala.
-
Preciso falar com você.
-
Está aí uma novidade. Mas então... é sobre?...
-
É sobre o Justin...
-
Olha Caitlin, se veio aqui pra...
-
Não! Não vim pra brigar ou arranjar confusão – agora sim fiquei bestificada. –
Olha Lua, eu não gosto de você, mas depois desse tempo todo me dedicando mais a
escola e ao time do que a qualquer outra coisa, até esqueci essa briga toda.
Repito: ainda não gosto de você, mas também não te odeio mais. Posso até dizer
um “oi” quando for à minha casa ver o Chris – soltei uma risadinha.
-
É muito bom saber disso, de verdade – ela deu um sorrisinho.
Sim, tudo “inho”, nunca fomos as melhores
amigas do universo e jamais seremos, podemos até cumprimentar uma a outra
agora, mas isso não vai mudar o passado, e, tudo o que aconteceu foi pesado
demais pra simplesmente deixar pra lá.
-
Mas então... você veio falar do Justin, e, se não é pra dar briga, não consigo
nem adivinhar para que seja.
-
Ah, sim. Vim pra te dar isso – ela estendeu uma espécie de carnê para mim, que
devido a minha vida nos últimos anos, reconheci ser uma passagem de avião. – Já
informei a empresa aérea que minha passagem seria usada por outra pessoa. –
Peguei o carnê e o abri, o destino era a França.
-
Mas o que exatamente é isso? Por que está me dando?
-
Justin me deu, queria que eu fosse com ele, logo imaginei que estivessem
brigados e Chris me confirmou que estavam. Eu cansei disso tudo Lua, de você,
eu e Justin. Cansei de sempre ser jogada pra escanteio, ser desprezada e usada.
Sei que Justin ama você, e nada que eu faça vai mudar isso. E então, essa
viagem... sei que ele não me deu com intenções ruins, mas sei muito bem que eu
iria, talvez até ficaríamos juntos e assim que voltássemos, era pra você que
ele correria. Cansei, Lua, cansei de verdade. Quero só pensar em ir pra
faculdade e fazer uma vida nova.
-
Mas... não sei se ele vai querer me ver lá.
-
Ele vai, é claro que vai. Ele sempre quer te ver, não importa onde ou porque, é
sempre você. Aprendi isso da pior forma.
-
Quando eu estava em Nova York? – deduzi e ela assentiu.
-
Ele fez quatro ou cinco viagens à Nova York aquele ano, e só fui a uma. Não
aguentei, era sempre você.
Olhei para a passagem na minha mão,
evidentemente em conflito.
- Ele não me quer lá
– ela disse –, quer você.------
Acho que eu posso finalmente dizer que estamos na reta final!
Nenhum comentário:
Postar um comentário